Lugi— Você não tem nada a me dizer? — pergunto para ele, agradecendo por mostrarem um lugar onde pudéssemos ficar sem que houvesse pessoas ao redor, embora saiba que não muda o que podem ouvir.— Pedir desculpas quando não me sinto mal apenas me tornaria um canalha, não acha? — replica, e concordo, é algo que ele diria.No entanto, uma parte de mim ainda gostaria de ouvi-lo dizendo que também se sente mal pelo distanciamento que tivemos, que experimentou todos os seus neurônios queimando, que ponderou sobre ser muito mais fácil apenas correr para tentar me encontrar.— Eu não sou o que espera de mim, na verdade, sou uma decepção desde que nasci — articula, olhando-me confuso, depois que aperto a sua bochecha em um beliscão duro.— Não fale dessa maneira, imagine como a Neamir se sentiria ouvindo que pensa assim de si mesmo. Como eu me sinto… tudo bem não acreditar que é o meu lumeny, mas imaginar um mundo em que não está faz o meu coração sangrar — aviso a ele.Não queria que soasse c
CeyasMe sinto um pouco mal de ouvir tanto da conversa do meu amigo, mas depois daquele sujeito ter dito que esperaria Neamir, nós acabamos ficando em silêncio. Com certeza, ela também escutou o que os dois conversam. Afinal, o que acontece com o seu irmão é importante para ela.— Pelo visto, os dois se entenderam — comento, completando na minha mente com: “de um modo maluco”. No entanto, tem como ser de outra forma com esses dois?Neamir e Lewyn podem não ter convivido por muito tempo, mas são parecidos. O jeito como tentam resolver os problemas, a facilidade com que conseguem deixar o que não importa para trás.— O elo está a favor deles — profere, mas não tenho certeza se ela está se referindo a algo positivo ou negativo, considerando que Lugi automaticamente entra em uma lista perigosa, dado que o pai quer que os dois voltem para suas mãos. Se ele souber que pode usar o lumeny de Lewyn, vai atrás dele. Tenho certeza de que meu amigo considerou essa possibilidade.Pessoas ruins não
Ceyas— Você a deixou puta — diz o sujeito, se sentando ao meu lado. Cruza as pernas, estica os braços na extensão do banco e olha para o bebê sentado no meu colo. Achei que um lugar mais calmo nos ajudaria, me ajudaria.Com certeza, não pensei que ele seria a pessoa a vir me encontrar. Como Éden não mostrou o mínimo interesse em dormir, apenas considerei que deveria mimá-lo um pouco, dado o tempo que não nos vemos.— Sabe o quão complicado é fazê-la ficar de bom humor? É tipo missão impossível — brinca Rosian, falando como se eu precisasse disso para ter certeza de que há alguém do meu lado, o que não é o caso.Consigo sentir a sua presença, mesmo que não quisesse, pois ela é forte, como se houvesse magia correndo para fora dele. Só consigo pensar que é dessa maneira que posso explicar, dado que, fora o uso da magia, um bruxo normalmente pareceria um humano.— Vamos ter que trabalhar muito a noite para conseguir fazer ela dormir — diz, por mais que olhe para o seu rosto, anunciando qu
Neamir“Meu quarto virou um ponto de encontro?” penso, vendo que Rosian foi o mais ousado, abrindo caminho. No entanto, consigo sentir a presença de Falout vindo até onde estamos.— Se você quer que eu te dê uma recompensa, hoje é um péssimo dia — aviso, dado que nós não conseguimos informações da pessoa que Lugi e Ceyas dizem ter nos auxiliado a nos encontrar.Julien entrou em contato com as pessoas da Lua Espectral, mas elas afirmaram que não enviaram ajuda a ninguém, e eu sei que elas não mentiriam para ele, porque temeriam que raios caíssem em suas cabeças, explodindo seus corpos.— Não pedi nada — professa, puxando-me por uma perna, fazendo questão de abri-la e, com o seu descaramento, desliza o seu nariz bem no meio da minha boceta. — Só vim porque sabia que precisaria de mim para dormir. De nós — anuncia no instante em que a porta se abre.Falout a fecha atrás dele e se apoia nela, cruzando os braços.Os fios loiros de Falout parecem um pouco mais bagunçados do que o normal, com
NeamirDesde que nasci, não há uma única parte minha que seja normal, no entanto, esses dois sempre acabam me lembrando de que até pessoas como eu podem se sentir cansadas. Solto um suspiro, colocando uma mão em cima da cabeça de Falout.Rio vendo a quantidade de mordidas em seu corpo.Até parece que Rosian é aquele que precisa de sangue para viver.No entanto, tudo o que precisa para fazer os seus truques é nos canalizar.— Do que está rindo? — pergunta, afastando meu cabelo para trás, ficando deitado de lado ao nosso lado, já que Falout está meio deitado em cima de mim, com sua cabeça apoiada sobre os meus seios.— Tem certeza de que não tem nenhum traço vampírico dentro de você? — pergunto, virando meu rosto de lado para evitar ver o pequeno golpe que lança em minha testa com seus dedos.— Quem sabe, seu pai enfiou tanto dentro de mim que nem o Falout conseguiu ultrapassá-lo — declara, acertando o sujeito silencioso da mesma maneira que fez comigo. — Fico menos atraente se não for a
Ceyas— Como estão decidindo os turnos para ficar de olho em mim? — pergunto para o sujeito, ajustando a mamadeira de Éden, uma vez que, sentado, ele consegue segurá-la com muita facilidade.Não é só em tamanho que ele cresceu; consegue dar vários passos sozinho e, quando não pode dá-los, apenas engatinha para onde quer. Mantê-lo nos braços é algo que ele gosta, porém, também aprecia fazer com que as pessoas o persigam.— Você é o Yvon, certo? O guarda-costas — brinco, dado que mantém uma distância de mim, como se a sua tarefa fosse analisar o que faço, contudo, não se incomoda em fazer isso sem que eu saiba.— Tem se sentido à vontade? — pergunta, me deixando um pouco surpreso. Acho que o vi falar poucas vezes, ainda que nossos encontros tenham ocorrido em horários de refeições.Por que até ele está demonstrando interesse em mim? Tem algo que esperam que faça? É certo que sabem da minha ligação com sua alfa. Duvido que esconderia deles. Preciso ficar atento aquilo que desejam fazer.—
CeyasEnquanto me observa, não tenho certeza do que devo pensar.Rosian não para de olhar para Falout, claramente com a intenção de provocá-lo.O vampiro não liga muito, deixa que ele faça o que quer, e o bruxo faz exatamente isso, mantendo uma mão em torno de seu peito, se segurando nele. Porém, como não recebe uma crítica, não para suas ações.— Você tem que se acostumar — murmura Rosian, mudando sua atenção para mim. — Sou um bruxo, mas, como esse homem, recebi alguns órgãos de outra pessoa. Fígado, rim e outras coisinhas.— Então, o mais certo aqui é anunciar que não são puros, nenhum de vocês — concluo com rapidez.— Exatamente — professa Billy. — Tity era uma humana comum também, até que alguns cortes a fizeram ficar mais parecida conosco. É algo desconhecido como o Yvon.— Ela é extremamente sensitiva, consegue sentir presenças e visualizar pedaços do futuro — explica Rosian. — É algo muito parecido com uma bruxa, mas não consegue fazer magias.— Porém, se alimenta dela — pontua
CeyasFico meio desnorteado pelo tanto de coisa que descubro, porém, aparentemente, enquanto puder manter meus olhos nela, fico bem. Meus impulsos ficam controlados, meu lobo não demonstra nenhum incômodo, também não experimento hostilidade.Eles fazem exatamente o que dizem que vão fazer.Se a minha alfa não anunciou que precisam me arrancar do meu lugar para me chutar, me tolerarão, ou seja lá o que eles fazem. Vigiar ainda parece ser o mais correto, embora não me incomode, o que é bem mais estranho.Geralmente, é normal se sentir estranho por saber que alguém mede cada um dos seus passos, mas não tenho esse tipo de emoção negativa. Gostaria de saber se é tudo devido à presença dela.— Ele é o genitor do Éden — conta Julien. — Chamá-lo de pai seria um pecado e ele tem pais o suficiente — murmura a bruxa, me olhando como se eu não devesse criticá-la pelo que diz.Não tenho a intenção, no entanto, é difícil saber como o lobo reagirá às suas palavras. É difícil dizer o que ele tinha em