Simão não respondeu, sentindo de repente uma agitação em seu peito, uma sensação de desconforto que o consumia por dentro.No dia anterior, seu cachorro tinha o incriminada, fazendo com que um estranho o xingasse por engano.Hoje, no meio da noite, ele estava sendo perseguido na Cidade A para que jogassem tinta nele. Em um instante, Simão começou a se perguntar se devia alguma coisa a aquela mulher de alguma vida passada.Clara olhou para o rosto frio e autoritário do homem e percebeu que tudo não era fruto de sua imaginação.Ela sabia que tinha causado um problema e só podia tentar consertá-lo. Ela apressadamente disse: - Presidente Simão, você tem roupas reserva? Você pode trocar esta camisa e eu vou lavá-la para você.Simão olhou para a paleta de tintas que ela segurava e se virou, caminhando alguns passos para longe.Clara ficou parada onde estava, sentindo-se bastante arrependida. Por que parecia que toda vez que algo assim acontecia, ela acabava encontrando ele?Simão notou q
O quarto estava incrivelmente silencioso.Simão levou a mão à têmpora instantaneamente e a contemplou.Clara concluiu sua fala e, percebendo que estavam sozinhos no quarto eque poderia dar margem a pensamentos impróprios, riu timidamente. - Eu estava apenas falando sem pensar.Simão a encarou, realmente curioso se ela agia da mesma forma com outros homens quando estava fora de casa. Ele se questionou se o marido dela estava ciente disso.Ele abaixou o olhar e adotou um tom mais ríspido. - Por favor, saia.Clara pensou que talvez ele apenas evitasse interações com pessoas do sexo oposto, protegendo a honra da senhorita da Família Silva.- Desculpe, Presidente Simão. Eu não quis dizer nada demais. Tenha uma boa noite.Ela não tinha segundas intenções, apenas viu seu cliente embriagado e quis oferecer ajuda para ganhar sua estima.Até agora, Simão não havia respondido nem dado qualquer indicação sobre o projeto em que ela estava trabalhando. Embora confiasse em seu próprio trabalho, a
A cena daquela noite voltou à mente dele.Ele recordou-se de duas covinhas nas costas dela, logo acima das vértebras e nas laterais da coluna lombar. Na arte, essas covinhas eram conhecidas como "os olhares sensuais do corpo humano".Com ela de costas, sua figura era graciosamente esculpida, com uma suave curva que o transportou de volta àquela noite em que a segurou pela cintura, fazendo-a se contorcer.Os cílios de Simão tremeram levemente e sua garganta se contraiu.A atmosfera começou a se encher de uma sutil ambiguidade. Clara segurava o pincel, sentindo seu corpo aquecer um pouco.Ela ouviu passos se aproximando e uma onda de calor emanou de trás dela. Ela ficou instantaneamente tensa, mas Simão apenas passou por seu lado, inclinando-se para pegar outro pincel.Por um breve momento, o peito dele tocou suas costas, um toque fugaz, mas a temperatura parecia penetrar suas roupas e tocar sua pele.Clara permaneceu imóvel, sem ousar se mover. Ela observou Simão mergulhar o pincel
Clara dormiu até o meio-dia direto, acordando com uma terrível dor de cabeça. Seu celular estava vibrando incessantemente e ela rapidamente atendeu.Era sua tia Lorena, com um tom de urgência em sua voz.- Clarinha, liguei para você várias vezes e você não atendeu. Alguma coisa aconteceu? Estava pensando em pedir para seu tio ir te procurar.Clara olhou para as cinco chamadas não atendidas e entendeu por que estavam preocupados.- Está tudo bem, tia. Eu simplesmente dormi até tarde porque fiquei acordada até tarde ontem à noite e não ouvi o telefone.Lorena suspirou de alívio. - Você vai ao túmulo da sua mãe hoje?- Sim, já acordei e estou me arrumando. Vou comprar algumas oferendas em breve.- Seu tio já comprou as oferendas. Eu pedi para ele esperar do lado de fora de onde você mora. Quando você sair, pode encontrá-lo lá e ele te levará.Clara desligou o telefone e, em menos de cinco minutos, estava pronta. Ela saiu e se encontrou com Celso.Celso entregou as oferendas que tinha c
Quando Simão ouviu aquela voz, franzir as sobrancelhas foi inevitável. Ele ergueu os olhos de um monte de documentos e viu Clara do lado de fora do carro, com um sorriso radiante.A paisagem da Cidade A era deslumbrante. Naquele momento, ela revelou metade do rosto, e seus olhos pareciam refletir o esplendor da luz solar lá fora.A pressão que ele estava exercendo sobre os documentos aumentou involuntariamente.“Por que sempre a encontro em todos os lugares?” Simão pensou.No entanto, Clara não percebeu a estranheza momentânea dele e bateu no vidro. - Presidente Simão, posso entrar?Simão baixou os olhos e falou calmamente: - Claro, entre.Clara abriu a porta do carro e entrou.O sol lá fora estava escaldante, era hora do almoço. No momento em que ela abriu a porta, uma onda de calor invadiu o carro, junto com o leve aroma que emanava dela.Celso, que estava atrás, relaxou ao ver Clara entrar no carro e seguiu no veículo de trás.Não demorou muito para eles avistarem uma BMW na fr
Renata franziu a testa, sem alternativa.Paulo, que dirigia na frente, não conseguiu mais se conter e interveio.- Celso, suas pernas não estão bem. Ainda temos mais de duas horas de viagem pela frente. Até quando você pretende andar? O amigo de Renata não tem uma moto? Renata pode pegar uma carona.Mal ele terminou de falar, Renata o contrapôs:- O sol está muito forte, minha pele não aguenta tanto sol. Eu não quero andar de moto. Além disso, meu amigo não gosta de ficar apertado. Por isso, o deixei voltar primeiro. Meu pai está bem de saúde, mais um pouco de caminhada fará bem a ele. Sr. Paulo, por favor, continue dirigindo.Paulo estava muito irritado, mas ao ver que Celso já havia saído do carro, não podia mais argumentar.Celso desceu do carro, o sol escaldante lá fora o deixou tonto, e ele não queria mais incomodar ninguém para buscá-lo, então decidiu voltar a pé.De volta à Vila Royal, Clara desceu do carro e esperou um pouco até que o carro de trás também chegasse.Vários líder
Renata tinha uma voz alta e não mostrava nenhum sinal de contenção.Simão apenas parou por um momento, com uma expressão indescritível nos olhos, revelando um toque de sarcasmo.Ele se lembrou do que Clara havia dito sobre seu relacionamento com o marido.Aparentemente, seu casamento não era feliz.Mas se o casamento não era feliz, poderia ser encerrado, então por que eles não planejavam se divorciar? O que isso poderia significar?Seria por que ela realmente amava aquele homem?Clara, olhando para Renata, que estava irracional, sentiu-se irritada e imediatamente pegou o celular e ligou para Celso.No entanto, não houve resposta do outro lado e ela ficou instantaneamente preocupada.Com a temperatura externa de trinta e seis graus, Celso estava sozinho na rua, mesmo se desmaiasse por insolação, ninguém saberia.- Renata, venha comigo buscar o tio. – Disse Clara.Renata revirou os olhos e disse: - Eu não vou, a menos que você me dê cem mil.Clara até pensou que estava ouvindo coisas, c
Celso estava se sentindo debilitado pelo calor. Clara não podia discutir com um paciente doente, então apenas assentiu com a cabeça:- Tio, entendi.Celso sorriu e sentiu-se extremamente culpado. - Desta vez, sua tia fez salsichas, traga algumas para casa. Ela também preparou conservas de rabanete, lembro que você adorava quando estava estudando. – Disse Celso.- Está bem. – Respondeu ela.Clara parou de falar e levou Celso para o hospital de carro.Durante o trajeto, Lorena, a tia, ligou perguntando por que eles ainda não tinham voltado.- Tio teve uma insolação, eu o trouxe para o hospital. Provavelmente só poderemos voltar mais tarde. – Disse Clara.Lorena ficou imediatamente preocupada:- Em qual hospital? Estou indo para aí agora mesmo.Clara mencionou o nome do hospital antes de desligar o telefone e, em seguida, outra pessoa ligou:- Olá, Srta. Clara, o apartamento que você colocou à venda já foi vendido, mas eles precisam que você vá pessoalmente assinar o contrato. Você tem