(Miguel)
Eu não conseguia pensar direito depois do beijo com Patrícia. Mas eu sabia que não podia e nem queria namorar, e que para ela, um relacionamento casual não era o que ela precisava.
Respirei fundo, apoiando as mãos no rosto, quando o celular tocou. O nome de Patrícia apareceu na tela. Atendi nervoso, mas a voz dela estava desesperada. Enquanto ela explicava o que tinha acontecido com Perla, eu senti o peso da situação.
— Calma, Patricia. Estou de plantão no hospital, vou preparar tudo aqui. - eu disse, tentando acalmá-la. — Pode trazer a Perla para cá, vamos cuidar dela.
Depois de desligar, chamei
(Patrícia)Eu estava esperando com Helen, meu coração batendo rápido e as mãos suando. Quando a médica apareceu junto com Miguel, senti um nervosismo crescendo dentro de mim.Helen ficou tensa ao meu lado.— Olá, eu sou a Dra. Fernanda. - ela disse, se aproximando. — Onde estão os pais de Perla?Helen e eu trocamos olhares e fechamos a cara.— Os pais dela disseram que não viriam. - Helen respondeu com a voz firme. — Assim que descobriram sobre a gravidez, mandaram ela embora de casa e disseram que não queriam mais saber dela.
(Patricia)No dia seguinte, Perla recebeu alta, e eu fui buscá-la com Helen. O caminho de volta foi tranquilo, embora o ar estivesse pesado com a recente experiência de Perla. Quando chegamos ao apartamento, encontramos Cássio e Fabrício esperando por nós. Eles vieram ver Perla e saber como ela estava.— Como você está, Perla? — perguntou Cássio, a voz cheia de preocupação.— Um pouco melhor — ela respondeu, se deitando no sofá para não se esforçar muito.Ela estava concentrada no que Cássio dizia quando seu celular começou a tocar. Olhou para a tela, ficando visivelmente tensa, e sussurrou,
(Miguel)Eu olhei pelo retrovisor, vendo Patricia entrar no carro com um semblante fechado.Suspiro profundamente, sentindo uma mistura de emoções que não quero admitir.— Patricia parecia um pouco triste. - Natália comentou.Apenas aceno, não querendo dar mais espaço para o assunto.— É... — murmuro, seguindo em direção ao hospital.Acabei de chegar de viagem depois de ser chamado para realizar uma palestra em uma universidade de São Paulo.
(Patricia)Cheguei em casa exausta, ansiosa para tomar um banho e tentar relaxar um pouco. A água quente me ajudou a aliviar a tensão, mas meus pensamentos continuavam a girar em torno de Miguel e da cena com Natália.Quando saí do banheiro, encontrei Perla na cozinha, mexendo em algumas coisas.Ela se virou para mim com um olhar preocupado.— Como você está? — perguntou.Fingi não entender.— Sobre o que exatamente?Perla suspirou, sem paciência para rodei
Depois que Fabrício e Cássio se despediram, senti o silêncio pesar no ambiente. Eles haviam aproveitado a noite, rindo e se divertindo, mas agora a sala parecia vazia, desprovida da energia que haviam trazido. Vi os dois caminharem em direção à porta, ainda conversando animadamente. Fabrício me lançou um sorriso de despedida, e Cássio acenou, ambos alheios ao turbilhão que se passava dentro de mim. Fechei a porta atrás deles e me virei para o vazio da sala. Senti um nó se formar no meu estômago ao lembrar da forma como Miguel havia saído. Aquela saída brusca, o rosto dele contorcido de frustração ou talvez fosse algo mais, algo que eu não conseguia decifrar. A sensação de que algo estava errado não me deixava em paz. Peguei o celular e tentei ligar para ele, mas não obtive resposta. A linha chamou várias vezes, mas ninguém atendeu. Coloquei o telefone de volta na mesa com um suspiro pesado, sentindo a frustração se transformar em uma preocupação crescente.Fechei os olhos por um m
Miguel continuou a me observar, seus olhos buscando os meus com uma intensidade que me deixou sem fôlego. Ele deu um passo para mais perto, sua voz suave e cheia de sinceridade.— Eu queria contar a você pessoalmente. Conversar direito sobre o que estava sentindo e o que queria com você. Mas, no dia seguinte, você foi para a faculdade, e eu tive que viajar. No caminho, ainda tentei falar com você, mas não consegui. Mas vejo que eu estava certo.Ele fez uma pausa, observando minha reação. Eu estava confusa, tentando entender o que ele estava tentando dizer.— E você estava certo sobre o quê? — perguntei, sem esconder a curiosidade e a preocupação na minha voz.Miguel sorriu, um sorriso suave e quase triste.— Que você gostou do beijo, mas que estava magoada.Antes que eu pudesse responder, ele me puxou rapidamente, selando nossos lábios em um beijo profundo e urgente. Por um momento, fiquei assustada, meu coração disparando. Mas então meu corpo reagiu por conta própria, meus braços en
(Patrícia)No dia seguinte, na faculdade, eu estava tentando me concentrar nas aulas, mas minha mente ainda estava perturbada pelos acontecimentos recentes. Meus pensamentos estavam um caos, e cada minuto parecia arrastar-se lentamente. Estava perdida em meus devaneios quando ouvi alguém me chamar.— Patrícia! — Era Natália. Eu me virei para ela, forçando um sorriso.— Oi, Natália! — cumprimentei, tentando soar normal.Ela sorriu de volta, mas havia uma certa curiosidade em seus olhos.— Não deu para eu ir na sua casa esses dias. Mas posso ir hoje, quando as aulas terminarem?Por um momento, fiquei confusa, tentando me lembrar do que ela estava falando. Ah, sim, ela tinha oferecido ajuda com algumas matérias que eu estava com dificuldades. Mesmo com a mente atordoada, percebi que seria uma boa ideia aproveitar a ajuda. Assenti, tentando manter a compostura.— Claro, tudo bem. Vou sair às 15 horas.Natália sorriu, parecendo aliviada.— Eu também. Você poderia me levar até minha casa
(Patrícia)Enquanto a música baixa começava a tocar e a atmosfera no apartamento parecia um pouco mais descontraída,os meninos pediram as pizzas. A conversa estava fluindo, mas eu e Miguel continuávamos a trocar olhares discretos, ambos confusos com o que estava acontecendo. A presença de Fabrício ao meu lado me fazia sentir um misto de culpa e desconforto, enquanto a presença de Miguel era uma lembrança constante do beijo que ainda me perturbava.Natália, aproveitando a oportunidade para se envolver mais com Miguel, começou uma conversa com ele. O som da música e o burburinho geral não ajudavam a aliviar a tensão, mas parecia que todos tentavam se adaptar à situação. Perla foi até a porta quando a pizza chegou, e todos nós nos acomodamos para comer.Começamos a conversar enquanto pegávamos nossos pedaços de pizza, tentando relaxar. O ambiente estava mais leve, até que o celular de Cássio tocou. Ele fez uma careta ao atender e, ao terminar a ligação, parecia aliviado por encerrar