A cena daquela noite voltou à mente dele.Ele recordou-se de duas covinhas nas costas dela, logo acima das vértebras e nas laterais da coluna lombar. Na arte, essas covinhas eram conhecidas como "os olhares sensuais do corpo humano".Com ela de costas, sua figura era graciosamente esculpida, com uma suave curva que o transportou de volta àquela noite em que a segurou pela cintura, fazendo-a se contorcer.Os cílios de Simão tremeram levemente e sua garganta se contraiu.A atmosfera começou a se encher de uma sutil ambiguidade. Clara segurava o pincel, sentindo seu corpo aquecer um pouco.Ela ouviu passos se aproximando e uma onda de calor emanou de trás dela. Ela ficou instantaneamente tensa, mas Simão apenas passou por seu lado, inclinando-se para pegar outro pincel.Por um breve momento, o peito dele tocou suas costas, um toque fugaz, mas a temperatura parecia penetrar suas roupas e tocar sua pele.Clara permaneceu imóvel, sem ousar se mover. Ela observou Simão mergulhar o pincel
Clara dormiu até o meio-dia direto, acordando com uma terrível dor de cabeça. Seu celular estava vibrando incessantemente e ela rapidamente atendeu.Era sua tia Lorena, com um tom de urgência em sua voz.- Clarinha, liguei para você várias vezes e você não atendeu. Alguma coisa aconteceu? Estava pensando em pedir para seu tio ir te procurar.Clara olhou para as cinco chamadas não atendidas e entendeu por que estavam preocupados.- Está tudo bem, tia. Eu simplesmente dormi até tarde porque fiquei acordada até tarde ontem à noite e não ouvi o telefone.Lorena suspirou de alívio. - Você vai ao túmulo da sua mãe hoje?- Sim, já acordei e estou me arrumando. Vou comprar algumas oferendas em breve.- Seu tio já comprou as oferendas. Eu pedi para ele esperar do lado de fora de onde você mora. Quando você sair, pode encontrá-lo lá e ele te levará.Clara desligou o telefone e, em menos de cinco minutos, estava pronta. Ela saiu e se encontrou com Celso.Celso entregou as oferendas que tinha c
Quando Simão ouviu aquela voz, franzir as sobrancelhas foi inevitável. Ele ergueu os olhos de um monte de documentos e viu Clara do lado de fora do carro, com um sorriso radiante.A paisagem da Cidade A era deslumbrante. Naquele momento, ela revelou metade do rosto, e seus olhos pareciam refletir o esplendor da luz solar lá fora.A pressão que ele estava exercendo sobre os documentos aumentou involuntariamente.“Por que sempre a encontro em todos os lugares?” Simão pensou.No entanto, Clara não percebeu a estranheza momentânea dele e bateu no vidro. - Presidente Simão, posso entrar?Simão baixou os olhos e falou calmamente: - Claro, entre.Clara abriu a porta do carro e entrou.O sol lá fora estava escaldante, era hora do almoço. No momento em que ela abriu a porta, uma onda de calor invadiu o carro, junto com o leve aroma que emanava dela.Celso, que estava atrás, relaxou ao ver Clara entrar no carro e seguiu no veículo de trás.Não demorou muito para eles avistarem uma BMW na fr
Renata franziu a testa, sem alternativa.Paulo, que dirigia na frente, não conseguiu mais se conter e interveio.- Celso, suas pernas não estão bem. Ainda temos mais de duas horas de viagem pela frente. Até quando você pretende andar? O amigo de Renata não tem uma moto? Renata pode pegar uma carona.Mal ele terminou de falar, Renata o contrapôs:- O sol está muito forte, minha pele não aguenta tanto sol. Eu não quero andar de moto. Além disso, meu amigo não gosta de ficar apertado. Por isso, o deixei voltar primeiro. Meu pai está bem de saúde, mais um pouco de caminhada fará bem a ele. Sr. Paulo, por favor, continue dirigindo.Paulo estava muito irritado, mas ao ver que Celso já havia saído do carro, não podia mais argumentar.Celso desceu do carro, o sol escaldante lá fora o deixou tonto, e ele não queria mais incomodar ninguém para buscá-lo, então decidiu voltar a pé.De volta à Vila Royal, Clara desceu do carro e esperou um pouco até que o carro de trás também chegasse.Vários líder
Renata tinha uma voz alta e não mostrava nenhum sinal de contenção.Simão apenas parou por um momento, com uma expressão indescritível nos olhos, revelando um toque de sarcasmo.Ele se lembrou do que Clara havia dito sobre seu relacionamento com o marido.Aparentemente, seu casamento não era feliz.Mas se o casamento não era feliz, poderia ser encerrado, então por que eles não planejavam se divorciar? O que isso poderia significar?Seria por que ela realmente amava aquele homem?Clara, olhando para Renata, que estava irracional, sentiu-se irritada e imediatamente pegou o celular e ligou para Celso.No entanto, não houve resposta do outro lado e ela ficou instantaneamente preocupada.Com a temperatura externa de trinta e seis graus, Celso estava sozinho na rua, mesmo se desmaiasse por insolação, ninguém saberia.- Renata, venha comigo buscar o tio. – Disse Clara.Renata revirou os olhos e disse: - Eu não vou, a menos que você me dê cem mil.Clara até pensou que estava ouvindo coisas, c
Celso estava se sentindo debilitado pelo calor. Clara não podia discutir com um paciente doente, então apenas assentiu com a cabeça:- Tio, entendi.Celso sorriu e sentiu-se extremamente culpado. - Desta vez, sua tia fez salsichas, traga algumas para casa. Ela também preparou conservas de rabanete, lembro que você adorava quando estava estudando. – Disse Celso.- Está bem. – Respondeu ela.Clara parou de falar e levou Celso para o hospital de carro.Durante o trajeto, Lorena, a tia, ligou perguntando por que eles ainda não tinham voltado.- Tio teve uma insolação, eu o trouxe para o hospital. Provavelmente só poderemos voltar mais tarde. – Disse Clara.Lorena ficou imediatamente preocupada:- Em qual hospital? Estou indo para aí agora mesmo.Clara mencionou o nome do hospital antes de desligar o telefone e, em seguida, outra pessoa ligou:- Olá, Srta. Clara, o apartamento que você colocou à venda já foi vendido, mas eles precisam que você vá pessoalmente assinar o contrato. Você tem
O coração dele de repente amoleceu sem motivo, desviando o olhar:- Entre.Clara, com medo de que ele mudasse de ideia, entrou no quarto dele.Dentro do quarto havia uma mesa a mais, com um computador ligado e uma pilha de arquivos sendo analisados.Simão parecia sempre ocupado, mesmo quando estava viajando, ele sempre carregava vários documentos consigo.Naquele momento, Clara percebeu que ele poderia ter sido escolhido como herdeiro não apenas por seu talento, mas também por seu esforço.Não era qualquer pessoa que nascia com a capacidade de realizar aquele trabalho e assumir tanta responsabilidade.Ela conscientemente evitou se aproximar da mesa com o computador e escolheu uma cadeira aleatória para sentar.Simão foi até a mesa, abriu os arquivos e pegou uma caneta para continuar revisando.Enquanto trabalhava, ele parecia ainda mais frio e distante, emitindo uma aura de "não perturbe".Clara olhou para sua figura iluminada pelas costas, como se milhares de raios de luz passassem po
As palavras ainda não haviam sido completamente ditas quando Rodrigo entrou pela porta e se aproximou respeitosamente de Simão, dizendo: - Presidente, a família Silva ligou, eles querem jantar com você.Um sorriso de escárnio cruzou os olhos de Simão. “Jantar?”Provavelmente, eles ouviram a notícia de que o velho estava voltando e achavam que poderiam se aproximar completamente dele, não é?Ele estava extremamente cansado daquela família.- Recuse em meu nome. - Ele ordenou a Rodrigo.Rodrigo assentiu respeitosamente, mas antes de sair, fez uma pergunta:- O Sr. Lucas disse que a Srta. Clara está ansiosa para conhecê-lo e até preparou alguns pratos especiais.Clara, a protagonista, estava sentada em frente a Simão e, ao ouvir essas palavras, apertou a colher com força, sentindo a urgência de seu pai em usar sua filha para conquistar a simpatia de Simão.Uma expressão de desapontamento e escárnio passou pelos olhos dela.Lamentavelmente, seu pai fez tanto esforço, que daquela forma, Si