Josué Monteiro
Muitas coisas aconteceram durante um mês. Não pensei que fossemos viver todos em paz e ter uma convivência boa. Minha mãe tinha realmente mudado e estava orgulhoso dela. Meu pai que vinha agindo estranhamente, não sabia a razão dele ter comprado uma casa na praia, descobri por acaso, quando fui conversar com ele, pediu para que guardasse segredo. Mas por quê? Talvez ele me contasse em breve. Luara e eu nos mudamos definitivamente para a capital. Precisei arrumar outro lugar para morarmos com mais espaço. Nosso filho estava se adaptando bem à nova escola. A família da Lua não mandava notícias há quase duas semanas. Meus sogros eram muito cabeça dura e ainda insistiam que tínhamos que casar, juro que tentei e não foi pouco, mas ela não quis.
Luara ArantesBolinha o porco era como se fosse um cachorrinho, no entanto, em tamanho maior e mais bagunceiro. Dois dias com ele no apartamento e tinha destruído alguns papéis de Josué, nem preciso mencionar o quanto ele ficou chateado com o fato. Meu namorado era maravilhoso e compreensivo, contudo, não era fã do nosso animal de estimação. Eu evitei que o porco virasse churrasco. A ideia de adotar um porco adulto de duzentos quilos foi do Lucas. Acabei cedendo por causa dele que se apaixonou pelo porco. Alexandra ficou muito feliz quando trouxéssemos o bolinha pro nosso apartamento, pois no dela ele fez uma bagunça, principalmente nos seus móveis caríssimos.Infelizmente precisei esconder bem o desenho que ganhei do meu pequeno para que um certo alguém curioso não en
Josué MonteiroLuara e a família pareciam estar se entendendo bem, apenas fiquei como um observador enquanto a conversa fluía naturalmente. Isabela gostou do porco e junto com o Lucas ficaram alisando aquele monte de banha. O bolinha era pior que qualquer animal normal, ́ sério, mas não tinha escolha de expulsá-lo. Precisava me acostumar a ele como membro da família. Quando a campainha tocou, imaginei que fosse alguém conhecido porque não fui avisado pelo interfone de uma visita, porém, fiquei preocupado porque não esperava mais visitas das quais já tinha. Disposto a dispensar quem fosse caminhei até a porta e abri.O par de olhos tristes vieram de encontro aos meus.— Josué, precisamos conversar. — diret
Luara ArantesEu sabia que tinha algo de muito errado quando Josué chegou em casa, mas esperei que minha família fosse embora para poder conversar com ele. Naquele instante não sabia ainda o que havia acontecido. Depois de bater algumas vezes na porta do nosso quarto ele resolveu abri-la. Vê-lo como vi doeu muito. Não era momento para perguntas, pelo menos, sentia que não. Abracei-o com amor e tudo que ele fez foi chorar. Algo grave tinha ocorrido, ele não era nenhum chorão, conseguia sentir toda sua dor.— Sinto muito, Lua. Minha mãe nos traiu, mentiu pra nós dois. Ela seguiu com o processo. Agora não sei mais de nada, qualquer palavra dela não temos como saber se é verdade. Meu pai não aguentou, contou tudo, eles estão se divorciando!
Foram quatro meses planejando o casamento para que nada saísse fora do lugar. Foi tempo suficiente para recuperação do meu pai, claro que seria ele que estaria do meu lado até o altar. Era domingo finalzinho de tarde enquanto finalizava os últimos retoques no meu vestido de noiva. De frente para o espelho não me reconhecia, nunca pensei que casaria um dia. Tentei não chorar de emoção pra não borrar toda a maquiagem. Meu noivo naquela hora já estava na igreja me aguardando com os convidados.— Você está muito linda! — Isabela disse, dando-me um abraço breve. — Não acredito que vou ver você casada.Minha irmãzinha e eu tínhamos nossos conflitos ainda, mas coisas bobas de irmãs. Ela finalmente
Luara ArantesDeixei de lado meu medo e retornei para cidade que jurei nunca mais voltar. O tempo não apagou tudo que havia sofrido por ser ingênua. Do que estou falando? Estou falando de ter assumido a culpa de um incêndio local para defender o babaca por quem era cegamente apaixonada. Meu avô infartou com toda a confusão que saiu até na televisão. O sobrenome Arantes era bem conhecido pela cidade, porque nossa família foi uma das primeiras na fundação dela. Eu não sabia o que me aguardava, pois não tinha avisado a ninguém da minha chegada, muito menos comentei sobre o pequeno Lucas, meu filho de coração. Ele foi um presente de Deus e acreditava que eu era seu anjo por ter cruzado seu caminho. Minha família não sabia do meu filho de cinco anos. Não era um dos melhores momen
Não sabia ao certo que horas eram quando comecei a ouvir gritaria cada vez mais próxima. Lucas dormia na minha cama e parecia em um sono profundo. Levantei cuidadosamente para não acordá-lo. Meu pai Osvaldo poderia ter um treco caso eu não aparecesse logo em sua frente. Eu tinha que enfrentar a fera e ser forte porque ele era um pai muito controlador. Saí do quarto tombando por onde passava. No momento em que cheguei na sala de estar com os cabelos desgrenhados e ofegante, fui recebida com um tapa que me fez ficar tonta.— Por que desonrou nossa família desse jeito? Um filho Luara? E branco? O que vão pensar da nossa família? Eu deveria te colocar pra fora daqui junto com esse menino, mas não vou, sabe por quê? Porque ao contrário de você eu tenho honra!
Estar em casa sem o conforto de um lar feliz era desconcertante. O caminhão de mudança quando chegou, precisou colocar todas as minhas coisas no aperto da garagem. No dia anterior minha conversa com Andressa no seu local de trabalho, fez com que pudéssemos recomeçar outra vez. Merecíamos, certo? Uma nova chance, a chance de reatar nossa amizade de infância, não tínhamos nada a perder.Eram quase onze da manhã quando decidi abandonar o quarto. Foi estranho adentrar a sala de estar e ver meu filho conversando com o bisavô. Não esperava que vovô Alfredo fosse dar atenção ao bisneto. Fiquei ali parada observando os dois, sem que eles percebessem minha presença.— Perna dói, vovô? — Lucas, perguntou, inocentemente, e
Quinze dias desde minha chegada na cidade e algumas coisas pareciam caminhar bem. Meu filho havia finalmente começado a estudar na minha antiga escola. Alguma coisa tinha que dar certo, não é mesmo? Mesmo com os dias, minha família continuava rejeitando Lucas. Era difícil nossa convivência, Dona Regina costumava passar na minha cara todas as manhãs de que eu tinha acabado com nossa família. Isabela sempre ficava com suas provocações até me tirar do sério. Infelizmente, o que mais me entristecia era não sentir mais vontade alguma de chamar meus pais, de pais.Era sábado à noite quando decidi levar meu menino travesso para se divertir com outras crianças na praça. Ver todas aquelas crianças juntas, despertava um sentimento eufórico em mim. Onde meu filho era b