Padrões. Você pode amar ou odiar, mas não pode se livrar deles. Para tudo o que fazemos na vida, seguimos um padrão. E nesses dias, minha vida tinha se tornado um padrão que eu não aguentava mais. Acordar, se vestir, comer, assistir televisão. E era só isso. Uma palavra ou outra com o Scott também fazia parte do meu dia, mas não era um padrão. Nem sempre ele estava disponível.Eu não tinha contato com o mundo externo desde que tinha ido para a casa de segurança que Frederich arranjou para mim. A última vez em que falei por telefone, foi com o Pierre, mas já fazia alguns dias e eu estava ficando louca no pior sentido da palavra.Eu já tinha lido todos os livros que estavam disponíveis na casa, visto pelo menos duas dúzias de filmes alugados previamente e até mesmo as séries disponíveis já tinham acabado. Em suma, eu estava sendo torturada.— Scott! — Eu gemi pela milésima vez.Ele olhou para mim sobre a sua colher, durante o almoço.— Eu preciso sair daqui! Já faz duas semanas...— Obr
Sabe aquele momento em que você sabe que está completamente ferrado? E que qualquer coisa que você diga, não vai ajudar? Era assim que eu me sentia naquele momento. O olhar de Pierre estava completamente paralisado. Engoli em seco, de repente querendo me esconder dentro de algum buraco. Mais precisamente, algum cheio de roupas. Olhei discretamente para Adrian e ele parecia assustado também.Seus olhos se alternavam entre Pierre e eu. Eu lancei para ele um olhar desamparado, e ele apenas deu de ombros.Pierre finalmente quebrou o silêncio.— Que porra você está fazendo?Deixei escapar uma risada nervosa.— Ahm... Engraçado você perguntar, nós, ahm... nós estávamos apenas... — eu olhei para o meu melhor amigo. — Adrian?— Experimentando algumas coisas! — Adrian disse com um sorriso pouco convincente. Eu dei um tapa na testa.Pierre estreitou os olhos.— E por que vocês estão fazendo isso?— Eu estava entediada. — as palavras voaram para fora dos meus lábios.Pierre não parecia totalment
Eu não esperava que Pierre estivesse na manhã seguinte quando eu acordasse. Também não me importava por isso. Eu sabia que se ele tivesse escolha, teria ficado. Mas sabia que ele era um homem ocupado... e famosos. Se demorasse mais tempo ali, era provável que logo descobrissem onde eu estava. Sabia que ele estava preocupado com isso antes, e provavelmente deveria estar remoendo sua visita a mim na noite passada, mas eu gostei de tê-lo perto de mim outra vez. Eu senti muito a sua falta.Mesmo sem ele estar fisicamente comigo, ele providenciou que eu passasse o café da manhã pensando nele. Ele tinha preparado ovos, bacon e algumas panquecas para mim. Até tinha deixado tudo no micro-ondas para que eu esquentasse quando acordasse, junto com um bilhete:Obrigado pela noite maravilhosa. Espero repeti-la quando você estiver de condicional. Esqueci algo?? Ah sim, eu te amo.Um sorriso enorme ficou no meu rosto o tempo todo enquanto eu comia. Sim, eu esperava repetir a noite em breve também. N
Nós deveríamos ter percebido que era o Owen desde o início. Afinal de contas, eu tinha tirado dele a oportunidade de dirigir a empresa do Frederich, algo que, muito provavelmente, ele achava que merecia mais do que eu. Mas como nem meu pai, nem Pierre ou mesmo o Scott imaginaram isso? Owen nunca foi hostil comigo, pelo contrário, ele chegou a flertar em alguns momentos, mas a situação no geral deveria ter levantado suspeitas. No entanto, nenhum de nós pensou que ele fosse capaz de fazer coisas tão horríveis a alguém que nunca tinha feito nada a ele.— Então é você a pessoa por trás de tudo isso? — Era uma pergunta estúpida, eu sabia, mas de alguma forma, eu queria ouvir da sua própria boca.O olhar de desprezo que ele me deu me deixou sem palavras.— Claro que eu sou. Você é um osso duro de roer, vadia.— E você é um bastardo doente. — nem me dei conta das palavras que saíram dá minha boca até que elas já estavam fora.Ele estava do outro lado da sala, mas em pouco mais de um segundo,
— Scott era o homem em quem eu mais confiava. — Frederich fez uma pausa. Ele parecia sincero, e acima de tudo, parecia triste. — Ele era meu braço direito, o cara a quem eu procurava quando precisava de conselhos. Ele confiava em mim assim como eu confiava nele. Desde antes de começar a namorar a minha filha. Ele era um grande homem. Ou melhor, ele é um grande homem.Ele é um grande homem. Lembro-me de quando ele me convidou para sair pela primeira vez. Com um monte de rosas, e apenas um simples "Você quer sair comigo?"Ele era meu melhor amigo, assim como Adrian. Ele sabia tudo sobre mim. Foi inevitável gostar dele. Foi inevitável dizer "Sim" para o pedido dele. Foi inevitável beijá-lo depois disso. Foi inevitável entregar a ele minha virgindade. É inevitável sentir sua ausência de agora em diante na minha vida.— Scott permanecerá sempre em meu coração, e em todas as nossas memórias.A cena após o tiro do Owen passou na minha frente. Ele tinha um sorriso em seu rosto enquanto Scott
Fiquei totalmente atordoada com o que Pierre me disse. Arianna estava morta?— Arianna? — Minha voz era um mero sussurro.— Esqueça isso. Nem sei por que falei. — a voz de Pierre parecia fria e distante, apesar de seus olhos dizerem outra coisa.— Não, você deve me contar sobre o que aconteceu com a Arianna.Pierre apenas levantou as sobrancelhas.— Não há nada a dizer.— Pierre...— Você não queria dormir? Vá dormir então. Vou ligar para o Adrian.— Aonde você vai? — Eu odiava o fato de ele ter erguido um muro e colocado sua armadura novamente apenas com a menção ao seu passado.— Eu tenho trabalho para terminar. Eu não vou poder trabalhar aonde vamos, então...— Eu estou de luto. — Fiz uma cara triste, pensando que talvez ele fosse ceder. Também porque não queria mais ir dormir sozinha. Se ele não ia falar sobre Arianna, pelo menos podia ficar comigo até eu adormecer. Pelo menos assim, eu não ficaria rolando na cama pensando no Scott.— Você não está de luto. Você está se culpando p
— Jennifer, já chegamos.— E daí? — Eu virei o rosto para o outro lado da poltrona.— Você vai precisar de se levantar, querida.Abri meus olhos para ver seu lindo rosto sorrindo para mim, mas também um pouco de preocupação.— Vamos.Eu me sentei, penteei o cabelo com os dedos e fiz um rabo de cavalo.Ele pegou minha mão e nós saímos do jatinho. O ambiente era úmido e eu não reconheci. Então vi a placa no aeroporto.— Bali?Pierre sorriu. — Nada como a praia e o sol para fazer você se sentir melhor.Eu sorri, inclinando-me para beijá-lo. — Obrigada.O percurso até o hotel foi em silêncio, nós dois perdidos em nossos pensamentos. Eu sabia que ele estava pensando em Arianna. E eu estava pensando sobre essa história.Assim que nos instalamos, Pierre pediu serviço de quarto. Eu não queria comer fora, e foi muita gentileza dele perceber isso.— Você falou com seus pais? — senti a necessidade de falar, para quebrar o silêncio entre nós.— Falei. — ele parecia um pouco divertido com essa per
Eu não sabia muito o que dizer ao Pierre enquanto o mantinha em meus braços, mas eu queria curá-lo. Ficamos tanto tempo juntos, apenas abraçando um ao outro, que esquecemos a comida. E quando fomos para a cama, eu não consegui pregar o olho. A intensidade da situação que ele me contou ainda pesava sobre mim.Cansada de ficar rolando de um lado para o outro, e não querendo acordá-lo, pois sabia que momentos de sono tranquilo como ele estava tendo eram raros, eu calmamente escorreguei para fora dos lençóis e saí do quarto em direção à praia.Os grãos de areia penetraram meus pés enquanto eu andava. O único barulho que dava para ouvir era o das ondas e eu não poderia ser mais grata. Eu queria espairecer um pouco e aquilo era um calmante natural. A praia parecia mais bonita do que quando chegamos, com apenas o luar e as luzes do hotel refletindo na água.Agora eu entendia a aversão de Pierre à mãe e o motivo de Adrian parecer ser o queridinho dela. Ele tinha motivos para odiá-la. Mesmo a