— O que tá olhando agora? — Heath perguntou ao me ver encarando outro cartaz na parede do corredor. As aulas do período da tarde haviam acabado de terminar, o que iniciava os horários dos treinos, testes e clubes. — É outra imagem do seu crush?
— Eu vou... — Eu levantei a mão, fingindo que iria bater nele, mas ele apenas sorriu de mim. Ele estava adorando toda aquela situação em que meu desespero pra me desculpar era maior que minha concentração no futuro. — Eu falo sério, pára com isso. É um cartaz sobre os testes de basquete. Não quer fazer? Você joga bem.
— Eu passo. Vou fazer inscrição no clube de culinária. Podemos levar as sobremesas pra casa. Boa sorte no teste — Heath deu dois tapinhas em meu ombro antes de continuar seu caminho.
Heath fazia os treinos de basquete comigo em Wa
Quando Vaught estacionou na porta da minha casa, era possível escutar a voz da minha irmã gritando com Josh, meu cunhado. Eu até poderia imaginar alguma coisa, e já sentia pena do meu pobre cunhado que havia se casado com uma pessoa tão amarga quanto a minha irmã. Sinceramente, eu pensava e os olhava às vezes, indagando em que momento de sua vida eles decidiram que casamento era a melhor opção, mas eu me perguntava mesmo o que exatamente encantara Joshua Timberg por aquilo ali, que supostamente deveria ser uma irmã carinhosa, – no mínimo, educada – mas era um poço de ignorância, um poço cheio de suco de limão azedo.— Quer ir pra minha casa? Estamos a duas quadras de distância mesmo — convidou Vaught, mas eu precisava ir pra casa, precisava conversar com Josh um certo assunto, e de preferência longe da minha irmã amorosa, porque, c
Eu nunca parei para ver qualquer folheto do time de basquete da escola, nunca em todos esses anos, mesmo antes de tudo acontecer, mas ali eu me encontrava, sem tirar os olhos da lista de atuais jogadores do time, desde os titulares e reservas; eu não queria confirmar ou aceitar, mas apenas estava ali parado para observar se um nome em questão estaria ali ou não. Bem, o nome estava estampado bem abaixo do nome de Benjamin, o cara que não havia errado nenhuma bola durante o teste. E pra melhorar mais ainda a situação de Mason, ere era titular; isso era a prova de que Elliot e Mason estariam se encontrando em todos os lugares a partir daquele dia.— Porque o aceitou no time? Você não tem pena de mim? — Lancei a Elliot, indignado e me sentindo um tanto traído pelo meu amigo.— O que eu poderia fazer? Ele é bom, ele foi o segundo melhor, s&
— Eu nem acredito que você entrou no time — Heath disse de repente, enquanto trocava de camisa, a educação física começaria em alguns minutos. — Ele foi bom, fazer o quê — respondeu Gabriel, um dos garotos do time de beisebol, também um veterano. — Quando você treinou? Até onde eu lembro, você não jogava tão bem. — Onde mais ele poderia ter treinado? — Retrucou Heath. — No reformatório! Os caras que estavam conosco pareceram completamente surpresos com a resposta dada pelo meu melhor amigo, o que me deixou quase sem graça. — O que vocês acham que a gente faz em um reformatório? — Perguntei envergonhado, mas sem deixar de esbanjar um sorriso surpreso. — Acham que ficamos pres
O sino do café – e também livraria – tocou assim que eu abri a porta, levando em mãos o aviso sobre a vaga disponível para estudantes; segui até o balcão e depositei objeto em cima do balcão, dizendo: — Vim me candidatar pra essa vaga. Eu sou muito competente e trabalhador — disse, com tamanha convicção. — Por favor, me contrate. A mulher me olhou com alguma desconfiança, claro, eu não tinha currículo, porque havia simplesmente acabado de passar na porta do café e percebido a placa. A mulher continuava a me olhar desconfiada, mesmo assim, chamou o dono do local, que apareceu logo em seguida. Era um homem baixinho, com uma barba longa e um bigode enrol
A reunião do clube de teatro estava prestes a começar, apesar de o palco ainda estar vazio; eu estava sentado na borda do palco, balançado as minhas pequenas pernas enquanto observava o roteiro da peça que estrearia perto do natal, ainda sem data realmente definida.Era um longo roteiro, mas esperado, porque nós tentamos incontáveis vezes realizar aquela peça em questão, mas o antigo diretor sempre negava nossos pedidos porque o personagem principal era homossexual. Entretanto, a nova diretora havia aceitado gentilmente a realização da peça, sendo uma das maiores apoiadoras daquilo; o título da obra se chamava O Rei, que havia sido escrito pela própria professora de teatro: tratava-se de um jovem rei recém-coroado, que estava sendo pressionado a se casar com uma jo
Quando acordei com a velha dor de cabeça característica da ressaca, apenas levantei e segui em direção a cozinha, sem lembrar de fato das coisas que haviam acontecido na noite anterior. Eu só lembrava de ter chegado às duas da manhã, ao lado de Vaught, que ainda estava jogado no chão do meu quarto – ele costumava dormir na minha casa sempre depois de alguma festa, por causa da mãe, que nem sonhava que ele tinha o costume de beber. Peguei uma caneca lotada de café – que meu cunhado nem sonhava que eu tomava às vezes –, tomei um longo gole e descansei a cabeça e o braço na bancada, fechando os olhos por causa da luz que entrava pela janela; sentia o cheiro do café fresco e quase voltei a dormir ali mesmo, enquanto algumas memórias da noite anter
Eu voltei para Branville com algumas metas a seguir, e uma delas era conseguir conversar sério com Jude Wallace, e explicar os meus sentimentos e se necessário, implorar pelo meu perdão. Eu estava sentado naquela cama com meu coração completamente aberto para ele, expondo todos os meus sentimentos, mas a melhor parte daquilo tudo era que ele finalmente estava me escutando e me aceitando.— Eu perdoo você — quando ele proferiu aquelas palavras eu finalmente me senti feliz. Eu nunca me perdoei pelas coisas horríveis que fiz pra ele, mas ele finalmente estava me perdoando.Depois ele me beijou.Em todos esses anos em que me lamentava e me crucificava, eu nunca tinha o visto de outra forma, nada além de uma possível amizade tinha me surgido na mente, nem sequer no coração; quando as pessoas me perguntavam eu não dizia nada além da verdade, e a única verdade e
Pensar no beijo me deixou distraído por vários dias durante a semana seguinte; Jude me evitava pelos corredores e eu não conseguia reunir coragem o suficiente para chamá-lo para uma conversa sobre o que tinha acontecido. Estava, naquele momento, encostado na parede do lado de fora da escola, no estacionamento de trás, fumando meu primeiro cigarro em quase um ano.Para ser sincero, estava um tanto estressado: Jude havia agido por impulso, provavelmente porque estava bêbado e talvez a luz fraca pudesse ter ajudado um pouco a melhorar o ambiente e torná-lo propicio para algo do tipo, embora eu não estivesse esperando por aquilo nem em um bilhão de anos. Mas não era Jude que me deixava estressado, e sim esse sentimento confuso dentro do peito, que doía e me fazia sentir um aperto gigantesco a cada vez que eu lembrava do gosto da boca dele na minha.Da sensação.Nem mesmo o enco