Estou deitada na cama dele, vendo-o dormir o sono dos justos. Lindo, o corpo escultural em repouso, o olhar tranquilo, sonhando. Talvez relembrando a noite mais maravilhosa e perfeita da minha vida.
Ele, definitivamente, coloca o Otávio no chinelo.
Léo é atencioso e carinhoso. Deu-me prazer e fez com que me sentisse uma mulher que pode ser amada de verdade. E ao que parece, também fiz muito bem para ele. Ouvi-lo gemer e sentir aquele prazer todo enquanto estávamos nos amando foi incrível.
Mas existe algo ainda mal resolvido entre nós, que não colocamos em palavras. Será que esse sentimento tão novo é correspondido na mesma intensidade? Ou será que é só tesão de momento? Por que nunca mais mergulharei
Estou em choque. Léo, com esse jeito de olhar-me parece ler a minha alma. Amo essa conexão, mesmo morrendo de medo do quanto ela me desestrutura.Fico parada, sem saber como agir. É ele quem desfaz o clima. Parece que percebe algo, porque logo em seguida desvia o olhar e fala para minha mãe:— Vou deixá-las nesse momento familiar, mas antes gostaria de falar com você, Lilly. Sua mãe fará alguns exames perto da hora do almoço e queria acertar algumas coisas. Pode me acompanhar até a lanchonete para conversarmos um pouco?Ele parece que deseja falar-me algo. Olho para minha mãe que simplesmente sorri e me dá uma piscadela. Está claramente dando-me a maior força. Assim como estou deixando para trás o velho visual, decido que preciso deixar de lado a Lilly sofrida e tola, que deixa-se enganar por qualquer um que lhe promete amor. E quer saber? É isso que faço.O cabelo fica bem curtinho — uma mudança radical, sem dúvida. Assim como a minha vida agora. E enquanto os longos cabelos caem, sinto que finalmente vai embora todo o sofrimento passado até hoje. Preparo-me não só para ser uma nova mulher, mas também para viver e assumir uma vida diferente.Por um breve momento penso se o Léo gostará. Afinal, a Lilly por quem ele se apaixonou era a outra, não mais eu. Estou disposta a sair dali pronta para viver intensamente os meus sonhos, alguém que iria embora com ele. Faço o mercado que nem uma boba, com um sorriso idiota e permanente no rosto. Sinto-me cada vez mais diferente. E se for analisar, as coisas aconteceram rápidas demais.Há dois meses minha mãe está no hospital, o mesmo tempo que Léo chegou na cidade e descobri as palhaçadas do Otávio. É, foram tempos turbulentos antes de conseguir encontrar-me. Isso realmente merece uma comemoração, e com a pessoa mais importante da minha vida, fora meus pais.Nem nego mais que estou completamente apaixonada pelo Léo. Meu namorado… É tão gostoso falar e ouvir isso.Quero sonhar junto com ele, começar uma nova vida ao seu lado. Realmente estou com muita vontade de ir para São Paulo, e isso sóUma nova mulher
O Jantar
Acordo com o Léo nu ao meu lado mais uma vez e ainda não acredito que este momento é real. Quero guardar cada detalhe para sempre.Levanto-me e vou para a cozinha. Quero preparar para ele o melhor café da manhã da vida. Estou tão feliz. Achava que esse sentimento só existia em filmes ou em livros românticos, mas agora é a minha vez.Estou tão absorta que sou surpreendida quando ele me abraça.— Bom dia, mocinha. Dormiu bem? — Viro e Léo beija-me carinhosamente.— Bom dia, lindo. As poucas horas que você me deixou dormir foram perfeitas.Ele ri. E quando o faz, forma uma covinha maravilhosa na boch
LÉODepois de um tempo muito bem aproveitado, Lilly vai para a casa e fico um tempo sozinho, pensando nas coisas boas e ruins que aconteceram.Ainda bem que havia contado tudo para ela na noite anterior. Imagina se ela fosse surpreendida pela maluca da Fabiana sem saber de nada? Só de pensar, tenho um arrepio.Agora não posso mais deixar isso sem resolução. Antes de começar o meu turno no hospital, a encontrarei para acabar com aquela palhaçada. Pego o celular e vejo que tem várias mensagens dela, pedindo uma chance de falar comigo.Suspiro, contrariado. Onde encontrá-la sem riscos? Penso em alguma lanchonete por perto, mas sinceramente estou cansado disso. Quanto menos tempo passarmos juntos, melhor. Se
Nossa, que loucura!Nunca pensei que, na minha vida, o amor e a paixão fossem tão complicados. Afinal, meus exemplos de vida em comum são meus pais. Duas pessoas tranquilas, sem pessoas que quisessem separá-los.Mas depois de escutar tudo o que Léo me diz, confesso que estou com um pouco de medo. Ir para São Paulo e conviver não só com a louca da Fabiana, que não vai sair de perto que bem sei, além da mãe dele — que pelo visto também parece ser bem complicada.Bem, pelo menos o Otávio parece ter dado uma trégua, já que nunca mais me procurou, nem tentou fazer nada. Minha ameaça deve ter surtido efeito. Também, o que mais poderia fazer? Meu pai ainda está desempregado, e n&at
LÉONão estamos muito longe do quarto de Lilly quando escuto uma gritaria. Corro para lá, seguido de algumas enfermeiras, o coração doendo sem explicação. Alguma coisa terrível está acontecendo. Seu Augusto vem logo atrás.Abro a porta do quarto gritando o nome dela e a cena que presencio faz com que eu perca o controle. Otávio em cima dela, tentando…Filho da puta, vou te matar!Puxo ele pelo pescoço e o jogo na parede. Ignoro o barulho de coisas quebradas. No momento em que o desgraçado cai no chão, começo a esmurrá-lo.
LILLYEu não aguento mais viver com medo.Queria dizer que as coisas resolveram-se, que o Otávio foi preso por aquilo que fez comigo, que a justiça foi feita de alguma forma. Mas na vida real as coisas não são assim.Ele mal passou um dia sentindo o gosto de ficar dentro de uma cela antes que fosse solto. Agora eu me torno prisioneira, trancada no apartamento do Léo ou andando na rua com um segurança atrás de mim, as pessoas olhando-me como se fosse um animal estranho em exposição.Perdi a paz. Estou cansada de lutar. Tento ter esperança e seguir firme, acreditando que uma hora isso passará, mas só o que sinto é a fraqueza de viver à mercê de um cafajeste q