Pela manhã, lá estão Alice e George Taylor sentados na sala de espera do escritório de Christopher Bertone, diretor da universidade de Manchester. Alice está nervosa e já havia ido ao banheiro mais de três vezes desde que chegou ali.— Fique calma ou não conseguirá conversar lá dentro — diz George, notando o nervosismo da filha.— Eu nem consegui dormir a noite pensando sobre hoje, estou com tantas expectativas, pai.— Vai dar certo, filha, pense positivo.— Alice Taylor — A secretária de Christopher Bertone aparece na sala e chama por seu nome.— Sou eu — ela responde e se levanta prontamente.— O senhor Bertone irá recebê-la agora mesmo.— Tudo bem — responde, lançando um olhar para o pai.— Boa sorte — o pai sussurra, antes de Alice sair dali.Mesmo que estivesse com as mãos suado, Alice consegue saudar o diretor da universidade com um sorriso largo.— Bom dia, senhor Bertone, é um prazer conhecê-lo — diz, apertando a mão do senhor de aparentemente sessenta anos.Christopher é bran
E assim aconteceu, nos quinze dias seguidos. Alice ficou dentro do seu quarto, em frente ao computador, estudando e preparando o seu TCC. Ela dormia de madrugada e acordava bem cedo. Só saía de casa para visitar a filha, que estava prestes a receber alta, o que a deixava cada vez mais otimista, pois sentia que as coisas poderiam começar a dar certo para as duas, ainda mais se conseguisse o seu diploma.Era quase meia-noite quando sua mãe apareceu na porta do seu quarto.— Filha, posso entrar? — Silvia questiona.— Claro. — Alice larga um pouco os livros e abre a porta para a mãe, que carrega uma bandeja com um copo de leite, queijo e um pedaço de bolo de milho.— Querida, você não saiu para jantar, então vim te trazer algo para comer — Silvia diz, colocando a bandeja em cima da mesa de estudos.— Não pude ir porque estou terminando meus últimos detalhes para a apresentação do meu TCC amanhã.— E como está o andamento?— Embora tenha ganhado um prazo curto, consegui fazer tudo, só esto
Sentir que as coisas poderiam dar certo dali para a frente foi o que moveu Alice nos meses seguidos. Ela havia levado Lily para casa e cuidado da criança por alguns meses, até que sentiu que já estava na hora de se mudar. Seu pai havia vendido o apartamento em Londres e conseguiu comprar um para ela no mesmo edifício em que morava, assim se tornariam vizinhos. O que foi de certo modo alívio, já que sua mãe diminuiu a carga horária de trabalho para ficar mais tempo com Lily, para que Alice pudesse sair para procurar emprego, o que ainda não havia conseguido.Mesmo sem o emprego fixo, Alice já havia se mudado para o seu apartamento e estava vivendo de trabalhos que conseguia como freelancer, pois muitas pessoas lhe procuravam para fazer alguns projetos. E assim as coisas se seguiram, até que Lily completou seis meses.Era uma manhã de terça-feira e Alice começou a preparar a bolsa da filha que estava dormindo. Ela sairia para uma entrevista de emprego e deixaria a bebê com a avó, que am
[Algumas semanas atrás]Richard está na casa dos pais na Califórnia, ele está se arrumando para sair com Madeline. Já fazia alguns meses que os dois estavam namorando e, mesmo que ainda não estivesse apaixonado por ela, estava se acostumando mais com toda aquela situação.No espelho, ele ajeita o seu cabelo que está mais comprido do que o normal. Por mais que Madeline pedisse para ele cortar, gostava de deixá-lo daquele jeito. Richard veste um casaco, por estar uma noite fria. Depois, desce as escadas que levam à sala de visitas e encontra a sua mãe sentada, mexendo no tablet e lendo alguma coisa sobre moda.— Já estou saindo, mãe — anuncia, pegando as chaves do carro.— Tão cedo? — Meredite pergunta surpresa.— Sim, a Madeline quer passar mais tempo comigo hoje, já que irá viajar amanhã com a mãe — comenta.— É verdade, havia me esquecido desse detalhe. Ela vai amanhã para a Itália, não é?— Isso mesmo, passarão alguns dias em Milão para encomendarem o vestido de noiva e depois viaja
Quanto mais Madeline fala, mais Richard viaja em seus pensamentos, querendo estar distante de tudo e de todos.Quando entram no restaurante, ele nota haver um paparazzi do lado de fora que tira fotos dele e de Madeline chegando no restaurante. Aquilo o deixa muito irritado, porque sente que sua vida está deixando de ser particular e virando um grande espetáculo público para um monte de gente curiosa. Antes não se importava porque as pessoas falavam apenas da sua vida profissional, mas depois que começou a se relacionar com Madeline, tudo parecia um evento.Mesmo que não comentasse, ele sentia que havia um dedo da família Jones por trás desses paparazzis, que sempre sabiam onde eles iriam estar. Pensar que a sua foto e de Madeline circulava pela internet o fez pensar em Alice.“Será que ela sabe do noivado?”Refletir sobre aquilo o deixa inquieto, porque mesmo que já fizesse quase um ano sem a ver, ainda se lembrava dela constantemente.— Depois do nosso jantar, poderíamos caminhar um
Richard fica nervoso do lado de fora do restaurante, ainda mais porque Madeline está demorando para aparecer. Ele pensa duas vezes em ir atrás dela, mas decide que não fará aquilo, por saber que ela pode estar fazendo algum joguinho idiota e a sua paciência não suporta aquilo.Passado quase vinte minutos, Madeline aparece com os olhos vermelhos, demonstrando ter chorado por muito tempo.— Entra no carro — ele pede, antes que algum paparazzi apareça ali e a visse daquele jeito.Madeline entra no carro em silêncio, mas assim que ele começa a dirigir pela cidade, volta a chorar novamente.— Para com isso, Madeline, você sabia muito bem que não iria acontecer nada entre nós, mesmo assim insistiu — diz impaciente.— Você me rejeita como se eu fosse uma pessoa desprezível — rebate, entre lágrimas. — O que não gosta em mim, Richard? Me diz o que não te agrada que tentarei mudar.— Não é nada disso, já te falei mil vezes que não vou desrespeitar você.— Mais do que já me desrespeitou? — grita
Meredite não acredita que acaba de presenciar o filho gritando com a noiva. Ela caminha até Madeline e a vê chorando como uma criança.— Minha querida, por que não me conta o que aconteceu? Vocês dois parecem tão chateados.— Só foi um mal-entendido, sogra, falamos algumas coisas que acabaram magoando mutualmente. — Madeline explica sem deixar de chorar.— Eu não consigo entender, nunca vi meu filho falar desse modo com uma mulher ou com qualquer outra pessoa — Meredite está sem entender nada.— É melhor eu ir para casa e vir conversar com ele amanhã — diz, percebendo que será em vão tentar conversar com Richard naquela noite.— Mas você irá viajar amanhã cedo, não acho que dê tempo para conversarem.— Como posso viajar depois disso? O Richard está nervoso comigo.— Não se preocupe com isso, tudo bem? Conversarei com ele e pedirei que vá te pedir desculpas antes mesmo que viaje, está bem?— A senhora acha que ele vai te escutar?— Vai, sim, não se preocupe — Meredite abraça a nora. —
Percebendo estar diante de Richard Carter, Silvia sente um nó em sua garganta, mas tenta se recompor.— E-eu — gagueja. — Eu não pensei que você viria — diz, quando consegue reformular as frases em sua boca.— Cadê a Alice? — pergunta, sem fazer nenhuma cerimônia.— Ela não está aqui, saiu para procurar emprego mais cedo.— E a criança, está com você? — A voz de Richard é grave e demonstra que não está nem um pouco satisfeito com aquela situação.— A Lily está comigo — responde, bloqueando a porta. — Mas acho que é melhor você conversar com a Alice primeiro antes de vê-la.— Se ela é mesmo a minha filha, exijo vê-la agora mesmo! — reivindica.Como mãe, Silvia pensa que é errado deixar que Richard entre naquele apartamento sem a autorização de Alice, mas, como advogada, sabe que é melhor fazer o que ele pede, ou sabia que as coisas ficariam feias para a filha.— Pode entrar — diz, com voz trêmula.Quando Richard adentra a sala, vê um carrinho de bebê próximo ao sofá, então se aproxima