DonatellaO sono era um luxo que, naquela noite, não conseguia alcançar. A notícia da fuga de Alexandra não me deixava em paz. Minha mente girava em torno das possíveis repercussões de sua liberdade, e uma inquietação profunda tomava conta de mim. Havia uma sensação constante de perigo iminente, e a memória de nossa traição parecia um fantasma que eu não conseguia afastar.Olhei para o lado e vi Raphael dormindo tranquilamente. A visão de seu rosto sereno, mesmo na escuridão do quarto, me dava um pouco de conforto. Ele parecia tão alheio às tormentas que me assombravam. Queria poder me aninhar ao seu lado e esquecer todos os meus medos, mas a ansiedade era mais forte do que a exaustão.Decidi levantar-me e ir até a cozinha. Talvez um copo de água pudesse acalmar meus nervos, pelo menos temporariamente. Caminhei silenciosamente pelo corredor, não querendo acordar Raphael. O chão frio sob meus pés descalços era um contraste bem-vindo à tempestade que rugia dentro de mim.Ao entrar na co
DanteEstava na bancada da cozinha tomando o meu uísque, tentando passar a minha raiva. Não posso acreditar. Que o Pápa escolheu Raphael para tomar conta dos negócios, não, não. Não posso aceitar isso. Raphael não queria trabalhar com isso, tanto que foi pro Brasil brincar de “empresário” para não fazer os negócios da família. Fiquei aqui ao lado dele, ajudando, administrando e colocando ordem e ele escolhe Raphael? Que inferno!Eu não conseguia tirar a história de Alexandra da cabeça. Raphael sempre tinha uma carta na manga, mas essa situação era diferente. Ele mantinha uma mulher cativa para proteger a si mesmo e a Donatella. Dou o último gole no meu uísque, sentindo a queimação familiar descendo pela garganta. Mesmo com toda essa bagunça, uma coisa era inegável: meu irmãozinho tinha bom gosto para mulher. Alexandra era incrivelmente gostosa, e eu não conseguia deixar de pensar nisso.Sentei-me na cadeira de couro do escritório, observando a sala escura enquanto meus pensamentos vag
RaphaelEu estava no escritório do pápa, mergulhado em um turbilhão de problemas que não pareciam ter fim. O ambiente era pesado, a decoração opulenta contrastando com o caos que me cercava. Cada canto do escritório exalava a autoridade e a pressão de décadas de poder acumulado. O brilho das lâmpadas de cristal não conseguia dissipar as sombras das preocupações que se acumulavam.A remessa de armas que deveria ter chegado estava atrasada. Uma falha que, no nosso mundo, poderia significar a diferença entre a vida e a morte, o sucesso e o fracasso. Eu tinha me esforçado para garantir que tudo fosse executado com precisão, mas agora estava lidando com a incompetência e a imprevisibilidade de terceiros. O telefone estava em constante movimento, meus dedos tamborilando impacientemente na mesa enquanto eu tentava obter respostas de nossos contatos.― Como assim a carga está atrasada? ― Minha voz ecoou pelo escritório, carregada de frustração. ― Precisamos dessas armas agora, não amanhã, não
DonatellaO sol já iluminava o quarto quando acordei, a luz da manhã traz uma sensação de renovação. Levantei-me lentamente, ainda sentindo os resquícios de uma noite inquieta. O peso das preocupações recentes me acompanhava, e uma sensação de urgência se misturava com a necessidade de encontrar Raphael.Vesti-me rapidamente, escolhendo uma roupa que me desse um pouco de conforto em meio a tanto caos. Caminhei pelo corredor em direção ao escritório de Raphael, esperando encontrar algum consolo ou ao menos uma explicação sobre os últimos acontecimentos. Quando abri a porta do escritório, fiquei surpresa ao ver Dante sentado na cadeira que geralmente era ocupada por Raphael. Ele estava reclinado, com uma expressão que misturava autoridade e desdém. A visão dele ali, tão confortável em um lugar que não lhe pertencia, me deixou desconcertada.— Dante? — perguntei, tentando disfarçar meu espanto. — O que você está fazendo aqui? Onde está Raphael?Dante levantou os olhos lentamente para mi
RaphaelO barulho constante dos motores do avião e o leve balançar da aeronave enquanto se aproximava do Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, criavam uma sensação de tensão em mim. A cidade maravilhosa estava à minha espera, mas a missão que me trazia até aqui estava longe de ser um passeio turístico. Meu encontro com Lorenzo, meu contato confiável no Brasil, prometia respostas sobre a localização de Alexandra. Um dos homens dela foi localizado em um apartamento na Barra da Tijuca. Esta era a oportunidade que eu precisava para saber onde ela estava.Apertando o assento de couro sob mim, fechei os olhos por um momento, tentando reunir meus pensamentos. Sair sem avisar Donatella me perturbava profundamente. Sabia que ela se preocupava, que preferia estar ao meu lado em qualquer situação, mas esta era uma operação delicada e perigosa. Esperava que ela compreendesse. Também tinha que agradecer ao meu irmão Dante. Apesar das nossas diferenças, ele havia fornecido a informa
RaphaelEra madrugada, e eu me levantei da cama, incapaz de dormir depois da pequena discussão que tive com Donatella. A casa estava mergulhada no silêncio, exceto pelo som ocasional do vento soprando lá fora. Andei pela escuridão do nosso quarto, sentindo o peso da nossa briga ainda fresco em minha mente.Donatella dormia tranquila, mas eu sabia que sua calma era apenas superficial. Ela estava magoada, e eu me culpava por isso. Eu não devia ter partido sem avisá-la, mas a urgência da situação com Alexandra não me deixou escolha. Caminhei até a janela e olhei para fora, tentando encontrar alguma paz no movimento suave das árvores.Eu precisava de um pouco de ar fresco para clarear meus pensamentos. Vesti um robe e saí do quarto, tomando cuidado para não fazer barulho e acordar Donatella. Desci as escadas e fui até a cozinha, onde enchi um copo com água e tomei um gole, tentando acalmar a tensão em meus nervos.A cozinha estava escura e fria, um reflexo perfeito do meu estado de espíri
DonatellaEra tarde quando decidi aproveitar o sol no jardim. Peguei um livro que estava na minha lista de leitura há semanas, mas que eu não conseguia encontrar tempo para ler. O jardim da nossa casa era um refúgio tranquilo, um espaço onde eu podia escapar das preocupações e encontrar um pouco de paz. Sentei-me em um banco de madeira sob a sombra de uma árvore frondosa, o cheiro de flores e grama fresca enchendo o ar ao meu redor. Raphael estava no escritório, ocupado com os negócios da Moretti Enterprises. Ele parecia mais focado e determinado desde a nossa conversa na noite anterior. Eu sabia que ele estava tentando ser mais aberto e compartilhável, e isso me dava esperança de que poderíamos superar qualquer desafio juntos. No entanto, a sombra de Alexandra ainda pairava sobre nós, e isso me preocupava.Enquanto lia, perdi a noção do tempo. As palavras do livro eram um conforto bem-vindo, mas minha mente continuava a divagar, voltando sempre para Raphael e a situação em que nos e
RaphaelChegamos ao aeroporto do Rio de Janeiro, e a familiaridade do lugar me trouxe uma onda de nostalgia misturada com uma urgência renovada. Enquanto caminhamos pela área de desembarque, senti o peso das responsabilidades que me aguardavam. Donatella estava ao meu lado, seus olhos atentos a cada movimento ao nosso redor. Eu sabia que trazê-la comigo era uma decisão arriscada, mas não podia mais deixá-la de fora dos meus planos. Especialmente agora, com Dante na Itália.Lorenzo estava esperando por nós na área de desembarque, sua postura firme e olhar vigilante. Ele se destacou entre a multidão, um farol de lealdade e competência em meio ao caos do aeroporto. Ao nos aproximarmos, ele nos cumprimentou com um aceno de cabeça e um sorriso contido.— Raphael, Donatella, bem-vindos de volta — disse ele, pegando nossas malas com a eficiência de um veterano. — O carro está pronto. Podemos ir quando vocês quiserem.— Obrigado, Lorenzo — respondi, apertando seu ombro em um gesto de camarada