O ar dentro da sala de reuniões era pesado, como se até as paredes estivessem cientes da tensão. Meus passos soavam altos sobre o chão de mármore enquanto eu caminhava, mantendo a postura impecável, como uma mulher que não se intimida facilmente.Savannah Harper, consultora de grandes empresas. Uma mulher que sabia exatamente como fazer negócios e, mais importante, como lidar com homens como ele. Homens que acreditavam que o mundo se curvava diante do seu poder.Thomas Montserrat, CEO da Montserrat Enterprises, herdeiro de um império bilionário. Ele não era apenas um homem de negócios. Ele era um ícone. E por mais que eu tivesse ouvido falar dele, nada me preparou para encontrá-lo frente a frente.Ele estava parado ao lado da janela panorâmica, observando a cidade com a frieza de alguém que a possui.Quando ele se virou e nossos olhares se encontraram, o impacto foi imediato. Aquele olhar penetrante, desnudava tudo sem dizer uma palavra. Ele me analisava como se fosse uma equação que
A porta do escritório se fechou com um leve estalo, mas a sensação de estar presa naquele lugar, sob a mesma cobertura que Thomas Montserrat, me seguiu até o corredor. Eu poderia sentir o peso do seu olhar, mesmo quando ele não estava mais tão perto. Naquele momento, ele já era uma presença que eu não conseguiria ignorar.Respirei fundo, tentando afastar a sensação de estar completamente absorvida pela sua aura, pela maneira como ele me desafiava a cada vez que fala, com cada gesto. Não era apenas o poder dele que me afetava. Era algo mais profundo. Quando passei pela porta do prédio e saí para a rua, as ruas movimentadas da cidade pareciam mais tranquilas, como se o mundo tivesse recuado por um momento, me dando espaço para respirar. Mas minha mente estava longe da calma da cidade. Eu nunca tinha odiado alguém da maneira como odiava Thomas. Não era um ódio visceral, mas algo mais sutil, uma amargura que crescia a cada momento que ele estava ao meu redor. Algo que eu cultivava há te
A reunião terminou com uma sensação no ar de que nada tinha sido resolvido, mas tudo tinha sido observado. Eu sentia os olhares dos diretores e acionistas fixados em mim enquanto saía da sala. Alguns pareciam satisfeitos com as explicações, outros, menos confiantes. A verdade é que todos estavam mais preocupados com o futuro da empresa do que com as minhas palavras, mas eu sabia que o único que realmente importava era Thomas Montserrat.Ele estava ali, no centro de tudo, mas agora não era mais o centro da minha atenção. Eu estava conversando com Richard Sanders, um dos diretores mais experientes da empresa, que tinha sido um dos poucos dispostos a ouvir minhas ideias com mais atenção. Ele parecia genuinamente interessado nas soluções que eu estava propondo.— Não é fácil, Savannah. Eu sei que ele tem um jeito... peculiar de lidar com as coisas, mas você parece ter a abordagem certa para salvar isso tudo. — Richard falou, com a voz baixa, como se temesse ser ouvido.Eu sorri levemente,
O dia tinha sido longo. Exaustivo. Estressante. E, ao mesmo tempo, estranhamente satisfatório. Enquanto dirigia de volta para casa, as palavras de Thomas ainda ecoavam na minha mente. Você me odeia? Ele não fazia ideia do que realmente se passava, do peso daquela pergunta.Ódio? Talvez fosse exagero. Mas desprezo? Isso, sim, eu sentia.Estacionei na garagem e soltei um suspiro pesado antes de sair do carro. Minha cabeça ainda fervilhava, tanto pelas estratégias que eu precisaria traçar para salvar a Montserrat Enterprises quanto pela promessa silenciosa que eu havia feito a mim mesma.Mas, assim que abri a porta de casa, meu foco desviou completamente ao ver uma mala largada na sala e uma silhueta familiar parada na cozinha, segurando uma taça de vinho.— Você voltou! — Falei surpresa, fechando a porta atrás de mim.Isabelle virou-se para mim com um sorriso cansado.— Voltei. — Ela ergueu a taça como se brindasse. — Surpresa?— Claro que sim! Você disse que ficaria fora mais tempo!—
O peso da conversa ainda pairava sobre nós quando Isabelle mudou de assunto. Ou, pelo menos, tentou.— E o Adam? — Ela perguntou de repente, cruzando os braços e me olhando com interesse.Franzi o cenho.— O que tem ele?— Você não falou mais nada sobre ele. Achei que as coisas estavam indo bem.Soltei uma risada curta e sem humor, girando a taça de vinho entre os dedos.— Se ‘indo bem’ significa que ele quer algo sério e eu estou fazendo de tudo para fugir disso, então sim, está ótimo.Isabelle suspirou, como se já esperasse essa resposta.— Savannah…— Não começa. — Alertei antes que ela pudesse soltar um daqueles discursos sobre como eu deveria me permitir sentir algo.— Mas por quê? — Ela insistiu. — O Adam parece ser um cara incrível. Bonito, bem-sucedido, paciente… E, pelo que você disse, gosta mesmo de você.Eu sabia disso.Adam Carter era um cara bom. Bom demais para mim. Ele estava sempre presente, sempre tentando me entender, me dando espaço quando eu parecia precisar, mas n
O salão de reuniões estava iluminado pela luz fria dos lustres de cristal. Sentada à mesa, de frente para um grupo de diretores e acionistas, eu mantinha a postura impecável, os ombros retos, as mãos cruzadas sobre os documentos que eu mesma havia preparado.À minha frente, Thomas Montserrat se reclinava em sua cadeira de couro preto, a expressão de quem estava prestes a se divertir às minhas custas.Maldito.— Então, senhorita Harper… — Ele começou, com aquela entonação casualmente arrogante que fazia meu sangue ferver. — Deixe-me ver se entendi. Acredita que pode salvar a minha empresa?Cruzei as pernas e inclinei levemente a cabeça para o lado, sustentando seu olhar com firmeza.— Se não acreditasse, não estaria aqui.A sombra de um sorriso brincou no canto de sua boca.— Interessante. Porque eu ainda não estou convencido.Revirei os olhos, recostando-me na cadeira.— E desde quando a sua opinião importa?Houve um breve silêncio na sala, enquanto os diretores e acionistas trocavam
Assim que estacionei o carro em frente ao prédio onde morava, soltei um longo suspiro e fechei os olhos por um momento, tentando dissipar a tensão que ainda vibrava em meu corpo. Eu odiava essa sensação, de estar… dividida.Saí do carro e subi rapidamente até o meu apartamento, torcendo para que Isabelle já estivesse no quarto ou ocupada com outra coisa. Eu simplesmente não estava pronta para suas perguntas afiadas sobre Thomas Montserrat. Ela me conhecia bem demais. E eu… bem, eu ainda não tinha respostas para as perguntas que ela certamente faria.Fechei a porta do quarto atrás de mim e me encostei nela, soltando a respiração que nem percebi que estava prendendo. Então, aquilo aconteceu.O instante em que Thomas me ajudou a recolher os papéis. A forma como seus dedos roçaram nos meus quando me entregou os documentos. A maneira como sua presença era sufocante, intensa a ponto de fazer minha pele formigar, de uma forma irritantemente involuntária. Eu odiava isso."Ele está jogando com
O primeiro passo para salvar a Montserrat Enterprises era simples: cortar os excessos e recuperar a liquidez. A empresa estava sangrando dinheiro. Os números eram uma bagunça, e os gastos desnecessários eram tão evidentes que até uma criança de dez anos conseguiria enxergá-los.Cancelei contratos inúteis.Revisitei fornecedores.Realinhei investimentos.Em menos de duas semanas, a estrutura financeira da empresa já estava visivelmente mais sólida. E, claro, Thomas Montserrat odiava isso. Ele não gostava de ser contrariado, menos ainda de ser ignorado. E eu estava ignorando. Fazia questão de agir como se ele fosse só mais um CEO desesperado tentando provar que ainda tinha as rédeas da própria empresa.Mas a verdade era uma só: se eu não estivesse ali, ele já teria perdido tudo. E o engraçado? Mesmo com o pai dele no encalço, cobrando resultado, ele ainda tentava atrapalhar.✧ » ◇ « ✧ » ✦ « ✧ » ◇ « ✧— Você cortou o contrato com a Luxor Tech sem me consultar.A voz de Thomas soou atrás