Melanie Pov
Já faz uma semana que Bea foi liberta do seu confinamento no alojamento e ela continua agindo como se fosse a vítima.
“Por que a gente simplesmente não mata ela e desova o corpo no mar?” Faith questiona com um rosnado. “Depois matamos Karl e teremos nossa vingança!”
Mantenho meu olhar concentrado em Bea do outro lado da mesa, almoçando conosco.
“Porque eu não quero a morte da Bea e de Karl,” respondo com frieza. “Eu quero as lágrimas deles, quero o sangue e o suor. Quero o maior sofrimento que eles possam ter na vida e a morte não é uma delas. Morrer é fácil, rápido e simples, você sabe disso… já morremos ante
Melanie PovNarumi nega com a cabeça, os lábios se apertando em uma linha fina, enquanto enfia as mãos nos bolsos do casaco, como se tentasse conter a inquietação crescente dentro de si.“Nossa alcateia está um caos agora, Bea.” Narumi finalmente informa, sua voz saindo cansada, carregada de frustração. “Desde que foi revelado o que acontecia naquela ilha, muitos membros importantes da minha alcateia foram presos. O beta Oliver sumiu antes de ser preso, sua irmã…”“Aquela vadia não é minha irmã,” Bea a interrompe bruscamente, sua voz repleta de impaciência e desprezo. “Oliver e os membros do conselho foram idiotas em deixar registros sobre a Ilha dos Prazeres, seu pai devia
Melanie PovAndo de um lado para outro pelo corredor gelado do hospital, esperando notícias sobre a situação de Narumi.“Você vai fazer um buraco no chão dessa maneira, Mel.” Amelie diz atrás de mim.Giro meu corpo para encará-la. Minha melhor amiga está com dois copos descartáveis na mão e, pelo aroma, percebo que é café. Ela me entrega um dos copos e eu tomo um pouco.“Ela precisa ficar bem, Amelie,” declaro ansiosa. “Preciso que ela fique viva!”Narumi podia me detestar por ter ficado em Greenshadow tomando conta do lugar, mas ela ainda era uma menina de dezoito anos, começando agora a
Melanie PovEncosto no capô do carro, esperando Narumi ganhar sua alta do hospital. O dia está ensolarado e minha mente se ilumina com a virada dos eventos.“Bea será expulsa da matilha e presa!” Faith comemora em minha mente, consigo sentir sua empolgação por todo o meu corpo.“Não vamos comemorar antes do tempo. Ainda precisamos das provas contra ela e a polícia está demorando com as evidências,” respondo com cautela.Por mais que eu queira cantar vitória, o destino tem maneiras de nos surpreender. E Bea é uma mulher sagaz, tenho certeza de que ela tentará de algum jeito se livrar das acusações. Melanie povEncaro a tela do meu celular antes de tomar coragem para ligar para o Ryan.Meu coração perde algumas batidas enquanto espero ser atendida por ele.“Mel…” Ryan diz meu nome com um tom vibrante que faz minha pele arrepiar. “Acreditaria em mim se eu te falasse que estava justamente pensando em você?”Um sorriso involuntário surge em meu rosto.“Espero que tenham sido pensamentos bons, pelo menos,” respondo.“Sempre, minha querida,” Ryan declara e eu consigo imaginar ele sorrindo ao dizer isso. “Está tudo bem? Fiquei sabendo sobre sua irmã…”Capítulo 50: Emboscada na noite
Karl PovObservo dentro do carro Melanie se transformar, sua pele estremecendo, os ossos se moldando, os olhos perdendo o brilho humano. O grito abafado de dor que escapa de seus lábios me faz sorrir. Ela está fazendo exatamente o que eu queria. E é quase poético.A garota corre floresta adentro, desesperada, envolta na própria urgência, sem ideia de que está sendo manipulada desde o primeiro segundo. A satisfação que sinto se espalha quente no meu peito, uma brasa que cresce até incendiar meus pensamentos de pura euforia. Ela caiu. Caiu tão fácil que chega a ser patético.Meus dedos deslizam pelo amuleto pendurado no meu pescoço. Comprei esse amuleto de um dos feiticeiros mais temidos do reino vizinh
Ryan PovÉ muito difícil me manter consciente em noites de lua cheia. A cada ciclo, essa batalha se repete, cruel e implacável. A fera que surge não apenas divide espaço comigo e com Logan — ela nos engole, nos consome, nos empurra para os cantos mais escuros da mente, onde somos meros espectadores do caos que ela deseja causar. Tenho apenas lampejos, flashes desconexos e sombrios do que acontece ao nosso redor durante a maldição.Só que então… um cheiro novo. Um cheiro que corta o ar como uma lâmina e invade violentamente nossas narinas. Um cheiro que não pertence à floresta. Não pertence ao cardápio habitual da fera. É o cheiro de outro lobo. Algo dentro de mim se remexe, desperta com força. Isso me arranca da letargi
Melanie PovOuço o som de uivos e tiros ressoar por toda a propriedade da nossa alcateia Killmoon, um concerto aterrorizante de destruição que se mistura ao estalar das chamas vorazes. O cheiro acre de fumaça invade minhas narinas, queimando minha garganta, e meus olhos lacrimejam, lutando para enxergar através da névoa espessa que toma os corredores. O calor sufocante me envolve, cada lufada de ar quente parece rasgar meu peito. Meu coração dispara, batendo tão forte que parece ecoar em meus ouvidos, rivalizando com o caos que se espalha ao meu redor.Cada fibra do meu ser grita por sobrevivência. Meu corpo treme, mas não por medo—pelo menos não apenas por medo. O desespero, a necessidade de proteger a pequena vida que cresce dentro de mim, é o que me mantém correndo, impulsionando minhas pernas, mesmo quando sinto que posso desabar a qualquer momento. Nem tive tempo de contar a Karl, meu companheiro, meu marido, que eu estou grávida. Meu marido… Será que ele está bem? Será que ele
Melanie PovA indignação começa a ferver dentro de mim, mesmo quando minhas forças se esvaem. É assim que tudo termina? Assim que minha história chega ao fim? Traída. Descartada. Assassinada pelas duas pessoas que eu mais amava e confiava. Minha própria irmã. Meu próprio marido. Meu coração aperta, mas não apenas pela dor física — essa já está se tornando dormente, como se meu corpo estivesse desistindo. O que me corrói agora é o ódio, a injustiça, o desespero. Meu bebê… meu bebê nunca terá a chance de viver. Não merecemos acabar assim.“Não… você não merece.” A voz surge do nada, suave como o toque de uma brisa, mas preenchendo cada canto da minha mente com uma presença indescritível.“Quem é você?” Minha pergunta sai num fiapo de voz, fraca, sem esperança.“Sou quem vai te salvar.” Há algo de enigmático naquela voz, algo ancestral e poderoso. “Mas se eu te der essa chance, você precisa fazer diferente desta vez.”O mundo ao meu redor parece se dissolver. A dor some, a realidade se d