Fazia algumas horas que Mason retornara à escola, mas eu ainda não dera de cara com ele. Megan se ofereceu para conversar com Mason, mas eu não poderia simplesmente me esconder atrás dos meus amigos o resto do ensino médio, só porque um cara do passado tinha retornado. Meu melhor amigo também perguntou se eu mesmo não queria resolver isso conversando de vez com Mason, já que nunca tivemos oportunidade de conversar apropriadamente. Entretanto, eu era Jude Wallace. Eu jamais iria me rebaixar indo até ele colocar as cartas na mesa, não era meu estilo.
Para a minha sorte e conforto da mente, Mason não fora visto em nenhum lugar da cantina no horário do almoço, mas ouvi boatos de que ele havia assistido algumas aulas de manhã; graças ao bom Deus nenhuma delas era comigo, mas ainda existia o resto do dia e mais outros quatro dias da semana.
A aula de química
Quando meu avô foi atrás de mim, pedindo para eu voltar, entrei em pânico. Não estava nos meus planos sentir compaixão de um velho escroto como ele, mas meu coração amoleceu em algum momento na minha estadia em Water Falls. Eu passei praticamente três anos indo a reuniões em grupo, horários semanais com o psicólogo – às vezes psiquiatra –, aulas e treinos de basquete. Aulas extras de sociologia e filosofia, com foco em ética e moral.Não que eu nunca tivesse me interessado por isso, no fim das contas, eu também fui um nerd antes de Simmons me rejeitar publicamente. Mas pior do que praticamente ser obrigado a estudar tudo o que eu já havia aprendido, era que tudo, absolutamente tudo me fazia pensar em Jude Wallace.Por que eu só pensava nele?Houve certa noite em que eu chorei. Chorei igual um bebê recém-nascido, ig
Heath estacionou na área dos veteranos e seguimos para a entrada da escola; poderíamos ter entrado pela área dos veteranos, mas eu estava interessado em achar uma certa pessoa, então ele acabou acatando meu pedido, apesar de ele querer entrar logo para falar com a diretora.Meu desejo era que nenhum deles me reconhecesse, mas era um pedido ingênuo demais; assim que demos a volta no estacionamento e formos para a entrada principal, eu reconheci todos os rostos possíveis da época do ginásio. Vi a galera com quem eu costumava andar antes de ser popular – sabendo que meus bons companheiros de RGP, Evan e Garret estavam bem longe dali; reconheci Boston Harris enchendo o saco de um garotinho, provavelmente do segundo ou primeiro ano. Ele não mudava nunca, mesmo já sendo um aluno do quarto ano.— Tá nervoso, gatinho manhoso? — Provocou Heath— Por que eu estaria nervoso?
— O que tá olhando agora? — Heath perguntou ao me ver encarando outro cartaz na parede do corredor. As aulas do período da tarde haviam acabado de terminar, o que iniciava os horários dos treinos, testes e clubes. — É outra imagem do seu crush?— Eu vou... — Eu levantei a mão, fingindo que iria bater nele, mas ele apenas sorriu de mim. Ele estava adorando toda aquela situação em que meu desespero pra me desculpar era maior que minha concentração no futuro. — Eu falo sério, pára com isso. É um cartaz sobre os testes de basquete. Não quer fazer? Você joga bem.— Eu passo. Vou fazer inscrição no clube de culinária. Podemos levar as sobremesas pra casa. Boa sorte no teste — Heath deu dois tapinhas em meu ombro antes de continuar seu caminho.Heath fazia os treinos de basquete comigo em Wa
Quando Vaught estacionou na porta da minha casa, era possível escutar a voz da minha irmã gritando com Josh, meu cunhado. Eu até poderia imaginar alguma coisa, e já sentia pena do meu pobre cunhado que havia se casado com uma pessoa tão amarga quanto a minha irmã. Sinceramente, eu pensava e os olhava às vezes, indagando em que momento de sua vida eles decidiram que casamento era a melhor opção, mas eu me perguntava mesmo o que exatamente encantara Joshua Timberg por aquilo ali, que supostamente deveria ser uma irmã carinhosa, – no mínimo, educada – mas era um poço de ignorância, um poço cheio de suco de limão azedo.— Quer ir pra minha casa? Estamos a duas quadras de distância mesmo — convidou Vaught, mas eu precisava ir pra casa, precisava conversar com Josh um certo assunto, e de preferência longe da minha irmã amorosa, porque, c
Eu nunca parei para ver qualquer folheto do time de basquete da escola, nunca em todos esses anos, mesmo antes de tudo acontecer, mas ali eu me encontrava, sem tirar os olhos da lista de atuais jogadores do time, desde os titulares e reservas; eu não queria confirmar ou aceitar, mas apenas estava ali parado para observar se um nome em questão estaria ali ou não. Bem, o nome estava estampado bem abaixo do nome de Benjamin, o cara que não havia errado nenhuma bola durante o teste. E pra melhorar mais ainda a situação de Mason, ere era titular; isso era a prova de que Elliot e Mason estariam se encontrando em todos os lugares a partir daquele dia.— Porque o aceitou no time? Você não tem pena de mim? — Lancei a Elliot, indignado e me sentindo um tanto traído pelo meu amigo.— O que eu poderia fazer? Ele é bom, ele foi o segundo melhor, s&
— Eu nem acredito que você entrou no time — Heath disse de repente, enquanto trocava de camisa, a educação física começaria em alguns minutos. — Ele foi bom, fazer o quê — respondeu Gabriel, um dos garotos do time de beisebol, também um veterano. — Quando você treinou? Até onde eu lembro, você não jogava tão bem. — Onde mais ele poderia ter treinado? — Retrucou Heath. — No reformatório! Os caras que estavam conosco pareceram completamente surpresos com a resposta dada pelo meu melhor amigo, o que me deixou quase sem graça. — O que vocês acham que a gente faz em um reformatório? — Perguntei envergonhado, mas sem deixar de esbanjar um sorriso surpreso. — Acham que ficamos pres
O sino do café – e também livraria – tocou assim que eu abri a porta, levando em mãos o aviso sobre a vaga disponível para estudantes; segui até o balcão e depositei objeto em cima do balcão, dizendo: — Vim me candidatar pra essa vaga. Eu sou muito competente e trabalhador — disse, com tamanha convicção. — Por favor, me contrate. A mulher me olhou com alguma desconfiança, claro, eu não tinha currículo, porque havia simplesmente acabado de passar na porta do café e percebido a placa. A mulher continuava a me olhar desconfiada, mesmo assim, chamou o dono do local, que apareceu logo em seguida. Era um homem baixinho, com uma barba longa e um bigode enrol
A reunião do clube de teatro estava prestes a começar, apesar de o palco ainda estar vazio; eu estava sentado na borda do palco, balançado as minhas pequenas pernas enquanto observava o roteiro da peça que estrearia perto do natal, ainda sem data realmente definida.Era um longo roteiro, mas esperado, porque nós tentamos incontáveis vezes realizar aquela peça em questão, mas o antigo diretor sempre negava nossos pedidos porque o personagem principal era homossexual. Entretanto, a nova diretora havia aceitado gentilmente a realização da peça, sendo uma das maiores apoiadoras daquilo; o título da obra se chamava O Rei, que havia sido escrito pela própria professora de teatro: tratava-se de um jovem rei recém-coroado, que estava sendo pressionado a se casar com uma jo