(Patricia)
Cheguei em casa exausta, ansiosa para tomar um banho e tentar relaxar um pouco. A água quente me ajudou a aliviar a tensão, mas meus pensamentos continuavam a girar em torno de Miguel e da cena com Natália.
Quando saí do banheiro, encontrei Perla na cozinha, mexendo em algumas coisas.
Ela se virou para mim com um olhar preocupado.
— Como você está? — perguntou.
Fingi não entender.
— Sobre o que exatamente?
Perla suspirou, sem paciência para rodei
Depois que Fabrício e Cássio se despediram, senti o silêncio pesar no ambiente. Eles haviam aproveitado a noite, rindo e se divertindo, mas agora a sala parecia vazia, desprovida da energia que haviam trazido. Vi os dois caminharem em direção à porta, ainda conversando animadamente. Fabrício me lançou um sorriso de despedida, e Cássio acenou, ambos alheios ao turbilhão que se passava dentro de mim. Fechei a porta atrás deles e me virei para o vazio da sala. Senti um nó se formar no meu estômago ao lembrar da forma como Miguel havia saído. Aquela saída brusca, o rosto dele contorcido de frustração ou talvez fosse algo mais, algo que eu não conseguia decifrar. A sensação de que algo estava errado não me deixava em paz. Peguei o celular e tentei ligar para ele, mas não obtive resposta. A linha chamou várias vezes, mas ninguém atendeu. Coloquei o telefone de volta na mesa com um suspiro pesado, sentindo a frustração se transformar em uma preocupação crescente.Fechei os olhos por um m
Miguel continuou a me observar, seus olhos buscando os meus com uma intensidade que me deixou sem fôlego. Ele deu um passo para mais perto, sua voz suave e cheia de sinceridade.— Eu queria contar a você pessoalmente. Conversar direito sobre o que estava sentindo e o que queria com você. Mas, no dia seguinte, você foi para a faculdade, e eu tive que viajar. No caminho, ainda tentei falar com você, mas não consegui. Mas vejo que eu estava certo.Ele fez uma pausa, observando minha reação. Eu estava confusa, tentando entender o que ele estava tentando dizer.— E você estava certo sobre o quê? — perguntei, sem esconder a curiosidade e a preocupação na minha voz.Miguel sorriu, um sorriso suave e quase triste.— Que você gostou do beijo, mas que estava magoada.Antes que eu pudesse responder, ele me puxou rapidamente, selando nossos lábios em um beijo profundo e urgente. Por um momento, fiquei assustada, meu coração disparando. Mas então meu corpo reagiu por conta própria, meus braços en
(Patrícia)No dia seguinte, na faculdade, eu estava tentando me concentrar nas aulas, mas minha mente ainda estava perturbada pelos acontecimentos recentes. Meus pensamentos estavam um caos, e cada minuto parecia arrastar-se lentamente. Estava perdida em meus devaneios quando ouvi alguém me chamar.— Patrícia! — Era Natália. Eu me virei para ela, forçando um sorriso.— Oi, Natália! — cumprimentei, tentando soar normal.Ela sorriu de volta, mas havia uma certa curiosidade em seus olhos.— Não deu para eu ir na sua casa esses dias. Mas posso ir hoje, quando as aulas terminarem?Por um momento, fiquei confusa, tentando me lembrar do que ela estava falando. Ah, sim, ela tinha oferecido ajuda com algumas matérias que eu estava com dificuldades. Mesmo com a mente atordoada, percebi que seria uma boa ideia aproveitar a ajuda. Assenti, tentando manter a compostura.— Claro, tudo bem. Vou sair às 15 horas.Natália sorriu, parecendo aliviada.— Eu também. Você poderia me levar até minha casa
(Patrícia)Enquanto a música baixa começava a tocar e a atmosfera no apartamento parecia um pouco mais descontraída,os meninos pediram as pizzas. A conversa estava fluindo, mas eu e Miguel continuávamos a trocar olhares discretos, ambos confusos com o que estava acontecendo. A presença de Fabrício ao meu lado me fazia sentir um misto de culpa e desconforto, enquanto a presença de Miguel era uma lembrança constante do beijo que ainda me perturbava.Natália, aproveitando a oportunidade para se envolver mais com Miguel, começou uma conversa com ele. O som da música e o burburinho geral não ajudavam a aliviar a tensão, mas parecia que todos tentavam se adaptar à situação. Perla foi até a porta quando a pizza chegou, e todos nós nos acomodamos para comer.Começamos a conversar enquanto pegávamos nossos pedaços de pizza, tentando relaxar. O ambiente estava mais leve, até que o celular de Cássio tocou. Ele fez uma careta ao atender e, ao terminar a ligação, parecia aliviado por encerrar
Acordei com uma dor de cabeça absurda. A luz do dia entrando pela janela só piorava a sensação de latejamento na minha têmpora.Enquanto esfregava os olhos, a lembrança da conversa com Fabrício na noite anterior voltou com força total.Aquele momento foi um dos mais difíceis da minha vida.Depois que todos foram embora, Perla e eu nos sentamos para conversar. Ela me aconselhou a ser honesta com Fabrício, dizendo que, se eu queria ao menos tentar me livrar um pouco da culpa, precisava contar a verdade.E foi o que fiz.A expressão de Fabrício enquanto e
(PAtrícia)No caminho, observei a estrada passando, mas minha mente estava em outro lugar. Algo me cutucava, algo que eu precisava perguntar. Olhei para Miguel, sentado ao meu lado, as mãos firmes no volante.— Miguel... — comecei, hesitante. — O que você estava fazendo na universidade? Você apareceu do nada...Ele suspirou, os olhos fixos na estrada à frente. Por um momento, o silêncio pareceu pesado demais, mas então ele finalmente falou:— Eu fui te procurar. Não gostei de como as coisas ficaram depois daquela noite. — Ele fez uma pausa, como se estivesse escolhendo cuidadosamente as próximas palavras. —
(Miguel )No caminho de volta para o hospital, minha mente estava uma tempestade de pensamentos e preocupações.A imagem de Patricia tremendo de medo, o olhar dela tão vulnerável, me fazia querer proteger ela de qualquer maneira.Peguei o celular e disquei rapidamente o número de Leandro, um amigo da polícia. Ele atendeu no terceiro toque.— Fala, Miguel! Tudo certo?— Leandro, preciso de um favor. É sério — comecei, mantendo minha voz firme. Podia sentir o peso da situação nas minhas palavras.
Voltei da academia, sentindo o corpo cansado, mas a mente leve. Ao me aproximar do apartamento, vi um homem parado em frente à porta, de frente para Perla, que parecia petrificada. A expressão dela me deixou alerta. — O que está acontecendo aqui? — perguntei, tentando entender a situação. O homem se virou para mim e, com um leve sorriso, disse:— Sou o Jorge. — De repente, a lembrança dele no dia do clube veio à minha mente. Aquele era o cara que Perla mencionou, o pai do bebê que ela estava esperando.Cumprimentei-o meio sem jeito e, tentando disfarçar o desconforto, perguntei:— Como você encontrou Perla? Jorge respondeu com um tom calmo: — Fui na casa dos pais dela. Eles me deram o novo endereço.Voltei meu olhar para Perla, que estava visivelmente abalada. Me aproximei dela e falei baixinho, tentando dar força:— Perla, você precisa ser forte agora. O pior já passou. Você tem que contar tudo para ele, para que vocês dois possam seguir em frente. Quer que eu fique aqui com você