O primeiro passo
O dia estava um pouco nublado, e o vento soprou frio pela janela, mas, mesmo assim, ele não voltou para a cama. Vestiu roupas quentes e saiu com sua bicicleta.O caminho estava ficando escuro. Tentou pedalar mais rápido, mas não conseguia acelerar.De repente, caiu. Ao abrir os olhos, o céu estava totalmente negro. Estava cercado por um gramado alto. Sentou-se e olhou para trás, vendo uma casa que logo reconheceu: era a oficina de seu pai. Ouviu gritos de socorro. Levantou-se e correu para a porta dos fundos. Abriu-a, entrou correndo e se deparou com o corpo do pai, deitado sem vida na poça de seu próprio sangue. A porta larga, que dava passagem para os carros, estava aberta. Viu um carro se distanciando e correu atrás dele, o mais rápido que podia, mas não conseguiu alcançá-lo. Parou e tentou voltar para a oficina, mas ela já não estava lá. Olhou ao redor e se deu conta de que estava sozinho, no escuro.Matteo acordou, mais um pRastro de fúria Estava chovendo muito, Matteo estava com lama até os joelhos, ao tentar sair acabou afundando deixando a lama na cintura.Parou por um instante e viu de longe um carro vir em sua direção, passou por ele jogando lama em seu rosto e seguiu em frente.Matteo achou uma raiz e se esticou até alcançá-la, segurou firme e começou a fazer força para sair da lama, aos poucos estava saindo. Tiros ecoaram, depois ouviu cantada de pneus, já livre da lama se pôs de pé a sua frente havia árvores e mato, começou a andar na direção de onde ouviu os tiros, avistou a oficina, começou a correr, quanto mais corria mais longe a oficina ficava.— Matteo, Matteo! — Rebecca o sacudia.Ele abriu os olhos. Era só mais um dos seus pesadelos.— Estava se mexendo muito. Falou até enquanto dormia.Ele levantou-se, foi ao banheiro e tomou uma ducha. Ao sair, Rebecca estava esperando por ele, sentada na cama. Ele jogou a toalha no canto e se deitou novamente, desta vez de costas para ela.— Me deixa
A verdade não dita Tiros ecoaram enquanto ela corria em direção a Matteo, que tinha se refugiado atrás do carro para se proteger. Rebecca estava toda arrebentada, mas não se deu por vencida. Matteo atingiu três deles e Rebecca um. Entraram no carro e saíram depressa do local.— Eu falei para seguir a porra do plano! — falou, furioso.— Ela estava lá, Matteo.— Eu te disse, e você falou que seguiria o plano, Rebecca! Que merda!— Ela sabe quem eu sou, foi atrás de mim!Matteo a olhou e levou a mão à barriga; ele havia tomado um tiro. A camisa, manchada de sangue, ficou ainda mais escura. Ele parou o carro bruscamente. Rebecca ajudou-o a sentar no lugar dela, deu a volta no carro, pegou o primeiro pano que viu ao abrir a mala e colocou sobre o ferimento, enquanto começou a dirigir.— Vamos para o ponto de encontro — disse Matteo.— Tá louco? Não vai dar, olha como você está!— Rebecca, por favo
Explosão de ódio Giovanni ficou perdido em seus pensamentos.Lá embaixo, seus irmãos conversavam sobre o rumo que as coisas poderiam tomar.— Há quanto tempo Matteo está conosco? Sempre foi leal a Giovanni, o tem como Deus. Não iria tratar a filha do homem que o acolheu como uma vagabunda — disse Maurício.— Mas ele se envolveu. Deveria ter dito a Giovanni sobre seu interesse — respondeu Lorenzo.— Vocês não viam como ele a tratava? Totalmente seco e, muitas vezes, agia com grosseria. Estava tentando se manter distante, isso era bem notório — disse Marco.— Como você consegue ler tão bem as pessoas? — perguntou Lorenzo.— Nem eu sei, meu irmão. Mas, de qualquer forma, não temos muito o que fazer. Amanhã, Giovanni vai resolver isso — respondeu Marco.— Uma coisa é certa: nunca a vi tão preocupada com alguém antes. Rebecca nunca se importou com homem algum — disse Maurício.— Vamos deixar que Giovanni tome a
Entre a família e os negócios Homens de Victor Milani passaram a noite inteira procurando por Rebecca, mas nenhum rastro foi encontrado, o que deixou Victor profundamente irritado.— Como assim não acharam nada? — gritou Victor, a raiva evidente em sua voz.— Revistamos tudo atrás dela. — respondeu um de seus homens, tentando manter a calma.— Encontrem essa vagabunda! — gritou ele, arremessando o copo que segurava longe, com fúria.Os homens saíram novamente em busca de qualquer pista que pudesse acalmar a ira de Victor. Ele estava visivelmente agitado. Nos últimos tempos, muitos problemas haviam surgido: familiares mortos, sua mãe agredida, e a recente inauguração de sua boate, que havia sido atacada. Era uma sequência de tragédias acontecendo simultaneamente.Além disso, Victor se preocupava com a saúde de seu pai, Augusto Milani, que estava debilitado.Augusto envelhecera, sua saúde havia se deteriorado com o tempo.
O lugar onde pertenço Antony levantou-se e saiu, já estava atrasado. Ao passar pela porta, viu que Rebecca vinha correndo atrás dele. Quando ele se virou, ela praticamente se jogou em seus braços, abraçando-o com força. Ele retribuiu o abraço. Parecia que não se viam há décadas.— Eu não vou machucá-lo. Gosto dele e prometo tomar mais cuidado — disse ela, com um tom sério.— Tudo bem — respondeu ele, com um sorriso.Ela se afastou, sorrindo timidamente, e subiu na moto, indo embora. Rebecca ficou ali, observando-o partir, até que ele desapareceu de vista. Então, entrou na casa e foi direto para o quarto, onde Matteo estava sentado na cama.— É estranho dormir tanto assim — disse ele, vendo-a entrar.— São os remédios, você sabe. Precisa descansar. — ela se aproximou dele e olhou seu rosto. As olheiras, sempre visíveis, estavam mais suaves, mesmo com poucas horas de descanso. Ela sorriu. — Podemos tentar encontrar formas de dormi
O início da queda Antony chegou e se afastou do barulho que vinha dos fundos.Seguiu em direção à pequena reunião alegre e se juntou a eles.O que começou como uma fuga da cozinha, para que Giovanni conversasse com Matteo, virou um momento descontraído.Trocas de ideias, histórias antigas e risadas.Foi, de fato, o momento perfeito para descansar.Como estavam escondidos, não havia pressa para nada. Aproveitariam os dias e planejariam os próximos passos sem pressa.Matteo passou o braço em volta do pescoço de Antony, puxando-o um pouco para longe.— Eu devia ter falado com você antes — começou Antony.— Concordo — falou sério.— Eu gosto dela, Tony. Gostei dela quando ainda estávamos na mansão.— Desde a mansão? — perguntou, surpreso.— Quando eu vi sua irmã pela primeira vez, achei que ela era a mulher mais linda que já vi. Quando ela atirou em Tadeu, me surpreendeu.— Surpreendeu a to
A morte do inimigo Alguns dias se passaram, e Victor continuava a busca por qualquer pista de Rebecca. A falta de notícias estava deixando-o à beira da loucura.Na fazenda, a rotina seguia tranquila, com tudo acontecendo conforme o planejado. Mesmo com Matteo ferido, o que havia atrasado um pouco a viagem, as coisas ainda estavam indo bem.Rebecca vinha melhorando constantemente suas habilidades. Agora, já sabia lidar com ferimentos mais graves, conseguia se virar com poucas opções de ferramentas e estava mais forte. Além disso, estava se tornando mais fria. Seu olhar havia mudado, e todos perceberam. Era como se, agora, fosse completamente uma Catalano. Seus olhos, que antes carregavam doçura, agora transmitiam mistério. Quem não a conhecesse jamais saberia o que ela estava prestes a fazer.Giovanna se orgulhava da filha, especialmente da frieza que começava a surgir. Antony, por outro lado, ficou preocupado, achando que ela havia mudado demais.
A última traição Giovanni saiu do hospital tranquilamente, atravessou a rua e entrou na floricultura em frente. De dentro da loja, ele observava toda a movimentação da rua.Havia alguns clientes na loja. Giovanni andava de um lado para o outro, parecendo indeciso, mas, na verdade, aguardava notícias.— Senhor, posso ajudá-lo? — perguntou o jovem atendente, sorrindo simpaticamente para Giovanni.— Ah, claro! Só um momento, minha filha está respondendo — disse Giovanni, mostrando o celular. — Não quero errar dessa vez.— Tudo bem, fique à vontade.O atendente saiu para atender duas senhoras que haviam acabado de entrar. O celular de Giovanni vibrou, indicando novas mensagens.Rebecca: "Terminamos."Lorenzo: "Tudo feito."Matteo: "Trabalho feito."Giovanni sorriu ao ver as mensagens. Caminhou até o balcão e chamou o atendente.— Oi, amigo, minha filha respondeu. — disse de forma amigável.