Quando voltamos para casa, o cansaço pesava sobre nós. O hospital e a presença da policial haviam sido sufocantes, e agora, finalmente em casa, eu só queria respirar. Assim que entramos, Elen veio nos receber com um abraço caloroso, o que trouxe um pouco de alívio.— Sinto muito por tudo isso, meninas, — Elen disse, sua voz suave e carregada de preocupação. Perla ficou em silêncio, apenas assentindo levemente antes de se afastar. Ela parecia tão frágil, e isso me preocupava profundamente. Perla murmurou que ia tomar um banho e saiu da sala, deixando-nos em uma inquietante quietude. Eu soltei um longo suspiro, tentando encontrar as palavras certas para expressar minha preocupação. — Estou preocupada com ela, — confessei, olhando para Cássio. — Ela não falou quase nada desde o hospital.Cássio se aproximou, colocando uma mão reconfortante no meu ombro.— Ela só precisa de tempo, Paty. Isso foi um choque muito grande para ela. Assenti, mas a preocupação ainda estava lá, latente. El
Miguel retornou, agora vestido com roupas casuais e sem o jaleco. Ele entrou na sala, encontrando-me sozinha. Seu olhar era suave, mas havia uma certa seriedade ali, como se ele estivesse preparado para uma conversa importante.— Onde está a Perla? — ele perguntou, sentando-se ao meu lado no sofá.— Ela está no quarto, dormindo, — respondi, sentindo a tensão no ar. O silêncio entre nós se instalou, pesado e cheio de coisas não ditas. Após alguns segundos, Miguel virou-se para mim, seus olhos encontrando os meus.— Podemos conversar? — ele perguntou. Assenti, sabendo que esse momento precisava acontecer, que precisávamos resolver o que estava entre nós.
Eu havia passado o dia seguinte inteiro com uma ansiedade que parecia não ter fim. Estava determinada a conversar com Miguel, para finalmente dizer que estava disposta a tentar algo com ele.A conversa com Beatriz havia me encorajado, e eu estava decidida a dar uma chance para mim mesma e para ele.Ao chegar em casa, disposta a tomar um banho e me acalmar, a campainha tocou. Ao abrir a porta, lá estavam meus pais. Meu coração apertou um pouco, sabendo que eles estariam ali por causa do que Cassio havia contado. Eu os cumprimentei com um beijo e forcei um sorriso.— Oi, mãe, pai. Entrem, por favor. — Disse, tentando manter a calma. — Querem algo para beber? (Miguel)Sentei-me na cadeira ao lado de Natália, sentindo o peso da tensão no ar. Ela estava visivelmente desconfortável, mexendo nas mãos nervosamente.— Não estou me sentindo muito bem, Miguel. — Natália sussurrou, sua voz baixa e trêmula.Suspirei, tentando manter a calma. Esperávamos pela doutora Mônica para discutir os resultados dos exames de Natália. Eu sabia que a situação era delicada.— Vai ficar tudo bem, Nat. — Respondi, tentando tranquilizá-la, embora eu mesmo estivesse apreensivo. Antes que eu pudesse continuar, a porta se abriu e a doutora Mônica entrou, com uma expressão grave.— Olá, Natália, Miguel. — Ela nos cumprimentou, se aproximando da mesa. — Recebemos os resultados dos seus exames, Natália. Natália olhou para mim com olhos arregalados, visivelmente assustada.— O que... o que aconteceu? — Ela perguntou, a voz cheia de medo.Mônica respirou fundo, escolhendo as palavras com cuidado.— Os exames indicaram a presença de um tumor no útero. Ainda precisamos conAusência
(Patricia)Estava sentada no vaso sanitário, com as mãos cobrindo o rosto, chorando silenciosamente. A sensação de ter sido enganada por Miguel doía mais do que eu gostaria de admitir. Tentei contato várias vezes, mas ele não respondeu. Mesmo tentando me convencer do contrário, me sentia uma tola por esperar algo mais. De repente, ouvi uma batida na porta. A voz de Perla veio do lado de fora, preocupada. — Pat, você está bem? Já tem quase uma hora que você está aí dentro. Suspirei, tentando recompor-me. Levantei-me e fui até a pia, lavando o rosto com água fria. — Estou bem, já vou sair. — Respondi, tentando soar normal, embora minha voz estivesse rouca.— Ok, vou esperar aqui fora. — Ela respondeu, ainda com uma ponta de preocupação na voz.Me olhei no espelho, vendo meu rosto vermelho e inchado. Passei as mãos pelo cabelo, tentando ajeitá-lo e forçando um sorriso. Não me lembrava da última vez que me senti tão emotiva. Miguel realmente tinha mexido comigo de uma forma que eu
(Miguel)Assim que terminamos a cirurgia, Vitória me informou que a família do garoto estava aguardando por notícias. Agradeci e a segui até a sala de espera.Ao nos aproximarmos, ouvimos uma confusão vindo de lá, com vozes exaltadas e gritos.Meus instintos médicos se misturaram com uma crescente apreensão enquanto avançávamos.Quando cheguei à sala de espera, me deparei com uma cena perturbadora. Elen estava completamente descontrolada, apontando o dedo na cara de um policial e gritando com ele.Seus olhos estavam cheios de lágrimas, a voz tremendo de rai
(Patricia)Enquanto observava Miguel se afastar com Vitória, não pude evitar a pontada de ciúmes que me atingiu.Era irracional, eu sabia, considerando a situação em que estávamos, mas era inegável. No entanto, havia coisas mais importantes para me preocupar naquele momento.Elen estava devastada, e Kalebe estava lutando pela vida. Meu coração estava pesado com essas preocupações, e o ciúmes parecia uma preocupação menor em comparação.Passei algum tempo com Elen, tentando oferecer meu apoio da melhor forma possível. Ela estava em um estado de choque, e foi um al&iacu
(Patricia)Assim que a nossa aula acabou, Perla e eu fomos para o hospital. Elen tinha passado o dia praticamente todo lá e queríamos notícias de Kalebe. Quando chegamos ao hospital, encontramos ela já na entrada, com o rosto marcado pelo cansaço e pela preocupação. Perla e eu a abraçamos imediatamente, tentando passar um pouco de conforto.— Trouxe um lanche para você — disse, entregando a ela um pacote que havia comprado no caminho. — Você precisa comer algo.Elen sorriu, agradecida, enquanto pegava o lanche. Era visível o alívio em seu rosto, embora seus olhos ainda carregassem uma sombra de incerteza.— Como Kalebe está? — perguntei, tentando manter a voz calma.— Ele está melhor — respondeu Elen, suspirando aliviada. — Acabou de ir para o quarto. Meus pais estão com ele agora, e logo vou poder visitá-lo.Perla e eu trocamos olhares felizes. Era uma boa notícia, um alívio em meio a todo o caos. Decidimos nos sentar na área de alimentação do jardim do hospital, onde poderíamos