Florence nunca imaginou que Lucian pudesse ser tão insano. Apesar da noite avançada, havia muitas pessoas ao redor do hospital, e ele simplesmente pegou a mão dela e a enfiou debaixo do suéter. Sua mão gelada tocou a pele quente da cintura dele, fazendo com que ela soltasse um pequeno som de surpresa. Ao ouvir o som, algumas pessoas ao redor viraram os rostos para olhar. Florence abaixou a cabeça rapidamente, lutando para se soltar, mas a mão dela foi pressionada firmemente contra a cintura dele. Seus dedos se curvaram involuntariamente, sentindo os músculos quentes e rígidos sob sua palma. Não importava o quanto tentasse, ela não conseguia escapar. Se qualquer um se aproximasse um pouco mais, veria sua mão debaixo da roupa dele. Sua respiração acelerou com o nervosismo e o medo, e ela sentiu como se sua palma estivesse queimando. Desesperada, ela tentou alertá-lo: — Você está louco? E se alguém tirar uma foto disso? Lucian a encarou com seus olhos gelados, a voz firme e fria:
Já que Daphne estava escondida em casa para realizar o aborto, Florence decidiu continuar com os outros planos que tinha em mente. No intervalo, ela foi ao banheiro para ligar para Lyra. — Mãe, o Bryan está na empresa hoje? — Está, por quê? — Quero convidá-lo para almoçar. — Respondeu Florence, enquanto olhava para a sacola a seus pés. Dentro dela estava o casaco de Lucian. Ela sabia que se fosse diretamente até Lucian ele perceberia suas intenções, mas se encontrasse Bryan para almoçar e, de quebra, devolvesse o casaco, seria mais convincente. Lyra pensou por um momento, mas acabou dizendo: — Melhor não. Bryan deve estar muito ocupado hoje. Florence ficou surpresa. — Ele fechou algum grande contrato? — Não é isso. — Lyra hesitou, suspirando antes de continuar. — Bryan disse que Lucian está doente. Depois que ele pulou no lago para te salvar, ficou todo molhado e te levou ao hospital. Ontem à noite, com o acidente do Ronaldo, ele não dormiu e ainda teve que terminar
As portas do elevador se abriram, revelando um corredor claro e impecável. De onde Florence estava, através das paredes de vidro que cercavam o corredor, era possível ter uma visão privilegiada do interior do prédio. No final do corredor, havia uma porta dupla de madeira maciça. Sem ornamentos extravagantes, mas com um design que exalava autoridade. O assistente empurrou a porta com cuidado, e a visão que se abriu aos olhos de Florence a deixou impressionada. Um escritório amplo, com mais de duzentos metros quadrados, distribuído em dois andares. Uma parede inteira de vidro permitia uma vista panorâmica dos edifícios ao redor. Uma escada em espiral levava ao segundo andar, que, pelo design, parecia ser uma área privativa de Lucian. Florence olhou para o chão coberto de luz solar e, mesmo que tentasse disfarçar, não conseguiu evitar o impacto. Era a primeira vez que ela realmente conhecia o espaço de trabalho de Lucian. Logo à frente, Bryan, que estava sentado à mesa de reuniões,
Bryan rapidamente pegou a bandeja e a entregou para Florence, com um sorriso que quase parecia malicioso. — Que tal você levar a comida para o Lucian? Ele trabalhou a manhã inteira e ainda não comeu. Florence olhou para a tigela de canja de galinha, que ainda soltava vapor quente. Não havia mais como recuar. Se era para arriscar, que fosse agora. — Tudo bem. — Ela segurou a bandeja com firmeza e seguiu em direção à escada. Quando chegou à porta do quarto, suas mãos estavam suadas. Ela hesitou, sem saber se entrava ou não. Foi nesse momento que ouviu uma voz grave e rouca vinda de dentro do quarto. — Pode entrar... Florence. Ao ouvir isso, ela quase deixou a bandeja cair. Era como se ela fosse invisível para Lucian, como se ele enxergasse através dela com facilidade. Como poderia enfrentá-lo se ele sempre parecia estar um passo à frente? Mas Florence não queria desistir. Mesmo que perdesse no final, ela tinha que tentar lutar. Ela respirou fundo, reuniu coragem e abriu
Os olhos de Florence congelaram por um instante ao perceber que, sem querer, havia deixado escapar algo sobre sua vida passada. Ela tentou puxar a mão que ele segurava, mas Lucian apertou ainda mais. — Fala. — Ordenou Lucian, com a voz firme. — Porque... Antes, toda vez que você tossia, eu sentia o cheiro de folhas de hortelã em você. — respondeu Florence, tentando se desvencilhar. — Está doendo. Lucian não soltou sua mão, mas diminuiu a força. Ele inclinou-se um pouco mais, com uma expressão que misturava curiosidade e algo mais intenso. — Toda vez? — Repetiu ele, claramente interessado. Florence mordeu os lábios e percebeu que tinha se enfiado ainda mais fundo no buraco que ela mesma havia cavado. Ela virou o rosto, recusando-se a dizer qualquer outra palavra. O olhar de Lucian tornou-se mais penetrante. Seu corpo, que já estava febril, parecia ainda mais quente. Ele a encarava fixamente, com uma intensidade crescente, como se tentasse decifrá-la por completo. Florence
Enquanto falava, Florence correu para o outro lado da cama, pegou os documentos caídos, organizou tudo com cuidado e colocou de volta sobre a cama. Quando voltou para o lado de Lucian, ela percebeu que ele já tinha desabotoado metade da camisa. Seus olhos caíram involuntariamente sobre os músculos definidos do abdômen dele, e por um momento ela sentiu a boca seca. Fechando os olhos rapidamente, ela terminou de desabotoar os botões restantes, limpou a pele dele de forma rápida e um tanto desajeitada. — Pronto. Já terminei. Meu horário de trabalho está quase começando, eu vou indo. — Florence. — Chamou Lucian, em um tom calmo e baixo. — Você veio até aqui para me ver? Florence apertou os punhos, mas respondeu com leveza: — Não, eu vim trazer o almoço do Bryan. Só aproveitei para passar e ver como você está. Assim que terminou de falar, ela saiu apressada do quarto, quase correndo. Lucian olhou para a porta agora vazia. — Teimosa. De repente, ele se lembrou de algo que
Na manhã seguinte, uma fina chuva de outono caía do céu. As gotas, leves e geladas como uma névoa fria, atingiam o rosto de Florence, fazendo-a estremecer involuntariamente. Ela carregava o café da manhã recém-comprado enquanto caminhava em direção ao hospital. No momento em que chegou ao prédio da ala de internação, seu celular começou a tocar. Era Lyra, que parecia desesperada. Assim que Florence atendeu, a voz da mãe soou urgente: — Você viu os trending topics? — Não, não vi. — Respondeu Florence, sem dar muita atenção, continuando a caminhar. — Vá olhar agora! — Insistiu Lyra, pela primeira vez usando um tom tão firme com Florence. Florence parou por alguns segundos, surpresa, mas pegou o celular e abriu a lista de assuntos mais comentados. Seus olhos caíram no título em destaque, e, no instante seguinte, sua visão pareceu tremer. O café da manhã escorregou de suas mãos e caiu no chão, espalhando-se por toda parte. [Grupo Avery sofre golpe e perde maior contrato do an
— Se você ousar destruir o Grupo Nunes, eu também vou acabar com você novamente. Novamente? O que ela queria dizer com isso? Florence olhou para Melissa com desconfiança. Ela não se preocupou primeiro com Ronaldo, mas sim com o Grupo Nunes. Florence estava prestes a dizer algo, mas Ronaldo, de repente, se levantou da cama e interrompeu. — Flor, chega. Não faça isso. Mãe, a Flor me ajudou. Não fale assim com ela. Por favor, saia e espere lá fora. Ronaldo empurrou Melissa suavemente em direção à porta. Melissa lançou um olhar afiado e cheio de aviso para Florence antes de sair do quarto, deixando a porta fechar atrás de si. Agora, restavam apenas Florence e Ronaldo no quarto. Ronaldo estendeu a mão para Florence, mas ela se afastou, recusando o contato. — Ronaldo, você não tem nada para me explicar? — Perguntou ela, com a voz fria. O rosto de Ronaldo ficou sério. Ele abaixou a mão e respondeu: — Flor, você não entende. — Eu não entendo? Então isso te dá o direito de me