— Eu... Florence está grávida? Meu Deus, eu não tô conseguindo respirar! Essa mulher me enganou direitinho! E eu ainda ajudei ela a conseguir aquele laudo psiquiátrico! — Fernando quase gritou, percebendo que Florence havia trocado a amostra do exame de gravidez. — Fala logo. — Disse Lucian, afastando o celular do ouvido, visivelmente impaciente. — Uma ameaça de aborto precisa de repouso absoluto, alimentação balanceada e nada de esforço físico. — Explicou Fernando, tentando manter a calma. — Entendi. — O que você vai fazer? Se na época daquele escândalo, Florence tivesse admitido aquela noite com você, você podia ter usado a pressão da mídia pra casar com ela. Theo não teria como te impedir. Mas ela se recusou, né? Fala a verdade, Lucian. Você tava tão empenhado em fazer Theo forçar ela a admitir porque tinha segundas intenções, né? — Fernando riu maliciosamente. Lucian abaixou o olhar, como se estivesse refletindo por um instante. — Vou desligar. — Você tá de sacanagem?
Florence olhou para a grande mesa redonda à sua frente e, inevitavelmente, lembrou-se da última vez que havia se sentado ali. Naquela ocasião, ela havia perdido o controle diante de Daphne e sua mãe, uma cena que ainda estava fresca em sua memória. No lugar de honra, Theo estava impecável em um terno escuro, com uma expressão que misturava seriedade e autoridade. Por questão de educação, Florence o cumprimentou com um tom respeitoso: — Sr. Theo. — Hm, sentem-se e comecem a comer. — Disse Theo, fazendo um gesto com a mão para liberar os pratos. Florence olhou para a mesa repleta de pratos sofisticados, a maioria composta por frutos do mar frescos e bem preparados. Ela engoliu em seco, mas se limitou a pegar um pedaço de carne bovina que estava diante dela. Florence sabia que, naquele momento, não representava apenas a si mesma, mas também sua mãe, Lyra. Ela pensava no quanto era importante manter a postura correta, já que Lyra ainda precisava continuar vivendo sob o teto da
Florence entrou no banheiro e vomitou tudo o que tinha no estômago. Depois disso, usou o enxaguante bucal com sabor de frutas três vezes, mas ainda sentia um gosto amargo persistente na boca. Quando saiu, uma figura bloqueou seu caminho. Sentindo-se exausta, ela suspirou: — Sai da frente. Lucian a encarou com seriedade: — Onde mais você está se sentindo mal? Florence quase riu ao ouvir a pergunta. — Você tá sendo tão cuidadoso comigo porque acha que eu estou grávida? Não se esqueça que, na época, você mesmo disse que, se eu engravidasse, era pra eu tirar. O rosto de Lucian escureceu de imediato. Florence, ao lembrar do olhar de advertência de Theo durante o jantar, não conseguiu evitar que pensamentos sobre sua vida passada voltassem à mente. Ela se recordou de como Theo havia tratado Estela. Por ser uma menina, e ainda mais uma criança nascida sem ser desejada, ele nunca reconheceu Estela como membro da família Avery. Mas, quando Daphne voltou carregando um menino, t
Ela sentia algo inexplicável. Uma sensação de que aquela criança deveria ser seu amuleto da sorte, alguém que traria tudo o que ela sempre quis. Mas, por algum motivo, tudo que parecia estar ao alcance de suas mãos parecia agora se afastar, cada vez mais distante. Com esse pensamento, Daphne decidiu ir até Águas Serenas, impecavelmente arrumada, pronta para apostar tudo. Se naquela noite conseguisse dormir com Lucian, poderia facilmente fazer com que a criança em seu ventre fosse considerada dele. No entanto, o que ela ouviu hoje abalou todas as suas expectativas. Sua mão, que repousava sobre o ventre, apertou-se com força até que a dor se espalhasse pelo corpo. Estava claro que não conseguiria segurar aquela criança. Lucian não a tocaria naquela noite, definitivamente. Mas, se ela não poderia ter seu filho, ao menos Florence e sua gravidez não ficariam impunes. Florence pagaria caro. Se aquele bebê não existisse, Lucian não teria escolha, não poderia desafiar Theo para se casar
Florence havia imaginado dezenas de possibilidades para o que Daphne poderia fazer. Ela até considerou a hipótese de Daphne tentar usar suas mãos para provocar um aborto, transformando-a na culpada perfeita. Mas nunca, nem em seus piores cenários, Florence imaginou que Daphne a empurraria para dentro do lago artificial de Águas Serenas, em pleno final de outono. A profundidade do lago e a água gelada fizeram com que Florence fosse imediatamente engolida pelo frio cortante. O choque tomou conta de seu corpo, e ela começou a lutar para voltar à superfície. — Socorro... — Tentou gritar, mas, assim que abriu a boca, a água invadiu sua garganta, cortando qualquer tentativa de pedir ajuda. Florence pensou que aquele seria o fim. O peso do casaco encharcado tornava impossível continuar lutando, e seu corpo começou a afundar. De repente, ela ouviu os gritos de Daphne: — Socorro! A Flor caiu no lago! Os gritos de Daphne atraíram rapidamente outras pessoas, mas Florence já não tinh
Depois que Lyra deu à luz Florence, seu corpo ficou debilitado e ela não podia mais ter filhos. Melissa teve apenas um filho, Ronaldo. Lyra não podia gerar mais herdeiros, e se Lucian se casasse com uma mulher incapaz de engravidar, como Theo poderia aceitar isso? Quando percebeu o olhar de Florence, Daphne instintivamente colocou a mão sobre o ventre, um gesto que deixou Florence intrigada. Na sua vida passada, Florence e Lucian haviam se casado primeiro, e Daphne, já grávida, fugiu com o segredo de sua gravidez. Mas agora, não havia qualquer obstáculo entre Daphne e Lucian. Se Daphne anunciasse sua gravidez, o casamento entre eles seria algo natural e inevitável. Então, por que Daphne não apenas rejeitava a ideia de ter essa criança, mas também evitava revelar sua condição? — Florence, eu sei que você está se sentindo péssima. Mas não se preocupe, o pior ainda está por vir. Lucian disse que, assim que o contrato de parceria for assinado, ele vai se casar comigo. Viu? Eu te
— Briga? — Fernando soltou uma risada irônica antes de continuar, exagerando como se estivesse no meio de uma peça teatral. — Eu estava descansando, tranquilo, quando alguém me agarrou pelo pescoço e me arrastou para a sala de emergência. Lá estavam eu e três ginecologistas, todos se olhando sem entender nada. Sabe o que elas me perguntaram? Florence, confusa, perguntou: — Perguntaram o quê? Fernando pigarreou e, apertando a garganta, imitou com humor a voz de uma das médicas: — “Dr. Fernando, o que exatamente é para salvar? Menstruação?” Ele cruzou os braços, como se aguardasse uma reação, e prosseguiu: — Agora você já sabe de onde vieram os hematomas no meu pescoço? Então, faz o favor de avisar ao seu “herói” que ele pode se apressar o quanto quiser, mas sem me estrangular da próxima vez! Florence finalmente entendeu o que ele estava dizendo, mas sua expressão permaneceu inalterada. Ela abaixou o olhar, sem dizer nada. Fernando, distraído, não percebeu a mudança no hu
Naquele momento, Daphne era uma renomada designer de joias, com seu próprio estúdio independente e uma marca de sucesso. Além disso, ela havia dado um filho a Lucian, consolidando-se como uma mulher no auge do poder e da confiança. Até mesmo os fios de cabelo dela pareciam brilhar, e seus olhos transmitiam uma arrogância insuportável. Ao lado de Daphne, Rosana também usufruía dessa ascensão meteórica. Vestia alta-costura, e a pequena bolsa de corrente em suas mãos, do tamanho de uma palma, valia mais de duzentos mil reais. Aquela jovem que, anos atrás, entrou na universidade ao lado de Florence, cheia de sonhos e determinação, já havia se perdido em um mundo obscuro e corrupto. Rosana brincava com a bolsa, girando-a entre os dedos, enquanto dizia com desdém: — Florence e a filha dela praticamente não saem de casa. Nem mesmo Theo conseguiu fazer algo diretamente contra elas. Se não fosse por mim e pela família Thompson te ajudando, de onde você teria conseguido aquelas “provas” pa