David— Lembra desse dia? — sussurrei em seu ouvido e ela olhou de lado, para encontrar os meus olhos. Ela fez sim para mim.— Foi a partir desse dia que não a tirei mais da minha cabeça. — Sorri.Eu não sabia disso, mas estou muito feliz de saber.— Quer beber algo?— Um Gin, por favor! — pediu, beijando-me rapidamente. Deixei três beijos em sua boca, antes de me afastar e fui para o bar improvisado, que estava lotado e bufei por ter que aguardar em uma fila. Olhei para trás e a encontrei conversando animada com uma garota.— Não sei de quem foi a ideia, mas cara, isso aqui está muito bom! — Um homem comentou e eu me forcei a desviar os meus olhos da minha namorada, para olhá-lo.— Pois é! — falei em concordância.— Talvez você não lembre de mim, eu sou o Hélio. — Ele me estendeu uma mão. — Eu era a mascote do time de futebol.— Ah claro, Hélio Maldonado, me lembro sim! — Apertei a sua mão e quando abriu a boca para falar alguma coisa, o barman o chamou.— Sua vez, cara!— Foi um pra
Yaides— Experimenta esse! — David pediu, levando um biscoito de polvilho a minha boca. Mordi a massa doce e imediatamente ela começou a derreter em minha língua.— Hum, gostinho irresistível de maracujá! — gemi em apreciação.— Deixe-me ver — pediu, aproximando-se por cima da pequena mesa e beijou-me apreciando o sabor direto na minha boca. — Delícia! — sussurrou, em meio ao beijo e eu ri. — Nunca foi tão gostoso tomar um café matinal! — sibilou quando se afastou só um pouquinho.— Minha vez — disse, pegando uma colherada de pudim e levei a sua boca, para em seguida beijar-lhe. David segurou a minha cintura com uma mão e me fez sentar em seu colo.— Essa brincadeira está me deixando com vontade — ralhou distribuindo beijos pelo meu rosto, maxilar e parou atrás da minha orelha. Gemi baixinho e soltei um suspiro exatamente igual.— Não, Senhor! — Afastei-me, ou iria sucumbir ao nosso desejo. Ele fez uma carinha triste e me lançou um olhar pidão, que me fez rir outra vez. — Não, David!
Yaides— Júlio, você não pode...— Eu posso, e vou! Você é minha, Yaides!— Eu não sou um objeto, mão sou sua propriedade! — rebati irritada com o seu modo de falar. Ele deu dois passos para perto de mim, e antes que eu conseguisse me afastar, me puxou bruscamente para os seus braços, me manteve presa a eles. — Me solta, Júlio, você está me machucando!— Eu não passei sete anos da minha vida, cuidando de você e da sua filha, para entregá-las àquele idiota do David! — disse baixinho, porém havia ódio em suas palavras.— Eu não te pedi nada! Me larga, seu... — Fiz força para livrar-me dos seus braços, mas ele me apertou ainda mais, então comecei a me debater.— Ou você é minha, ou não será de mais ninguém!— Não! Me larga, Júlio! — gritei para o homem transtornado e completamente fora de si. Júlio finalmente me largou, porém não tive tempo de me afastar dele, pois segurou firme os meus cabelos e forçou um beijo em minha boca. Aproveitei minhas mãos livres e comecei empurrá-lo, bater fo
David— Onde ela está? — indaguei assim que entrei em casa. Quando minha mãe ligou, dizendo que Yaides não estava bem, e quando a havia trazido para casa, larguei o que faltava para concluir o trabalho e corri para cá. Eu sentia a necessidade de estar ao seu lado e de dizer-lhe que tudo ficaria bem.— No quarto. — Não esperei que continuasse. Corri para as escadas, em busca da minha mulher. — David, eu preciso... — Ouvi-a dizer, mas não parei. Entrei rapidamente no corredor e abri a porta do quarto, encontrando-a dormindo. Meu coração parou quando percebi um pequeno corte no canto de sua boca e uma marca levemente arroxeada na maçã do seu rosto. Sem conseguir respirar direito, aproximei-me da cama, inclinei-me um pouco e beijei seus machucados.— Quem fez isso com você, meu amor? — sussurrei sofregamente, deslizando suavemente as pontas dos dedos pela pele machucada e uma lágrima escapou pela lateral do meu rosto. Beijei-a calidamente e ela se mexeu na cama, revelando algumas marcas n
David— Pode me fazer um favor, Rute, prepare uma bandeja com um café da manhã reforçado, quero eu mesmo acordá-la.— Sim, Senhor, prometo caprichar nesse café da manhã da Senhorita.— Obrigado, Rute! — Observei a empregada sair do escritório, enquanto tomava mais um gole do meu café e logo depois fui para perto de uma janela, para ver minha filha rindo e correndo pelo jardim, enquanto se divertia com os cães correndo atrás de uma minúscula bola. Não pude evitar um sorriso de satisfação. Maya tem tudo de mim, não só na aparência, mas também em algumas atitudes. E por isso l, sei que ela é inteligente o suficiente para entender o certo e o errado, para distinguir o bem e o mal. Sei que ela é apenas uma criança e que sua mãe a quer proteger, mas não acho certo de que a minha filha idolatre o homem que machucou a sua mãe. O problema é; conto para ela o que ele fez ou a deixo em sua bolha cor de rosa? Suspiro audível.— Senhor David, a bandeja já está pronta. — Rute avisa e eu assinto, de
YaidesOlho para os cômodos da casa simples, já sentindo uma saudade quase sufocante. Apesar de sua simplicidade e de tudo o que houve, tenho boas lembranças desse lugar. Foi aqui que descobri minha gravidez, a Maya cresceu nesse lugar e foi aqui que descobri minha paixão pelos livros e iniciei meu primeiro trabalho. Embora Júlio tenha feito algo tão cruel comigo, ele também me deu coisas que eu não conseguiria ter sem a sua ajuda e fez com que Maya tivesse uma família, de alguma forma.Sentirei saudades. Penso.— Mãe, posso levar meus bichinhos de pelúcia? — Minha filha pergunta, entrando no meu quarto, abraçada aos seus bichinhos.— Claro, filha. — Forcei um sorriso para ela.— Por que está chorando? — Ela larga todos eles e vem para perto de mim.— Não se preocupe, filha, é de felicidade. — Ela me abraça. É um abraço longo e carinhoso.— Quando vamos contar para tio Júlio, que vamos viajar para os Estados Unidos? — indaga com sua costumeira ansiedade infantil. Sem saber como falar
Yaides— Yaides, por sete longos anos, eu fui um grande tolo e não sei se sou merecedor dessa segunda chance, mas, ela veio para mim e agora, eu não quero correr o risco de ela fuja para bem longe de mim outra vez. Amor, eu te amo, amo tanto que ficar longe de você e da nossa menina, não é mais uma condição. Eu sei que você já me disse sim, mas dessa vez, eu preciso que o mundo saiba, que eu sou seu e que você é minha.— Ai, meu Deus! — sussurrei.— Aceita ser a minha esposa, Yaides Velásquez?— Sim. Sim. Sim. Eu aceito ser sua esposa! — Um sorriso lindo se abriu no seu rosto, e David se pôs de pé, mas não para pôs o anel no meu dedo. Ele me puxou para os seus braços e me beijou ardentemente. E só nos afastamos quando escutamos os aplausos de todos dentro do restaurante, só então percebi que sua família e alguns amigos estavam presentes também.— Parabéns, meus amores! — Lilian se aproximou para nos abraçar e na sequência, os outros membros fizeram o mesmo. O jantar seguiu com uma ani
Yaides Alguns meses depois... — Papai, olha o que eu sei fazer! — Minha filha grita, feliz me fazendo sorrir. Há alguns meses achei que isso não seria possível. Deus, ela passou por tanta coisa, que chegou a despedaçar o meu coração. Sua perda foi quase irreparável. Lembrar daquela fatídica manhã ainda me machuca muito por dentro, mas é algo que eu nunca conseguirei apagar da minha memória... Nunca! Ainda dói, sangra, maltrata. _ Vem Papai, vem brincar comigo! _ Minha garotinha volta a gritar, deitada no chão gelado, com seus braços e pernas abertos, abrindo e fechando, formando um lindo anjo na neve. Meu sorriso se espalha ainda mais pelo meu rosto. ... Me perdoe, Yaides, eu não queria... Aquelas malditas palavras sussurradas e sôfregas ainda ecoam dentro dos meus ouvidos, assim como o som da bala que atingiu violentamente o seu peito. Eu temi tanto, que perdi o controle do meu próprio corpo e achei que perderia os meus sentidos naquele instante. Olhar para aq