Ayala GreenSábado, noite de jogo!— Boneca, pelo amor de Deus, anda logo! — escuto Caleb gritar pela porta, já na milésima vez. Ele está impaciente e parece quase perdido de tanta ansiedade. Eu sorrio, sentindo meu coração bater mais forte. Ele me chama de "boneca" e o jeito que diz isso faz meu peito se apertar, como se eu estivesse respondendo a uma provocação que já conheço bem, mas não consigo evitar.Abro a porta e saio, pronta, dando uma giradinha para ele ver o look. — Pronta! Pode parar de berrar. — Solto com um sorriso travesso, esperando a reação dele.Ele me olha de cima a baixo com um olhar que mistura julgamento e uma risada abafada. — Você sabe que a gente tá indo para um jogo de futebol americano, né? — Ele fala com aquele tom de quem já está preparado para corrigir qualquer erro de vestuário que eu tenha cometido, mas, ao mesmo tempo, não consegue esconder o sorriso.Dou de ombros, fazendo um gesto exagerado de distração. — Não se preocupa, vou usar um boné dos Lion
Caleb EvansEntramos na casa onde seria a festa, e o ambiente não era nada sofisticado. A decoração de baixo orçamento, com preto e laranja espalhados pela sala, se misturava aos galões de cerveja e a bebidas que, sinceramente, ninguém sabia o que eram. O som alto de músicas latinas fazia a sala vibrar, enquanto um bando de jovens dançava, bebia e se agarrava.Meu olhar logo se fixou em Ayla, que estava no meio da multidão, sua figura pequena, mas poderosa, se destacava. Ela não sabia o efeito que tinha em mim. Sua energia era contagiante, e eu mal conseguia olhar para ela sem querer sair correndo dali e jogá-la na parede.— Não suma do meu campo de visão, e quando eu disse vamos, já sabe — disse, olhando para Martina com um meio sorriso. Ela revirou os olhos de maneira irritante, e eu tive que me segurar para não dar umas palmadas nela.— Eu não sou criança, Caleb. E você não é responsável por mim. Se liga e curte sua noite. Beije umas bocas, vai. — Martina deu de ombros, se afastand
Caleb EvansAcordei com meu celular tocando feito louco. Peguei-o sem olhar o chamador, um erro. A voz do outro lado da linha era inconfundível.— Oi, filhinho.Suspiro. — O que você quer?— Direto, gosto disso. Então, indo direto ao ponto, eu preciso de dinheiro.— E o que eu tenho com isso?— Você é meu filho, tem que me sustentar. Eu sei que está morando com o Álvaro, então pode muito bem tirar uma grana dele.— Álvaro é como um pai para mim, eu não faria uma merda dessa com ele.— Se vai fazer ou não, não me interessa. Eu quero 5 mil todo mês.— Espera sentada se acha que eu vou sustentar você e seu marido novo.— Caleb, você é fraco. Deixou que seu ponto fraco fosse uma garota. E olha, meu marido achou ela super interessante.— Não toca nela. Eu mato qualquer um de vocês que colocarem as mãos nela.— Que bonitinho, tão patético. Então faremos assim: 5 mil por mês. Te dou uma semana para mandar o desse mês. Caso contrário, Carlo vai dar uma voltinha com a princesinha Green.Antes
Ayala Green Assim que chego na faculdade na manhã de segunda-feira, minha missão é clara: encontrar Martina e contar tudo sobre o que aconteceu no sábado. Eu a avisto perto do gramado, cercada de colegas que claramente adoram o jeito expansivo dela. Caminho rápido, tentando parecer despreocupada, mas o turbilhão de pensamentos não me deixa em paz.— Tina, não surta, mas... eu beijei o Caleb no sábado. — As palavras saem quase num sussurro, mas ainda assim cheias de peso.Martina para no ato, arregalando os olhos antes de bater palmas como se tivesse acabado de assistir a uma apresentação épica.— Aleluia, irmãos! — exclama, chamando atenção de quem passa.— Eu falei pra não surtar, garota! — tento conter sua empolgação, olhando ao redor para me certificar de que ninguém ouviu.— Desculpa, desculpa. Mas, Ayala, eu estava esperando por isso há séculos! Finalmente! — diz, ainda rindo. — Tá, mas agora me conta: e o pós? O que rolou depois?— Nada demais... — admito, encolhendo os ombros.
Ayala Green Chegar em casa sempre foi meu momento de descanso, mas hoje não. Aquelas palavras dele, “podemos conversar quando você chegar”, ficaram martelando na minha cabeça. Assim que abri a porta, meu coração parecia querer sair do peito. Lá estava ele, parado no meio da sala, nervoso, mexendo no cabelo, como sempre fazia quando estava prestes a falar algo difícil.Ele me olhou por um segundo e desviou o olhar. Não sei por que, mas isso me deixou ainda mais inquieta.— Precisamos conversar — ele começou, a voz baixa, mas firme.Eu respirei fundo e caminhei até o sofá, tentando parecer mais calma do que realmente estava.— Foi você quem disse isso, Caleb. Estou aqui. Fala.Ele suspirou, parecia estar procurando as palavras certas.— Sobre o beijo… — começou, mas antes que pudesse continuar, eu o interrompi.— Se você vai dizer que foi um erro, por favor, não diga.Ele levantou os olhos, finalmente me encarando de verdade.— Não foi um erro.Meu coração parou por um segundo.— Não?
Caleb Evans Minha cabeça estava um caos. Desde a noite passada, as palavras de Ayala pareciam um eco constante, reverberando entre todas as dúvidas e desculpas que eu costumava usar para justificar minha decisão de mantê-la longe. Era como se tudo o que ela tivesse dito estivesse me desafiando a reavaliar cada escolha, cada defesa que eu havia construído. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que ela estava certa. Sabia que eu não podia continuar fugindo dela — ou de mim mesmo.Saí de casa cedo, com o objetivo simples de colocar alguma ordem nos meus pensamentos. Mas claro, minha vida não dava espaço nem para isso.O celular vibrou no bolso, e meu coração afundou ao ver quem estava ligando. Minha mãe. Suspirei antes de atender, sabendo exatamente o que viria.— Oi, mãe.— Caleb, você já conseguiu o dinheiro? — A voz dela soava impaciente, quase impessoal, como se a única coisa que nos ligasse fosse essa dívida que eu sentia que precisava pagar.— Sim, mãe. Eu vou te levar no domingo. Que hor
Caleb Evans A casa do Álvaro estava mergulhada em silêncio, e eu sentia um misto de alívio e nervosismo. Sexta-feira à noite era quando a cidade ganhava vida em suas sombras, e eu pretendia me infiltrar em uma dessas sombras: a corrida clandestina. Meu objetivo era claro: sair sem levantar suspeitas, especialmente de Ayala. Se havia um lugar onde eu não queria vê-la, era lá.Desci as escadas com cuidado, atento para não fazer barulho. A luz estava apagada, e eu me orientava pelo pouco brilho que vinha da janela. Quando cheguei ao último degrau, quase tive um infarto. Duas figuras me encaravam no escuro com rostos… perturbadores.— Caralho! Que susto! — exclamei, levando a mão ao peito. — Que merda é essa na cara de vocês?— Máscara facial, sabe, autocuidado. Amanhã é dia da seleção para as tears, e além de talento, queremos servir beleza — explicou Martina, divertida.— E você? Onde está indo a essas horas? — perguntou Ayala, cruzando os braços e me lançando aquele olhar curioso que
Ayala Green O campo de futebol americano estava lotado. O som das conversas, risadas e o ritmo acelerado das vozes preenchiam o ar enquanto os outros candidatos aguardavam sua vez. Eu estava nervosa, mas o sentimento que tomava conta de mim era mais forte que o medo — era a emoção de estar prestes a provar que eu tinha o que era necessário para ser a líder de torcida, para ser notada, para finalmente conseguir algo que me fizesse sentir parte de algo grande. A brisa fresca da manhã fazia o meu cabelo balançar suavemente enquanto eu me preparava para o teste. Eu usava o uniforme oficial para as provas, uma camiseta justa de cor vibrante, shorts curtos e tênis confortáveis. O traje, projetado para ser tanto prático quanto provocante, fazia com que eu me sentisse confiante, como se estivesse pronta para brilhar. Mas, no fundo, meu coração ainda batia forte — não só pela competição, mas por saber que, naquele campo, Caleb estaria me observando. Respirei fundo e dei um passo à frente,