Apesar de ser deficiente visual, Deirdre ainda conseguia distinguir quem poderia ser a figura.― Tobey? É você? ―― Dee! ―Deirdre se assustou e examinou ao redor com cautela, antes de continuar.―Achei que você tinha dito que entraríamos em contato por telefone! Por que você está aqui pessoalmente? E se Brendan colocou alguém para me vigiar? ―― Não se preocupe, Dee ― ele respondeu, sorrindo. ― Eu só viria aqui pessoalmente depois de ter 100% de certeza de que ele e seu pessoal haviam partido. Somos só você e eu aqui. ―Deirdre deu um suspiro de alívio, embora um pouco de sua ansiedade e paranoia se recusassem a relaxar. Ela destrancou a porta apressadamente e entrou. Virando-se, ela gritou para ele:― Vamos conversar aqui dentro. ―― Acho melhor não. ― O jovem olhou para a lama em volta das solas de seus calçados e concluiu. ― Vou falar daqui de fora mesmo. ―Deirdre parou na porta e Tobey fez uma careta.― Brendan partiu para Neve, não foi? Eu vi a notícia. Ele está noivo
Por alguma razão desconhecida, o olhar incerto e quase inquieto no rosto de Deirdre se transformou em um redemoinho de ansiedade. Ele franziu a testa e suas sobrancelhas se juntaram em um nó. Ele não sabia dizer por que, ou de onde vinha aquele sentimento, mas seu instinto lhe dizia que algo grande estava para acontecer.― Bren! ―A porta da sala se abriu e Charlene entrou na sala, com trajes de alfaiataria feitos sob medida, enfeitada com joias no valor de mais de um milhão de dólares, no total. Ela parecia ter feito de sua missão tornar-se o epítome de uma rica exibicionista e isso podia ser visto em seu rosto.E o rosto dela? A cirurgia tinha sido um sucesso, a julgar por sua recuperação. Depois de deixar o centro de detenção, Charlene teve algumas de suas ‘imperfeições’ ajustadas e, com a aplicação correta de cosméticos, ficou genuinamente bonita à sua maneira.Brendan lançou um olhar em sua direção e sentiu uma onda de desgosto disparar em sua boca. Seu semblante era frígido,
Mesmo com todos os problemas, a esquiva Madame Brighthall fez sua aparição. Qualquer um que pudesse ler nas entrelinhas sabia o que isso significava e assim, todos começaram a tratar Charlene como a senhora Brighthall confirmada.Charlene havia alcançado seu objetivo.Deirdre desligou a TV, vestiu um casaco e subiu para a cama. Ela colocou a mão no abdômen e deitou de costas, por um tempo, até finalmente adormecer. Enquanto seu sonho lentamente se consolidava, o telefone tocou, ao lado de sua cabeça.Ela acordou assustada. Tateando em busca do telefone, então apertou o botão de atender e perguntou asperamente:― Quem é? ―― Dee. ―Ouvir a voz de Kyran tirou Deirdre de seu sono, embora não necessariamente de seu sonho. Parecia que ela estava de volta naqueles dias quando Kyran era apenas Kyran. Mas se fosse um sonho, então por que ela sentiu um arrepio subindo pela espinha?Por isso, se preparou o melhor que pôde:― Kye? Você finalmente terminou seu trabalho? ―― Mm... Hmm... ―
― Espero mesmo que seja um bom pai ― Deirdre disse, rapidamente, aliviada. ‘Ele acreditou em mim, não é?’De qualquer forma, aquela pergunta tinha mostrado que Brendan não a tinha deixado sem vigilância. Ela pensou que com todos deixando a mansão, Tobey poderia bater em sua porta e ainda estar relativamente seguro. Ela estava errada, Brendan, de alguma forma, fez de seu vizinho um espião. O único pequeno consolo foi que o vizinho não reconheceu Tobey.Deirdre sentiu os nervos do pescoço ficarem rígidos. Ela deveria insistir para que o amigo entrasse, da próxima vez.― Dee. ―Ela saiu de seus pensamentos.― Sim? ―― Eu quero ir para casa. Para te ver. ―Deirdre foi pega de surpresa, mas riu.― Já chega, é um pouco tarde demais para piadas agora, Kyran. Não há nenhum voo voltando para casa e você não pode dirigir neste estado. O que você deve fazer é descansar. Vá dormir. ―― Eu sempre poderia pedir a alguém para me levar para casa. ―― Não, isso ainda é perigoso para o meu gos
― Olá! ―― Alguém está muito animada hoje. ―Deirdre sentiu os pelos da nuca se eriçarem. Foi prudente da parte dela ter parado a saudação antes de chamar o nome de Tobey, ou Brendan teria descoberto imediatamente.― Você adivinhou que era eu? ―Deirdre agarrou o garfo com força.― Quem mais poderia ter me ligado a uma hora dessas? ―O homem riu e Deirdre ouviu o som do aeroporto anunciando o horário de embarque de um avião específico e congelou.― Onde você está? ―― Ah não... Você ouviu isso? ― Brendan parecia um pouco desapontado. ― Era para ser uma surpresa, mas acho que o anúncio tinha que vir no pior momento possível, né? Estou voltando de Neve. ―Deirdre ficou de pé de um salto, sua cadeira caindo atrás dela.― Por que você está voltando de repente? Você disse que sua viagem levaria três dias. É apenas o segundo dia, hoje! ―― Estou voltando por você, Dee. O que mais poderia ser? ― o empresário riu e baixou a voz. ― Eu odeio cada segundo de estar aqui e simplesmente n
Como iriam partir em um navio de carga, não poderiam levar o carro com eles. Portanto, Tobey teve que estacionar o veículo na beira da estrada, que ficava bem longe do píer.Para evitar que o plano falhasse e perdessem a partida do barco, a dupla teria que correr por todo o caminho até a embarcação. Mas, além do extenuante exercício, Deirdre não dormia há uma noite. Por isso, sentiu um incômodo crescente na parte inferior do abdômen. A corrente de calor sob o corpo veio acompanhada de uma dor aguda e a jovem cobriu o local com a mão.― O que há de errado, Deirdre? Você está cansada?―Deirdre balançou a cabeça, concordando, com o rosto branco como papel.― Aguente só mais um pouco. O cargueiro não vai esperar por nós. Estaremos bem, desde que cheguemos lá ― confortou Tobey.― Certo. ― Deirdre assentiu.Ela não tinha contado para Tobey sobre a condição de seu corpo. Como o tempo não esperava por ninguém, ela se esforçou ao extremo e caminhou até que finalmente chegou ao píer. Então
― Bem, vamos apenas nos submeter ao destino. ― Deirdre não tinha outra escolha, porque era sua única chance de escapar e estava disposta a morrer, em vez de voltar para Brendan.― Mas... ―― Tobey, não existe mas. ― Com os olhos baixos, Deirdre disse: ― Eu te conheço bem. Uma vez que eu dissesse que estava grávida, você teria escrúpulos e talvez nem me deixasse embarcar, com medo de que eu sofresse algum acidente no navio. No entanto, você não conhece Brendan. Esta é a única chance que temos de escapar! ―― Oh, querida... ― Sentindo-se angustiado, Tobey disse: ― Mas e se algo acontecer com você? ―― Não, não vai. ― Deirdre sorriu. ― Senti dor, quando sangrei, mas estou muito melhor agora. ―Tobey respirou fundo.― De qualquer forma, deixe-me falar com eles. Como você está grávida, não deve ser dura consigo mesma. Mesmo que tenhamos que pagar a mais, você terá um quarto para ficar. ―-Naquele momento, Brendan correu para a mansão. A porta foi aberta e ele podia sentir o cheiro
Brendan rangeu os dentes ao sentir onda após onda de tontura, deixando seus órgãos internos crivados de sangue e espasmos.Mas, indiferente à cena, Glenna retaliou com um sorriso.― Isso mesmo. Você deve mesmo ter que sofrer mais do que ela. Este é o preço que você precisa pagar por tê-la machucado. ―-Tobey teve que desembolsar uma boa quantia extra, mas Deirdre finalmente conseguiu descansar em um quarto.Havia uma mulher, esposa de um tripulante, que era responsável como chef por cuidar das refeições da tripulação e, quando soube que Deirdre estava grávida e sangrando, decidiu bater na porta da jovem.Como Deirdre era praticamente cega, a mulher ajudou Deirdre a se trocar, colocou um absorvente em sua roupa íntima e tirou as roupas ensanguentadas para lavar.Deirdre realmente apreciou a ajuda da mulher, mas a mulher respondeu:― Não é nada demais. Estou apenas fazendo o que posso. Quando eu estava grávida, não sofri tanto quanto você. Não precisei embarcar em um navio de ca