— Briga? — Fernando soltou uma risada irônica antes de continuar, exagerando como se estivesse no meio de uma peça teatral. — Eu estava descansando, tranquilo, quando alguém me agarrou pelo pescoço e me arrastou para a sala de emergência. Lá estavam eu e três ginecologistas, todos se olhando sem entender nada. Sabe o que elas me perguntaram? Florence, confusa, perguntou: — Perguntaram o quê? Fernando pigarreou e, apertando a garganta, imitou com humor a voz de uma das médicas: — “Dr. Fernando, o que exatamente é para salvar? Menstruação?” Ele cruzou os braços, como se aguardasse uma reação, e prosseguiu: — Agora você já sabe de onde vieram os hematomas no meu pescoço? Então, faz o favor de avisar ao seu “herói” que ele pode se apressar o quanto quiser, mas sem me estrangular da próxima vez! Florence finalmente entendeu o que ele estava dizendo, mas sua expressão permaneceu inalterada. Ela abaixou o olhar, sem dizer nada. Fernando, distraído, não percebeu a mudança no hu
Naquele momento, Daphne era uma renomada designer de joias, com seu próprio estúdio independente e uma marca de sucesso. Além disso, ela havia dado um filho a Lucian, consolidando-se como uma mulher no auge do poder e da confiança. Até mesmo os fios de cabelo dela pareciam brilhar, e seus olhos transmitiam uma arrogância insuportável. Ao lado de Daphne, Rosana também usufruía dessa ascensão meteórica. Vestia alta-costura, e a pequena bolsa de corrente em suas mãos, do tamanho de uma palma, valia mais de duzentos mil reais. Aquela jovem que, anos atrás, entrou na universidade ao lado de Florence, cheia de sonhos e determinação, já havia se perdido em um mundo obscuro e corrupto. Rosana brincava com a bolsa, girando-a entre os dedos, enquanto dizia com desdém: — Florence e a filha dela praticamente não saem de casa. Nem mesmo Theo conseguiu fazer algo diretamente contra elas. Se não fosse por mim e pela família Thompson te ajudando, de onde você teria conseguido aquelas “provas” pa
Ao ouvir as palavras de Lyra, a mente de Florence ficou um turbilhão. Ela simplesmente não conseguia pensar em ninguém cujas iniciais fossem FN. Depois de muito pensar, ela suspirou e disse: — Mãe, você pode ficar de olho para mim? Na próxima vez que elas se reunirem, me avise, por favor. Lyra não respondeu de imediato. Sua voz transparecia preocupação: — Flor, o que você está planejando? Você não disse que queria ficar longe da Daphne e de tudo que envolve ela? Florence mordeu levemente o lábio antes de se levantar e caminhar até a janela. Ela olhou para as estrelas no céu enquanto refletia. Antes, realmente era isso que ela queria. Ela havia prometido para Estela que seria feliz, que se tornaria uma grande designer de joias, alcançaria o sucesso e compensaria os arrependimentos do passado. A única coisa que Florence desejava era escapar do destino trágico que havia vivido na outra vida e realizar o sonho que ela e Estela haviam compartilhado. Mas, quando ela estava de
Florence rapidamente se aproximou, estendendo a mão com cuidado, mas hesitou em tocá-lo, com medo de machucá-lo ainda mais. — Mano... — Disse ela, com a voz embargada. Seus olhos começaram a arder, e o peso da culpa apertou seu peito. Se não fosse por ela, Ronaldo não estaria naquela situação. Ronaldo a observou e, com um sorriso gentil, segurou sua mão, puxando-a para que se sentasse ao lado dele na cama. Ele levantou a mão e, com delicadeza, secou as lágrimas que ameaçavam cair dos olhos dela. A noite de outono estava gelada, e Florence, com as roupas leves que usava, ainda trazia o corpo aquecido pela corrida até o hospital. Alguns fios de cabelo estavam grudados em seus cílios úmidos, e seus olhos levemente avermelhados, cheios de emoção, pareciam ainda mais atraentes sob a luz fraca do quarto. A mão de Ronaldo hesitou por um instante em sua bochecha. Ele sorriu, tentando confortá-la: — Não é nada sério. Quer ver? Eu até posso levantar e dar uma volta. Florence imedia
Florence encostou-se na parede, com o rosto pálido, enquanto sua mente era invadida pelas memórias do destino trágico de Ronaldo em sua vida passada. Agora, Lucian estava tentando destruir Ronaldo novamente. Destruir o único membro da família Avery que sempre foi bom para ela. Ela sentiu o peito apertar, e suas unhas cravaram na parede, causando uma dor aguda na ponta dos dedos. Após alguns segundos, ela respirou fundo, virou-se e saiu silenciosamente, retornando para o quarto. Quando entrou, Ronaldo, que mal conseguia se mover por causa da dor das escoriações, sorriu para ela com a mesma ternura de sempre. — Flor, achei que você não fosse voltar. — Claro que voltei. — Florence sentou-se ao lado da cama e perguntou em voz baixa. — Mano, acabei esquecendo de te perguntar... Como aconteceu o acidente? — Eu estava passando por Cidade H e pensei em trazer alguns doces típicos para você experimentar. Foi só isso, eu estava com pressa. — Respondeu Ronaldo, tentando encerrar o a
Bryan assentiu e logo seguiu os passos de Florence. Quando Lucian se virou para sair, Ronaldo olhou para ele com um sorriso discreto. — Tio, obrigado por vir me ver. Agora sinto que estou cheio de energia. Lucian o encarou, e um brilho frio passou por seus olhos. — Ah, é? Então guarde essa energia para quando precisar. O sorriso de Ronaldo se desfez aos poucos. Ele manteve o olhar fixo no corredor por onde Lucian desapareceu, com uma expressão difícil de decifrar. …Florence desceu com Bryan. No meio do caminho, ele atendeu uma ligação e respondeu com alguns "hums" curtos antes de desligar. Ele olhou para Florence com um tom de desculpa. — Flor, vou pedir para o motorista te levar para casa. Preciso passar na empresa para pegar um documento. — Não precisa. Já chamei um Uber pelo celular. — Respondeu Florence, balançando a cabeça. Ela pensou em Lyra, que estava em casa esperando Bryan, e sabia que chamar um táxi naquela hora levaria tempo. Preferiu recusar a oferta.
Florence nunca imaginou que Lucian pudesse ser tão insano. Apesar da noite avançada, havia muitas pessoas ao redor do hospital, e ele simplesmente pegou a mão dela e a enfiou debaixo do suéter. Sua mão gelada tocou a pele quente da cintura dele, fazendo com que ela soltasse um pequeno som de surpresa. Ao ouvir o som, algumas pessoas ao redor viraram os rostos para olhar. Florence abaixou a cabeça rapidamente, lutando para se soltar, mas a mão dela foi pressionada firmemente contra a cintura dele. Seus dedos se curvaram involuntariamente, sentindo os músculos quentes e rígidos sob sua palma. Não importava o quanto tentasse, ela não conseguia escapar. Se qualquer um se aproximasse um pouco mais, veria sua mão debaixo da roupa dele. Sua respiração acelerou com o nervosismo e o medo, e ela sentiu como se sua palma estivesse queimando. Desesperada, ela tentou alertá-lo: — Você está louco? E se alguém tirar uma foto disso? Lucian a encarou com seus olhos gelados, a voz firme e fria:
Já que Daphne estava escondida em casa para realizar o aborto, Florence decidiu continuar com os outros planos que tinha em mente. No intervalo, ela foi ao banheiro para ligar para Lyra. — Mãe, o Bryan está na empresa hoje? — Está, por quê? — Quero convidá-lo para almoçar. — Respondeu Florence, enquanto olhava para a sacola a seus pés. Dentro dela estava o casaco de Lucian. Ela sabia que se fosse diretamente até Lucian ele perceberia suas intenções, mas se encontrasse Bryan para almoçar e, de quebra, devolvesse o casaco, seria mais convincente. Lyra pensou por um momento, mas acabou dizendo: — Melhor não. Bryan deve estar muito ocupado hoje. Florence ficou surpresa. — Ele fechou algum grande contrato? — Não é isso. — Lyra hesitou, suspirando antes de continuar. — Bryan disse que Lucian está doente. Depois que ele pulou no lago para te salvar, ficou todo molhado e te levou ao hospital. Ontem à noite, com o acidente do Ronaldo, ele não dormiu e ainda teve que terminar