Eu me senti gelar ao ouvir isso, e as meninas olharam para mim ao mesmo tempo. Dei um passo para trás, balançando a cabeça, aterrorizada com a possibilidade do que estava prestes a acontecer.
— De novo, não... — murmurei, meu coração batendo descontrolado.
Perla se colocou imediatamente na minha frente, protegendo-me como sempre fez.
— Vocês não vão fazer nada com ela! — ela gritou, desafiando os homens.
Elen, sempre racional, pegou o celular para ligar para Cássio, mas um dos homens foi mais rápido.
Ele segurou a mão dela com força, arrancando o celular de seus dedos antes de empurrá-la ao chão com violência. O som do corpo de Elen bate
(Miguel)Eu estava chegando no prédio quando vi uma movimentação que imediatamente me deixou inquieto. Meu estômago se apertou ao reconhecer Elen, Perla, Cássio e os pais de Patrícia.Algo estava terrivelmente errado. A tensão no ar era palpável, e meu coração começou a bater mais rápido enquanto eu me aproximava.Desci do carro rapidamente, sentindo um nervosismo crescente tomar conta de mim. Antes que eu pudesse sequer perguntar o que estava acontecendo, Perla correu na minha direção e, antes que eu pudesse reagir, senti o impacto de um soco no meu rosto.A dor explodiu na minha cabeça,
Eu me aproximei dos pedaços do celular, pegando-o do chão. Mesmo com a tela trincada, ainda funcionava. Precisava tentar outra coisa.Decidi ligar para a rodoviária, para ver se conseguia imagens das câmeras de segurança que mostrassem Natália chegando ou saindo do hotel.Mas o pessoal da rodoviária demonstrou resistência, não querendo liberar as imagens tão facilmente.Eu estava prestes a perder a cabeça de novo, mas respirei fundo. Havia alguém em quem eu podia confiar para me ajudar.Liguei para Vinícius, um amigo de longa data que sempre esteve ao meu lado nas piores situações.
(Patricia)Eu olhei ao redor, sentindo o medo tomar conta de mim. Meu coração batia forte contra o peito, como se quisesse escapar. Diego tinha saído há pouco, e, com isso, todos os outros homens haviam ido embora. Por um momento, senti um alívio temporário, pensando que talvez o pesadelo não se repetisse. O pensamento de que eu poderia escapar dali me dava alguma esperança, mas, com as mãos e pernas amarradas, mal conseguia me mover.O som da porta se abrindo me fez congelar. Diego apareceu com duas sacolas, seu sorriso era frio e cru. Ele tirou as marmitas de dentro das sacolas e, com um tom de falsa gentileza, perguntou:— Está com fome?Eu tentei manter a voz firme, mas a sensação de pavor era esmagadora. Respondi com um tom cansado:— Não.Ele não deu ouvidos e apenas balançou a cabeça, como se estivesse decidido a fazer o que queria.— Você vai comer de qualquer forma — disse ele, com um tom decidido.Eu resmunguei, mas assenti. O medo de irritá-lo era maior do que a repulsa q
(Miguel)O som dos tiros ecoava ao redor, e a adrenalina pulsava em minhas veias. Eu estava escondido atrás do carro, ao lado de Gaivota, quando ele praguejou, disparando de volta para os homens de Diego que nos atacavam.— Diego sabia que estávamos chegando — falei, com a respiração pesada. Isso só podia significar uma coisa: alguém havia traído nossa operação.Gaivota trocou um olhar sombrio comigo, a mandíbula cerrada enquanto recarregava sua arma.— Eu vou descobrir quem é o traidor e acabar com a raça dele — rosnou, com a fúria estampada no rosto.Antes que pudéssemos pensar em uma estratégia melhor, mais dois homens de Diego surgiram, metralhando em nossa direção. Gaivota e eu nos abaixamos, trocando tiros. Um dos homens caiu logo de cara, atingido por Gaivota, mas o segundo estava mais próximo. Eu ergui a arma, minhas mãos trêmulas, e apertei o gatilho. O disparo ecoou, e vi o homem cambalear para trás, atingido em cheio. O sangue escorria de seu abdômen, formando uma poça n
(Patricia)Acordei com uma pontada aguda no peito. Apertei os olhos, tentando afastar a dor e, quando os abri, tudo ao redor estava embaçado.Piscando várias vezes, percebi que estava em um hospital. As luzes fortes, o zumbido das máquinas... o cheiro de desinfetante era inconfundível.Antes que eu pudesse processar, senti uma mão quente envolver a minha. Minha mãe estava ali, os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. Ela me olhou como se tivesse acabado de ganhar a guerra mais difícil de sua vida.— Graças a Deus... — ouvi sua voz baixa, quase em um sussurro, enquanto ela agradecia por eu ter acordado.
(Patricia)Fiquei sozinha com Perla no quarto depois que os outros saíram para suas obrigações. Tentava me concentrar na comida à minha frente, mas cada garfada parecia pesar mais que a anterior. Não conseguia parar de pensar em Miguel. Ele havia saído da cirurgia, mas as próximas 24 horas seriam cruciais, e essa espera estava me consumindo. Meu estômago estava embrulhado, a comida não descia. De repente, meu celular tocou, me tirando desses pensamentos. Perla pegou o aparelho da mesa de cabeceira, fazendo uma careta.— Natália? — Ela franziu o rosto, claramente irritada. — Essa rapariga não tem noção mesmo.Perla rapidamente rejeitou a chamada e, com alguns toques rápidos na tela, bloqueou o número.— Ela que vá pro inferno! — disse ela, colocando o celular de volta na mesa com força. — Você não precisa disso agora.Eu me senti um pouco aliviada, mas a simples menção de Natália trouxe de volta a lembrança do motivo de eu ter ido ao parque. O vídeo. Meu coração começou a disparar, e
(Patricia)A ideia de Miguel ter sido drogado continuava martelando na minha cabeça. Uma pequena chama de esperança brilhava lá no fundo da minha mente. Talvez, apenas talvez, ele não fosse o culpado. Mas, mesmo assim, o vídeo ainda estava tão vívido na minha memória... as imagens queimavam meu coração. Não importava o quanto eu tentasse, a ideia de que Miguel, mesmo possivelmente drogado, havia transado com Natália congelava meu peito. Um nó se formou na minha garganta, e uma lágrima teimosa ameaçou cair, mas eu respirei fundo, tentando afastá-la. Não agora. Eu precisava me manter forte.O dia seguinte chegou, e eu acordei me sentindo um pouco melhor, mesmo que a ansiedade ainda estivesse lá, latente. Perla tinha dormido na poltrona ao meu lado, e o quarto estava em silêncio. Logo depois, meu médico entrou para me examinar. Ele parecia otimista.— Bom dia, Patrícia — disse ele com um sorriso acolhedor. — Como você está se sentindo hoje?— Melhor, eu acho — respondi, tentando sorrir
(Miguel)Eu respirei fundo, sentindo o peso de tudo o que estava acontecendo. Patrícia estava parada à minha frente, seus olhos cheios de dor, e eu sabia que qualquer palavra errada poderia afundar ainda mais essa distância entre nós. Ela merecia uma explicação, mesmo que eu não tivesse todas as respostas.— Paty... — comecei, a voz falhando de leve. — Eu juro pra você, eu realmente não sei o que aconteceu naquela viagem. Não sei sobre esse vídeo. Não sei... — travei, sentindo um nó se formar na minha garganta — se eu te traí ou não.O choque tomou conta do rosto dela, e ela deu um passo para trás, como se estivesse processando a enormidade do que eu acabara de dizer. Eu vi seus olhos se encherem de uma mistura de confusão e raiva.— Como assim você não sabe, Miguel? — a voz dela soou firme, mas com uma nota de desespero. — Como você não sabe? No vídeo... mostrava tudo! Como você pode não saber o que aconteceu?Tentei me mexer na cama, a dor me lembrando da cirurgia recente, mas iss