― Eu posso ir se você estiver ocupada, mas posso pegar seu número? Se você tiver mais alguma coisa com a qual precise de ajuda no futuro... eu poderia... ― Brendan cerrou os punhos abruptamente e as veias de seus braços saltaram. 'Este homem ainda vai ficar insistindo?' Furioso, o empresário cerrou os dentes sem dizer uma palavra, mas olhou para Deirdre friamente. A jovem respirou fundo, depois de sentir a imensa pressão que irradiava de Brendan, então, segurou a respiração para se acalmar e respondeu com um sorriso forçado:― Sinto muito. Eu não pretendo fazer isso, então não vou te segurar. ― Trevor ficou obviamente abatido, mas não parecia se importar muito.― Eu sou mais velho, então é muito normal que você não esteja interessada. De qualquer forma, foi um prazer conhecê-la. Fique bem. ― O mecânico se afastou com passos largos, o que era um sinal aparente de que seu ego havia sido ferido. Deirdre parecia estar sobrecarregada de emoções. Ela não teria falado com tan
Sam acompanhou Deirdre até a porta, quando chegaram ao pátio da mansão e depois foi embora. A jovem caminhou pela sala e tinha uma mão apoiada no sofá quando ouviu o barulho de um interruptor no andar de cima. Ela olhou na direção do som abruptamente. A jovem apurava os ouvidos, tentando descobrir quem era, quando percebeu que era o empresário, depois de sentir o calor opressivo de seu olhar. ― Suba as escadas. ― Brendan falou, em um tom gelado. O homem abriu a porta de seu quarto e Deirdre se preparou para o pior, subindo as escadas com movimentos rígidos. Ela foi jogada na cama, assim que entrou no quarto. O homem se apoiou nela, seus olhos frios cheios de terrível maldade. — Deirdre, você acha que pode agir de forma imprudente só porque eu a tratei bem por alguns dias? ― Brendan falou em um tom gelado. Ainda estava furioso, além da conta, por se lembrar do sorriso que a jovem tinha dado, enquanto conversava com o mecânico. ― Eu te dei liberdade e te tolerei o máximo que
O gerente finalmente ficou satisfeito e decidiu suavizar no final da conversa:― Estou muito impressionado com o seu trabalho, senhorita. Espero que a boa vontade permaneça. ― Desanimada, Deirdre saiu do escritório do gerente e foi para os fundos do restaurante. A faxineira estava esperando, então ela se levantou e se aproximou de Deirdre.— O que há de errado com você, Deirdre? Trevor me disse que gostou de você, mas que você o rejeitou! Por favor, você não é como as outras. Você não sabe que mendigos não podem escolher? Sério, você está realmente planejando ser uma solteirona pelo resto da vida? ― Deirdre não sabia o que a incomodava mais, se era o tom amargo que a mulher falava, ou se as palavras ofensivas e sem nenhum tato. Irritada, Deirdre franziu a testa.― Olha. Só porque concordei em conhecer Trevor, não significou que eu concordaria em ficar com ele, entendeu? ― ― Só estou fazendo o que é melhor para você! Você realmente acha que outro homem gostaria de você tanto q
A faxineira queria tanto que Deirdre se envergonhasse que fez questão de deixar uma poça grossa de sabão em pó em seu caminho. Deirdre se considerava sortuda por poder trabalhar em um restaurante tão acolhedor, onde todos a tratavam com gentileza e respeito, mas depois daquilo essa opinião tinha mudado. Afinal, ela conseguira fazer alguns inimigos. ― Está bem. ― Ela estendeu o outro braço, em meio à sua agonia. ― Por favor, me ajude a levantar. Se eu me trocar agora, ainda posso fazer meu turno. ― O gerente ficou exasperado, mas não conseguiu ir contra alguém tão teimoso, então ajudou a jovem. A sessão inteira foi um inferno, do começo ao fim. A mão direita de Deirdre não conseguia conjurar sua força usual para pressionar as teclas, e parecia que havia um espinho invisível espetando seu cotovelo. Ela sabia que os clientes estavam assistindo, então se forçou a tocar apesar da dor. Quando acabou, suas costas estavam banhadas em suor frio. Seu turno finalmente acabou e, como
―Você realmente acha que não tenho como verificar quanto tempo realmente durou seu turno? ― Brendan levantou um gravador de voz, reproduzindo um áudio de um dos funcionários do restaurante falando. ― Deirdre McQuenny? Ela saiu por volta das nove. Não tenho os detalhes, mas se você está procurando um pianista para sua experiência gastronômica, receio que terá que voltar amanhã! ― O rosto de Deirdre ficou branco como papel. Ela não esperava que Brendan tivesse se precavido contra aquela desculpa. A fúria nos olhos do empresário crescia exponencialmente.― Eu odeio ser enganado, você sabe disso? Então, por que você continua pressionando meus botões? Finalmente estamos fora de perigo com Sterling Fuller, e você está saindo com Trevor Carlson agora? ― Os olhos de Deirdre se arregalaram. Ela mal teve a chance de se perguntar como Brendan tinha conseguido descobrir o nome do mecânico antes de sentir uma força apertando sua mandíbula e ser inundada de dor. A ira do monstro se abateu
Deirdre assentiu com a cabeça e Brendan, para a perplexidade da jovem, perguntou:― Foi ruim? ― Ela mordeu o lábio em surpresa.― V-você não está bravo? ― Bravo? Claro que Brendan estava bravo. Furioso, até. Estava furioso por um dia inteiro. Ele estava totalmente fora de si desde que a jovem atrasou e ele esperou e esperou que ela voltasse para casa. Cada segundo tinha ampliado sua fúria. Mas, e daí? Toda aquela raiva havia se dissipado. Como ele poderia ficar bravo depois de testemunhar até onde essa mulher iria, apenas para esconder seu ferimento e a dor que isso lhe causava? Como ele poderia dizer para si mesmo que a enlouquecedora recusa dela em ser sincera não era motivada pelo medo da reação dele? ― Se você pudesse apenas... Se você tivesse me dito francamente que se machucado, eu teria me acalmado muito antes! ― Brendan desceu e ligou para o doutor Ginger, pelo telefone da sala de estar. Como ordenou que o médico viesse o mais rápido possível, Deirdre rapidament
Olhando para Deirdre, o médico de repente entendeu por que Brendan era tão encorajador. O próprio Brendan não parecia excessivamente emotivo, mas uma inspeção mais detalhada de seus olhos revelou gelo derretido e um sorriso quase tímido florescendo por baixo e, o médico ficou ainda mais surpreso... ‘aquilo é uma lágrima?'.Segurando a mão boa de Deirdre, com ternura, Brendan disse:― Sim. Eu acredito em você. ― O médico leu o ambiente e percebeu que era hora de ir, então saiu discretamente. Deirdre foi procurar o livro de partituras em braile no andar de cima. Mas, no meio do caminho, parou na escada, virou-se e declarou:― Para sua informação, Brendan, nunca houve nada acontecendo entre mim e o senhor Carlson. Nem ontem, nem amanhã... e nem nunca! ― Então, deixou o corrimão levá-la de volta para seu quarto. Atrás dela, os belos traços de Brendan pareciam se suavizar, em uma versão mais fofa de si mesmo, sob a iluminação suave da casa. Esta era a negação definitiva de su
― Se receber um presente nobre a incomoda, você pode equilibrar a balança depois de receber seu primeiro salário. Você me paga um jantar, então. ― ‘Então, para Brendan é assim? Um jantar é igual a um piano luxuoso?’ Deirdre achou a ideia maluca, embora admitisse que não tinha outro argumento para recusar o presente. A lembrança de que, em breve, também receberia um salário, aliviou um pouco sua mente, então ela concordou.― Fiquei feliz com o presente, Brendan. ― A jovem desligou a chamada e se sentou atrás do piano, executando, com uma mão só, as músicas da partitura. No final das contas, Deirdre era possivelmente dotada musicalmente, já que levou apenas uma tarde para dominar, com exceção de uma, todas as músicas da partitura. Como precisaria de mais tempo para aprender a última, levou o livro de partituras para o trabalho. A recepcionista imediatamente avistou o livro em braile.― O que é isso?! ― Ela se engasgou. ― Parece o tipo de coisa que você guardaria em um gabinete