EmilyEle solta um suspiro pesado. Seu semblante permanece calmo, mas a tensão é visível. O maxilar tenso e a intensidade de seu olhar denunciam a luta interna.— Você se propôs a me ouvir. Eu ainda não terminei o que tenho a dizer.Eu solto o ar com angústia, o medo me corroendo. O cheiro dele ainda está no ar, o calor da sua presença me apertando o peito. Sinto saudade, uma saudade insuportável que quase me rasga por dentro. Só quero sair daquele escritório o mais rápido possível, mas, mesmo assim, respondo:— Tudo bem.Ele solta mais um suspiro.— Como deve saber, meu noivado com Sila acabou.O nome dela, associada ao seu egoísmo, me provoca uma risada amarga, quase debochada.— Quer que eu converse com ela? Talvez ajudá-lo a se reconciliar com sua noivinha?Okan me olha, a raiva evidente no seu olhar.— Emily, fica difícil assim. Quem disse que quero voltar com ela? Ela fez um escândalo aqui, no meu restaurante, fingindo que havia terminado comigo. Mas, no carro, quis voltar, e eu
O rosto dele exibe uma angústia que corta meu coração como uma lâmina invisível. Okan parece carregar o peso de uma batalha interna, cada músculo tenso, como se seu corpo inteiro lutasse contra o que é impossível de controlar.——pergunto, observando cada nuance de sua expressão, avaliando suas intenções.Ele faz que sim com a cabeça, um movimento lento, quase resignado. Seus olhos encontram os meus, refletindo uma mistura de cansaço e determinação. Há algo de sombrio em sua postura, como se estivesse à beira de um precipício.—Tudo bem. Mas faremos tudo do meu jeito.Seus ombros enrijecem, e a tensão em seu semblante se acentua. Seus olhos parecem ainda mais escuros, um mar de tempestades prestes a se romper. A força de suas emoções é palpável. Ele solta um sorriso, mas não há humor ali. É um sorriso amargo, desprovido de alegria.—Que condições são essas? O que você quer dizer com isso?Minha voz sai firme, mas por dentro meu coração pulsa descompassado.—Não vou mudar minhas roupas
Ele permanece de pé, os músculos do maxilar se contraindo enquanto absorve minhas palavras.—Pode parecer que minha motivação seja essa, mas não é. Eu realmente gosto de você. Nunca senti nada parecido com outra mulher, Emily.Suas palavras caem sobre mim como um bálsamo, acalmando as tempestades internas que me consumiam. Respiro fundo, tentando recuperar o equilíbrio.—O tempo dirá.Ele me encara, firme, com um brilho de decisão no olhar.—Vamos! Vou te levar para casa e já aproveito para falar com seus pais.Meu rosto aquece, pego de surpresa por essa nova faceta de Okan. Há algo nele agora, uma urgência em querer me conhecer melhor, em solidificar o que temos.—Não, melhor outro dia. Preciso preparar meu pai antes. Contar como foi tudo com sua noiva, a natureza do seu noivado, para ele te ver como uma vítima e te receber bem.Os lábios de Okan se apertam em uma linha fina. Ele claramente não gosta da ideia de adiar, mas cede.—Tudo bem. Mas não passe de hoje. Amanhã, nesse mesmo h
Alguns minutos depois, todos estamos sentados ao redor da mesa, comendo em um silêncio que para mim é desconfortável, mas que Okan parece não se importar. Talvez seus costumes o façam enxergar isso de outra maneira. Meu pai mantém uma postura distante, embora não hostil, enquanto minha mãe, mesmo querendo agradar, evita fazê-lo abertamente, provavelmente para não causar desavenças mais tarde.Quando o café chega ao fim, convido Okan para a sala novamente. Sentamos lado a lado no sofá, mas com um leve desconforto. Minha mãe, ainda terminando de arrumar a mesa, nos lança olhares frequentes. Quando meu pai finalmente pede licença e se retira, sinto um peso sair de meus ombros.Okan pega minha mão, seus dedos quentes contra os meus, e a beija suavemente. Seus olhos estão fixos no meu rosto, ternos e brilhantes.—Estou feliz. Finalmente, me sinto feliz.Não consigo responder; ainda é cedo para abrir meu coração.—E Kayra? Como ela reagiu ao saber de nós?Seu sorriso vacila por um instante,
Ele entorta o nariz, a expressão carregada de curiosidade e provocação.— Isso explica aquela bebedeira que presenciei na festa? Tem certeza que não gostava dele? Você não ficou magoada nem um pouquinho?— Sim, de certa forma fiquei. Mas, como disse, me embebedei com raiva de mim e pelas coisas que ouvi dele. Dei-me conta de que teria poupado tudo isso se não tivesse me acomodado na relação. Precisei ser traída e ouvir que eu era fria, um iceberg, para finalmente terminarmos.Okan, que me observa sério e carrancudo, suaviza a expressão ao assimilar minhas palavras. Como se o peso que eu carrego se transformasse em um alívio para ele. Ele gostou de ouvir isso, adorou saber que eu não gostava tanto assim do meu ex como ele temia.E então, ele exibe aquele sorriso arrogante.— Allah! Fria? Iceberg? Você?Assinto lentamente, vendo o brilho de satisfação no olhar dele, quase como se ele estivesse comemorando internamente. O homem turco à minha frente não consegue esconder a felicidade que
— Só pensando no que você me disse.Ele me observa por um instante, como se tivesse se lembrado de algo importante. Em seguida, olha para o relógio.— Preciso ir. Quero passar no quarto dele para ver como ele está, contar o quanto estou feliz e falar sobre nós dois.— Você vai contar sobre a gravidez?— Não. Sobre a gravidez, contaremos juntos. Hoje vou prepará-lo para te receber amanhã. Passo para te buscar às dez. Teremos um almoço em família.— Amanhã? — questiono, sentindo um frio na barriga. Resolvo confessar o que me atormenta. — Você tem certeza de que ele vai me receber bem? Afinal, destruí os sonhos dele.Okan sorri, com a confiança de quem tem todas as respostas.— Você
Dia seguinte, casa dos Krishnan...Entro no hall e espero Okan fechar a porta. Com minha mão direita entrelaçada à dele, avanço até a sala. Meus olhos encontram Kayra primeiro, que me oferece um leve sorriso antes de se levantar. Seu gesto desperta a atenção do pai de Okan, que cochilava na poltrona reclinável.— Emily. — Ela solta o ar.Eu me desvencilho de Okan e vou até ela, emocionada.— Kayra. — Digo, sem saber ao certo o que falar; as palavras me fogem ao vê-la agora.— Bem-vinda à família.— Obrigada. Perdoe-me por tudo...— Shhh, não precisa dizer nada. Okan já explicou tudo, e o que ele mais faz é te defender. O importante é que meu irmão está feliz e que você goste dele.Um sentimento de paz envolve meu coração com o gesto dela. Sim, eu amava Okan sem saber por quê, mas agora, conhecendo-o melhor, entendo o que vi nele. E isso só faz meu amor por ele crescer a cada momento que passamos juntos.— Obrigada, Kayra, por me perdoar. Depois conversamos com mais calma. — Digo, sent
Kayra, que até agora estava calada, dá um gritinho de comemoração atrás de mim. A reação de Okan é se aproximar mais de mim, com um sorriso débil. Ele me olha, como se tivesse dificuldade em acreditar que aceitei. Meu coração parece saltar do peito ao ver a felicidade em seus olhos. Conforme percebe que falo sério, seus olhos ficam quentes, e ele passa a me olhar com adoração.Voltamos os olhos para seu pai, que nos encara com um sorriso. Okan diz:— Isso merece uma comemoração! Chamaremos seus pais amanhã para um jantar e anunciaremos nosso noivado, já marcando a data.Deus! Meus pais...Bem, com certeza minha mãe achará prematuro. Meu pai aceitará, mas sentirá uma tristeza muito grande pelo caminho que segui. Ele já anda triste pelos cantos. Só o tempo provará que Okan é o homem certo para mim. A cada minuto que passo com ele, tenho mais certeza disso.— Ela sabe que não poderá vestir-se de noiva? Faremos sem ritos? — O senhorzinho questiona.Okan acena negativamente para o pai com