David— Eu estava pensando — falei depois de um longo tempo em silêncio.— No que?— Amanhã é o dia do baile e seria bom se ficasse por aqui.— David, eu não posso! — Ela me interrompeu. — A loja ficou fechada hoje o dia todo e...— Eu pago o seu dia — repeti e ela riu de uma maneira descontraída, me fazendo rir também. Me virei de lado e ela fez o mesmo.— Você já fez isso hoje — rebateu baixinho e beijou rapidamente a ponta do meu nariz.— Você vai precisar ir a um cabeleireiro e comprar um vestido para ir essa festa.— Eu tenho vestidos na minha casa — retrucou tentando sair da cama, mas eu a impedi com o meu corpo. Levei a minha boca ao seu seio e o puxei com os meus lábios, a fazendo arfar baixinho.— Eu sei que você tem, mas pode me deixar mimá-la um pouquinho, não pode? — Suguei o seu seio e ela respirou fundo, gemendo baixinho em seguida. Ergui a minha cabeça e a olhei. — Por favor! — insisti carinhosamente e ela me deu um meio sorriso.— Tudo bem, mas isso vai custar caro pr
DavidParecia que havia voltado no tempo e que mais uma vez eu era aquele jovem ansioso e nervoso para levá-la ao baile da escola. Minha mãe ria de mim, pois eu não conseguia ficar parado e a cada segundo soltava o ar pela boca. Por que ela não desce logo essa escadaria? Que demora é essa? Maya surgiu no topo da escada com um sorriso grande de menina feliz e não posso negar que olhei rapidamente para lá, esperando que fosse Yaides.— Atenção todos vocês, que a princesa Yaides está vindo aí! — A menina anunciou com uma empolgação incrível.Meu coração quase saiu pela boca e meus olhos ansiavam por finalmente vê-la. Minha filha desceu as escadas e correu para os meus braços, e eu a segurei em meu colo e logo as minhas irmãs também descerá. Então ela veio, me deixando completamente sem palavras e sem ação também. O belo vestido azul turquesa, colava ao seu corpo com delicadeza e suavidade, desenhado com detalhes cada curva do seu corpo esguio, uma calça como a de uma sereia se arrastava
David— Lembra desse dia? — sussurrei em seu ouvido e ela olhou de lado, para encontrar os meus olhos. Ela fez sim para mim.— Foi a partir desse dia que não a tirei mais da minha cabeça. — Sorri.Eu não sabia disso, mas estou muito feliz de saber.— Quer beber algo?— Um Gin, por favor! — pediu, beijando-me rapidamente. Deixei três beijos em sua boca, antes de me afastar e fui para o bar improvisado, que estava lotado e bufei por ter que aguardar em uma fila. Olhei para trás e a encontrei conversando animada com uma garota.— Não sei de quem foi a ideia, mas cara, isso aqui está muito bom! — Um homem comentou e eu me forcei a desviar os meus olhos da minha namorada, para olhá-lo.— Pois é! — falei em concordância.— Talvez você não lembre de mim, eu sou o Hélio. — Ele me estendeu uma mão. — Eu era a mascote do time de futebol.— Ah claro, Hélio Maldonado, me lembro sim! — Apertei a sua mão e quando abriu a boca para falar alguma coisa, o barman o chamou.— Sua vez, cara!— Foi um pra
Yaides— Experimenta esse! — David pediu, levando um biscoito de polvilho a minha boca. Mordi a massa doce e imediatamente ela começou a derreter em minha língua.— Hum, gostinho irresistível de maracujá! — gemi em apreciação.— Deixe-me ver — pediu, aproximando-se por cima da pequena mesa e beijou-me apreciando o sabor direto na minha boca. — Delícia! — sussurrou, em meio ao beijo e eu ri. — Nunca foi tão gostoso tomar um café matinal! — sibilou quando se afastou só um pouquinho.— Minha vez — disse, pegando uma colherada de pudim e levei a sua boca, para em seguida beijar-lhe. David segurou a minha cintura com uma mão e me fez sentar em seu colo.— Essa brincadeira está me deixando com vontade — ralhou distribuindo beijos pelo meu rosto, maxilar e parou atrás da minha orelha. Gemi baixinho e soltei um suspiro exatamente igual.— Não, Senhor! — Afastei-me, ou iria sucumbir ao nosso desejo. Ele fez uma carinha triste e me lançou um olhar pidão, que me fez rir outra vez. — Não, David!
Yaides— Júlio, você não pode...— Eu posso, e vou! Você é minha, Yaides!— Eu não sou um objeto, mão sou sua propriedade! — rebati irritada com o seu modo de falar. Ele deu dois passos para perto de mim, e antes que eu conseguisse me afastar, me puxou bruscamente para os seus braços, me manteve presa a eles. — Me solta, Júlio, você está me machucando!— Eu não passei sete anos da minha vida, cuidando de você e da sua filha, para entregá-las àquele idiota do David! — disse baixinho, porém havia ódio em suas palavras.— Eu não te pedi nada! Me larga, seu... — Fiz força para livrar-me dos seus braços, mas ele me apertou ainda mais, então comecei a me debater.— Ou você é minha, ou não será de mais ninguém!— Não! Me larga, Júlio! — gritei para o homem transtornado e completamente fora de si. Júlio finalmente me largou, porém não tive tempo de me afastar dele, pois segurou firme os meus cabelos e forçou um beijo em minha boca. Aproveitei minhas mãos livres e comecei empurrá-lo, bater fo
David— Onde ela está? — indaguei assim que entrei em casa. Quando minha mãe ligou, dizendo que Yaides não estava bem, e quando a havia trazido para casa, larguei o que faltava para concluir o trabalho e corri para cá. Eu sentia a necessidade de estar ao seu lado e de dizer-lhe que tudo ficaria bem.— No quarto. — Não esperei que continuasse. Corri para as escadas, em busca da minha mulher. — David, eu preciso... — Ouvi-a dizer, mas não parei. Entrei rapidamente no corredor e abri a porta do quarto, encontrando-a dormindo. Meu coração parou quando percebi um pequeno corte no canto de sua boca e uma marca levemente arroxeada na maçã do seu rosto. Sem conseguir respirar direito, aproximei-me da cama, inclinei-me um pouco e beijei seus machucados.— Quem fez isso com você, meu amor? — sussurrei sofregamente, deslizando suavemente as pontas dos dedos pela pele machucada e uma lágrima escapou pela lateral do meu rosto. Beijei-a calidamente e ela se mexeu na cama, revelando algumas marcas n
David— Pode me fazer um favor, Rute, prepare uma bandeja com um café da manhã reforçado, quero eu mesmo acordá-la.— Sim, Senhor, prometo caprichar nesse café da manhã da Senhorita.— Obrigado, Rute! — Observei a empregada sair do escritório, enquanto tomava mais um gole do meu café e logo depois fui para perto de uma janela, para ver minha filha rindo e correndo pelo jardim, enquanto se divertia com os cães correndo atrás de uma minúscula bola. Não pude evitar um sorriso de satisfação. Maya tem tudo de mim, não só na aparência, mas também em algumas atitudes. E por isso l, sei que ela é inteligente o suficiente para entender o certo e o errado, para distinguir o bem e o mal. Sei que ela é apenas uma criança e que sua mãe a quer proteger, mas não acho certo de que a minha filha idolatre o homem que machucou a sua mãe. O problema é; conto para ela o que ele fez ou a deixo em sua bolha cor de rosa? Suspiro audível.— Senhor David, a bandeja já está pronta. — Rute avisa e eu assinto, de
YaidesOlho para os cômodos da casa simples, já sentindo uma saudade quase sufocante. Apesar de sua simplicidade e de tudo o que houve, tenho boas lembranças desse lugar. Foi aqui que descobri minha gravidez, a Maya cresceu nesse lugar e foi aqui que descobri minha paixão pelos livros e iniciei meu primeiro trabalho. Embora Júlio tenha feito algo tão cruel comigo, ele também me deu coisas que eu não conseguiria ter sem a sua ajuda e fez com que Maya tivesse uma família, de alguma forma.Sentirei saudades. Penso.— Mãe, posso levar meus bichinhos de pelúcia? — Minha filha pergunta, entrando no meu quarto, abraçada aos seus bichinhos.— Claro, filha. — Forcei um sorriso para ela.— Por que está chorando? — Ela larga todos eles e vem para perto de mim.— Não se preocupe, filha, é de felicidade. — Ela me abraça. É um abraço longo e carinhoso.— Quando vamos contar para tio Júlio, que vamos viajar para os Estados Unidos? — indaga com sua costumeira ansiedade infantil. Sem saber como falar