Josué Monteiro
Precisei retornar para a capital durante uma semana inteira para resolver negócios pendentes. Alexandra insistiu que o melhor era levar Luara Arantes ao tribunal pra tentar recuperar meu filho, mas não era simplesmente tirar o filho dela que resolveria tudo. Ela o amava tanto. Decidido a continuar com o plano anterior, retornei depois de uma semana. Para minha surpresa, algumas coisas mudaram, a moça era realmente determinada, pois tinha conseguido um trabalho em um restaurante, como garçonete. Esperava que aquele homem que tentou agredi-la fisicamente não estivesse importunando sua vida. Quando recordava que ele quase a espancou no meio da rua, sentia vontade de espancá-lo até perder a consciência. Ele era um homem covarde que agredia mulheres indefesas, contudo, naquele dia ele não contava com minha presença, muito menos que ela fosse ter alguém para defendê-la assim como fiz.
Tirei meu óculos escuro, prendendo ele na camiseta listrada. Talvez ela gostasse de listras e uma calça jeans justa, pensei um pouco antes de adentrar o restaurante. Ela usava uma tiara branca, que destacou ainda mais seus lindos cachos. O uniforme simples a deixou tão sexy, era um vestidinho um pouco acima dos joelhos, de mangas curtas. Não me importei nenhum pouco de encará-la. Quando ela percebeu minha presença saiu correndo em direção à cozinha, supus.
Escolhi uma das mesas vazias e assentei na cadeira de madeira. Era o horário de almoço e eu queria muito vê-la, a partir daquele dia a veria todos os dias. No entanto, quem veio me atender foi outra moça e não ela. Confesso que fiquei decepcionado. Após fazer o pedido a vi novamente, mas passou bem distante da minha mesa.
— Ela está me evitando... — murmurei, batendo as pontadas dos dedos impaciente em cima da mesa.
Quando meu pedido chegou até a mesa, acabei cometendo um pequeno deslize. Do que estou falando? Deixei que os talhes caíssem no chão! Sabe o que me distraiu naquele momento? Foi ver Luara inclinada sobre uma das mesas. Eu vi mais coisa do que deveria ter visto e ela tinha percebido isso, pois logo veio até minha mesa. Ela conseguia me deixar nervoso com apenas um olhar.
— Josué, sabia que é feio ficar encarando alguém assim? O que você quer? Pensei que nunca mais fosse vê-lo outra vez!
Ela sabia como deixar um homem sem palavras. Tentei tocar sua mão, todavia, foi em vão.
— Senti saudades de você. Não esqueça que sou um homem tímido! — foi tudo que consegui dizer. Olhei para o nada, apenas para não olhar em seus olhos.
Aquele personagem que criei precisava ser mais convincente. Mais como fingir uma timidez inexistente? Queria muito descobrir!
— Não sei a razão de você está jogando comigo, no entanto, saiba que isso não vai funcionar. Josué, esqueceu que ficou dias me seguindo? Eu sei que você não é assim, digo, todo diferentão! Esse não é o seu estilo de roupas e muito menos você é tímido, sei que não tem timidez alguma!
Eu não esperava que ela fosse tão esperta assim e observadora. Não sabia o que responder, ainda mais porque ela repousou sua mão no meu ombro esquerdo. Fitei seus olhos e engoli em seco.
— E-eu preciso, ir ao banheiro... — gaguejei, sentindo uma fraqueza nas pernas. Tudo que precisava naquele momento era sair daquela situação. Quando levantei da cadeira bati o pé na outra cadeira, arrancando gargalhadas dela. Saí correndo querendo muito que tudo não passasse de um pesadelo. Nunca fui um homem atrapalhado, porém, ela causava esse efeito em mim.
Já no banheiro peguei o telefone e resolvi pedir socorro. Logo a chamada de vídeo foi atendida pela Alexandra, expliquei a situação toda, enquanto caminhava pelo banheiro.
— Você tem que contar a verdade, Josué. Ela não é nenhuma trouxa, alias, adorei ela por isso.
— Ei, não foi pra isso que te chamei! — resmunguei. Minha prima sorriu sarcástica.
— Nunca te vi assim, é hilário! O que foi meu primo? Não consegue lidar com uma novinha? Não era você que vivia se gabando que era irresistível?
Ela sabia como me deixar sem argumentos.
— Não brinque com isso! Agora Luara deve ter certeza que não sou um rapaz tímido! — berrei, frustrado.
— Rapaz tímido? Você é um coroa de meia idade, querido primo!
Certo, minha prima talvez estivesse passando dos limites com suas zombarias.
— Vou resolver isso sozinho. Tchau, Alexandra!
Desliguei a chamada de vídeo. Aproximei-me do espelho e lavei o rosto com água da torneira. O melhor era sair daquele restaurante sem voltar a bater de frente com Luara. Após sair do banheiro, paguei o almoço que sequer toquei e saí antes que ela me visse.
Já dentro do carro, me sentindo seguro, pensei na bobagem que havia cometido.
— Agora ela vai ter certeza que sou um fingido! — resmunguei, batendo com força no volante. Liguei o carro e saí sem saber ao certo para onde ir.
Quis muito telefonar para os meus pais, porém, sabia que não seria atendido. Meus pais não aceitaram muito bem o fato de ter perdido o neto da forma que perderam. Eu não contei de maneira alguma que tinha localizado meu filho, pois sabia que isso acabaria muito mal. Eles queriam a guarda do neto por me achar incapaz de cuidar dele sozinho.
Eu era filho único e ainda assim, eles não falavam comigo há anos. Sentia saudades da minha família toda reunida aos finais de semana. Queria fazer parte da vida do meu filho sem que precisasse entrar na justiça pra tentar ter direitos. Por que a senhorita Arantes estava ferrando com tudo? O que custava ela ser menos desconfiada? Seria tão mais simples se fossemos uma família de verdade.
Meu medo de lhe contar toda a verdade e ela sumir com o garoto só aumentava. Mas até quando conseguiria esconder meu segredo? Ela não era nenhuma idiota. Eu precisava de um novo plano que não fosse prejudicar meus objetivos. Ela era apenas uma jovem que mal tinha começado a vida. Talvez, conseguisse encantá-la com alguma coisa, precisava descobrir mais sobre a mãe do meu filho.
Luara ArantesEm casa comecei a pensar em Josué, não pensei que ele fosse fugir da forma como fugiu do restaurante. Sempre soube que tinha algo de errado nele e ter desmascara-o, talvez ele me deixasse em paz. Eu não era nenhuma ingênua mais, muito menos, acreditava em qualquer desculpa esfarrapada. Aproveitei que vovô Alfredo estava na sala de estar, decidi dar uma organizada em seu quarto. O quarto dele era como sua fortaleza, todos eram proibidos de adentrar, mas, eu não seguia essa regra.— Como ele vive assim? — perguntei-me, fitando a pilha de caixas de papelão ao lado da cama.O cheiro forte de mofo me fez começar a tossir. Primeiro fui até o guarda-roupas antigo dele e peguei tudo que precisava para trocar as cobertas da cama. Puxei
Não suportando mais o clima pesado em casa decidi me divertir um pouco. Lucas e eu fomos ao parque. A bomba familiar sobre a bisavó de pele clara, causou muitas discussões. Ninguém fora eu e o meu filho, ficavam perto do vovô Alfredo. Eu não queria a separação familiar, pensei que todos ficaríamos mais unidos do que nunca, foi uma ilusão. Talvez fosse possível esquecer todos os problemas, por, pelo menos, aquela noite. O vento frio deixou meus pelos eriçados. Usava um vestido de alças finas.— Boa noite, Luara! — aquela voz me fez dar uma volta ao mundo em segundos. Engoli em seco. Não esperava vê-lo, Josué nos encarava descaradamente.Apertei a mão do meu pequeno. Ele estava nos seguindo? Me questionei. Josu&
Josué MonteiroNão era momento para continuar com covardia, embora estivéssemos no local errado, sabia o que deveria ser feito. Aguardei a irmã de Luara sair do quarto com o nosso filho para que eu pudesse entrar no assunto que vinha evitando falar. O menino era nosso e não tiraria o título de mãe que ela tinha. Fechei novamente a porta e tentei controlar meu nervosismo. Não tinha outra saída, era necessário lhe contar toda a verdade.— Josué, por que fechou a porta novamente?Todas suas perguntas seriam respondidas, pensei. Enfiei as mãos nos bolsos da calça enquanto caminhava em sua direção. Eu sabia que o assunto precisava ter cautela, porém, quanto mais tempo passasse seria pior.
Luara ArantesMinha saída do hospital foi tranquila, no entanto, minha cabeça parecia ter sido esmagada por um caminhão. No dia seguinte, pensei que esqueceria tudo o ocorrido do dia anterior com um dia cheio de trabalho, contudo, no momento em que saí do portão para fora encontrei Josué. Engoli em seco. Eu queria fingir que tudo não tinha passado de um engano, que ele não era o pai de Lucas, mas aqueles olhos eram idênticos ao do meu pequeno.— Quero marcar uma data para o exame de DNA! — afirmou, prendendo-me contra o portão. Quase pensei que ele fosse me beijar, não que eu quisesse, mas a forma como nossos olhos fitavam um ao outro, me deu palpitação no coração. — Você vai facilitar as coisas? Ou vou precisar entrar na justi&cced
Josué MonteiroA mãe adotiva do meu filho era perturbada, psicologicamente. Por que estou falando assim? Bom, após a confirmação do resultado do exame de DNA que tínhamos feito ela me colocou em uma situação difícil. Acreditei que ela tivesse contado toda a verdade para sua família, mas ao vez disso, ela anunciou minha sentença de morte. Era domingo, final de tarde, e estávamos todos reunidos, sim, todos de sua família na sala de estar, menos meu filho. Isabela, irmã mais nova de Luara, não parava um segundo de fazer careta, enquanto mascava chiclete sem tirar seus olhos de cima de mim. Consegue imaginar o quão Luara ArantesEnxotada de casa junto com meu filho me vi obrigada a ser abrigada por Josué. Andressa, mesmo que quisesse me ajudar, não teria como abrigar meu filho e eu em sua casa. Sem escolha aceitei a ajuda do pai de Lucas. Não imaginei que ele estaria hospedado em quarto tão simples quanto o que estávamos. Eu sabia que ele tinha dinheiro para pagar um dos melhores quartos, talvez, ele fosse mão de vaca. Por desconfiança ele não nos colocou em outro quarto. Meu menino sem entender nada estava admirando a vista pela janela que dava de frente para um pequeno jardim. Não tive coragem em lhe contar que seu pai era aquele homem que falei tanto que era só mais um babaca.— Amanhã veremos um apartamento pra vocês dois. — olhei para lado e vi Josué de pijamas! UCapítulo 14
Após escolhermos um apartamento para Lucas e eu ficarmos, retornamos ao hotel. Josué foi tomar um banho e eu me joguei sobre a cama. Meu momento de sossego logo cessou, pois o celular do espigão não parava de tocar em cima do sofá. Eram dez da manhã constatei ao olhar a hora pelo meu telefone. Quem poderia ser? Pensei em ir até a porta do banheiro para avisá-lo, apenas pensei porque não fui. Levantei da cama para dar um jeitinho naquele barulho.— É só desligar... — sussurrei, pegando-o do sofá. Arquei a sobrancelha ao perceber que o aparelho não tinha senha alguma de segurança. Meu coração disparou quando ele começou a tocar novamente. Mas quem era aquela mulher insistente? Perguntei-me. Fiquei tão nervosa que em vez de rejeitar a ligaçã
Josué MonteiroAnoiteceu sem qualquer notícia do paradeiro de Luara Arantes. Ela nem sequer foi pegar o Lucas na escola. Precisei pagar uma babá para ficar com ele. Não sabia ao certo quanto tempo já estava preso dentro do carro, rodando a cidade toda a sua procura. Como tudo acabou daquele jeito? Alexandra tinha razão quando disse que era tudo minha culpa? Eu sabia que tinha sido um idiota, mas não pensei que ela fosse simplesmente sumir.Minha aflição crescia a cada minuto de silêncio. Retornar para hotel sem ela estava fora de questão. Lucas queria a mãe e eu não tinha respostas de onde ela poderia estar. Esperava que ela estivesse bem, minha preocupação era que algo ruim pudesse ter acontecido. Uma vez meu pai disse que o coração fala, e o meu estava gritando de pavor.— Esteja bem. — murmurei, atento na estrada d