Percebendo estar diante de Richard Carter, Silvia sente um nó em sua garganta, mas tenta se recompor.— E-eu — gagueja. — Eu não pensei que você viria — diz, quando consegue reformular as frases em sua boca.— Cadê a Alice? — pergunta, sem fazer nenhuma cerimônia.— Ela não está aqui, saiu para procurar emprego mais cedo.— E a criança, está com você? — A voz de Richard é grave e demonstra que não está nem um pouco satisfeito com aquela situação.— A Lily está comigo — responde, bloqueando a porta. — Mas acho que é melhor você conversar com a Alice primeiro antes de vê-la.— Se ela é mesmo a minha filha, exijo vê-la agora mesmo! — reivindica.Como mãe, Silvia pensa que é errado deixar que Richard entre naquele apartamento sem a autorização de Alice, mas, como advogada, sabe que é melhor fazer o que ele pede, ou sabia que as coisas ficariam feias para a filha.— Pode entrar — diz, com voz trêmula.Quando Richard adentra a sala, vê um carrinho de bebê próximo ao sofá, então se aproxima
Eles observam Silvia sair dali com a bebê e quando notam estarem sozinhos, voltam a se encarar.Na cabeça de cada um, se passa uma cena, pois mesmo não querendo, são tomados pelas lembranças do passado.— Como chegou aqui? — Alice pergunta, colocando de lado os seus sentimentos.— Eu te fiz uma pergunta primeiro, Alice, me diz, por que escondeu sobre a nossa filha? — Richard permanece firme, sem alterar seu temperamento.— Eu te liguei para contar, sabia? — responde, com o mesmo tom de voz que ele. — Mas você me atendeu com cinco pedras nas mãos, me ofendendo e dizendo que não queria saber nada sobre mim.— Quando foi isso? — ele questiona, confuso.— Há quase sete meses — confessa.Richard tenta se lembrar quando aquilo aconteceu e se lembrar que ela o ligou na noite de seu aniversário. A mesma noite em que acabou dormindo com Madeline.Como tantas coisas aconteceram numa só noite? Se questiona em pensamento, lamentando-se por ter que conviver com arrependimentos daquela noite para o
O comunicado de Richard deixa Alice desesperada. Ela tenta controlar as emoções, mas não consegue de forma alguma.— Não pode fazer isso, Richard — declara.— Claro que posso, tanto que farei — insiste na ideia.— Vai mesmo tentar separar uma criança da mãe? — pergunta sem acreditar em tal fala.— Você fez o mesmo comigo — replica.— Foi diferente — protesta. — Você não sabia da existência dela!— Isso não muda nada! — a interrompe com a voz grave. — Era o seu dever me avisar sobre a Lily.— Tudo bem, eu errei, me perdoe — tenta se aproximar dele, mas Richard dá passos para trás, demonstrando não querer nenhuma aproximação. — Achei que poderia viver uma vida normal com a minha filha até o dia que ela crescesse e perguntasse sobre você — confessa. — Estava com medo de te procurar e acabar duvidando sobre a paternidade.— Por Deus, Alice! Mesmo se eu me recusasse a assumir a minha responsabilidade, haveria métodos que poderiam provar que a bebê é minha, por que não pensou nisso?— Eu nã
— Deixa eu te explicar — Silvia pede, tocando o ombro da filha.— Me explicar o quê? Que não conseguiu respeitar a minha escolha? Que resolveu decidir sobre a minha vida ao invés de se lembrar de que a Lily é minha responsabilidade? — questiona nervosa.— Não é isso — explica. — Mandei um e-mail para o Richard há muito tempo, quando a Lily ainda estava no hospital e você estava passando por todos os perrengues: sem emprego ou diploma. Pensei que não daria conta de tudo sozinha, ainda mais por dizer que queria se mudar da nossa casa.— Você não tinha esse direito — esbraveja.— Como não? Acompanhei de perto todo o seu sofrimento dia e noite, eu também sofria com isso, filha.— Independente do que estava vendo, você não tinha o direito de se meter em minha vida, a Lily é minha filha!— E você é minha filha! — argumenta. — Acha que estou feliz vendo o seu sofrimento? Sou mãe também, Alice, e por um filho fazemos muitas coisas. Quando escrevi para o Richard, pensei que ele viria te ajudar
Quando chega ao balcão da recepção do Radisson Blu Edwardian hotel, Alice pede que avisem a Richard que ela o esperaria no bar do hotel. A ideia de estar sozinha com ele no quarto a deixa muito nervosa, a ponto de não querer se arriscar a fazer aquilo. Alice se senta no bar e espera por ele, mas após alguns minutos recebe uma mensagem no celular.“É você que quer conversar comigo, não eu. Não sairei do quarto.”Ler a mensagem de Richard a faz questionar se era mesmo uma boa ideia estar ali.— Que teimoso — sussurra, levantando-se e indo em direção ao elevador que levava ao quarto dele.Havia uma confusão de sentimentos quando bateu na porta do quarto onde Richard estava hospedado. Quando o vê abrir a porta do quarto, sente seu coração pulsar. Por mais que negasse, sabe que ainda sente algo por ele e tentar disfarçar aquilo será uma tarefa bem árdua.Richard fica parado na porta, a observando com o olhar enigmático, porém não diz uma palavra sequer, apenas se vira e adentra o quarto, s
Mesmo diante de todos os problemas, ficar tão próximo ao ponto de fixar seus olhos na pessoa que domina a sua mente por tanto tempo, deixa Richard totalmente descontrolado. Apesar de não querer, seus olhos percorrem o rosto de Alice e analisam cada detalhe minucioso, até focar em seus lábios carnudos. Lábios esses em que se pegou diversas vezes pensando em beijar novamente.— Faço o que você quiser, só não tira a minha filha de mim — Alice responde.Observar o movimento dos lábios dela o faz querer jogar todo o seu orgulho fora e correr para beijá-la.Quanto tempo faz que não sente aquele desejo incontrolável? Ou a vontade de ter muito uma pessoa em seus braços? Mesmo que não confessasse, ele sabia que Alice era dona de todo o seu corpo e coração e que sua vontade naquele momento era jogá-la naquela cama e puni-la por todo o tempo em que ficaram separados.— Estou vendo que você ama mesmo a Lily — confessa, tentando não deixar que os seus impulsos falem mais alto. — Nem sabe o que ire
A noite chega e Alice continua com a cabeça apoiada no peito de Richard, enquanto ele acaricia seus cabelos. Depois do que fizeram, nenhum tem coragem de iniciar uma conversa, com medo de estragar aquele momento.O único som que existe no quarto é o som do ar-condicionado, que se mistura às suas respirações. Tudo está aparentemente calmo, até que o telefone de Richard comece a tocar. Ele pega o celular e olha para a tela, vendo o nome de Madeline. Rapidamente, rejeita a ligação.Embora não tenha visto quem estava ligando para Richard, Alice percebe que ele começa a ficar tenso, então decide se levantar, antes que ele comece a dizer alguma coisa.— Está tarde — diz ela, procurando as suas roupas no chão. — Preciso ir para casa.Richard pensa em pedir que ela fique, mas sabe que não é uma boa ideia, ainda mais quando o seu telefone volta a tocar novamente.Mais uma vez, ele rejeita a ligação, desligando o telefone dessa vez, entretanto, Alice sente-se um pouco desconfortável com aquilo.
Saber que a filha e a neta iriam embora do país deixou os pais de Alice apreensivos, contudo, estavam felizes em descobrir que Lily poderia conviver com a presença do pai e da mãe.— Você não disse que havia arrumado um emprego? — questiona George.— Sim, mas o Richard também me garantiu que me arrumaria um emprego em sua empresa. — revela.— E quando virá nos ver? — pergunta preocupado. — Estou acostumado com a presença de vocês duas nessa casa — comenta.— Eu sei, pai, mas pode ter certeza de que irei arranjar um jeito de vir vê-los em breve e quando eu me ajeitar por lá, poderão me visitar também.— Mesmo assim, ainda não me sinto seguro com essa ideia.— Pelo amor de Deus, George. Não interfira na decisão de nossa filha, a Alice sabe muito bem o que está fazendo. — Silvia declama, ao ver que o marido quer implantar dúvidas na cabeça da filha.— Só estou sendo um pai cuidadoso — protesta.— Tenho certeza de que Richard Carter não fará nada com as nossas meninas, ainda mais sabendo