Uau. Nossa cozinha. Eu sei que ele me pediu pra morarmos juntos, mas “nossa cozinha”? Até parece que ele quer que a gente seja como marido e mulher. Não que eu tenha do que reclamar se esse for o caso.
Ele se abaixa ao meu lado e depois de um beijo rápido, me olha com certa malícia.— Acho que você se sujou um pouquinho.— O quê?— Talvez precise de um banho agora, linda.— Ainda estou com as minhas mãos enrugadas da piscina.— Estou vendo. — ele pega minhas mãos e massageia.— Mas você tem razão, eu preciso de um bom banho de espuma e você faria bem em me dar um.— Então que tal ir para o quarto e ficar por lá mesmo? Tipo até amanhã?— Concordo plenamente.— Você pode me dar um minuto, Nick? — pergunto assim que entramos no banheiro.— Por quê?— Não me chama de boba, mas é que eu preciso... — Droga! Por que eu me sinto tão sem jeito?— Do que você precisa?— Preciso olhar pra mim por um tempo... Eu... Você entende? Não. Você não entende.Ele sorri e me beija na testa.— É claro que eu entendo, Ellen. Eu te dou o tempo que você precisar.— Obrigada. — dou-lhe um sorriso tímido.Devo parecer ridícula. Estou prestes a transar com meu namorado e estou nervosa como se fosse a primeira vez que fazemos isso.— Mas eu estarei o tempo todo aqui do lado de fora encostado à porta.— Certo.Nick sai do banheiro e fecha a porta devagar. Eu consigo me locomover muito bem dentro do banheiro. As modificações que ele fez foram ótimas. Ele não poderia ser mais atencioso.Ligo o jato da banheira e deixo encher. Pego em uma das prateleiras um vidro de sabonete líquido e derramo uma boa quantidade na água. Um perfume maravilhoso enche o ambiente e me relaxa um pouco.Sei que em uma das gavetas perto da pia tem velas aromáticas. Vou até ela, pego quatro e acendo, colocando uma em cada canto do banheiro. Com esse mínimo esforço, minha respiração acelera. Não importa o quão confortável e prática seja essa cadeira, se locomover com ela por um longo tempo é cansativo.Depois de preparar o lugar, começo a me despir. Começando pela parte mais fácil. Minha blusa e sutiã saem facilmente como sempre foi, mas não consigo tirar meu short. Não posso erguer os quadris pra puxar para fora o tecido.Tento uma porção de vezes, mas não posso. Eu não posso.— Merda. — É inútil tentar fazer isso sozinha.Apoio os cotovelos nos joelhos e abaixo a cabeça nas mãos. Vai ser mesmo difícil viver assim.— Nick. — chamo.— Estou aqui. — ele entra em um piscar de olhos.— Preciso de ajuda pra tirar minha roupa. — digo sorrindo e com os olhos fechados.— Hmm. — abro um olho apenas e vejo seu sorriso lindo e cheio de malícia — Interessante.— Apesar da atmosfera, isso não é nada sexual Nick.— Quem disse? — ele se abaixa e traça o dedo pela borda do short lentamente.— Talvez seja bom colocar uma música lenta e sensual pra melhorar o clima.— E com certeza apagar as luzes também.Antes de perceber eu já estou nua.— Ainda precisa de um tempo?— Agora só com você.Ele me dá seu sorriso mais sexy e me pega nos braços. Envolvo minhas mãos em seu pescoço e o beijo.— Não se preocupe em me pedir qualquer coisa que seja, Ellen. Principalmente se for pra tirar sua roupa. — ele beija os dois lados da minha boca e meu queixo — Eu vou adorar fazer isso.Apenas aceno com a cabeça e ele me põe na banheira. Desliga a torneira e começa a tirar a própria roupa, dando aos meus olhos um show e tanto.Quando está gloriosamente nu, Nick entra na banheira atrás de mim e me puxa para apoiar as costas em seu peito. Beija minha nuca e meus ombros repetidas vezes.— Só pra constar Ellen, nada no seu corpo mudou. Você continua sendo a fantasia de todos os meus sonhos eróticos.Sorrindo, descanso a cabeça no ombro dele.— É sério?— Claro que sim.— Então eu quero que mostre isso de todas as maneiras possíveis, ok. — peço mordendo seu queixo.— Será um prazer.Passamos uns bons minutos apenas desfrutando da companhia um do outro com brincadeiras, flertes e provocações. O Nick é ótimo em me provocar quando a atmosfera sugere algo sexual. Ele faz esse joguinho porque sabe perfeitamente que isso me esquenta. Mas o estranho é que apesar de sentir uma coisa muito boa com suas palavras e carícias, meu núcleo não está latejando como já era pra estar e o formigamento que normalmente sinto nessas situações com ele não está aqui.— Tudo bem, Ellen? — ele sussurra.— Tudo. Por quê?— Sei lá. Você ficou tensa de repente.Disfarço.— Nada amor. Mas eu estaria mentindo se dissesse que não estou nervosa.— Nervosa? — ele vira meu rosto para olhar pra ele — Comigo? Desde quando você fica nervosa quando está comigo?— Exatamente. Esse é o ponto. Eu não sei por que estou nervosa, Nick.— Então acho que está na hora de sair da banheira e ir pra cama. Vou fazer você relaxar.Sorrio. É claro que ele vai. Se alguém nesse mundo tem o poder de me levar aos lugares mais distantes, esse alguém é Nicholas Hoffman.Ele sai primeiro da banheira e em seguida me tira e me carrega nos braços até o quarto. Pingando água por todo o piso, ele parece não se importar com isso e me põe de forma delicada até demais em cima dos seus lençóis brancos de seda.— Já faz tempo demais que não sinto sua pele íntima da minha. — ele me deposita um beijo no umbigo.Essa é a hora. É agora que eu saberei se posso ou não lidar bem com a minha invalidez. Se eu puder ser a mesma de sempre com o homem que eu amo, então nada será forte demais, ou doloroso demais que eu não possa aguentar.— Eu quero você, Nick.— Eu sou seu. — ele segue uma trilha de beijos desde o meu umbigo até a minha boca — Eu sempre serei seu, Ellen.Colamos nossas bocas em um beijo apaixonado e ardente. As mãos dele passeiam pelo meu corpo e as minhas pelo dele. Nick geme toda vez que arranjo seu peito, seu abdómen ou suas costas.— Deus, eu te amo tanto. — digo entre nossos beijos.A língua dele penetra minha garganta como se ele estivesse com fome e sede de mim. Mas tem uma coisa bem errada aqui. Em metade do corpo, eu sinto fogo e desejo. Na outra metade, eu não sinto nada. Absolutamente nada.Eu já deveria estar sentindo uma enchente se formando no meio das minhas pernas, mas não. Isso não está acontecendo.Ele por outro lado está excitado. Muito até. Posso sentir sua ereção na minha cintura, mas eu não me sinto excitada. Gosto do que ele faz. É bom. Chega a ser prazeroso, mas não é nada que possa fazer meu sexo vibrar.O que está errado?Ele não parece perceber isso porque continua a me beijar da mesma forma que sempre fez. Eu, porém, estou me sentindo meio desanimada com o que estamos fazendo. Na verdade eu nem sei se desanimada é a palavra certa pra usar nessa situação. Só sei que estou me sentindo muito diferente de antes quando nós dois transávamos.Os lábios de Nick estão no meu pescoço, no meu queixo, na minha boca... em todo lugar. E minha cabeça está tão nublada por essa falta de sensações sexuais que nem percebo direito quando ele se acomoda entre minhas pernas.— Estava ansioso pelo seu sabor, Ellen.Me apoio nos cotovelos e vejo quando ele me lambe. Sinto sua língua no meu lugar mais sensível, mas não como algo que me faça delirar de prazer do jeito que esse tipo de carícia sempre fez, mas apenas como um toque qualquer em um lugar qualquer. Também vejo quando ele insere um dedo em mim e pela primeira vez desde que eu perdi a virgindade com ele, eu não estou encharcada com seu toque. Sei disso porque sinto o atrito do seu dedo com a minha parede vaginal. E ele percebe o mesmo porque mais uma vez uma viga se forma na sua testa quando ele a franze.Não sei se devo falar alguma coisa ou se devo deixá-lo cuidar disso. Mas eu nem mesmo preciso me preocupar muito com essa decisão porque no momento seguinte, a língua dele já está entrando e saindo de dentro de mim em penetrações rasas.Nem sei por quanto tempo ficamos assim antes de eu perceber que não importa o quanto ele me chupe, eu não ficarei lubrificada o bastante pra recebê-lo. Assim, puxo Nick pelos cabelos até que ele está com o
Acordo na manhã seguinte da mesma forma como adormeci, com um braço enrolado ao peito largo do Nick, nossas pernas entrelaçadas e os braços dele nas minhas costas me apertando contra seu corpo.Minha cabeça está contra seu coração ouvindo seus batimentos calmos. Me remexo em cima dele, sentindo o seu calor gostoso e viro a cabeça pra cima para olhar seu rosto sereno durante o sono. Ele deve estar exausto. Eu dei uma canseira nele ontem.Acaricio seu peito com a ponta dos dedos e beijo sua pele. Espero que o que aconteceu não o abale muito porque eu não poderei suportar a mínima ideia de saber que já não posso ser a mesma na nossa relação.Viro rapidamente o pescoço para a mesinha de cabeceira e olho as horas. Já passa das sete da manhã.Com meus movimentos ele começa a despertar. Eu deveria deixá-lo quieto para que durma. Não é preciso ser gênio pra saber que ele ficou acordado até tarde depois que terminamos de transar. Mas ele tem que acordar ou chegará atrasado à Universidade.—
Ele sorri. Beija um dos meus olhos e seca as lágrimas dele. Depois repete o mesmo no outro olho. Por fim, me beija com amor. Um beijo rápido e molhado.Fico olhando pra ele e esperando por mais. Ao perceber que ele não fará mais que isso, levanto um pouco o rosto oferecendo minha boca para mais um beijo e para ser bem sincera, fico um pouco chocada ao ver que ele aceita. Esperava que ele se afastasse.Com as mãos entre suas mechas castanhas e sedosas, puxo sua cabeça de encontro à minha e colo nossas bocas. Com a ponta da língua, contorno seus lábios. Depois mordo seu lábio inferior e puxo entre meus dentes. Ele geme quando finalmente enfio a língua na sua boca, mas ainda está muito quieto.Esse não é o jeito dele de começar algo que se transformará em uma transa matinal. Normalmente ele já estaria dizendo as maiores baixarias no meu ouvido e esfregando seu corpo no meu para extrair todo o prazer de mim e assim me dá todo o prazer que ele sabe que pode me proporcionar.Só pode haver u
Nicholas para sua colherada no ar e estreita os olhos. Posso ver que algo se passa na cabeça dele antes de continuar a comer. Com um gesto com a mão ele pede que Agnes traga o telefone até ele.— É o Nicholas. — ele diz ao atender a ligação — Sim, pode falar... Agora?... Mas eu já falei com ele... Sim, tudo bem eu irei... Certo... Tenha um bom dia também.Nicholas entrega o telefone de volta a Agnes. Eu o observo. Ele está sério e não faz nenhuma menção de me contar do que se trata. Também não pergunto.Quando terminamos de comer eu logo subo para o cômodo superior e me tranco no banheiro por um minuto. Quem é Allison? Por que o Nick está tão sério? Eu não posso passar o tempo todo com ele aqui sem estarmos numa boa. Eu odeio quando estamos mal.Escovo os dentes e saio para a varanda. Fico de frente para o mar e a brisa e a paisagem me acertam em cheio, me relaxando um pouco. Aprendi a amar Miami como se eu tivesse nascido aqui.Pego o celular e ligo para o Asher. Preciso conversar co
Não respondo. Não preciso. Tenho certeza que o meu rosto mostra o que domina meus pensamentos. Eu tentei manter a autoestima elevada desde que acordei uma semana atrás. Tentei não demonstrar que morro de medo daquele fantasma voltar à nossa vida e de alguma forma levá-lo embora.Enquanto eu estava no hospital estava tudo bem, eu achava que o fato de estar em uma cadeira de rodas seria relevante, mas talvez não ao ponto de fazê-lo ir embora. Mas agora que há outras limitações, por falta de um termo melhor, tenho medo de que uma relação sem qualquer intuito sexual por um tempo tão longo possa não ser suficiente pra ele e que isso acabe com a gente.Nick continua a me encarar com o rosto sério esperando por uma resposta que não virá. Não tenho coragem de despejar isso em cima dele. Por fim ele acaba completando seu raciocínio.— Você acha que eu vou atrás de outras mulheres agora que estamos nesse impasse? — olhos tristes e uma feição mais cabisbaixa toma conta do seu lindo rosto agora —
— Mas você já esperava que isso acontecesse comigo?— Sinceramente eu imaginava que pudesse sim. O exame de imagem para avaliar a integridade dos nervos lesionados, mostrou que alguns ramos do plexo que enerva toda essa região dos músculos de função sexual, foram comprometidos.Esfrego as mãos no rosto e solto uma longa respiração.— Então por que não me falou sobre a possibilidade disso acontecer?Ele volta a se recostar na parte de trás da cadeira e cruza todos os dedos das mãos colocando-as em frente à boca.— Logo depois da sua cirurgia, o senhor Hoffman e eu conversamos sobre as possíveis sequelas que sua lesão deixaria. Nós concordamos que deveríamos alertá-la sobre as mais passíveis de acontecer e deixar as menos prováveis... Para depois.Espere. Eu ouvi mal ou ele acabou de dizer que o Nick sabia o tempo todo sobre isso?— O Nicholas sabia disso?— Ele... — Por um momento, acho que ele está procurando por uma desculpa para o meu namorado, mas então desiste e confessa — Sim. El
Já em casa, faço o possível para tomar banho sem precisar da enfermeira, mas logo desisto da ideia ao ver que não posso apressar nada. Solto um grunhido frustrado quando me vejo obrigada a chamá-la.OK, admito que me sinto envergonhada por precisar de ajuda para algo tão simples. Eu agora realmente gostaria de ter tomado outro caminho na volta para casa no dia do acidente. Talvez eu estivesse numa boa e não passando pelos problemas que estou e os que ainda virão.Perto das cinco e meia da tarde, estou assistindo a um filme na sala quando ouço uma batida na porta. Agnes ergue os olhos do seu livro e eu peço que ela atenda.Mantenho minha atenção no Espetacular Homem-Aranha enquanto ela se levanta para atender a porta.Escuto vozes femininas e apenas uma eu reconheço. A da Agnes. A outra é totalmente estranha para mim.Sem poder ir correndo até a porta para saber o que está acontecendo, não tenho escolha a não ser continuar esparramada no sofá e esperar que a Agnes volte e me diga o que
Acho que não há motivo para não ser educada e usar de boa vontade com a mãe do homem da minha vida. Ela parece um pouco triste, na verdade.— Talvez você e eu possamos sair um pouco. — ele sugere — Quem sabe para uma tarde de compras ou para tomar um café um dia desses.Agora isso, já é outra coisa. Eu não poderia fazer isso.— Me desculpe, senhora Hoffman, mas eu acho que quanto a isso, não será possível. Se o Nick não está pronto para aceitá-la em sua vida, eu acho que também não posso estar.Como poderia? Não seria como se estivesse traindo o Nicholas?Ela sorri e concorda.— Tem razão. Não acho que posso me dar ao luxo de conviver com a namorada do meu filho sem o consentimento dele.A mulher se levanta e começa a se preparar para ir embora.— Eu sinto muita falta dele, Ellen. Eu gostaria muito de vê-lo. — ela parece enxugar uma pequena lágrima com o polegar — Mas fico feliz em saber que o meu filho tem alguém que é tão leal a ele.Fico olhando para ela e ela de volta para mim. Po