― Claro que não foi, mas... É diferente para ele. Ele direciona tudo para si mesmo, pensando que se pudesse ter agido melhor, de alguma forma, a garota de seu amor não teria acabado com o homem mais velho. Quanto mais ele pensava remoía aquilo mais abaixava a cabeça e simplesmente... não conseguia endireitar a coluna e não mais olhar para frente. ―A pena coloriu os olhos de Deirdre.― O dinheiro é o diabo, não é? Você pode fazer o que quiser quando for rico, mas se não for, tem que passar a vida inteira se esfalfando. ―A senhora Cox continuou.― É por isso que fico feliz em ver Hoyt alegre quando ajuda você. Talvez vocês não namorem, mas isso não importa. O que importa é que você o tirou das sombras. Esse é o objetivo desses relacionamentos, não é? Esquecer a dor do último é uma benção. Encontrar uma nova pessoa para tentar novamente é outra. ―Como se o clima variasse com o tom da conversa, a chuva parou.Como ainda era madrugada, a senhora Cox voltou a dormir, enquanto Deirdr
Depois de um tempo, pegando estradas ora melhores ora piores, Deirdre e Hoyt finalmente chegaram ao seu destino e, embora nenhum deles esperasse, uma multidão o lugar estava tão lotado que para não ter dificuldade na hora de estacionar o veículo, preferiram descer da motocicleta e terminar o restante do trajeto a pé.Hoyt não parava de repetir, a cada centena de metros que percorriam:― Por favor, siga-me de perto. Não se perca no meio do povo! ―O rapaz falava com tanta insistência que a jovem começou a ficar incomodada e se defendeu:― Mas, que exagero! Eu sou uma mulher adulta, você sabia? Não me trate como criança. ―Hoyt se virou e encontrou um belíssimo sorriso gentil. Suas bochechas queimaram de vergonha e ele teve que se esforçar para responder sem gaguejar.― Eu... eu não quis dizer... eu quis dizer, você não está familiarizada com o centrinho e seus olhos não são muito bons, então, se você se perder, não saberá onde me encontrar! ―― Vai ficar tudo bem. Se eu me perder
A moça fazia um péssimo trabalho em esconder como tinha sido pega de surpresa com a intromissão de Deirdre e não sabia como responder:― Nós não estamos, tipo... nos falando mais! ―― Mas, você não disse que se separaram, disse? Por que você não responde à pergunta de maneira direta? ―A indignação da moça se transformou em raiva.― E por que eu devo dar satisfações a você? Não se meta onde não foi chamada! ―― Mas, ela tem um bom ponto, Selma. ― Hoyt falou, de repente. Uma frieza calma tinha substituído sua insegurança. ― Você e o Sach estão separados? ―A moça não soube responder. À medida que seu silêncio crescia, a fria suspeita de Hoyt se transformou em um silencioso desapontamento.― Então o que você quer com isso? Você quer se aproveitar dos meus mimos, enquanto vende seu corpo para o ricaço? Você quer me usar, como usa ele? Faça-me o favor... ―― Eu não estava tentando fazer nada! ―― Não? Então me explica por que você me pediu que recomeçássemos quando ainda está env
O rosto de Hoyt ainda estava tenso quando ele saiu da loja e, preocupada, Deirdre perguntou:― Você está bem? ―Ele enxugou um pouco de suor do rosto e disse, com timidez:― Sinto muito, Deirdre. O objetivo era comprar algumas roupas para você, mas acabei te arrastando para meu drama e fiz você assistir a toda aquela cena embaraçosa. ―― Bobagem ― Deirdre respondeu, tranquilizadora e retribuiu com um pequeno sorriso. ― Não teve nada de constrangedor nisso. É assim que os relacionamentos são, dramáticos e complicados. ―Assim como o dela. Ninguém saberia o quanto tinha passado por um homem. Tinha se submetido, voluntariamente, a ser uma impostora, por dois anos, depois aceitou ser encarcerada, quando foi desfigurada, cega e perdeu a criança que tanto queria trazer ao mundo. A história de seu relacionamento era a pior de todas.― Quer um conselho? ― ela disse. ― Às vezes, culpar-se por tudo o que aconteceu apenas o impede de seguir em frente quando deveria. ―Hoyt corou e assentiu
― Deirdre... ―Hoyt reuniu coragem e interveio:― Você não ouviu o que ela disse? Ela quer que você vá embora! ―Os olhos de Kyran se tornaram duros e ele digitou:― Isso é entre Deirdre e eu. Por favor, não se intrometa em nossos assuntos. ―Ele conseguiu mostrar o exterior da cortesia, mas a energia que emanava traía uma aura inflexível e dominadora, determinada a garantir que ninguém pudesse olhá-lo nos olhos.Era muito para Hoyt, um caipira do interior, sem contato com os ricos e poderosos, suportar. Qualquer pequena confiança que ele tinha estava implodindo rapidamente, mas estava teimosamente pregado no chão entre Deirdre e Kyran.― Tudo o que sei é que Deirdre não quer falar com você e isso me basta. ―― Dez minutos é tudo que eu preciso, então, por favor, afaste-se ― digitou Kyran. Ele estava furioso. ― Mova-se ou vou ter que te tirar da minha frente. ―Deirdre sentiu que a situação fugiria do controle se ela se mantivesse em silêncio e se resignou:― O que você quer,
Declan riu alto, mas era uma risada cheia de amargura.― Era mais do que apenas 'não falar'. Também nos olhamos feio quando nos vemos. Então, por que eu me importaria com alguém que me odeia? Por que eu iria visitá-lo ansiosamente? Por que eu diria a você que nos conhecemos como se fosse algo de que eu deveria me orgulhar? ―Deirdre balançou a cabeça. Ela não ia mais se deixar enganar.Kyran estendeu a mão para ela, e ela a afastou com um tapa.― Que tal o fato de não haver um cara chamado Kyran Reed hospedado no quarto 1106? Que tal? ―Kyran olhou para a mão que ela rejeitou e sua expressão se tornou sombria. O homem digitou em seu telefone e a voz mecânica disse:― Porque estou tentando manter a discrição. ― ― O quê? ― Ela estava perplexa.Declan deu uma risada melancólica, enquanto justificava.― Isso é por minha causa. Meu irmão é um homem irritante e exigente. Ele garante que eu nunca possa superá-lo em nada, então qualquer cooperação ou trabalho que eu tenha com Kyran é
Kyran olhou para Deirdre gentilmente e tirou do bolso algo que vinha guardando por muito tempo. Então, entregou o documento para ela. Embora os papeis estivessem amassados e irreconhecíveis, a jovem soube no momento em que os segurou na mão que eram as passagens aéreas para Germia, as passagens para sua liberdade.Lágrimas começaram a rolar por sua bochecha e Kyran gentilmente as enxugou de seu rosto. Depois, digitou no telefone:― Estava esperando você voltar para poder cumprir minha promessa. Meu amor, estou feliz por ter encontrado você e estou feliz por você ainda estar viva. ―Deirdre podia sentir o alívio através nas palavras, mesmo que fossem ditas pela voz mecânica. No entanto, antes que pudesse responder qualquer coisa, Kyran vacilou e mancou para frente.― Kye! ― A jovem ficou assustada e correu para apoiá-lo, mas Kyran era tão pesado que ela mal conseguia segurá-lo.A jovem se agachou e colocou a mão na testa dele e, quando percebeu que o homem ardia em febre, exclamou,
Olhando para o chão, Declan disse para o médico:― Sinto muito. Algo inesperado aconteceu. ―― Ele também não se alimentou como deveria, certo? ― O médico suspirou. ― O relatório mostra que seu sistema digestivo está em desordem. Já cuidamos da ferida inflamada e ele está recebendo tratamento intravenoso agora. Você só precisa garantir que ele não saia mais da cama e fique andando por aí, ou então, com seu atual nível de imunidade, ele pode ser incapaz de lidar com isso. ―― Não se preocupe, vamos cuidar bem dele. ―Depois que o médico voltou para seu consultório, Declan tirou um cigarro do bolso, mas resistiu ao impulso de acender, ao perceber que estava no hospital. Então, se apoiou na parede, sentindo o frio da superfície dura penetrando nele.― Kyran basicamente, só comeu salgado de padaria, nos últimos dias. ―As pupilas de Deirdre se contraíram.― Foi porque ele largava o almoço e ia te procurar sempre que recebia alguma notícia do seu paradeiro. Quando eu insistia, ele co