― Deirdre? O que há de errado? Eles terminaram de limpar o quarto. Vamos entrar ― disse Glenna.Deirdre voltou a si, mas suas pupilas estavam ligeiramente contraídas. Ela preferia acreditar que seus ouvidos estavam pregando uma peça nela. Afinal, havia muitas pessoas ali, então havia uma grande chance de ela ter ouvido mal. Além disso, havia também a possibilidade de ela estar sendo paranoica e sensível.Além dessas duas razões, ela não conseguiu encontrar nenhuma outra desculpa para explicar por que ouviria a voz de Charlene ali.― Deirdre? ―― Desculpe. ― A jovem se forçou a sorrir. Ela não queria estragar a diversão deles, por isso disse: ― Eu estava pensando em uma coisa e me distraí. A mesa está limpa? Vamos nos sentar. ―Glenna franziu a testa preocupada e deu um tapinha em seu ombro:― Você está pensando naquilo de novo? Está tudo no passado. Você deveria parar de pensar no assunto. ――Vou tentar... ― Depois disso, Deirdre seguiu Glenna e se sentou.Glenna ficou surpresa
― Foi sim. Como você sabia? ―― Eu conheço alguns dos clientes que estão lá. A mulher gosta de pedir um monte de coisa de uma vez. É só que... ― Deirdre parou abruptamente antes de terminar a frase.― É só o quê? ―― Ela não tem muito dinheiro e gosta de se gabar. Quando estava em Neve, sempre fugia antes de pagar quando aqueles novos restaurantes não estavam prestando atenção nela. Não esperava que ela viesse aqui agora e tenho certeza de que ela fará o mesmo, desta vez. ―A recepcionista não disse nada depois que Deirdre terminou de falar, então ela acrescentou:― Se você não acredita em mim, pode sair por aí e perguntar sobre isso você mesmo. O nome dessa mulher é Charlene McKinney. ―― Isso não será necessário. ― A recepcionista sorriu. ― Obrigada por seu conselho, senhorita, mas não se preocupe. Essa mulher não vai fazer isso desta vez. ―― Por que você tem tanta certeza disso? ― perguntou Deirdre.― É porque foi Brendan Brighthall quem reservou a mesa. Na verdade, ele res
Metro por metro, Deirdre sabia que Brendan se aproximava e, por isso, seu coração martelava rapidamente dentro do peito, enquanto as pontas dos dedos esfriavam. Então, com um baque surdo, os pés do homem pousaram na escada e o coração de Deirdre quase parou.Whelan e a jovem estavam no topo da escada e Brendan estava atrás deles, nos primeiros degraus.Brendan continuou a subir as escadas e, aparentemente, não os notou. Logo, ele chegou ao lado deles em poucos passos, e seu cheiro corporal fez cócegas nas narinas de Deirdre. Mas, justamente quando Deirdre pensou que algo estava para acontecer, o monstro passou direto por eles e subiu para o andar superior.'Ele não me notou?' Quando o pensamento surgiu no cérebro de Deirdre, ela sentiu como se toda a sua energia tivesse deixado seu corpo e soltou Whelan, descobrindo que suas costas estavam molhadas de suor.― Você pode me dizer o que aconteceu? ― Whelan perguntou: ― Você está bem? ―Mesmo tentando manter a voz baixa, Brendan ainda
― Brendan, você quer que eu te lembre de novo? Não somos mais marido e mulher e eu posso ir onde quiser. Você não tem o direito de me controlar! ―― Eu não tenho direito? ― Brendan ficou tão furioso que sentiu uma dor latejante nas têmporas. ―E o seu namorado? Ele permite que você abrace outro homem? Deirdre, você não tem vergonha? ―― Não tenho vergonha? ― Deirdre zombou, com sarcasmo.Ela até poderia se sentir um pouco envergonhada se outras pessoas dissessem algo assim para ela, mas o que fazia Brendan pensar que poderia julgá-la assim? A única pessoa no mundo que não tinha o direito de dizer que ela era sem vergonha era ele.― Mesmo que eu seja desavergonhada, pelo menos cumpro com todas as promessas que faço. E você? ― Deirdre disse com os dentes cerrados. Ela controlou sua raiva e falou, cuspindo as palavras: ― Qual foi a última vez que conseguiu dizer alguma verdade? ― Brendan abriu os lábios. Havia um monte de coisas que ele queria dizer, mas acabou engolindo e deixando t
O sorriso no rosto de Charlene desapareceu, mas ela ainda manteve a compostura.― Se eu saí da prisão, foi graças a você, Deirdre, obrigada. Se você tivesse ficado no pé de Brendan, quando eu estava fora, ele não teria sentido tanto a minha falta e não teria pensado em me tirar da cadeia. Parece que você nunca poderá se livrar do fato de que é minha substituta. ―Quando Brendan ouviu o que Charlene disse, ele franziu ligeiramente a testa e olhou para ela ameaçadoramente. No entanto, Charlene o ignorou, como sabia o segredo da dupla identidade e ainda tinha uma nova carta na manga, não tinha mais medo dele. Depois disso, se virou e perguntou a Brendan, com uma voz doce:― Estou certa, Brendan? ― Seu rosto estava cheio de um sorriso enquanto esperava pela resposta.Brendan fechou os olhos e, depois de alguns segundos, os abriu novamente, dizendo:― Sim. ―O coração de Deirdre disparou e um arrepio percorreu sua espinha ao ouvir a resposta. Entretanto, passou por tanta decepção que
Os olhos de Charlene estavam injetados e ela disse em um tom triste:― Eu deveria ser a pessoa que você ama! O que eu fiz errado? Por que você está me tratando assim? ―Brendan expressou seu desgosto:― Cale-se! Eu acho que era cego no passado. Você não é mais a gentil Charlene que arriscou sua vida para me salvar, e não vou mais confiar em você! ―Se ele não tivesse sido cegado pelo amor, Deirdre não teria precisado suportar as dificuldades na prisão, e ela não iria... Ela não o odiaria tanto que ele precisaria assumir uma identidade diferente para estar com ela.Charlene passou de desesperada a calma, enxugou as lágrimas e disse:― No entanto, você não tem escolha a não ser ficar comigo para que eu te fale o que você precisa saber, não importa o quanto você me odeie. ― Ela abriu um sorriso. ― Enquanto você estiver disposto a ficar comigo, passaremos mais tempo um com o outro. Garanto que vou fazer você se apaixonar por mim mais uma vez. ―― Eu não sei como você pode ser tão co
― Sim, claro. Isso não é um problema, com certeza. No entanto, você tem certeza de que deseja ir para casa sozinha? Quer que eu te leve? ―Deirdre balançou a cabeça e recusou dizendo:― Estou bem. Vou pegar um táxi para casa e informar a Glenna sobre isso mais tarde. Se perguntarem sobre mim, por favor, diga que não estou me sentindo bem. ―Whelan não fez mais comentários porque presumiu que Deirdre queria um tempo tranquilo para ficar sozinha.― Claro. ―― Obrigada. ―Deirdre chamou um táxi, entrou no carro e sentiu uma intensa sensação de cansaço que a invadiu até se sentir sufocada.Ela encostou a cabeça na janela e enfiou a mão no bolso sem perceber. Ela podia dizer pela luz fraca de seu telefone que ainda tinha bateria e estava ligado, no entanto, ainda não recebera a ligação de Kyran, mesmo depois de muito tempo.― Que horas são, senhor? ―O motorista respondeu:― São quase 21h. ―‘Já é tão tarde? Será que Kyran já está voltando?' Talvez, a falta de resposta fosse uma
Charlene foi pega de surpresa quando o magnata agarrou seu braço e puxou as mãos de trás dela com brutalidade, revelando o telefone.As pupilas de Brendan se contraíram abruptamente. Ele pegou o telefone da mão dela e abriu o histórico de chamadas para encontrar as inúmeras chamadas perdidas de Deirdre e a chamada recebida que durou um minuto e meio. Seu rosto ficou pálido instantaneamente.Charlene colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, sem um mínimo de culpa, e até sorriu quando disse:― Bren, acho que seria melhor se você não fosse tão grosseiro. O que você acha? ―Com fúria, o magnata olhou para ela.― Você perdeu a cabeça? ―Ao pensar em como Deirdre poderia ter ouvido a voz de Charlene, ele sentiu uma sensação avassaladora no peito e parecia que queria matar alguém.Charlene sentiu um medo persistente em seu coração, por causa do olhar dele e disse, com uma expressão inocente:― Não se preocupe. Ela não sabia que era eu. Não emiti nenhum som desde o momento em que a