Acordo mais uma vez sozinha. Essa sensação está se tornando insuportavelmente familiar. Sento-me na cama, deixando o silêncio do quarto me envolver. Olho ao redor. Parece que Antony nunca esteve aqui.
Ele é o amor da minha vida. Sempre sonhei em encontrar alguém que caminhasse ao meu lado, com quem eu pudesse construir uma história. Nosso começo foi como um conto de fadas. Conheci Antony no último ano da faculdade. Ele fazia jornalismo, e eu, marketing. Foi amor à primeira vista. Claro, não dei o braço a torcer de imediato, mas estava evidente que eu já era dele.
Minhas amigas, Lunna, Kéfera e Jullyete, perceberam antes de mim e armaram para que ficássemos juntos. Elas nos trancaram em um quartinho minúsculo do campus. Ali demos nosso primeiro beijo, e
Esses últimos dias têm sido corridos. Entre encomendas acumuladas e finais de semana divididos entre visitar a Kim e sair com Adam, mal tenho tempo para respirar. Adam e eu estamos cada vez mais próximos, mas a relação é casual — embora minha mãe tenha uma teoria própria. Ela insiste que somos namorados e, honestamente, o comportamento dele não ajuda: aparecendo de surpresa com flores e presentes para ela, quase como se quisesse confirmar a suspeita. Já expliquei mil vezes que somos só amigos, mas minha mãe agradece a Deus pela “sorte” de ter um genro assim.Hoje é sábado, e decidi dedicar o dia à Kim. Ela está quase ganhando a Natálie e, por mais que eu tente convencer minha mãe a ir comigo, ela sempre responde que prefere esperar o nascimento para visitá-la
Continuo batendo na porta e mandando ele abrir, mas nada! A porta ao lado se abre, e um senhor sai me olhando de cara fechada.— Me desculpe, mas ele vai fazer algo com a Kim! — digo desesperada. O senhor arregala os olhos, vem até a porta e força a maçaneta.— Mas o que está acontecendo? — ele pergunta. Eu o ignoro, soco a porta várias vezes e nada.— Pensa, Lunna, pensa — falo para mim mesma, andando de um lado para o outro. Preciso de um telefone.— O senhor poderia me emprestar o telefone?— Claro! — ele diz, e entramos no seu apartamento. Uma senhora aparece de roupão e me olha dos pés à cabeça.
Acordo com uma baita dor de cabeça, jogado no sofá da sala. A cena de ontem entre aquele crápula e minha irmã volta à mente como um pesadelo vívido. O ódio que sinto é tão grande que, se eu pudesse, o mataria. Um cheiro maravilhoso de comida invade a sala e olho o relógio: quase 11h30 da manhã. Me levanto e a dor na cabeça lateja ainda mais. Preciso de um remédio.Vou até a cozinha e vejo Lunna, ainda com o pijama de ontem, preparando algo no fogão.— Que cheiro bom! — digo. Ela se assusta, virando para mim com a mão no peito. Estava tão distraída que nem percebeu minha entrada.— Adam, você quer me matar?— Desculpa!
Algumas semanas se passaram desde o ocorrido com Kim e Antony. Ela está muito melhor agora e já deu entrada nos papéis do divórcio. Antony continua preso, acusado de estupro, e, quando o caso foi divulgado nos jornais, gerou uma enorme repercussão. O escândalo envolvendo o dono de um dos maiores jornais de Boston chocou a todos. Mas o momento mais difícil foi quando Kim contou a verdade aos pais…Flashback on.Depois que a prisão de Antony Harris se tornou notícia, os repórteres passaram a fazer plantão em frente ao apartamento do Adam, tornando a vida deles um caos. Quando os pais de Kim e Adam chegaram para saber o que havia acontecido, Kim entrou em desespero e me chamou imediatamente.Ao chegar, encontrei Adam com um
— O quê? Não! — respondo apavorada. — Eu nunca traí o Romolo! Foi ele quem me traiu… com a Yasmim!— Deixe de mentiras, menina! Ele nos contou tudo!— Ele mentiu! — replico, soltando o braço de Adam e me aproximando do casal. Tento manter a calma, mas minha voz treme. — Senhor e senhora Green, eu nunca traí o Romolo. Eu o amava! Tínhamos nossos problemas, mas eu sempre tentava resolver. Ele me traiu com alguém que eu considerava minha amiga! Eles me enganaram debaixo do meu nariz! — Respiro fundo, lutando contra a raiva. — Ele mentiu para vocês. Quando tudo isso aconteceu, eu sequer falava com o Adam. Ele é irmão da minha amiga, que acabou de ter um bebê. Me perdoem por não ter ligado ou conversado com vocês antes.<
Hoje, Kim e Natálie irão ter alta. Depois daquele dia, Adam veio fazer as visitas e saía sem precisar de seguranças. Todos os dias, ele me mandava mensagens pedindo que eu fosse para fora do hospital à noite. Não tivemos mais relações, apenas trocamos alguns amassos. Kim continua com a conversa de que nunca viu o Adam sair tantas vezes com a mesma pessoa e sempre diz que consegui fisgar ele. Porém, eu não sou boba e sei bem que o que temos é somente algo mais fácil para ele. Assim que ele se cansar, nunca mais vai me procurar. Como eu também não quero nada sério com ninguém, estou somente aproveitando enquanto essa “amizade” dura.O médico entra e dá a alta a Kim. Assim que pego meu celular para avisar Adam que estamos prontas, ele aparece na porta.
Sou acordado com meu celular tocando. O pego e vejo que são seis horas da manhã.— Alô.— Adam… minha mãe!— Lunna? O que aconteceu? — Mal consigo entender o que ela diz em meio a soluços.— Ei! Calma, fala devagar.— Minha mãe… está no hospital.— Chego aí em 15 minutos — digo e desligo o celular, entro no quarto de Kim em silêncio, toco em seu ombro e a chamo.— O que aconteceu? — ela diz assim que desperta.— A Lunna ligou chorando, a mãe del
Minha mãe me deixou muito preocupada, mas graças a Deus ela já está bem e em casa. Está toda animada para viajar. Não que eu pense que seja ruim ela ir, mas fico preocupada com ela. Ela teve um infarto e ficou morta por alguns minutos, e isso me assusta de uma forma inexplicável. O medo de perdê-la me deixa sem rumo. Ela e a April irão dar a volta ao mundo em um cruzeiro, e mamãe está super empolgada! Claro que Adam a está apoiando e planejando com ela outras viagens.Termino de ajudá-la a arrumar as malas. Ela está organizando sua necessaire e falando pelos cotovelos. Depois que ela saiu da UTI, está mudada. Quando questiono sobre sua mudança, ela diz que a vida é muito curta para não vivê-la.— A senhora pegou tudo, mam&atil