Uma voz feminina, muito suave e doce, cantava uma canção. A melodia vinha de um jardim, com belas árvores pequenas e frondosas, muitas plantas de várias espécies, plantadas em vasos ou diretamente no chão. Elas eram dispostas formando caminhos com pedras achatadas de duas a duas até chegar em um lugar mais aberto, cheio de roseiras de várias cores. Lá estava a dona da linda voz. Sentada ao chão, usava um grande chapéu para lhe proteger do sol e com uma pequena pá, mexia na terra em volta das roseiras.
— “A renda de tua saia
Vale bem cinco mil réis
Arrasta mulata a saia
Que eu te dou cinco e não dez
Isso é bom isso é bom isso é bom que dói
Isso é bom isso é bom isso é bom que dói…”
— Bu!!! — Um homem veio por trás dela e a surpreendeu.
<— Chega de desenho, os dois para a caminha. — Asher juntava o restante de brinquedos espalhados no chão da sala enquanto falava.— Ah, mãe!!! Mais meia hora, por favor. — Phílos pedia com uma voz manhosa.— Nem mais um minuto, tem aula amanhã cedinho. Escovar os dentes e fazer oração.As crianças resmungaram um pouco mas acabaram obedecendo a mãe. No meio da noite Gaia começou a gritar e chamar pela mãe. Asher correu para o quarto da filha, acendeu a luz e viu que ela chorava muito agarrada ao seu ursinho de pelúcia.— Mamãe está aqui meu amor, calma. Foi um pesadelo.— Não foi não mamãe, eu as vi. Elas estão vindo me pegar.— Quem, meu amor? — olhou para os olhinhos vermelhos e molhados d
Phílos e Gaia ainda estavam no quarto de Jéssica pensando na estratégia que fariam para passar todo um dia protegendo os amigos e se preparando para o ritual do despertar de Brida.— Jéssica, meu amor, preciso ir. Vou deixar você descansar para o jogo de amanhã cedo. — Disse Phílos tocando o rosto de sua amada e acordando ela do transe.— Mas você acabou de chegar, não pode ficar mais um minuto? — Ele pediu que a irmã esperasse por ele no corredor, achava que elas tinham que se conhecer do jeito natural, sem hipnose. Gaia antes de sair apagou a lembrança de ter estado ali.— Não posso, só passei pra te falar que vai dar tudo certo amanhã.— Mas bênção, e nossas amigas? — Phílos sabia o que deveria fazer, por mais que não fosse o certo, pois foi ensinado que o humano precisa vivenciar o
Já tinha amanhecido quando Asher terminava de arrumar as coisas das crianças. Elas acordaram e foram se trocar.Enquanto colocava coisas nas malas das crianças, conversava com elas tentando manter a calma.— Atenção, lembram do teatro que a mamãe e o papai fizeram sobre o povo mal? — Ela abria as gavetas e puxava roupas aleatórias.— Eu lembro!!! — Phílos levantou a mão empolgado.— Mamãe, eu também lembro!!! — Gaia falou tentando passar o buraco da blusa pela cabeça.A mãe ao pegar uma coberta na parte de cima do guarda roupa, trouxe junto outros lençóis que caíram por sobre sua cabeça e a tirou da sua suposta calma.— Maldição!!! — Quando deu por si, já havia falado e as crianças de imediato começaram a observá-la.
O estádio estava lotado, a maioria dos jogos já estavam definidos, era o penúltimo dia. A música tocava animando o pessoal na arquibancada, e o locutor anunciava a tabela dos semifinalistas.Pedro diz: “Eu e Lucas estamos na arquibancada esperando vocês!”Marcelo diz: “LM onde você está?”LM diz: “Estou chegando, vou passar na lanchonete.”Lucas diz: "Traz um pão de queijo pra mim, recheado, por favor.”LM diz: “Alguém quer mais alguma coisa?”Pedro diz: “Não, obrigado.”Marcelo diz: “Também não, valeu. Vou passar no vestiário e já falo com vocês.”Enquanto Phílos digitava no telefone, Gaia falava com a mãe que achou que ela tinha passado a noite na casa de Amanda.— Está bem, pode deixar. Beijos. Também te amo
— Calma, querida. Não devem ter ido longe. — Flavian tentava acalmar a esposa, mas ele mesmo por dentro estava em pânico.— E se eles os encontraram? — Asher tremia, olhava para todos os lados e havia poucas pessoas na praia. Mas não avistava seus filhos.— “Flavian! Há quanto tempo, meu amigo. Perdeu alguma coisa? Melhor dizendo, coisas?”— Meu Deus, Asher!!! — Flavian que estava de pé ao ouvir a voz antiga, mas inesquecível de Urd em sua mente, se deixou abater pela fraqueza de suas pernas e caiu por terra.— O que foi, amor?— Estão com eles.Asher disparou a chorar.— “São criaturinhas realmente adoráveis, não achou que iam esconder muito tempo de nós, não é mesmo? Estamos no Marco Padrão, não demore.”—
Era tudo tão nostálgico, fazer aquele ritual sem seus pais presentes, sem seus amigos. Phílos e Gaia aprontaram tudo conforme foram ensinados. Apesar da luz da lua minguante iluminar o local, o rapaz parou o carro de modo que os faróis ajudassem a visualizar o desenho que a jovem fez no chão com sal grosso. Um triângulo envolto de um pentágono. No meio os pertences de Brida. Os irmãos esperaram os primeiros raios de sol, e posicionados um em frente ao outro, fora do desenho, começaram a meditar. Quando os pensamentos estavam totalmente sintonizados em encontrar a amiga, eles começaram os dizeres:— Chegou a hora de despertar, quebre as correntes, abra sua mente. Brida, Brida, BRIDA!!!! — E lançaram juntos um raio no objeto que estava no centro do triângulo, que continha a assinatura do DNA de energia da jovem.Os dois despertaram da meditação com uma
Thiry tinha sido pega de surpresa por aquela pequena criatura que a prendeu em um campo de força. Logo que se livrou dele, ficou furiosa por ter sido humilhada daquela forma. Seus seguidores começaram a se erguer e tomar suas posições naquela batalha, digamos no mínimo covarde. Eram doze Strix sendo uma Striga, contra três Strix adultos e três crianças, pois até então não se sabiam dos poderes de Brida.— Giles, meu amigo, você veio. — Flavian recebeu os amigos atrás de uma pedra onde estavam tentando se esconder.— Chegamos agora há pouco na cidade, e Brida sentiu o que estava havendo aqui. — Conversavam e se abaixavam cada vez que um raio caia mais perto deles. — A boa notícia é que consegui falar com um dos membros da alta cúpula antes de fazerem a assembleia. Já estão enviando emissários Strions para
— Brida, aquela é Amanda, minha melhor amiga, ela… — Gaia falava levando a garota para mais perto quando foi interrompida.— Já sei de tudo, querida irmã. — Pois depois da tragédia que os uniu, era assim que se consideravam. — Quando me despertaram, me atualizei de toda a situação. Infelizmente não posso quebrar o encantamento de outra Striga sozinha. — Brida viu a esperança esvair do olhar da irmã. — Hei!! — Ela passou a mão pelo rosto da garota, segurou em seu queixo e olhou bem em seus olhos. — Não disse que não a salvaremos. — As duas se abraçaram. — Vamos sair daqui. Deixei os outros apenas desmaiados. Temos muito o que conversar.— E Amanda?— Vou