Florence se encolheu atrás da porta, espiando através do olho mágico para observar o que estava acontecendo do lado de fora. Valentina caminhava na frente, com passos firmes e cheios de raiva. Ela parou em frente à porta da sala de descanso número 6, levantando a mão para bater. Antes que pudesse fazer isso, Daphne rapidamente se aproximou, interrompendo-a. Em um tom baixo, ela sussurrou: — Directora Valentina, bater na porta vai dar a eles tempo para se arrumarem. E, nesse caso, não teremos provas. Você sempre foi tão generosa com a Florence, e olha o que ela fez com você. Ainda vai deixá-la sair ilesa? Eu fico indignada só de pensar nisso. Por isso, trouxe a chave da sala para você. Daphne entregou a chave nas mãos de Valentina, que, tomada pela raiva, nem considerou a sugestão. A ideia de seu marido estar envolvido com uma funcionária, enquanto fingia ser um homem exemplar, tirava qualquer resquício de sua paciência. Ela girou a chave rapidamente e abriu a porta, invadindo o
Ao ouvir aquelas palavras, todos ao redor prenderam a respiração por um instante. Mas Valentina não caiu em desespero ou dúvida. Pelo contrário, ela soltou uma risada fria e sarcástica: — Você me conheceu ontem, por acaso? Antes de nos casarmos, você dizia que eu era inteligente e independente. Agora, me acusa de ser autoritária? E por que não admite que você é fraco demais? Que precisa pisar em uma mulher para sentir que tem algum valor? — Você... Chega! Quero o divórcio! Não aguento mais você! — Claro que vamos nos divorciar. E você vai sair sem nada! Todo mundo aqui viu o que vocês fizeram. Se tiverem um pingo de vergonha, saiam do meu estúdio agora mesmo. Caso contrário, eu vou denunciar vocês por roubo de arquivos confidenciais da empresa. — Você não pode fazer isso! Eu sou seu marido! Tenho direito à metade de tudo! — O homem gritou, com o rosto vermelho de raiva. Valentina estava prestes a responder que ele estava sonhando alto, mas Daphne deu um passo à frente, inte
Todos ficaram boquiabertos ao ver o rosto de Isadora. O mais surpreendente era que Isadora, com sua aparência e corpo medianos, nem chegava perto de competir com a elegância e o charme bem preservado de Valentina. O que o marido de Valentina tinha na cabeça para se envolver com ela? Enrolada na roupa que usava para se cobrir, Isadora começou a chorar e a falar entre soluços: — Directora Valentina, eu... Eu fui vítima de uma armadilha! Foi a Florence quem me chamou para a sala de descanso número 6! Assim que entrei, comecei a sentir um calor estranho e, depois disso, não me lembro de mais nada! Os presentes adotaram imediatamente uma expressão de curiosidade, como se estivessem assistindo a um drama ao vivo. A história estava prestes a dar uma reviravolta? Valentina franziu o cenho e olhou para Florence. — O que está acontecendo? Florence balançou a cabeça, claramente confusa. — Directora Valentina, eu realmente não sei por que Isadora está dizendo isso. Mesmo que eu qui
Daphne era, para Rosana, o atalho mais rápido para se aproximar da alta sociedade. Sacrificar Daphne por alguém como Isadora não valia a pena. Por isso, Rosana certamente usaria o plano como moeda de troca, entregando-o a Daphne. Com Daphne ao seu lado, as duas poderiam colaborar e, não importando o que acontecesse, sempre encontrariam uma maneira de sair ilesas. Infelizmente, Isadora percebeu isso tarde demais. Ela olhou para Florence com ressentimento estampado no rosto. — Foi você quem trocou os números das salas. Como tinha tanta certeza de que eu viria? — Você é muito confiante. Desde que colocou aquela foto com o marido da Valentina no lugar de maior destaque da sua mesa, eu soube que você viria aqui para admirar o resultado do seu plano. — Florence explicou com tranquilidade. — Eu perdi. Mas não pense que você ganhou. — Isadora respondeu com raiva, cerrando os dentes. Afinal, ainda havia Daphne e Rosana como obstáculos no caminho de Florence. Florence caminhou até
No carro, Lucian e Daphne haviam acabado de se acomodar quando o motorista, usando luvas brancas, virou-se para Lucian com uma expressão um tanto desconfortável. — Senhor, se não vamos para a empresa, vou seguir pela Avenida Liroa. — Hmm. — Lucian respondeu com um som breve, mantendo os olhos fechados e a postura relaxada. Daphne, ao notar que o motorista não era o habitual, ficou curiosa e perguntou: — Por que mudaram o motorista? Ele nem conhece bem o caminho. Lucian, sem abrir os olhos, respondeu com a voz fria: — Caminho se aprende. Já quem não sabe a diferença entre um empregado e seu patrão, não tem por que continuar trabalhando. O rosto de Daphne congelou por um instante, e suas unhas recém-feitas afundaram no couro do assento. Ainda assim, ela manteve um sorriso impecável no rosto. — Sim. Depois disso, nenhum dos dois disse mais nada. Quando chegaram à casa de Daphne, ela nem sequer tentou reter Lucian. Disse um “até logo” apressado e praticamente correu par
— Você... Você está com inveja de mim! Nem sequer consegue segurar um homem! — Isadora gritou, jogando a caixa que carregava no chão. — Hmpf. — Valentina soltou uma risada fria e virou-se para ir embora, sem sequer se dar ao trabalho de responder a algo tão ridículo. — O que você quer dizer com isso? Me diz agora! — Isadora avançou em direção a Valentina, mas a assistente Bella rapidamente entrou em seu caminho, impedindo-a. Bella chamou pelos seguranças: — Podem levar essa pessoa para fora. Ah, e não esqueçam do lixo dela. Isadora foi literalmente arrastada para fora, junto com suas coisas. Florence observou a cena sem qualquer emoção. Tudo aquilo era apenas o resultado das próprias ações de Isadora, nada mais. Enquanto ela voltava sua atenção ao trabalho, seus olhos captaram algo estranho: Daphne, sentada do outro lado, parecia estar passando mal, com a mão cobrindo a boca. Em seguida, aproveitou um momento de distração dos colegas e saiu rapidamente de sua mesa. Flor
Mas o problema mesmo foi que Florence viu uma silhueta familiar bem à sua frente.Daphne, mesmo estando bem agasalhada, tinha uma postura inconfundível. Aquela silhueta atravessava as memórias de Florence, do passado ao presente. Como ela poderia esquecer? Mas o que Daphne estaria fazendo no ginecologista? — Flor, o que foi? — Melissa, que estava à frente, chamou sua atenção. — Nada, tô indo. — Florence respondeu rapidamente e apressou o passo para alcançá-la. Quando olhou para trás novamente, Daphne já havia desaparecido. Melissa segurou seu braço e apontou para a escada logo adiante. — É só subir por aqui. Florence balançou a cabeça, distraída, e seguiu Melissa escadas acima. Enquanto caminhava, ela pensou se Daphne não estaria apenas cortando caminho pelo corredor do ginecologista para facilitar. No andar de cima, Florence ajudou Melissa a se acomodar para a consulta. O especialista daquela clínica era amigo de Melissa, e ela confiava muito nele. Mesmo com a demora, Me
— Ah? Eu... — Florence ficou atônita por um momento antes de perceber que o médico a havia confundido com outra pessoa. — Você está com um pequeno sangramento por causa da gravidez precoce. Precisa descansar mais, evitar esforço físico e prestar atenção na alimentação. — Disse o médico, com um tom direto. — Não, doutor, eu... — Florence tentou explicar. — Próximo! — O médico interrompeu, assinando rapidamente o prontuário e chamando a próxima paciente. Antes que Florence pudesse insistir, outra mulher já havia entrado na sala. Sem ver necessidade de continuar ali, Florence saiu apressada. Ao se virar, ela deu de cara com alguém e acabou esbarrando com força no corpo de outra pessoa. — Desculpa. — Ela murmurou, abaixando a cabeça. Quando tentou sair, sentiu o pulso ser agarrado com força. — Você mentiu pra mim? Está grávida. — Disse uma voz que costumava ser sempre calma, mas que agora transbordava raiva. Florence ergueu os olhos e, para sua surpresa, viu que era Lucia