AdanNo caminho de casa, acariciei a sua barriga enquanto ela falava dos preparativos para o chá de bebê que daríamos em dois dias. Dianne estava com vinte e seis semanas de gestação. A sua barriga estava bem grande, desenvolveu rapidamente nos últimos meses.— Eu falei com Bernard esta manhã.— Ele tinha boas notícias?— Sim. Prenderam o assassino.— O quê? Está falando sério?Ela arregalou os olhos em surpresa.— Sim. Ele confessou o crime.— Adan... Me conte isso direito, estou confusa.— Um homem chamado Ramirez foi contratado pela cozinha do evento. A segurança não achou nada de errado com ele, porque usou documentos do irmão. Na verdade, Ramirez é traficante do Cobra. Ele e Paco tinham a intenção de fazê-la de refém enquanto roubavam objetos de valor. Paco estava precisando de muita grana. Devia ao tal mafioso.— Como Paco entrou na festa?— Pela porta da frente, com outros convidados.— Ele tinha um convite?Assenti.— Como?— Bernard não sabe ainda.— E por que esse homem o ma
Adan— Miguel. Estou certo? — perguntei.— No fundo, acho que sabia que eu viria, não é?— Você tem uma figura mais apresentável do que eu esperava.Gargalhou. Os seus homens riram junto dele.— Sempre surpreendo as pessoas, eu sei.— Você não veio aqui para ouvir elogios de mim.— Não. Eu vim aqui para ouvir um muito obrigado de você.Olhei-o confuso.— Ora, eu limpei a sua barra e te devolvi o seu réu primário, senhor presidente. Você matou um homem.Contraí a minha mandíbula enquanto as minhas mãos suaram frio. As minhas costas doeram. A inquietação cresceu dentro de mim.— Eu paguei caro para que um pobre coitado ferrado assuma a sua culpa. Ele viu o que o senhor fez.— Merda! — murmurei.— Aquele medíocre me devia muito dinheiro. E o senhor enfiou uma bala no crânio dele.Encostou o seu dedo na minha testa enquanto o meu corpo tremia.— Bom, sendo assim, agora quem me deve é você. Mas eu não quero o seu dinheiro, não. Eu quero um favor que logo mais precisarei e o senhor é o únic
Adan— Chegamos, querida.Tentei acordá-la aos poucos quando chegamos. Ela se sentou e esfregou os olhos. Desci e ajudei-a sair. Entramos em casa e acendi todas as luzes. Remo e Sirius vieram correndo ao nosso encontro. Esfregaram-se nas pernas de Dianne.Ela se sentou no sofá e eles subiram em seu colo, deitando-se sobre a barriga. Eles amavam aquele montinho que tanto se mexia ultimamente. Não podia os culpar. Era realmente irresistível.Enquanto ela dava atenção aos seus gatos, fui até a cozinha e tomei um copo de água. Pelas portas de vidro observei o lago pouco iluminado na noite.Voltei para a sala e parei atrás dela, massageando suas costas.— Que tal um banho quente?— Eu adoraria.Dianne retirou os sapatos e se levantou com minha ajuda. Fomos para o quarto.— Abre o meu vestido? — pediu depois de retirar o casaco.Em suas costas, puxei o zíper para baixo. Ela o retirou deixando o tecido se amontoar nos pés. Soltei o fecho de seu sutiã e o arranquei para ela, que gemeu de alív
AdanLentamente, ela foi parando. Ficou sentada em mim olhando-me. Seu olhar mudou. Não havia mais uma fera dentro dela.— Eu te amo!— Você é a definição de amor na minha vida desde o momento em que a vi pela primeira vez, parada, distraída, esperando por mim.— Acho que sempre esperei por você!— Os encontros de nossos caminhos eram certos.Ela sorriu docemente e se deitou sobre mim. Abracei-a, protegendo do mal invisível que sequer existia naquele momento. No meu pescoço sentia sua respiração. Era ofegante.Corri as pontas de meus dedos por suas costas. Da base de sua coluna até sua nuca. A respiração dela se acalmou. Então, depois de alguns minutos, abraçados em silêncio, escutei-a ressonar.Com cuidado, desvencilhei-a de mim. Deitei-a ao meu lado e cobri-a. Não acordaria Dianne nem para um banho. Ela estava exausta e precisava descansar. Levantei-me vagarosamente e fui ao banheiro. Liguei a ducha e tomei um banho quente. Mesmo depois de tanto prazer, eu me sentia tenso. Será que
AdanNo dia seguinte, saí um pouco mais cedo da Casa Branca. Quando o carro parou em frente ao prédio, pensei se realmente devia fazer isso. Seria certo envolver mais alguém? Envolver logo ele?— Tenho que fazer isso.Abri a porta e desci. Os seguranças se juntaram a mim.— Acho melhor que fiquem aqui. Não demoro.— Aqui não é seguro, senhor.— Não quero chamar tanto a atenção.Seth respirou fundo. Ele pensou em contestar, mas não fez. Apenas assentiu.Entrei no prédio e me aproximei do porteiro, que se levantou em um pulo quando me viu.— Sr. Bremner... O senhor aqui — disse um pouco nervoso. — É um prazer vê-lo.Olhei para a plaqueta brilhante no seu peito. O seu primeiro nome era Edmundo.— Olá, Edmundo.Sorri, tentando ser simpático.— Em que posso ajudar o senhor?— Estou aqui para ver Theo Scott.— Claro.Apanhou o telefone rapidamente e digitou alguns números antes de levá-lo a orelha.— Senhor Scott... Adan Bremner está aqui para vê-lo. Sim. Sim, senhor.Desligou o telefone.—
AdanNa madrugada, trancado no meu escritório, limpava a pistola. Aprendi aquilo com o meu avô. Por muitas vezes, eu e os meus irmãos pensamos em vendê-la. Houve dias de muita fome na minha infância, mas minha mãe nunca permitiu.Alguns anos mais tarde, o meu irmão mais velho a entregou para mim. Disse que não queria aquilo na mesma casa que a sua filha. Ele estava certo. Também nunca quis levar isso para casa, sempre ficou no banco. Desde esse dia, era a primeira vez que pegava nela. E a usaria em uma semana se aquele maldito celular tocasse.Como se fosse a força do meu pensamento, o celular à mesa tocou. Olhei-o nervoso. Coloquei a arma sobre a mesa e apanhei-o. Apertei o botão e levei-o até a orelha, calmamente.— É você?Um minuto de silêncio. Uma risada roca e escrota ecoou do outro lado da linha.— É você!— Então acho que é comigo que quer falar.Outra risada.— Está a fim de negociar? Sei que é um homem de boas negociações.— Estou. Qual é a sua proposta, Paco?O meu coração
AdanEntrei no extenso corredor que levava às despensas, câmara fria, casa de gás e uma vasta cozinha gourmet, que comportava até cinquenta trabalhadores.Algumas poucas pessoas passaram por mim. Fui cumprimentado com acenos singelos e sorrisos discretos. Mais adiante senti cheiro de cigarro. Entortei o nariz para esse odor que me incomodava veemente.De repente, surgiu uma figura à minha frente. Ele usava o smoking enviado por mim, mas nos pés calçava velhos sapatos gastos. O homem não parecia ter ao menos se dado o trabalho de tomar um banho. Uma parte dos cabelos estava pregada no couro cabeludo e a outra parte arrepiados no topo da cabeça. A sua pele manchada, olheiras profundas e mais rugas que deveria ter na sua idade. Ele estava um tanto diferente, mas o reconheci. Era o mesmo homem peçonhento daquele maldito vídeo.Quando os meus olhos enfim encontraram os seus, senti algo ferver dentro de mim. Fúria, talvez. As minhas mãos estremeceram levemente. A respiração mudou. A tensão
AdanDeitado no chão, ele colocou a ponta do dedo no meio de sua testa.— Aqui, presidente — falou baixo e sorriu.O maldito risinho debochado e covarde. Minha pele esquentou enquanto eu o encarava mais uma vez recordando daquele maldito vídeo que queimava meu cérebro diariamente.— Você não é... capaz — disse ao tentar se levantar.E como se meu dedo tivesse tomado a decisão por mim, o gatilho foi apertado. Seu corpo terminou de se deitar no chão branco. O sangue escorreu em abundância de sua cabeça. Seus olhos ainda me encaravam. A ponta de seu dedo fora arrancada pela bala agora cravada em sua cabeça.Olhei para as minhas mãos e não conseguia me dar conta ou entender que realmente fui capaz de matar um homem. Eu parecia meio anestesiado. Agora não sentia nada. Absolutamente nada! Nem raiva, ódio ou desespero. Meu coração ainda batia forte.— Preciso prosseguir — disse para mim mesmo.Olhei a minha volta pensando em como explodir tudo ali. Esse era o plano, mas ainda não sabia como