P.O.V Bella Jones.
Entro no prédio extremamente luxuoso e grande, já sentindo a tensão tomando conta de todo o meu corpo. Caminho até o enorme balcão, atraindo a atenção da recepcionista. - Bom dia! Eu vim para uma entrevista. - Falo rapidamente, torcendo para estar no local certo. O emprego era para ser uma babá, achei que a entrevista aconteceria em uma casa, ou em um ambiente mais familiar. Não em uma empresa chique dessa. - Entrevista? - seu cenho se franze e ela encara o computador a sua frente, parecendo buscar alguma informação sobre a entrevista. - Desculpe, eu não fui inform... - a sua fala é cortada por uma moça sorridente que aparece ao meu lado. - Apenas me acompanhe, querida. Concordo com a cabeça e sigo os seus passos acelerados. - A entrevista não era para acontecer aqui, mas o sr. White não conseguiu se retirar da empresa para resolver essa questão. Pedimos perdão pelo inconveniente. - Ela me olha por cima do ombro, enquanto entra em uma sala, onde outras garotas estavam sentadas. - Sem problemas. - Antes de se sentar, apenas me diga seu nome. - Ela agarra um iPad que estava em uma mesa. - Bella Jones. - Certo. Pode se sentar, você já será chamada. - Obrigada. Escolho um lugar e me sento, sentindo um nervosismo que eu não sentia normalmente, me atingir. Só pela maneira como as outras mulheres estavam se comportando e como estavam vestidas, dava para ver que o meu perfil era bem diferente delas. - Eu pesquisei sobre o White, e me parece que ele é milionário. – ouço uma das mulheres dizer ao meu lado. - Como assim você pesquisou?! A família White é rica por gerações, eles são conhecidos mundialmente por produzir medicamentos. – outra responde. Solto um longo suspiro. Não fazia ideia de quem eram essas pessoas até estar aqui, nesse exato momento. O tempo passa lentamente, até que eu seja finalmente chamada para a sala. Uma moça segura a porta por onde eu passo. - Olá, senhorita Jones. Eu sou uma das responsáveis pelo RH da empresa. Meu nome é Olivia. – ela diz, fechando a porta atrás de mim e parando ao meu lado, esticando uma das mãos para me cumprimentar. – É um prazer recebê-la! Ficarei aqui para auxiliar na sua entrevista. Concordo com a cabeça, notando que havia um homem sentado a alguns passos. - Pode se sentar, por favor. - A moça do RH aponta em direção as duas cadeiras, me dando a opção de escolher a onde eu me sentaria. E assim eu faço, atraindo finalmente a atenção do homem. Seu olhar cruza o meu e eu sinto um frio percorrer por toda a minha espinha, o que me faz engolir seco no mesmo instante. Seu olhar é intenso, quase como se ele pudesse me dizer várias coisas sem sequer abrir sua boca de fato, os olhos escuros me penetram como agulhas ferozes, deixando claro que cada movimento meu está sendo analisado de forma minuciosa. Me mexo na cadeira de forma desconfortável, soltando um pigarro baixo e desviando o olhar rapidamente para a Olivia, que havia acabado de se sentar ao meu lado. - Você tem alguma experiência como babá? - a voz forte e impactante atinge os meus tímpanos, atraindo a minha atenção de forma automática. O homem me encara com um certo tédio, quase como se não quisesse estar na minha presença. - Bom, não muito. Trabalhei como babá quando era mais nova. O olhar que ele lança em minha direção é tão intenso que eu me encolho no lugar, tamanho era o seu julgamento diante das minhas palavras. - Você não é o que eu procuro. - Senhor White, tem mais perguntas que precisam ser feitas antes de descartarmos a senhorita Jones. - Olivia intervém com pressa e ao mesmo tempo com um certo receio. Quando ela não ganha nenhuma resposta do homem, volta os olhos para mim. - Nesse trabalho você ficaria responsável por uma criança de quatro anos. Dando todo o suporte necessário para ela, incluindo cozinhar todas as suas refeições. - Eu sei que não devo ser a mais capacitada desse lugar, mas eu tenho experiência com criança. Me dou muito bem com elas e consigo lidar com todas as demandas que elas exigem. - Por quanto tempo você trabalhou como babá? - Um pouco mais de um ano. - Senhorita Jones, você entende que temos muitas opções lá fora e que muitas delas tem currículos exemplares? - concordo com a cabeça. - Então o que torna você uma boa escolha, ao invés daquelas pessoas que tem anos de experiência nesse trabalho? Sinto o olhar do homem queimando em mim, enquanto penso em uma boa resposta para o questionamento que a Olivia havia feito. O que me tornava especial? - Tenho plena consciência que aquelas mulheres têm currículos melhores, que devem ter estudado tudo o que é preciso para entender uma criança e cuidar dela da melhor forma. Mas eu tenho prática com o tema, constantemente, todos os dias. Crio um filho sozinha e entendo perfeitamente toda a dinâmica que existe em torno de uma criança, entendo a importância de fazê-las se sentirem queridas e amadas, e ainda assim, oferecer um ambiente seguro. Não tenho dúvidas de que qualquer uma daquelas mulheres poderia cuidar com êxito dessa criança, mas eu não vou me comprometer a apenas cuidar dela, vou garantir também que ela sinta que está com alguém da sua família, para que assim, não sinta falta dos pais enquanto eles trabalham. - Olivia parece gostar do que ouviu. - E quando eu não precisar mais dos seus serviços? Como essa criança vai ficar quando se der conta de que nunca mais verá um membro da “família”? - senhor White pergunta em um tom desgostoso. - O trabalho não será para sempre; apenas por uns meses. Essa criança não precisa de uma mãe, ela precisa de uma babá. - Ele apoia as duas mãos entrelaçadas sobre a mesa e me encara fixamente, como se tivesse um prazer genuíno em me deixar encurralada. - Em nenhum momento eu quis dizer que eu agiria como uma mãe, esse local não me cabe e peço desculpas se foi o que pareceu. - Me ajeito mais uma vez na cadeira, cruzando as minhas pernas. - O que eu quis dizer é que essa criança passará boa parte do dia dela comigo e que é bom que ela sinta que sou alguém importante, não apenas uma estranha que estará ali apenas para mantê-la limpa, alimentada e distraída. - Mordo levemente o meu lábio, tentando conter o tremor em minhas mãos. Tamanha era a minha tensão sobre o seu olhar feroz. - E quando eu precisar me retirar, não precisarei fazer isso de forma brusca, posso manter contato com ela por uns meses, e ir me ausentando aos poucos até que a minha presença deixe de fazer falta. Ele me encara em um completo silêncio. É difícil decifrar o que está passando em sua mente, difícil saber o que ele está pensando agora e se existe realmente uma chance de eu conseguir esse emprego. - Se você não trabalha como babá, posso supor que tem outra formação, que tinha uma outra profissão. Então por que quer esse emprego? - White aperta os olhos, parecendo ansioso pela minha resposta. - Porque eu preciso ajudar a minha mãe com as contas. Somos só eu, ela e meu filho. - Certo, Bella. Agradeço pela sua presença, entraremos em contato com a nossa decisão, assim que possível. - Olivia diz e já se levanta, fazendo com que eu repita seu movimento. - Eu que agradeço. Ela estica a mão em minha direção e eu a aperto no mesmo instante, me dando ao trabalho de sorrir sem mostrar os dentes. Pela minha visão periférica vejo o White se levantar, e mesmo que eu não estivesse o olhando diretamente, pude notar o quão alto ele era. - Você estará mesmo disposta a passar tanto tempo longe do próprio filho para cuidar de uma criança que mal conhece? - pergunta, colocando as duas mãos no bolso da calça social. Viro o meu rosto para ele e solto um suspiro, abrindo um sorriso forçado. - Eu não tenho opções, Sr. White. Por mais que eu queira estar por perto, a minha presença não vai garantir que ele tenha comida e todo o conforto necessário para viver. Ele retira uma das mãos do bolso e assente levemente com a cabeça, parecendo se compadecer da minha situação por um breve momento. Me surpreendo quando a sua mão é esticada em minha direção, já que anteriormente ele não tinha se dado ao trabalho de me cumprimentar de forma adequada. - Se cuide, senhorita Jones. - Noto que seus olhos me encaram com mais atenção e ele franze levemente o cenho, como se estivesse tentando se lembrar de algo. - Você também. - Agarro a sua mão, colocando a força necessária para lhe passar confiança. White demora para soltar a minha mão e eu sinto um leve desconforto com o seu ato, principalmente porque os seus olhos não saem de mim nem por um segundo sequer. - Melhor eu ir. - Falo com pressa, tentando o lembrar que ele precisava me soltar para que eu pudesse ir. Quando a minha mão é solta, acompanho a Olivia até a porta, que ela abre para mim. Saio da sala, sentindo que finalmente poderia respirar normalmente. Quando os meus pés tocam a rua, ouço o celular tocando na minha bolsa. O agarro com pressa, temendo que pudesse ser a minha mãe com alguma notícia sobre o meu filho, mas o que vejo no visor é um número completamente desconhecido. - Alô. - Senhorita Jones? Sou eu, Olivia. - Ah, oi. Eu esqueci algo? - Não. Só liguei para te avisar que o Sr. White te escolheu, você será a nova babá da família. - É sério?! - Sim. Você pode começar amanhã? - Claro que sim. - Ótimo! Te mandarei o endereço do Sr. White. Esteja lá amanhã, as 7:00 am. - Tudo bem. Obrigada, Olivia! - Parabéns, Bella. Não contenho o sorriso em meu rosto quando afasto o celular da orelha, um sorriso que estava carregado de alívio.Ajeito a blusa no corpo pela milésima vez quando entro no hall do apartamento luxuoso, a sensação de que esse lugar não era para mim me domina, na medida em que paro em frente ao elevador para chamá-lo. Quando as portas se abrem, uma mulher está dentro dele, ela me encara dos pés a cabeça, antes de entortar a boca e sair da caixa de aço.Solto um suspiro e entro nele, apertando rapidamente o botão do andar onde o Sr. White morava. Espero que eles me arrumem um uniforme. Quando as portas se abrem, tenho acesso a outro hall, onde havia um belo sofá e algumas plantas. Caminho até a única porta que havia ali, apertando a campainha. - Pontual. - é o que o White diz, assim que abre a porta para mim. Ele usava uma camisa social com alguns botões abertos, mas nada que desse para ver o seu peitoral, seus pés estavam descalços e ele já estava com a calça. Aparentemente estava se arrumando para sair.- Bom dia, sr. White. - Bom dia. - Ele abre espaço para que eu possa entrar no apartam
Enxugo as minhas mãos no pano de prato, apoiando as minhas costas no armário gelado, meus olhos estão fixos na pequena criança que olha com atenção para o mesmo desenho que havíamos pintado na tarde anterior. Cecilia é tão diferente de Timothy, ela é quieta e extremamente comportada.- Cecilia, eu tenho um filho, ele é um pouco mais novo que você. - Comento, me aproximando lentamente dela. Precisava encontrar algum assunto para me aproximar dela. - Ele gosta muito de Alvin e os esquilos, você já assistiu? Seus olhos pequenos e brilhantes me encaram com uma leve curiosidade, o que me faz criar alguma esperança de ter mais interações com ela.- Não. O que é? - pergunta baixinho, piscando rapidamente.- São esquilos que cantam. - ela inclina levemente o corpinho e franze o cenho, apertando os olhinhos.- Esquilos não cantam. Solto uma risada baixinha, gostando da sua resposta sabichona. Me aproximo um pouco mais dela, a olhando nos olhos.- Posso te contar um segredo? - pergunto
Passo a toalha levemente pelo rostinho da Cecília, garantindo que ela estava totalmente seca. Dar banho nela foi extremamente tranquilo, assim como todas as outras atividades que fizemos até aqui.- Você ficou brava comigo? Me surpreendo com a sua pergunta e a encaro rapidamente. - Não. Por que eu ficaria brava com você? - Porque eu não te contei que não podia assistir tv. - a sua bochecha fica levemente rosada e eu contenho a vontade que sinto de aperta-la. Abro um sorriso leve e nego rapidamente com a cabeça, a ajudando a vestir uma camisa. - Você não tinha que me avisar, eu que errei no meu trabalho, Cecília. Eu fui avisada sobre isso e não dei atenção. Ela concorda e nós voltamos ao silêncio rotineiro. Depois de arrumá-la, nós descemos. Encontrando o Sr. White sentado no sofá, com o celular na mão e encarando a tela com o cenho franzido. Assim que descemos todos os degraus, ganhamos a sua atenção. Ele olha para a roupa que a Cecília está usando e eu sinto um frio
Point Of View – Bella Jones.No tempo em que espero dentro do carro, tenho a chance de roer algumas unhas, checar algumas redes sociais. E por último, decido ligar para a minha mãe, apenas para checar como o meu filho estava. - Oi, querida. Está fazendo uma pausa? – a sua voz é suave e eu consigo ouvir o Timothy murmurando ao fundo. Meu coração aperta de saudade e eu contenho o nó que se forma na minha garganta.- Oi, mãe. - abro um pequeno sorriso. - Sim, eu estou acompanhando o meu chefe e a Cecília em um lugar e ele me pediu para esperar no carro, então decidi ligar.- Está tudo bem? – a sua voz soa levemente preocupada. Encaro a janela ao meu lado garantindo que eles ainda não estavam vindo, não queria ser pega usando celular no horário de trabalho. Sr. White é muito rígido e poderia ficar facilmente irritado com isso. - Está sim. Só estou um pouco preocupada porque estamos em um hospital. - Cecília está bem? - Sim, ela está. – falo rapidamente. - Acho que eles viera
Point Of View – Bella Jones. Abro a porta de casa com uma tensão me corroendo, sinto a minha mão suando quando agarra a maçaneta e preciso me lembrar de respirar algumas vezes, antes de passar por ela. Minha mãe é a primeira coisa que eu vejo, ela está sentada no sofá e já me encara com atenção, quase como se já estivesse me esperando. - Oi mãe. – tento manter a calma em minha voz e ela se ajeita no sofá. – Cadê o Timothy? - Está lá em cima dormindo. - Certo. – fecho a porta atrás de mim e coloco a minha bolsa no sofá, indo até a cozinha. Ouço ela se levantando e vindo atrás de mim. - Nós temos que conversar.Solto um suspiro e agarro o primeiro copo que encontro, o enchendo com água e virando tudo de uma vez. Lidar com o passado era uma dificuldade enorme para mim, ainda mais depois de tudo o que eu passei. - Estou ciente. – coloco o copo na pia e apoio as minhas duas mãos no armário. – Só me diz que você não falou nada para ela. Por favor, mãe. – a súplica em minha
Point Of View – Bella Jones. - Você está quieta. – a voz do White me tira do meu devaneio. Balanço a minha cabeça de um lado para o outro e estalo a língua no céu da boca. - Estou apenas distraída. - Dou de ombros e termino de picar a manga que a Cecilia comeria de café da manhã.Seus olhos continuam fixos em mim, o que faz o meu estômago embrulhar. Ele está tomando seu café tranquilamente enquanto eu sinto cada parte do meu corpo entrar em modo alerta.- Qual é o nome do seu filho?- Timothy. - respondo no automático, estranhando a sua curiosidade.- É um nome muito bonito. - Obrigada! Ele fica em silêncio novamente, permitindo que eu voltasse a respirar como uma pessoa normal. - Hoje eu vou permitir que você assista algo com a Cecília, ela não está muito animada e talvez isso ajude. Cecília não era uma criança muito agitada, mas estava claro que aquela ida ao hospital tinha a deixado abatida. - Tudo bem se eu terminar de assistir Alvin e os esquilos com ela? – jo
Point Of View – Bella Jones. - Eu não quero! – a voz da Cecília sai chorosa. Seus olhos estão cheios de lágrimas e ela faz um pequeno bico. Me encosto contra o batente da porta e solto um suspiro, não podendo fazer nada além de assistir a cena. - Cecília, já conversamos sobre isso. Vai ser bom você fazer novos amiguinhos. – Sr. White explica com calma, abaixado em frente a garotinha. - Eu não quero novos amiguinhos, quero a minha mamãe. – ela treme os lábios e algumas lágrimas caem dos seus olhos. - Eu sei disso. Mas você ficará aqui por um tempo e será importante aprender algumas coisas.- Bella pode me ensinar. – ela me encara com expectativa e corre em minha direção, agarrando uma das minhas pernas em um abraço desajeitado. Abraço seu tronco com um dos meus braços e olho para ela. - Eu adoraria, mas essa decisão não me cabe, Cecília. – falo com calma.Sr. White solta um longo suspiro e se levanta do chão, bagunçando alguns fios do seu cabelo. Estava claro que ele n
Point Of View – Bella Jones. - Para onde nós vamos? – a criança mantém os olhinhos atentos em mim enquanto eu penteio o seu cabelo com todo o cuidado. - Para o parque. – digo sorridente, mas ela não parece gostar muito dessa informação. - Ah! - ela começa a brincar com os próprios dedos. - O que foi? Você não gosta de parques? - inclino a minha cabeça para frente, tentando enxergar seu rosto melhor. - Parques tem outras crianças. Estreito os meus olhos e paro de pentear seu cabelo na mesma hora, a encarando com mais atenção. - E isso é ruim? - Eu não sou muito boa em lidar com outras crianças. – ela pisca rapidamente e desvia os olhos de mim. - Você tem amiguinhos? - Não. As outras crianças me acham estranha. - Você não é estranha, pequena. – seguro o seu queixo e a faço me olhar. – O que acha de sermos amigas? - Mas você é adulta. Solto uma risada com a sua inteligência. Ainda me choco com o quão esperta a Cecília é, fico me perguntando se o Timothy será ass