Depois das barracas de alimento, Tristan continuou marchando pelo mercado como um rei em seu domínio. Helena o seguiu, ainda atônita com a quantidade de coisas que ele estava pegando para ela.Eles passaram por uma barraca de ervas e temperos. Pequenos feixes de alecrim, tomilho e sálvia estavam pendurados ao lado de potes de barro cheios de pimenta, cravo e canela. Ela sentiu o coração aquecer. Fazia tanto tempo que não cozinhava com algo além de sal e alho-poró.— Pegue o que precisar, mulher — Tristan ordenou.Helena piscou, surpresa, mas não discutiu. Escolheu ervas secas e frescas, um punhado de pimenta e um pequeno frasco de óleo de noz.A próxima parada foi em uma barraca de gr
Tristan empilhou os sacos de grãos, os fardos de palha e as caixas de suprimentos na carroça, os músculos contraídos sob o peso da carga. O jovem contratado para levar tudo até a cabana observava com olhos arregalados, claramente intimidado pela presença do guerreiro.Quando a carroça estava cheia, Tristan voltou-se para o rapaz, segurando-o pelo colarinho com uma facilidade assustadora.— Escute bem, moleque — sua voz era baixa, mas carregada de ameaça. — Você vai levar isso até a cabana sem reclamar, sem bisbilhotar e, principalmente, sem abrir a boca sobre o que viu aqui hoje.O rapaz engoliu em seco, assentindo freneticamente.— S-Sim, senhor! A noite já havia caído quando Tristan entrou na cabana, sacudindo o frio do lado de fora. O cheiro de ervas secas e pão recém-assado preenchia o ar, e ele encontrou Helena de costas para ele, organizando os mantimentos que haviam comprado.Ela havia trabalhado sem parar, ajeitando cada saco de grãos, cada pedaço de carne salgada e cada garrafa de mel na cozinha improvisada. Agora, com mais suprimentos do que jamais teve, seu pequeno espaço parecia abarrotado, mas de uma forma que trazia conforto.Tristan se encostou no batente da porta, observando-a por um instante antes de pigarrear.— Amanhã começamos os currais.Helena virou-se, limpando as mãos no avental, e piscou algumas vezes, como se prec4.5
Duas luas haviam se passado.Helena observava ao redor, ainda sentindo um aperto no peito. Tanta coisa havia mudado. Sua cabana simples, antes pequena e frágil, agora era uma casa de verdade. Mas o que mais a assustava não era a transformação das paredes de madeira ou dos currais bem-feitos — era o fato de que, durante semanas, aquele lugar estivera cheio de homens que ela não conhecia.Pedreiros, ferreiros, carpinteiros… Tristan havia trazido todos eles, dando ordens, coordenando cada detalhe da construção como se fosse um comandante em uma batalha. No início, ela se encolhia dentro da casa, desconfortável com tantos olhares desconhecidos. Não gostava de ser observada, não gostava da lembrança do vilarejo e de como sempre foi tratada. Mas Tristan esteve lá o
Tristan soltou um suspiro exagerado, como se estivesse lidando com uma criança teimosa. Sem qualquer hesitação, levou as mãos às fivelas do cinto e puxou as calças para baixo, revelando as pernas musculosas.Helena arregalou os olhos, virando-se rápido para o outro lado. O calor em seu rosto aumentou, e ela segurou ainda mais forte o tecido de seu vestido contra o corpo, como se aquilo fosse impedir que a vergonha a dominasse.— Para com isso! — exclamou, sem ousar encarar a cena atrás de si.Tristan riu baixo, o som profundo e divertido.— Pare de drama, bruxa. Já me viu sem camisa tantas vezes, o que tem demais?Helena sentiu a boca se abrir pa
Helena sentiu o toque firme de Tristan quando ele a segurou pela cintura, puxando-a para perto. O choque de seus corpos fez um arrepio percorrer sua espinha, e ela ofegou quando seu peito se chocou contra o dele. A respiração quente dele roçou sua pele, e um rosnado baixo escapou de sua garganta, como se nem ele esperasse aquela proximidade repentina.— Você não para quieta nem debaixo d’água, bruxa — murmurou Tristan, a voz rouca e baixa.O coração de Helena martelava. Ela podia sentir cada músculo tenso do guerreiro contra seu corpo, o calor dele contrastando com a frieza do lago. Seu primeiro instinto foi empurrá-lo, mas ele ainda segurava firme sua cintura, seus dedos apertando sua pele de um jeito que a fez estremecer.— Me solte! — exigiu, mas sua voz saiu menos firme do que gostaria.Tristan ergueu a sobrancelha, um pequeno sorriso surgindo nos lábios.— Está com medo de quê? O rosto dela queimou. Helena tentava ignorar o olhar intenso dele sobre si, mas era impossível quando
O vento frio da noite sibilava lá fora, fazendo a madeira recém-reforçada da casa estalar levemente. Dentro, porém, o calor da lareira tornava o ambiente acolhedor. As chamas lançavam sombras dançantes pelas paredes de madeira, criando um contraste aconchegante contra a escuridão do lado de fora.Helena estava sentada sobre uma pele macia próxima ao fogo, envolvendo-se com uma manta grossa. Entre as mãos, segurava uma caneca de chá fumegante, deixando o calor aquecer seus dedos.Tristan estava ao lado, sentado em um banco rústico, com uma postura relaxada. Usava uma túnica simples, mas mesmo assim parecia um guerreiro pronto para a batalha. Os olhos dele estavam fixos nas chamas, perdidos em pensamentos.O silêncio entre eles n
Tristan ficou em silêncio por um longo tempo. O fogo da lareira crepitava, lançando sombras dançantes pelas paredes de madeira. O calor de Helena ainda pressionado contra ele, sua respiração leve, e o cheiro suave de ervas que sempre parecia envolvê-la.Sem perceber, seus dedos começaram a deslizar pelo braço dela, num gesto quase inconsciente. Os movimentos eram lentos, desenhando círculos suaves na pele dela. Era raro vê-la tão quieta, tão entregue ao momento.— Por que te odeiam tanto? — a pergunta escapou dele antes que pudesse pensar melhor.Helena se encolheu um pouco, seu corpo endurecendo por um instante. Não respondeu de imediato. Tristan não insistiu, apenas continuou traçando círculos e