Então era isso... Apesar de Deirdre estar grávida de um filho de Brendan, o monstro e Charlene iam se casar. Em outras palavras, a gravidez não era impedimento algum para que o homem amasse outra mulher.Aquele era justamente o tipo de coisa que provocara os comentários estranhos da criada e do jardineiro. Por isso, Deirdre começou a imaginar que a única razão pela qual mostravam o mais básico decoro com ela é que o pai da criança que carregava em seu ventre era o próprio Brendan.— Oh, eu entendo — Deirdre soltou um longo suspiro. Ela não se sentiu tão abalada quanto pensou que ficaria. Talvez estivesse antecipando isso há muito tempo. A única coisa em que pensou e, portanto, a única que causou algum sentimento, foi o que Brendan havia dito antes de partir. ‘Você sempre esteve no meu coração.’Que piada absurda ele tinha feito.— Parabéns, eu acho. E desculpe, também, já que ainda não estou apta para andar livremente por aí. Vou ter que faltar ao casamento. — Ela colocou o convite
Lúcia, que foi quem permitiu a entrada de Charlene, gaguejou e parecia ter vontade de se esconder, quando tentou se defender:― Mas, Madame Brighthall, a senhorita McKinsey vai se casar com seu filho! Ela também será nossa chefe, muito em breve, e nós... Não podemos dizer não a alguém assim! E se ela guardar rancor de nós? ―― Você está me dizendo que considerou a autoridade dela maior do que a minha!? ―― Madame Brighthall? ― Uma voz suave e tranquila veio do segundo pavimento e a mulher mais velha se virou.Deirdre estava parada na escada, com uma expressão plácida. Seus olhos nem estavam vermelhos.― Madame Brighthall, não foi nada demais. ― Ela continuou, categoricamente. ― Elas não estão erradas em pensar duas vezes antes de desagradar à Charlene. Ela vai ser a próxima chefa da família, e se eles recusassem a entrada dela em seu nome, isso só criaria um ponto de conflito entre você e sua nora.― Dee! ― Madame Brighthall sentiu as palavras se engasgarem na garganta. Ela podia
― Deirdre é quem você realmente ama! Então, que ideia é essa de casamento com Charlene? Deus, é como se eu nem conhecesse mais meu próprio filho! ―Brendan ficou em silêncio. Então, com a voz fraca e triste disse:― Isso é entre Deirdre e eu, mãe. Você não precisa se importar. ―― Eu não preciso me importar? ― Madame Brighthall respirou fundo para manter a compostura. ―Eu adoraria não me envolver nisso, Bren! Eu até gostaria que você tivesse casado com Charlene, um tempo atrás. Então o que aconteceu? Você se colocou à beira da morte na tentativa de ter Deirdre ao seu lado. Mas agora que você a tem de volta com você, você... Me explica isso filho! Suas atitudes não fazem o menor sentido! ―― É tudo muito difícil de explicar. ―Madame Brighthall sentiu o coração gelar.― Então, se é difícil, você nem vai tentar explicar, vai? Ou você está me dizendo que a pessoa que você ama sempre foi Charlene e a única razão pela qual você fez tanto para trazer Deirdre de volta foi que você é pos
Charlene entrou, com uma mão na cintura e, enquanto olhava as próprias unhas da outra mão, disse:― Você não se preocupa mais nem em acender a luz. Então, é assim que você está sendo tratada? Parece que você não tem uma vida muito boa, de qualquer maneira. ―Fingindo um sorriso, Deirdre respondeu:― Com certeza, não sou tão querida quanto você, que tem milhares de amigos apenas para comemorar um aniversário. Sou apenas uma habitante aqui da mansão. ―Sentindo-se bastante orgulhosa, Charlene brincou:― Então, Deirdre, qual é o significado de você viver neste mundo? Você deveria ter olhado para si mesma, e percebido que jamais seria capaz de arrebatar Brendan e o levar para longe de mim. Seja um casamento ou uma festa de aniversário, Brendan me dará o que eu pedir. Ele tem me acompanhado nesses últimos dias também... ―Charlene não continuou, mas lançou um olhar significativo.‘Acompanhado? O que ela quer dizer com isso?’ Deirdre imaginou Charlene e Brendan nus, entre lençóis bagu
Deirdre nunca se sentira tão enfurecida na vida.― Sua desgraçada! Maldita! Você é um verme! Como pôde ferir uma pessoa com a mente de uma criança!? Por que você ainda não está morta!? ―Charlene foi forçada a recuar para a varanda, mas continuou provocando Deirdre:― Você não pode me culpar, pode? Você deveria se culpar também, por ter se apaixonado por Brendan. Caso contrário, eu não precisaria lidar com a imbecil, não é? Felizmente, Brendan providenciou para que sua mãe estivesse lá, onde todos os funcionários comiam em minha mão. Assim, eu pude fazer o que queria e depois apagar todos os meus vestígios. ―Respirando fundo, Deirdre sentiu tanta ira que tremia.― Você não se acha mais imbecil que sua mãe? O homem que você ama não apenas a mandou para a prisão, mas também é culpado pela morte de sua mãe. ―― Cala essa maldita boca! ― Deirdre olhou para cima, com os olhos vermelhos como sangue e abruptamente aumento a pressão contra Charlene. ― Desgraçada! Você matou minha mãe e
Entretanto, a pressa de Sam não tinha a ver com a saúde de Charlene, a única coisa que o segurança pensava é que, se a mulher morresse, Deirdre não teria chance de escapar da prisão, com tantas testemunhas. Vendo a cena, Brendan se segurou na amurada com tanta força que suas veias incharam. Mesmo tomando precauções, não conseguiu evitar que Charlene provocasse Deirdre.Quando ele viu alguém tirando fotos, Brendan inconscientemente ficou diante de Deirdre para protegê-la, enquanto seus olhos se enchiam de frieza.― Se bem me lembro, você deve ser o editor-chefe da Entertainment Weekly Magazine. ― Apertando os olhos, enquanto olhava para o homem com a câmera, Brendan alertou: ― Se alguma foto for publicada, garanto que a revista desaparecerá de Neve! Você pode tentar se não acredita. ―A Entertainment Weekly Magazine era o maior meio de comunicação em Neve e como editor-chefe o homem tinha muitas conexões, então poderia impedir que todos os meios de comunicação publicassem as notíci
Com um barulho alto, a tampa da lâmpada se espatifou no chão.Lentamente, Brendan baixou o braço, que tinha um corte longo e estreito. O sangue jorrou, mas ele nem franziu a testa de tão surpreso que estava. Afinal, para Deirdre ter feito aquele ataque, seu ódio por ele deveria ter sido revivido. Ele até acreditava que Deirdre o empurraria pela varanda, assim como havia empurrado Charlene, se ela tivesse força para aquilo.Madame Brighthall correu escada acima em direção a eles e, parada à porta, quando ela viu o braço sangrento do filho, assustou-se mas avançou.― O que está acontecendo com vocês? Deirdre... Brendan... Mas que diabos! ―O telefone de Brendan tocou e quando viu o chamador na tela, aceitou a chamada.― Seu Brighthall. ― O tom de Sam soou sério. ― Você resolveu o problema do banquete? Você gostaria de vir? Charlene está... ―― Tudo bem, estou saindo daqui. ―Brendan desligou e se preparou para partir. O telefonema tinha interrompido Madame Brighthall, mas assim qu
Depois que os cortes nos pés de Deirdre foram tratados por uma médica, Madame Brighthall não saiu do quarto de imediato, mas ficou fazendo companhia para a jovem, por algumas horas, antes de ir dormir.Quando finalmente pegou no sono, a jovem sonhou com a mãe sentada de pernas cruzadas sob um pé de laranja e acenando para ela. Seu sorriso era tão amável e gentil quanto antes.― Você está atrasada, querida. Vamos, deixa que eu carrego sua mochila, não quero que minha preciosa fique cansada. ―Com lágrimas no rosto, a jovem correu para abraçar a mãe, mas a cena mudou para a varanda de um terceiro andar, onde, apesar de estar muito próxima de Ophelia, não conseguia impedir a mãe de saltar.― Senhorita? Senhorita! ―Deirdre acordou com o barulho de pancadas na porta e, ainda tentando entender o que acontecia e, ao mesmo tempo, se livrar do pesadelo, enxugou o rosto, riscado por lágrimas. ― O que está acontecendo? ―Ela tateou o caminho para abrir a porta, então a criada Brenda diss