A medida que o tempo foi passando, cada dia que Lily resistia à UTI neonatal era uma vitória para Alice, que já havia recebido alta hospitalar, mas ficava mais tempo no hospital do que em casa. Alice vivia só para a filha, deixando todos os problemas de lado para pensar no melhor, para ver a sua filha saindo vitoriosa daquele hospital e indo para sua casa, onde tudo estava preparado com amor e carinho.Já ia fazer quase um mês e meio que Lily havia nascido e, mesmo que estivesse se alimentando sem sonda, precisava ficar no hospital para continuar em observação. Alice ordenhava seu leite para alimentar a filha e ficava com ela por alguns minutos durante o dia. Após isso, saía do hospital e depois voltava para casa, à espera do horário em que poderia rever a filha novamente.— Mãe, cheguei — diz Alice, entrando no apartamento dos pais.Por mais que estivesse se alimentando bem por conta da filha, Alice estava abatida e com olheiras ao redor dos olhos.— Estou na cozinha — Silvia grita,
— Não adiantaria muita coisa já que a Alice não concluiu a faculdade — George diz, sem perceber que as duas mulheres travam uma batalha de olhares.— Tem razão, creio que a nossa filha perdeu uma grande oportunidade — diz Silvia, deixando de olhar para a filha e voltando a comer. — Se tivesse ao menos concluído os estudos, teria uma boa oportunidade de emprego à sua espera, quem sabe poderíamos até ligar para o Richard e dizer sobre a situação dela, quem sabe ele nos ajudaria com alguma indicação.Pensar que sua mãe estava considerando ligar para Richard para falar algo causa grande desconforto.— Pare com essa conversa, absurda, mãe. Eu não preciso de favores de ninguém está me ouvindo? Ainda mais do Richard — diz nervosa, chamando a atenção do pai.— Filha, por que ficou assim? A sua mãe só está querendo te ajudar.— Se ela quer mesmo me ajudar, é melhor manter outras pessoas fora dos meus assuntos — se levanta da mesa. — Se me derem licença, eu vou para o meu quarto, daqui a pouco
Alice olha para a mãe e espera que ela diga que aquilo é um blefe, mas Silvia parece estar com um ar sério demais para estar se divertindo.— Você está louca? — questiona Alice.— Não, eu não estou, se eu estivesse louca, eu mesma escreveria para ele desde o primeiro minuto que descobri, mas como ainda respeito a sua escolha, quero que você mesma faça isso — revela.— Como diz que respeita a minha escolha se está tentando me pressionar a fazer isso?Silvia se levanta de sua cadeira, dá uma volta na mesa e se aproxima da filha.— Querida, olha para você — com as mãos, segura a filha pelos ombros, fazendo com que Alice a olhe nos olhos. — Você está desempregada, sem terminar os estudos e com uma filha no hospital, mesmo assim, quer sair de nossa casa, alugar um apartamento e viver a sua própria vida — discursa. — Não a julgo por isso, mas não quero que se mate de trabalhar pela Lily, sendo que o pai dela tem condições financeiras para te ajudar a dar uma boa qualidade de vida a ela.— N
Ver a filha daquele jeito não a deixa nem um pouco contente, mas Silvia sente um alívio ao poder contá-la a verdade, já que percebeu que Alice ainda sentia algo por Richard.— Sei que para você deve ser um grande choque, mas quero que saiba que desilusões amorosas são comuns na vida de todos. — Alice fica em silêncio, ainda esquadrinhando tudo o que a mãe lhe falou. — Homens como ele estão acostumados a lidar com mulheres o tempo todo, já você… — pondera. — Não conhece nada da vida, já que a única pessoa que conheceu foi o Endrick e ele sempre foi um bom rapaz com você.— Ainda não consigo acreditar nisso, mãe — confessa. — Ele andou comigo pelas ruas de mãos dadas, como se fosse um homem solteiro, jantamos em lugares públicos e me levou à casa que pertence à família dele.— Por acaso conheceu alguns de seus familiares? — indaga.— Não, só a empregada da casa e ela me disse que eu deveria ser muito especial para o Richard, já que ele nunca havia levado nenhuma outra moça até ali.— El
Já estava completando quase duas semanas desde que havia começado a procurar emprego. Alice vivia entre o hospital e as empresas, onde deixava seu currículo ou fazia entrevistas. Estava confiante de que conseguiria alguma coisa antes de Lily receber alta hospitalar, mesmo que não fosse diretamente na área em que era especializada.Todas as noites, após toda a jornada difícil do dia, ela ficava em seu quarto ao lado do celular, esperando receber alguma resposta positiva em relação às entrevistas que estava fazendo. A espera era longa e silenciosa, carregada de expectativas e preocupações.As empresas até achavam seu currículo interessante, mas ao ver que não havia concluído o seu curso, a dispensavam daquela vaga.Um sinal de notificação chega em seu celular e ela se anima, achando que é uma resposta positiva.“Caro(a) Alice Taylor, gostaríamos de agradecer sinceramente pelo tempo dedicado ao nosso processo seletivo.Após uma análise cuidadosa de todas as candidaturas, lamentamos infor
Pela manhã, lá estão Alice e George Taylor sentados na sala de espera do escritório de Christopher Bertone, diretor da universidade de Manchester. Alice está nervosa e já havia ido ao banheiro mais de três vezes desde que chegou ali.— Fique calma ou não conseguirá conversar lá dentro — diz George, notando o nervosismo da filha.— Eu nem consegui dormir a noite pensando sobre hoje, estou com tantas expectativas, pai.— Vai dar certo, filha, pense positivo.— Alice Taylor — A secretária de Christopher Bertone aparece na sala e chama por seu nome.— Sou eu — ela responde e se levanta prontamente.— O senhor Bertone irá recebê-la agora mesmo.— Tudo bem — responde, lançando um olhar para o pai.— Boa sorte — o pai sussurra, antes de Alice sair dali.Mesmo que estivesse com as mãos suado, Alice consegue saudar o diretor da universidade com um sorriso largo.— Bom dia, senhor Bertone, é um prazer conhecê-lo — diz, apertando a mão do senhor de aparentemente sessenta anos.Christopher é bran
E assim aconteceu, nos quinze dias seguidos. Alice ficou dentro do seu quarto, em frente ao computador, estudando e preparando o seu TCC. Ela dormia de madrugada e acordava bem cedo. Só saía de casa para visitar a filha, que estava prestes a receber alta, o que a deixava cada vez mais otimista, pois sentia que as coisas poderiam começar a dar certo para as duas, ainda mais se conseguisse o seu diploma.Era quase meia-noite quando sua mãe apareceu na porta do seu quarto.— Filha, posso entrar? — Silvia questiona.— Claro. — Alice larga um pouco os livros e abre a porta para a mãe, que carrega uma bandeja com um copo de leite, queijo e um pedaço de bolo de milho.— Querida, você não saiu para jantar, então vim te trazer algo para comer — Silvia diz, colocando a bandeja em cima da mesa de estudos.— Não pude ir porque estou terminando meus últimos detalhes para a apresentação do meu TCC amanhã.— E como está o andamento?— Embora tenha ganhado um prazo curto, consegui fazer tudo, só esto
Sentir que as coisas poderiam dar certo dali para a frente foi o que moveu Alice nos meses seguidos. Ela havia levado Lily para casa e cuidado da criança por alguns meses, até que sentiu que já estava na hora de se mudar. Seu pai havia vendido o apartamento em Londres e conseguiu comprar um para ela no mesmo edifício em que morava, assim se tornariam vizinhos. O que foi de certo modo alívio, já que sua mãe diminuiu a carga horária de trabalho para ficar mais tempo com Lily, para que Alice pudesse sair para procurar emprego, o que ainda não havia conseguido.Mesmo sem o emprego fixo, Alice já havia se mudado para o seu apartamento e estava vivendo de trabalhos que conseguia como freelancer, pois muitas pessoas lhe procuravam para fazer alguns projetos. E assim as coisas se seguiram, até que Lily completou seis meses.Era uma manhã de terça-feira e Alice começou a preparar a bolsa da filha que estava dormindo. Ela sairia para uma entrevista de emprego e deixaria a bebê com a avó, que am