Florence entrou no banheiro e vomitou tudo o que tinha no estômago. Depois disso, usou o enxaguante bucal com sabor de frutas três vezes, mas ainda sentia um gosto amargo persistente na boca. Quando saiu, uma figura bloqueou seu caminho. Sentindo-se exausta, ela suspirou: — Sai da frente. Lucian a encarou com seriedade: — Onde mais você está se sentindo mal? Florence quase riu ao ouvir a pergunta. — Você tá sendo tão cuidadoso comigo porque acha que eu estou grávida? Não se esqueça que, na época, você mesmo disse que, se eu engravidasse, era pra eu tirar. O rosto de Lucian escureceu de imediato. Florence, ao lembrar do olhar de advertência de Theo durante o jantar, não conseguiu evitar que pensamentos sobre sua vida passada voltassem à mente. Ela se recordou de como Theo havia tratado Estela. Por ser uma menina, e ainda mais uma criança nascida sem ser desejada, ele nunca reconheceu Estela como membro da família Avery. Mas, quando Daphne voltou carregando um menino, t
Ela sentia algo inexplicável. Uma sensação de que aquela criança deveria ser seu amuleto da sorte, alguém que traria tudo o que ela sempre quis. Mas, por algum motivo, tudo que parecia estar ao alcance de suas mãos parecia agora se afastar, cada vez mais distante. Com esse pensamento, Daphne decidiu ir até Águas Serenas, impecavelmente arrumada, pronta para apostar tudo. Se naquela noite conseguisse dormir com Lucian, poderia facilmente fazer com que a criança em seu ventre fosse considerada dele. No entanto, o que ela ouviu hoje abalou todas as suas expectativas. Sua mão, que repousava sobre o ventre, apertou-se com força até que a dor se espalhasse pelo corpo. Estava claro que não conseguiria segurar aquela criança. Lucian não a tocaria naquela noite, definitivamente. Mas, se ela não poderia ter seu filho, ao menos Florence e sua gravidez não ficariam impunes. Florence pagaria caro. Se aquele bebê não existisse, Lucian não teria escolha, não poderia desafiar Theo para se casar
Florence havia imaginado dezenas de possibilidades para o que Daphne poderia fazer. Ela até considerou a hipótese de Daphne tentar usar suas mãos para provocar um aborto, transformando-a na culpada perfeita. Mas nunca, nem em seus piores cenários, Florence imaginou que Daphne a empurraria para dentro do lago artificial de Águas Serenas, em pleno final de outono. A profundidade do lago e a água gelada fizeram com que Florence fosse imediatamente engolida pelo frio cortante. O choque tomou conta de seu corpo, e ela começou a lutar para voltar à superfície. — Socorro... — Tentou gritar, mas, assim que abriu a boca, a água invadiu sua garganta, cortando qualquer tentativa de pedir ajuda. Florence pensou que aquele seria o fim. O peso do casaco encharcado tornava impossível continuar lutando, e seu corpo começou a afundar. De repente, ela ouviu os gritos de Daphne: — Socorro! A Flor caiu no lago! Os gritos de Daphne atraíram rapidamente outras pessoas, mas Florence já não tinh
Depois que Lyra deu à luz Florence, seu corpo ficou debilitado e ela não podia mais ter filhos. Melissa teve apenas um filho, Ronaldo. Lyra não podia gerar mais herdeiros, e se Lucian se casasse com uma mulher incapaz de engravidar, como Theo poderia aceitar isso? Quando percebeu o olhar de Florence, Daphne instintivamente colocou a mão sobre o ventre, um gesto que deixou Florence intrigada. Na sua vida passada, Florence e Lucian haviam se casado primeiro, e Daphne, já grávida, fugiu com o segredo de sua gravidez. Mas agora, não havia qualquer obstáculo entre Daphne e Lucian. Se Daphne anunciasse sua gravidez, o casamento entre eles seria algo natural e inevitável. Então, por que Daphne não apenas rejeitava a ideia de ter essa criança, mas também evitava revelar sua condição? — Florence, eu sei que você está se sentindo péssima. Mas não se preocupe, o pior ainda está por vir. Lucian disse que, assim que o contrato de parceria for assinado, ele vai se casar comigo. Viu? Eu te
— Briga? — Fernando soltou uma risada irônica antes de continuar, exagerando como se estivesse no meio de uma peça teatral. — Eu estava descansando, tranquilo, quando alguém me agarrou pelo pescoço e me arrastou para a sala de emergência. Lá estavam eu e três ginecologistas, todos se olhando sem entender nada. Sabe o que elas me perguntaram? Florence, confusa, perguntou: — Perguntaram o quê? Fernando pigarreou e, apertando a garganta, imitou com humor a voz de uma das médicas: — “Dr. Fernando, o que exatamente é para salvar? Menstruação?” Ele cruzou os braços, como se aguardasse uma reação, e prosseguiu: — Agora você já sabe de onde vieram os hematomas no meu pescoço? Então, faz o favor de avisar ao seu “herói” que ele pode se apressar o quanto quiser, mas sem me estrangular da próxima vez! Florence finalmente entendeu o que ele estava dizendo, mas sua expressão permaneceu inalterada. Ela abaixou o olhar, sem dizer nada. Fernando, distraído, não percebeu a mudança no hu
Naquele momento, Daphne era uma renomada designer de joias, com seu próprio estúdio independente e uma marca de sucesso. Além disso, ela havia dado um filho a Lucian, consolidando-se como uma mulher no auge do poder e da confiança. Até mesmo os fios de cabelo dela pareciam brilhar, e seus olhos transmitiam uma arrogância insuportável. Ao lado de Daphne, Rosana também usufruía dessa ascensão meteórica. Vestia alta-costura, e a pequena bolsa de corrente em suas mãos, do tamanho de uma palma, valia mais de duzentos mil reais. Aquela jovem que, anos atrás, entrou na universidade ao lado de Florence, cheia de sonhos e determinação, já havia se perdido em um mundo obscuro e corrupto. Rosana brincava com a bolsa, girando-a entre os dedos, enquanto dizia com desdém: — Florence e a filha dela praticamente não saem de casa. Nem mesmo Theo conseguiu fazer algo diretamente contra elas. Se não fosse por mim e pela família Thompson te ajudando, de onde você teria conseguido aquelas “provas” pa
Ao ouvir as palavras de Lyra, a mente de Florence ficou um turbilhão. Ela simplesmente não conseguia pensar em ninguém cujas iniciais fossem FN. Depois de muito pensar, ela suspirou e disse: — Mãe, você pode ficar de olho para mim? Na próxima vez que elas se reunirem, me avise, por favor. Lyra não respondeu de imediato. Sua voz transparecia preocupação: — Flor, o que você está planejando? Você não disse que queria ficar longe da Daphne e de tudo que envolve ela? Florence mordeu levemente o lábio antes de se levantar e caminhar até a janela. Ela olhou para as estrelas no céu enquanto refletia. Antes, realmente era isso que ela queria. Ela havia prometido para Estela que seria feliz, que se tornaria uma grande designer de joias, alcançaria o sucesso e compensaria os arrependimentos do passado. A única coisa que Florence desejava era escapar do destino trágico que havia vivido na outra vida e realizar o sonho que ela e Estela haviam compartilhado. Mas, quando ela estava de
Florence rapidamente se aproximou, estendendo a mão com cuidado, mas hesitou em tocá-lo, com medo de machucá-lo ainda mais. — Mano... — Disse ela, com a voz embargada. Seus olhos começaram a arder, e o peso da culpa apertou seu peito. Se não fosse por ela, Ronaldo não estaria naquela situação. Ronaldo a observou e, com um sorriso gentil, segurou sua mão, puxando-a para que se sentasse ao lado dele na cama. Ele levantou a mão e, com delicadeza, secou as lágrimas que ameaçavam cair dos olhos dela. A noite de outono estava gelada, e Florence, com as roupas leves que usava, ainda trazia o corpo aquecido pela corrida até o hospital. Alguns fios de cabelo estavam grudados em seus cílios úmidos, e seus olhos levemente avermelhados, cheios de emoção, pareciam ainda mais atraentes sob a luz fraca do quarto. A mão de Ronaldo hesitou por um instante em sua bochecha. Ele sorriu, tentando confortá-la: — Não é nada sério. Quer ver? Eu até posso levantar e dar uma volta. Florence imedia