Caleb Evans O motor do Fiat 500 de Ayla ronronava suavemente enquanto descíamos a estrada de terra de volta para casa. A luz do fim de tarde pintava tudo com tons quentes de laranja e dourado, e o vento entrava pela janela aberta, bagunçando os cabelos dela. Ela dirigia com uma expressão tranquila, uma das mãos no volante e a outra repousando despreocupadamente no câmbio. De vez em quando, ela cantarolava baixinho a música que tocava no rádio, e eu me pegava sorrindo sem perceber. Eu ainda sentia o peso daquele fim de semana. Como se algo tivesse se encaixado dentro de mim, algo que eu nem sabia que estava fora do lugar até encontrar Ayla ali, dormindo nos meus braços, sem pressa para ir embora. Mas agora a cidade nos esperava. A casa, os olhares curiosos dos amigos, as perguntas que viriam. Suspirei e apoiei o cotovelo na janela, observando a estrada passar. Ayla percebeu, claro. — O que foi? — Ela me olhou rapidamente antes de voltar a atenção para a estrada. Demorei um segu
Ayala Green Acordei nos braços de Caleb, sentindo seu corpo quente e confortável ao meu redor. A respiração dele estava lenta e ritmada, uma de suas mãos ainda pousada na minha cintura, como se mesmo dormindo ele quisesse me manter ali. Sorri contra seu peito antes de me mover com cuidado, tentando sair da cama sem acordá-lo. Pé por pé, fui deslizando para fora dos lençóis, sentindo a brisa fria da manhã arrepiar minha pele. Antes de sair, olhei para trás. Caleb ainda dormia, os cabelos bagunçados e a expressão tranquila. A imagem era quase perigosa, porque me fazia querer voltar para a cama e esquecer que o mundo lá fora existia. Mas eu precisava ir. Abri a porta devagar, tentando não fazer barulho… e dei de cara com Lucy. Ela me encarou com um sorriso malicioso, os braços cruzados e uma sobrancelha arqueada como se dissesse até que enfim, né?. — Nem precisa falar nada. — Levantei a mão antes que ela pudesse abrir a boca. Ela riu baixinho. — Ah, mas eu vou falar, sim. Eu sabi
Ayala Green Dizem que a primeira paixão a gente nunca esquece, e hoje eu tenho certeza disso. Eu era apenas uma garota de doze anos quando tudo começou, cheia de sonhos e expectativas, vivendo um dos momentos que até então só conhecia nos livros que devorava em segredo. Naquele dia, eu estava no meu quarto, absorta na melodia de "One Less Lonely Girl" de Justin Bieber, quando ouvi a voz do meu pai chamando meu nome.— Ayala, venha para a sala! Quero te apresentar algumas pessoas.Suspirei, interrompendo minha música favorita e me perguntando quem seriam essas "pessoas" que ele queria que eu conhecesse. Saí do meu refúgio, ainda com a cabeça nas nuvens, imaginando que algo mágico estava prestes a acontecer, como nos romances que tanto adorava ler.Ao chegar à sala de estar, o mundo ao meu redor pareceu parar. Lá estava ele: Caleb Evans. O cabelo escuro caía desordenado sobre sua testa, e seus olhos da mesma cor transmitiam uma seriedade que eu não entendia, mas que me fascinava. Havia
Ayala Green Acordei de sobressalto com o toque insistente do meu celular. Peguei o aparelho ainda sonolenta, só para perceber que se tratava de uma chamada de vídeo de Tina — minha melhor amiga e parceira inseparável desde o ensino médio. Ela odeia ser chamada por seu nome completo, Martina, e faz questão de me lembrar disso sempre que me esqueço. Assim que atendi, a imagem dela surgiu na tela, eufórica como sempre. — Ayla, pelo amor de Deus, você ainda está dormindo?! — exclamou, quase me deixando surda. — Eu já estou pronta há horas e você nem saiu da cama! Esfreguei os olhos, tentando me situar. — Tina, nossas aulas começam às 7:30. Ainda nem são 6:00. Você pode, por favor, respirar? — murmurei, a voz rouca de sono. Ela revirou os olhos, impaciente. — Como você consegue estar tão calma? É o nosso primeiro dia na faculdade! Trabalhamos tanto pra isso! — disse, agitada. — Não me diga que não está nem um pouco animada! — Estou sim, só que acabei dormindo tarde ontem. T
Ayala Green Acordo no meio da madrugada, assustada, com o barulho de algo quebrando. A sensação de terror que toma conta de mim é indescritível. Sinto como se o mundo ao meu redor tivesse desabado, e, por um momento, não sei se o som do vidro se estilhaçando vem da realidade ou do pesadelo que estou tendo. No sonho, Caleb está morto, jogado em uma vala escura, e o frio que me percorre a espinha agora parece real, mais real do que o pesadelo que ainda ecoa na minha mente.Levanto da cama com um pulo, tentando afastar a sensação de angústia que me domina. O barulho vindo de baixo é cada vez mais alto. Algo pesado foi jogado no chão, e a agitação das vozes abafadas me faz pensar que algo está fora de controle. Duas vozes masculinas. Uma delas reconheço de imediato: meu pai. A outra... é a de Caleb. Meu coração dispara, a preocupação começa a tomar conta de mim. Será que estão sendo assaltados? O que está acontecendo ali?Desço devagar pelas escadas, tentando fazer o mínimo de barulho
Caleb EvansContinuo na cozinha, observando cada canto familiar, nada aqui mudou muito desde que fui embora. Ainda conseguia sentir aquela sensação reconfortante de estar em casa. Minha vida sempre foi um caos, mas nos anos em que morei aqui foram como um bálsamo para mim. Por quatro anos, tive um pai e uma irmã, mesmo que a palavra "irmã" fosse mais uma ironia do que qualquer outra coisa. Ayala sempre me olhou com carinho, me cuidou e se preocupou comigo, mas eu nunca realmente a vi como uma irmã. E pela maneira como ela sempre me tratou, eu também nunca fui um irmão para ela.Encaro Álvaro entrando na cozinha, se encostando no balcão à minha frente. — Você quer ir ao escritório para que possamos conversar? — ele pergunta, com uma preocupação subjacente na voz.Neguei com a cabeça. Não ia contar a ele que minha mãe escolheu acolher um filho abusivo e quase me fez ser preso. — Na verdade, não quero atrapalhar. Só queria me desculpar por chegar daquela forma tão tarde da noite. Não tin
Ayala GreenEu e Martina estávamos a caminho do refeitório para almoçar. Como sempre, estava um formigueiro, e por sorte, achamos uma mesa que tinha poucas pessoas, algumas mesas de distância de Caleb e Jenkins. Fiquei aliviada ao vê-lo sentado ali, com Noah, parecendo estar presente nas aulas e nos treinos.— Olha, agora faz sentido todo o crush que você tem no tal de Caleb. O cara é um gato — Martina comenta enquanto tomamos nossos lugares.Nego com a cabeça, mantendo os olhos desviados na direção onde eles estavam sentados. — Eu tinha um crush, não tenho mais. Fora que ele tá diferente, cheio de tatuagens agora.— Eu acho sexy, se quer saber. Deixa ele com um ar de bad boy, sabe? — Martina comenta com um sorriso malicioso.— Você não tem juízo — resmungo, ignorando a provocação.— Falando em juízo, o que você acha que aconteceu para ele chegar daquele jeito? — Martina pergunta, passando a mão distraidamente pelo cabelo.Dou de ombros, soltando um suspiro, enquanto olho rapidamente
Ayala GreenEra só o que me faltava. O dia que Martina faltava, meu carro resolveu dar problema. Para piorar, eu esqueci minha carteira em casa. Por sorte, o guincho aceitava pix, então consegui que ele levasse meu carro até em casa. Mas não tive coragem de pedir para o moço me dar uma carona no caminhão. Respirei fundo, torcendo para que Caleb ainda estivesse no treino e pudesse me dar uma carona.📲 — Por favor, me diz que você ainda está na faculdade – disse assim que ele atendeu.— Ayala?— Sou eu, Caleb. Preciso de você – choraminguei.— O que houve?— Meu carro simplesmente não quis pegar. O guincho veio buscar para deixar lá em casa, mas eu estou sem carteira. Tem como me levar para casa?— Tudo bem. Acabei de sair do treino, me encontra no estacionamento perto da entrada do bloco A.— Obrigada.— Vai ficar me devendo uma, boneca.📲Guardei o telefone até lá e caminhei até o local onde Caleb pediu para encontrá-lo.— Obrigada por isso, eu tô sem nenhum real – disse, assim que