Ela tinha feito o máximo para não desagradar Simão."Será que ainda não era suficiente?"Ela não disse nada, apenas abaixou os cílios.O sequestrador desligou o telefone e chutou Clara.- Srta. Clara, ouviu isso? Você não significa nada para o seu marido.O cabelo de Clara foi agarrado, forçando ela a olhar para cima.O homem a observou, engolindo em seco.- Você é tão bonita, é difícil acreditar que Simão não gosta de você.Ele a levantou e cobriu sua cabeça com um saco de estopa, enfiando um pano rasgado em sua boca, e a levou para dentro da fábrica.Lá dentro, Gabriela também estava coberta por um saco, mas sua boca estava livre, ela chorava sem parar.- Soltem-me! Soltem-me!O homem que carregava Clara chamou os outros.- O que estão esperando? Vamos embora! Simão vai chegar em minutos, vocês querem morrer aqui?Eles tinham sido firmes ao lidar com Simão, mas isso era por causa de vinte milhões.Nunca tinham visto tanto dinheiro na vida, suficiente para arriscarem suas vidas.Mesmo
O fogo dentro do quarto já havia sido extinto. Clara estava encolhida no canto, com as cordas desatadas e o objeto em sua boca removido.Momentos antes, uma labareda quase a atingiu, mas ela foi arrastada para longe a tempo.Quando a sacola foi removida de sua cabeça, ela viu a faxineira, que deveria estar na empresa.- Srta. Clara, você está bem?A faxineira parecia genuinamente preocupada, seu rosto magro e amarelado estava marcado pela ansiedade.Clara sentiu que conhecia aquela pessoa, mas, ao ouvir a voz de Lucas, a mulher se assustou e correu.Lucas viu Clara sozinha, encolhida no canto, sem ferimentos, mas com as roupas sujas e o cabelo coberto de poeira.O cheiro pungente de fumaça e queimado ainda pairava no ar.Lucas, com um gosto metálico na boca, deu ordens a seus homens:- Vão... Ajudem ela a se levantar.Dois seguranças se aproximaram rapidamente, mas Clara se levantou sozinha.Ela percebeu que Lucas estava se esforçando demais.Ela mal o chamou e Lucas cuspiu sangue, ca
- Srta. Clara, não fique triste. - O guarda-costas, pensando que Clara não havia respondido porque estava abalada pelas palavras de Simão, falou com delicadeza.Clara suspirou profundamente.- Meu pai quer voltar para casa. Vamos esperar que ele acorde e então retornaremos. Por favor, cuidem bem dele e não permitam que ninguém o perturbe, especialmente os avós.- Entendido, senhorita. - Respondeu o guarda-costas, demonstrando respeito. Desde a prisão de Ximena, Clara assumiu o comando do Grupo Silva.Agora, com a posse de ações, ela se tornou a legítima herdeira da empresa.Após dar mais algumas orientações, Clara pediu ao motorista que a levasse de volta para casa. Eram duas da madrugada. Chegando ao Condomínio Golden, ela se observou no espelho. Seu rosto estava sujo e seu cabelo, repleto de cinzas da palha queimada que voava pelo ar. O terno, guardado em uma bolsa durante todo o tempo, também estava imundo. Após um banho demorado, vestiu o pijama, se sentindo exausta, e adormec
- Há quanto tempo você trabalha aqui?- Dois anos.Portanto, ela já conhecia a existência da família de Lucas na mansão e sabia que eles possuíam uma empresa na Cidade C, mesmo antes de Bryan e Rita. Ela permaneceu em silêncio durante todo esse tempo.Foi ela quem avisou Lucas na noite anterior.Clara também notou que a pele sob a manga da mulher estava arroxeada, um sinal de que a violência doméstica por parte de Bryan persistia, mesmo agora.Jaqueline, percebendo que Clara não tinha mais o que dizer, subitamente se ajoelhou.- Presidente Clara, por favor, não me demita.Clara ficou surpresa e rapidamente a ajudou a se levantar:- O que você está fazendo?Jaqueline baixou a cabeça:- Eu sei que você não tem muita simpatia pela nossa família...Clara não respondeu, pois sua lembrança de Jaqueline não era muito precisa. Agora, vendo ela magra e pequena, com um rosto marcado pelo tempo e a pele coberta de marcas de cinto, Clara sentiu uma onda de compaixão.- Eu não estava pensando em
Clara ficou atônita, sem entender o que Simão quis dizer.Ela voltou ao Condomínio Golden, pegou seus materiais de pintura prediletos e adentrou o hotel.Ao chegar, se deparou com uma tela em um cavalete diante da janela panorâmica.Imediatamente, Clara reconheceu ser uma obra de seu mestre.- Presidente Simão?Se ouviu o som da água vindo do banheiro e, logo após, Simão surgiu, secando os cabelos casualmente com uma toalha.- Carlos me presenteou com um quadro, mas soube que Roberto parou no meio. Você poderia terminá-lo?Clara lançou um olhar rápido à tela, um trabalho de estilo campestre que poderia ser finalizado adotando o método fluido de Roberto.Ela assentiu, erguendo os olhos serenamente.- Quanto o Presidente Simão está disposto a pagar?Sua voz não demonstrava emoção alguma.Parecia que, se Simão não pagasse, ela poderia partir sem hesitar.Simão a observou, jogou a toalha para o lado e se aproximou.- Você tem ideia de quantas pessoas anseiam por esta oportunidade e não a c
Os olhos de Clara possuíam uma bela curvatura, especialmente quando estavam circundados de vermelho, transmitindo uma triste vulnerabilidade.Ela, com o rosto repleto de determinação e mordendo os dentes, permaneceu em silêncio.Essa expressão dela o incitava um desejo profundo de beijá-la até a exaustão.Mas, naquele momento, Clara já se encontrava calma, afinal, Simão tinha transferido para ela quarenta milhões.Quarenta milhões para aliviar sua mágoa, definitivamente, não era um mau negócio.Ela abaixou os cílios.- Desculpe, Presidente Simão. - Ela se irritou com seu próprio Deus, o que, de fato, não deveria ter ocorrido.Ainda estavam em colaboração, afinal, o cliente é rei.Simão, da maneira que foi criado, além do Sr. Spencer, jamais encontrou alguém que ousasse tratá-lo daquela maneira.Entretanto, ele não se irritou, se sentindo, até mesmo, um pouco intrigado.O fogo nos olhos dela, ao fitá-lo, fazia seu sangue ferver.Ele, tomado por excitação e desejo, engoliu em seco e, sem
Simão, com seu corpo bem exercitado e uma explosividade notável, a mantinha suspensa, pressionada contra a parede fria.- Presidente Simão, esta é a quarta vez que fazemos amor. - Disse ela.Seus cílios se baixaram, submissos naquele momento.Simão beijava-a nessa posição, seu rosto se destacava magnificamente sob a água quente e corrente.Clara não podia deixar de admirar, a aparência de Simão era, de fato, a mais bela que já tinha visto, além de extremamente imponente. Seus lábios finos, quando tocados pela emoção, adquiriam um contorno ainda mais definido, restritos e contidos. Fazer um homem tão excepcional expressar tal emoção proporcionava-lhe uma satisfação secreta.Era a natureza humana em sua forma mais crua.Não era surpresa que Ana sempre dissesse que valia a pena dormir com ele.Percebendo a suavidade dela, Simão não se conteve mais.O vapor quente no banheiro se espalhava, ecoando por um bom tempo.Quando Clara foi levada para fora, seu corpo estava mole, como se fosse d
Quando Simão voltou para a cama, Clara já tinha adormecido e inconscientemente se aconchegou a ele.Ela passou um braço ao redor da cintura dele.Ele se virou de lado, observando atentamente o rosto dela.O nariz, delicado e empinado; a pele, suave; os cílios, não muito longos, mas densos.Mesmo com o cabelo curto, havia uma sensação de docilidade enquanto ela dormia.Ele não resistiu e a abraçou mais forte, inclinando a cabeça para cheirá-la, como se fosse um gato branco.Clara despertou com o carinho, olhou para o rosto dele e sorriu brevemente.- Deve ser falso. - murmurou Clara, sonhando, e após dizer isso, voltou a dormir.Ela se referia à carta que vira naquele dia, afinal, a pessoa estava deitada ao seu lado agora.Mas esse sorriso fez com que o coração de Simão se sentisse esmagado, uma mistura de dor e formigamento.- O que é falso? - Ele precisava saber.Clara abriu os olhos, sonolenta, com uma voz suave disse:- Você. - Ela esticou a última sílaba, que parecia penetrar nos o