Eles fizeram o percurso em três horas.
Na pequena cidade de Fylis, ele trocara de cavalo. O enorme garanhão castanho era um cavalo de corrida, segundo o vendedor.
E ele se provava bom a cada segundo que passava.
Rowan o apelidou de Vyxion.
Nada impediu o guerreiro de galopar como o vento. Nada, além da garota inconsciente em seus braços.
De vez em quando, ele ouvia a respiração dela falhar e seu coração descompassar. Aquilo o matava aos poucos.
" Sinto muito. " Ele dizia para ela de vez em quando.
Mas a garota não respon
Tess nunca acordou tão mal. Demorou cinco minutos para que ela conseguisse sentar no catre.As barras de ferro na janela cortavam o céu cinzento lá fora. Um trovão soou longe e ela estremeceu. Odiava trovões e odiava tempestades. Eram sempre um mau agouro.Tess viu que seu cantil de tônico estava apoiado contra seus pés. Ela tomou um gole hesitante. Estava diferente. Mais concentrado, forte e com um sabor diferente. Depois de um minuto experimentando e tentando descobrir, sentiu o traço que faltava do sabor. EraVinyo,uma erva exótica do reino de Mab. Tess havia sentido o gosto da planta uma única vez, quando estava trabalhando como voluntária num posto de saúde de Xint e, num jogo de bêbados entre médicos e enfermeiras, f
" Traidor, desgraçado, impuro, covarde e uma desgraça à sua nobre linhagem. " Maeve citou como se tivesse passado horas decorando, enquanto seus olhos corriam o rosto de Amos. " Você é tudo isso e mais, filhote. "Amos grunhiu, seu lindo rosto se contorcendo em ódio. " Você a matou! Merece isso. Tudo isso. Não pode ver alguém sendo feliz e já vai destruir tudo. Se você não é feliz, deixe que os outros sejam, Maeve."A risada da rainha fez com que um arrepio percorresse a espinha de Tess." Eu a matei porque ela me pertencia, assim como você. Alix era fraca, como você. Seu estimado amor éfraco." Maeve saboreou as palavras enquanto elas feriam Amos como veneno.<
Tess ficou orgulhosa de si mesma por não desmaiar. Foi escoltada até sua cela e,assim que a porta fechou, ela correu para tomar mais do tônico.Ela não era exatamente uma fã de Amos, mas ficou muito triste por sua morte. Por um bom tempo ela olhou a janela, entre as barras, para o céu cinzento que não trouxera chuva.Em sua antiga vila, havia uma tradição para os mortos: todos se sentavam ao redor de uma fogueira e contavam histórias sobre o falecido.Ela se lembrava de uma vez, quando o irmão mais velho de sua amiga Maddeline morrera num acidente de trabalho. Ele era lenhador e a árvore caiu para o lado errado, que acabou sendo em cima da cabeça dele.
De tanto irritar Rowan pedindo, Tess conseguiu convencer o príncipe a levá-la até Amos.Eles desceram as escadas da torre, até a ala de visitantes. Por sorte, não havia ninguém nos corredores.Tess, escondida sob um capuz pesado, deslizava como uma sombra atrás de Rowan.Ele bateu uma vez na porta, então três e depois duas. Alguns segundos depois, uma bela náiade--de pele azulada, cabelos negros e olhos azuis--abriu a porta.Rowan e ela trocaram algumas frases em um idioma que Tess não conhecia e, por fim, ela os deixou passar.Tess olhou para Rowan, sem tirar o capuz, e ergueu as sobrancelhas.
Mas a morte não chegou.Na manhã seguinte, Tess riu amargamente. A morte brincava com ela. A garota quase sentia os dedos frios e ásperos da morte roçando seus cabelos sujos.Os dias passaram com uma lentidão agoniante. Faltavam três dias para a última prova, a que decidiria todo o futuro, quando passos firmes e metálicos soaram no corredor.Eram muito, Tess percebeu. Guardas.A porta foi destrancada e aberta. Um guarda, com o manto preto impecável, estava em posição de sentido. Uma estrela de cinco pontas prateada brilhava em sua gola.Um segundo depois, sedavuuazul escura, quase preta,
Rowan passou o dia seguinte com ela. Levou comida, o que fez com que Tess esquecesse da briga duas noites antes.Na verdade, eles não conversaram muito. Apenas a companhia o do outro os acalmava.Mas por fim, Rowan falou. " Maeve trouxe um prisioneiro novo ontem.""E eu com isso?" Tess respondeu, com a boca cheia de pão e peru.Rowan reprimiu um suspiro. " A diferença é que ela não o trouxe para o calabouço ou para qualquer prisão comum. Ela o mantém em uma cela específica em seus aposentos. O prisioneiro chegou numa cela móvel totalmente vedada e fechada. Ninguém sabe ou viu nada dele e eu mesmo não estou autorizado a vê-lo."
Ela nunca acordara tão mal antes daquele dia.Ela sabia que a morte caminhava até ela, mas, naquele momento, a morte corria.Ela se sentia fraca e sabia que seus cabelos estavam opacos e quebradiços e que sua pele estava pálida.Seus ossos não tinham peso mas, mesmo assim, era difícil sequer levantar o braço.Tess chorou ao se lembrar que, no dia seguinte, ela teria a última das provas de Maeve. Aquela que a separava da liberdade.Mas, naquele momento, ela não sabia nem se chegaria até o fim da tarde.Ela se perguntava se Liam teria sentido aquilo antes de morrer
Maeve teve a decência de lhe dar roupas novas, limpas e sem rasgos.Therae e Danara a limparam em um silêncio perpétuo, como se alguém tivesse morrido.Mas era assim que ela se sentia: como uma morta.Tinha certeza de que não conseguiria andar, mas Mab desobedeceu seu pedido e havia uma garrafa com um pouco do tônico ao lado de seu catre quando acordou.Tess agradeceu por isso. Ao menos conseguia andar.Therae a vestiu numa túnica dourada, como ouro, e numa calça feita de um tecido que Tess jamais vira antes--era macio e flexível, parecido com uma segunda pele. Ela prendeu os cabelos de Tess com grampos refinados, com