(Patricia)A ideia de Miguel ter sido drogado continuava martelando na minha cabeça. Uma pequena chama de esperança brilhava lá no fundo da minha mente. Talvez, apenas talvez, ele não fosse o culpado. Mas, mesmo assim, o vídeo ainda estava tão vívido na minha memória... as imagens queimavam meu coração. Não importava o quanto eu tentasse, a ideia de que Miguel, mesmo possivelmente drogado, havia transado com Natália congelava meu peito. Um nó se formou na minha garganta, e uma lágrima teimosa ameaçou cair, mas eu respirei fundo, tentando afastá-la. Não agora. Eu precisava me manter forte.O dia seguinte chegou, e eu acordei me sentindo um pouco melhor, mesmo que a ansiedade ainda estivesse lá, latente. Perla tinha dormido na poltrona ao meu lado, e o quarto estava em silêncio. Logo depois, meu médico entrou para me examinar. Ele parecia otimista.— Bom dia, Patrícia — disse ele com um sorriso acolhedor. — Como você está se sentindo hoje?— Melhor, eu acho — respondi, tentando sorrir
(Miguel)Eu respirei fundo, sentindo o peso de tudo o que estava acontecendo. Patrícia estava parada à minha frente, seus olhos cheios de dor, e eu sabia que qualquer palavra errada poderia afundar ainda mais essa distância entre nós. Ela merecia uma explicação, mesmo que eu não tivesse todas as respostas.— Paty... — comecei, a voz falhando de leve. — Eu juro pra você, eu realmente não sei o que aconteceu naquela viagem. Não sei sobre esse vídeo. Não sei... — travei, sentindo um nó se formar na minha garganta — se eu te traí ou não.O choque tomou conta do rosto dela, e ela deu um passo para trás, como se estivesse processando a enormidade do que eu acabara de dizer. Eu vi seus olhos se encherem de uma mistura de confusão e raiva.— Como assim você não sabe, Miguel? — a voz dela soou firme, mas com uma nota de desespero. — Como você não sabe? No vídeo... mostrava tudo! Como você pode não saber o que aconteceu?Tentei me mexer na cama, a dor me lembrando da cirurgia recente, mas iss
(Miguel)Eu estava sentado na cama do hospital, tomando meu café da manhã, quando ouvi uma batida leve na porta. Olhei para cima e vi Vinícius entrar, com um sorriso de canto, mas algo no olhar dele parecia preocupado.Coloquei a xícara de café de lado e dei um meio sorriso.— E aí, cara? Como você tá? — Ele perguntou, aproximando-se da cama.— Tô bem, dentro do possível — respondi, tentando aliviar o clima, mas logo percebi que ele estava tenso.Ele me conhecia bem o suficiente para saber que eu notaria. (Patricia)Eu estava sentada no sofá da sala, tentando me distrair, mas a verdade é que minha mente ainda estava em Miguel. Desde que cheguei em casa, ontem, mal consegui dormir.O peso de tudo que havia acontecido estava me sufocando. Minha mãe conversava com Perla na mesa de jantar, e eu olhava para a televisão, sem realmente prestar atenção.A qualquer momento, meus pensamentos voltavam para ele, para tudo o que estávamos enfrentando.Meu celular vibrou em cima da mesinha de centro, trazendo-me de volta à realidade. Peguei o telefone e vi que era uma mensagem do meu professor, João Victor: No caminho ao hospital eu sentia o silêncio pesar. A cada visita, Miguel me contava sobre o processo que havia colocado contra Natália, mas nunca conversávamos sobre nós. Sobre o que faríamos após tudo aquilo.Eu sabia que, eventualmente, esse momento chegaria, mas não sabia se estava pronta.Quando cheguei ao hospital, Miguel estava de alta. Ele parecia cansado, tanto fisicamente quanto emocionalmente.O caminho de volta para o apartamento foi silencioso. Eu mantinha meus olhos na estrada, enquanto ele olhava pela janela. Estávamos tão próximos, e ao mesmo tempo, tão distantes.Ao chegarmos ao prédio, estacionei o carro e peguei a bolsa com os pertences dele. Subimos em silêncio, e meu c Eu realmente me sinto sujo.
Eu te amo muito, Patricia
(Miguel)Eu dirigia em silêncio até o hospital, tentando não pensar na distância que ainda me separava de Patricia.Por mais que eu quisesse seguir em frente e deixar tudo para trás, aquela sensação de que havia uma barreira invisível entre nós me sufocava.Ela precisava de tempo, e eu entendia. Mas, por dentro, a dor de saber que ainda havia algo que nos mantinha afastados era difícil de ignorar.Ao chegar ao hospital, fui recebido com sorrisos calorosos. Era bom estar de volta, sentir o apoio dos meus colegas e amigos.A normalidade do ambiente hospitalar, os pacientes,
(Miguel)Eu estava no hospital, focado em atender uma paciente, quando meu celular começou a tocar. Olhei para o visor e vi que era Cássio. Sabia que ele não ligaria sem motivo urgente, então pedi licença à paciente, dizendo que a chamada era importante.— Cássio, o que aconteceu? — perguntei, tentando manter a calma, mas a voz dele estava carregada de nervosismo e pânico.Do outro lado da linha, Cássio estava visivelmente agitado. As palavras saíam entrecortadas, quase inaudíveis, mas eu consegui entender uma frase crucial.— Patricia... ela foi atropelada — disse Cássio, ofegante. — Ela correu pela rua sem olhar para os lados e o carro a atingiu. Na verdade, acho que ela atropelou o carro.Meu coração disparou, e eu precisei me esforçar para manter a voz estável.— Já ligaram para a ambulância? — perguntei, o medo e a preocupação transparecendo na minha voz.— Sim, a ambulância está a caminho agora. Eles estão levando ela para o hospital. Miguel, por favor, vá para lá e espere por
No dia seguinte, recebi alta do hospital. Miguel ficou comigo a noite inteira, sempre por perto, garantindo que eu estava bem e atendendo a qualquer necessidade que eu tivesse.Assim que chegamos em casa, ele me levou direto para o quarto, me ajudando a me acomodar na cama com todo cuidado. Ele sorriu para mim e disse que ia preparar algo para comermos.— Fica tranquila, eu já volto — disse ele, me dando um beijo na testa antes de sair.Fiquei ali sozinha, observando o quarto, tentando processar tudo o que estava acontecendo. Meu corpo ainda estava cansado, mas a minha mente estava agitada. Involuntariamente, minhas mãos foram parar sobre minha barriga.Mesmo que e