O fogo dentro do quarto já havia sido extinto. Clara estava encolhida no canto, com as cordas desatadas e o objeto em sua boca removido.Momentos antes, uma labareda quase a atingiu, mas ela foi arrastada para longe a tempo.Quando a sacola foi removida de sua cabeça, ela viu a faxineira, que deveria estar na empresa.- Srta. Clara, você está bem?A faxineira parecia genuinamente preocupada, seu rosto magro e amarelado estava marcado pela ansiedade.Clara sentiu que conhecia aquela pessoa, mas, ao ouvir a voz de Lucas, a mulher se assustou e correu.Lucas viu Clara sozinha, encolhida no canto, sem ferimentos, mas com as roupas sujas e o cabelo coberto de poeira.O cheiro pungente de fumaça e queimado ainda pairava no ar.Lucas, com um gosto metálico na boca, deu ordens a seus homens:- Vão... Ajudem ela a se levantar.Dois seguranças se aproximaram rapidamente, mas Clara se levantou sozinha.Ela percebeu que Lucas estava se esforçando demais.Ela mal o chamou e Lucas cuspiu sangue, ca
- Srta. Clara, não fique triste. - O guarda-costas, pensando que Clara não havia respondido porque estava abalada pelas palavras de Simão, falou com delicadeza.Clara suspirou profundamente.- Meu pai quer voltar para casa. Vamos esperar que ele acorde e então retornaremos. Por favor, cuidem bem dele e não permitam que ninguém o perturbe, especialmente os avós.- Entendido, senhorita. - Respondeu o guarda-costas, demonstrando respeito. Desde a prisão de Ximena, Clara assumiu o comando do Grupo Silva.Agora, com a posse de ações, ela se tornou a legítima herdeira da empresa.Após dar mais algumas orientações, Clara pediu ao motorista que a levasse de volta para casa. Eram duas da madrugada. Chegando ao Condomínio Golden, ela se observou no espelho. Seu rosto estava sujo e seu cabelo, repleto de cinzas da palha queimada que voava pelo ar. O terno, guardado em uma bolsa durante todo o tempo, também estava imundo. Após um banho demorado, vestiu o pijama, se sentindo exausta, e adormec
- Há quanto tempo você trabalha aqui?- Dois anos.Portanto, ela já conhecia a existência da família de Lucas na mansão e sabia que eles possuíam uma empresa na Cidade C, mesmo antes de Bryan e Rita. Ela permaneceu em silêncio durante todo esse tempo.Foi ela quem avisou Lucas na noite anterior.Clara também notou que a pele sob a manga da mulher estava arroxeada, um sinal de que a violência doméstica por parte de Bryan persistia, mesmo agora.Jaqueline, percebendo que Clara não tinha mais o que dizer, subitamente se ajoelhou.- Presidente Clara, por favor, não me demita.Clara ficou surpresa e rapidamente a ajudou a se levantar:- O que você está fazendo?Jaqueline baixou a cabeça:- Eu sei que você não tem muita simpatia pela nossa família...Clara não respondeu, pois sua lembrança de Jaqueline não era muito precisa. Agora, vendo ela magra e pequena, com um rosto marcado pelo tempo e a pele coberta de marcas de cinto, Clara sentiu uma onda de compaixão.- Eu não estava pensando em
Clara ficou atônita, sem entender o que Simão quis dizer.Ela voltou ao Condomínio Golden, pegou seus materiais de pintura prediletos e adentrou o hotel.Ao chegar, se deparou com uma tela em um cavalete diante da janela panorâmica.Imediatamente, Clara reconheceu ser uma obra de seu mestre.- Presidente Simão?Se ouviu o som da água vindo do banheiro e, logo após, Simão surgiu, secando os cabelos casualmente com uma toalha.- Carlos me presenteou com um quadro, mas soube que Roberto parou no meio. Você poderia terminá-lo?Clara lançou um olhar rápido à tela, um trabalho de estilo campestre que poderia ser finalizado adotando o método fluido de Roberto.Ela assentiu, erguendo os olhos serenamente.- Quanto o Presidente Simão está disposto a pagar?Sua voz não demonstrava emoção alguma.Parecia que, se Simão não pagasse, ela poderia partir sem hesitar.Simão a observou, jogou a toalha para o lado e se aproximou.- Você tem ideia de quantas pessoas anseiam por esta oportunidade e não a c
Os olhos de Clara possuíam uma bela curvatura, especialmente quando estavam circundados de vermelho, transmitindo uma triste vulnerabilidade.Ela, com o rosto repleto de determinação e mordendo os dentes, permaneceu em silêncio.Essa expressão dela o incitava um desejo profundo de beijá-la até a exaustão.Mas, naquele momento, Clara já se encontrava calma, afinal, Simão tinha transferido para ela quarenta milhões.Quarenta milhões para aliviar sua mágoa, definitivamente, não era um mau negócio.Ela abaixou os cílios.- Desculpe, Presidente Simão. - Ela se irritou com seu próprio Deus, o que, de fato, não deveria ter ocorrido.Ainda estavam em colaboração, afinal, o cliente é rei.Simão, da maneira que foi criado, além do Sr. Spencer, jamais encontrou alguém que ousasse tratá-lo daquela maneira.Entretanto, ele não se irritou, se sentindo, até mesmo, um pouco intrigado.O fogo nos olhos dela, ao fitá-lo, fazia seu sangue ferver.Ele, tomado por excitação e desejo, engoliu em seco e, sem
Simão, com seu corpo bem exercitado e uma explosividade notável, a mantinha suspensa, pressionada contra a parede fria.- Presidente Simão, esta é a quarta vez que fazemos amor. - Disse ela.Seus cílios se baixaram, submissos naquele momento.Simão beijava-a nessa posição, seu rosto se destacava magnificamente sob a água quente e corrente.Clara não podia deixar de admirar, a aparência de Simão era, de fato, a mais bela que já tinha visto, além de extremamente imponente. Seus lábios finos, quando tocados pela emoção, adquiriam um contorno ainda mais definido, restritos e contidos. Fazer um homem tão excepcional expressar tal emoção proporcionava-lhe uma satisfação secreta.Era a natureza humana em sua forma mais crua.Não era surpresa que Ana sempre dissesse que valia a pena dormir com ele.Percebendo a suavidade dela, Simão não se conteve mais.O vapor quente no banheiro se espalhava, ecoando por um bom tempo.Quando Clara foi levada para fora, seu corpo estava mole, como se fosse d
Quando Simão voltou para a cama, Clara já tinha adormecido e inconscientemente se aconchegou a ele.Ela passou um braço ao redor da cintura dele.Ele se virou de lado, observando atentamente o rosto dela.O nariz, delicado e empinado; a pele, suave; os cílios, não muito longos, mas densos.Mesmo com o cabelo curto, havia uma sensação de docilidade enquanto ela dormia.Ele não resistiu e a abraçou mais forte, inclinando a cabeça para cheirá-la, como se fosse um gato branco.Clara despertou com o carinho, olhou para o rosto dele e sorriu brevemente.- Deve ser falso. - murmurou Clara, sonhando, e após dizer isso, voltou a dormir.Ela se referia à carta que vira naquele dia, afinal, a pessoa estava deitada ao seu lado agora.Mas esse sorriso fez com que o coração de Simão se sentisse esmagado, uma mistura de dor e formigamento.- O que é falso? - Ele precisava saber.Clara abriu os olhos, sonolenta, com uma voz suave disse:- Você. - Ela esticou a última sílaba, que parecia penetrar nos o
Clara era mestra em auto-hipnose.Ao depositar o cheque, adicionando quarenta milhões à sua conta, seu saldo agora excedia setenta milhões.Se sentia mais imponente até mesmo ao caminhar.No entanto, observando as novas marcas em seu pescoço, franzia o cenho.Para a próxima vez, deveria pedir a ele para ser mais discreto, caso contrário, teria que usar lenços de seda sempre, o que era peculiar.Ao deixar o hotel, recebeu uma ligação da delegacia: Ian havia denunciado Sofia.Sofia estava no exterior. Com provas irrefutáveis, um mandado de prisão internacional foi expedido.Assim que fosse localizada, seria extraditada.A não ser que optasse viver escondida para sempre.Ian e seu grupo estavam agora banidos do Grupo Silva.Com a saída desses indivíduos, o grupo enfrentava turbulências.Felizmente, Clara firmou uma parceria com a Empresa Requint, que enviou Estevão.Vinicius, astuto, percebendo a sintonia entre os dois, enviou Estevão, como quem indiretamente diz a Clara: "Deves-me um fa