No caminho ao hospital eu sentia o silêncio pesar. A cada visita, Miguel me contava sobre o processo que havia colocado contra Natália, mas nunca conversávamos sobre nós. Sobre o que faríamos após tudo aquilo.
Eu sabia que, eventualmente, esse momento chegaria, mas não sabia se estava pronta.
Quando cheguei ao hospital, Miguel estava de alta. Ele parecia cansado, tanto fisicamente quanto emocionalmente.
O caminho de volta para o apartamento foi silencioso. Eu mantinha meus olhos na estrada, enquanto ele olhava pela janela. Estávamos tão próximos, e ao mesmo tempo, tão distantes.
Ao chegarmos ao prédio, estacionei o carro e peguei a bolsa com os pertences dele. Subimos em silêncio, e meu c
(Miguel)Eu dirigia em silêncio até o hospital, tentando não pensar na distância que ainda me separava de Patricia.Por mais que eu quisesse seguir em frente e deixar tudo para trás, aquela sensação de que havia uma barreira invisível entre nós me sufocava.Ela precisava de tempo, e eu entendia. Mas, por dentro, a dor de saber que ainda havia algo que nos mantinha afastados era difícil de ignorar.Ao chegar ao hospital, fui recebido com sorrisos calorosos. Era bom estar de volta, sentir o apoio dos meus colegas e amigos.A normalidade do ambiente hospitalar, os pacientes,
(Miguel)Eu estava no hospital, focado em atender uma paciente, quando meu celular começou a tocar. Olhei para o visor e vi que era Cássio. Sabia que ele não ligaria sem motivo urgente, então pedi licença à paciente, dizendo que a chamada era importante.— Cássio, o que aconteceu? — perguntei, tentando manter a calma, mas a voz dele estava carregada de nervosismo e pânico.Do outro lado da linha, Cássio estava visivelmente agitado. As palavras saíam entrecortadas, quase inaudíveis, mas eu consegui entender uma frase crucial.— Patricia... ela foi atropelada — disse Cássio, ofegante. — Ela correu pela rua sem olhar para os lados e o carro a atingiu. Na verdade, acho que ela atropelou o carro.Meu coração disparou, e eu precisei me esforçar para manter a voz estável.— Já ligaram para a ambulância? — perguntei, o medo e a preocupação transparecendo na minha voz.— Sim, a ambulância está a caminho agora. Eles estão levando ela para o hospital. Miguel, por favor, vá para lá e espere por
No dia seguinte, recebi alta do hospital. Miguel ficou comigo a noite inteira, sempre por perto, garantindo que eu estava bem e atendendo a qualquer necessidade que eu tivesse.Assim que chegamos em casa, ele me levou direto para o quarto, me ajudando a me acomodar na cama com todo cuidado. Ele sorriu para mim e disse que ia preparar algo para comermos.— Fica tranquila, eu já volto — disse ele, me dando um beijo na testa antes de sair.Fiquei ali sozinha, observando o quarto, tentando processar tudo o que estava acontecendo. Meu corpo ainda estava cansado, mas a minha mente estava agitada. Involuntariamente, minhas mãos foram parar sobre minha barriga.Mesmo que e
(Patricia)Eu estava a caminho de onde Miguel e Bruna estavam quando vi a cena se desenrolar diante de mim. Bruna se preparava para se sentar ao lado de Miguel, mas antes que ela pudesse fazer isso, Perla, com sua habitual ousadia, entrou no meio deles com um sorriso no rosto.— Dá licença, por favor, — ela disse, olhando diretamente para Bruna.Bruna franziu o cenho, surpresa com a interrupção, e depois lançou um olhar confuso para Miguel, que parecia tão surpreso quanto ela. — O que você tá fazendo, Perla? - Ele perguntou.Sem nem pestanejar, Perla respondeu, com um tom casual, mas firme:— Patricia tá cansada. Ela precisa sentar aqui.Ela virou o rosto e me olhou, um sorriso de cumplicidade nos lábios. Miguel se virou para me ver e sorriu, como se notasse minha presença ali pela primeira vez. Seus olhos brilharam quando me viu, e ele gesticulou para que eu me aproximasse.— Amor, vem aqui, — ele disse, o sorriso caloroso no rosto.Eu caminhei até eles, tentando manter a calma, em
PatriciaEu passei o resto da tarde em casa, tentando me distrair. Coloquei um filme para rodar, mas nem prestei atenção. Meus pensamentos estavam longe, girando em torno de Miguel, Bruna e toda aquela situação desconfortável. Para completar, Perla tinha saído de novo. Ela andava sumindo bastante nos últimos tempos, e eu suspeitava que era por causa do namorado, Sergio. Embora ela não tivesse dito claramente, o comportamento dela andava estranho, e eu tinha certeza de que algo estava rolando.O silêncio do apartamento começou a pesar, e no meio dessa atmosfera meio sufocante, meu celular tocou. Era minha mãe.— Oi, filha, como você está? — A voz dela veio suave, mas carregada de preocupação.Eu sorri, ainda que ela não pudesse ver. Minha mãe sempre tinha esse jeito de saber quando algo não estava bem.— Estou bem, mãe. Um pouco cansada, só isso — respondi, tentando manter a voz o mais leve possível.— Cansada? E o bebê, está tudo certo com vocês dois?Suspirei, sentindo o conforto de
(Patricia)O sábado tinha começado cedo, e eu e Perla já estávamos na praça movimentada da cidade, preparando tudo para a feira de doações.O sol ainda estava baixo, e o ar fresco da manhã nos dava energia. Organizamos as barracas e ajeitamos o espaço onde os animais ficariam. Os bichinhos estavam lindos, bem cuidados, e dava pra ver a curiosidade das pessoas ao passarem.Tínhamos sete gatos e treze cães, todos vira-latas, prontos para encontrar um novo lar. Entre eles, Luke, o cachorrinho que precisou amputar a perninha depois de ser maltratado pelos antigos donos. Ele era um dos que mais me preocupava, por ter passado por tanto sofrimento em tão pouco tempo.
Saí do quarto e vi que os meninos tinham comprado sorvete. Aquele clima tenso de antes parecia ter sido deixado de lado por um momento. Caminhei até o sofá e me sentei, sentindo o estofado macio enquanto Perla já estava devorando uma taça cheia. Miguel se sentou ao meu lado, mais calmo, mas dava para perceber que ainda estava preocupado comigo.— Tá melhor? — ele perguntou, olhando para mim com aqueles olhos que sempre me deixavam um pouco sem defesa.Assenti, forçando um sorriso para mostrar que as coisas estavam bem. Ele suspirou, parecia aliviado, mas sabia que o assunto ainda não estava completamente resolvido.— Eu sei que a Bruna tem sido... insistente esses dias. Mas estou vendo um lugar novo para ela. Mais perto do hospital — disse ele, passando a mão pelo cabelo, como fazia quando estava tentando encontrar uma solução.A notícia me animou. Era um alívio saber que ele estava, finalmente, tomando alguma atitude sobre essa situação.— Sério? — perguntei, sentindo um pouco de esp
Enquanto isso no Brasil…(Cassio)Enquanto eu procurava as chaves do carro pela sala, a voz de Elen me chamou do corredor.— Cassio, a gente vai se atrasar!— Eu sei, eu sei... Só estou procurando as chaves do carro — respondi, tentando esconder a frustração.Revirei mais algumas coisas, até que ouvi Elen me chamando de novo. Quando me virei, ela estava me olhando com aquela expressão divertida e um toque de impaciência. Ela apontou para minha mão.— Sério? — Elen disse, segurando o riso. Quando olhei para a minha mão, lá estavam as chaves, bem firmes entre meus dedos. Comecei a rir junto com ela, sentindo a tensão se dissipar.— O que seria da minha vida sem você? — perguntei, me aproximando e lhe dando um beijo rápido.— Provavelmente nada — ela respondeu, rindo, mas com aquele olhar cheio de amor.Estávamos prestes a sair, prontos para mais uma consulta de ultrassom, quando Elen abriu a porta e, para nossa surpresa, nos deparamos com um casal ali. Os meus pais.A expressão de Elen