Kell— Precisamos pedir ajuda — falei desesperada, sentindo a minha cabeça latejar. Então procurei o meu celular, que havia caído em algum lugar do carro, mas não o encontrei em nenhum lugar. A mão do Lipe segurou o meu braço me chamando a atenção.— Eu te amo! — disse quase sem forças.— Também te amo! Vai dar tudo certo, Lipe, aguenta só mais um pouco — pedi soltando um gemido de dor. Algumas pessoas começaram a se aglomerar perto do carro, algumas delas segurando o telefone no ouvido. Olhei para Lipe e forcei um sorriso para ele. — Viu, eles vão pedir ajuda. Aguenta só mais um pouco — insisti e ele fez um não para mim.— Não dá mais tempo, meu amor — disse fazendo o meu coração parar uma batida. — Me promete que... — Ele tentou dizer com dificuldade.— Não, para! — ordenei o interrompendo, sentindo as lágrimas queimar os meus olhos e a dor em minha cabeça só aumentou. — Você vai conseguir, promete Lipe. Promete que não vai desistir, promete por mim? — A dor em minha cabeça se torno
Adrien Por que eu tinha que fazer aquilo? Sério, depois daquele beijo, aquele bem doce, macio, tão quente que parecia a larva ardente de um vulcão, o meu dia se tornou um inferno. Sabe o que é ter que manter distância, quando na verdade você quer estar por perto, coladinho? Cara, eu precisava pelo menos cochichar ao pé do seu ouvido, algo que me fizesse saber que tudo ainda está bem e que ela não vai fugiria de mim mais uma vez. Mas estou aqui, em pé, bem na frente dela, na verdade na frente de todos os alunos, assistindo ao treinamento de todos eles, mas a minha concentração está bem lá... no cantinho esquerdo da imensa cozinha, onde a Kelly está bem concentrada em fazer zong zi; um prato tipicamente chinês e, diga-se de passagem, bem atrevido, como só ela sabe ser. Os ingredientes desse prato têm setenta por cento de arroz, mas é nesse ponto do arroz que está toda a ousadia da minha aluna. O arroz precisa ficar pastoso ao ponto de fazer um tipo de pastel. Juro que esto
AdrienSeguimos mata adentro e andamos por mais ou menos uns vinte minutos, até parar em um tipo de piscina natural, de águas esverdeadas, de onde saía um fino vapor. O local é rodeado por árvores, muitas delas, portanto de difícil acesso, o que nos deixará mais à vontade por um bom tempo. Kelly tirou seus óculos e apreciou a paisagem ao seu redor. Ela olhou as copas altas das árvores frondosas se balançando, algumas aves coloridas voando entre as folhagens e emitindo sons engraçados e por fim o lago, que tem as margens cheias de musgos e de cogumelos amarelos e ela quando finalmente me olhou, seu sorriso de admiração foi desaparecendo aos poucos.— Precisamos conversar. — Consegui dizer diante dos turbilhões de loucas sensações que fez o meu estômago revirar.— Não quero conversar, professor. — Kelly rebateu. Eu só consegui olhá-la, enquanto os meus pensamentos gritavam dentro de mim. “O que, como assim?”— Não, como não? — questionei-a completamente surpreso. — Kelly, aconteceu algo
Kell...Está acordada? ...Queria te ver. ...A gente precisa conversar.Estou lendo essa mensagem pela terceira vez e os meus dedos chegaram a tremular segurando o celular. Uma briga interna começou dentro de mim, até que me vi digitando uma resposta para o meu professor. ...Sim. ...Como conseguiu internet? ...Gosta de água termal? ...Nunca fui em uma. ...Quer conhecer uma? ...Agora? ...Agora. ...Quero.É incrível como ele consegue me fazer sorrir. O fato é que eu estou muito cansada por não ter dormido bem a noite passada, mas estou trancada no meu quarto e sentada nesse divã a algumas horas, esperando que o sono chegue e ele simplesmente não vem nunca e tudo por causa de um beijo que eu ganhei dentro do meu banheiro e confesso que estou louca para experimentar aquela boca outra vez. Nervosa? É claro que eu estou nervosa, ainda mais porque eu não sei o que o professor Adrien espera de mim. Pulei para fora do divã e fui para dentro do enorme e quase vazio clos
Kell— Tudo bem, então me use, senhorita Ferraço. Use e abuse — disse erguendo seus braços, como se se entregasse para mim e um sorriso surgiu em meus lábios logo em seguida.— É sério, Adrien — insisti com uma voz agora um pouco mais birrenta. Ele se aproximou sem nenhum constrangimento ou aborrecimento e circulou a minha cintura com seus braços, me deu um beijo calmo na boca e automaticamente eu fechei os olhos, para apreciar o toque aveludado e morno da sua boca.— Vamos deixar as coisas bem claras por aqui, senhorita Ferraço — disse baixinho, ainda dando pequenos beijos em minha boca e depois encostou a sua testa na minha. — Sou o seu brinquedinho, pode me usar o quanto quiser e sem compromisso nenhum. Não se preocupe. — Sério que estou ouvindo isso? Estou embasbacada agora, no fundo eu esperava que ele me xingasse e que saísse de perto de mim. Que homem aceita uma proposta desse tipo de uma mulher? Não sei, não importa. Eu gostei e eu quero isso para mim. Perdi toda a minha inseg
KellQuem diria que Paris faria isso por mim? Estou me sentindo em outro nível da minha vida. Me realizando como uma chef que eu sempre sonhei ser, alcançando metas que jamais imaginei alcançar, não antes de me formar e vivendo uma relação confusa, porém gostosa com o meu professor. Algo que não me prenda e que não cobre de mim. Pois é, depois que saímos daquela ilha fantástica, estou de volta ao meu apartamento a mais ou menos uma semana e é claro que eu fiz questão de mostrar para a minha família e amigas os meus prêmios e eles como sempre vibraram junto comigo. Quanto ao meu professor Adrien Lamartine? Ah vai, eu sei que estão curiosas para saber. O homem é simplesmente um sonho e eu simplesmente gosto de ficar com ele, sempre que podemos e isso não é sempre... infelizmente. Vocês sabem, ele tem uma vida e eu também tenho, então nos vemos com alguns encontros esporádicos.— Espera, o que foi aquilo? — Marina perguntou durante uma chamada de vídeo, quando me afastei da cama e caminh
Kell— Só um minuto — pediu com a voz ainda rouca e dessa vez eu garanto que não era de sono. Eu não entendi porque ele precisava atende-lo de imediato. Essa era a segunda vez que isso acontecia enquanto estávamos juntos. Ele correu para o quarto e a cafeteria avisou que o café já estava pronto. Deixei o meu professor resolver as suas coisas e me servi uma xícara de café, tomando um pequeno gole em seguida, sentindo o líquido quente e adocicado escorrer por minha garganta. — Eu preciso ir. — Adrien avisou de repente, voltando a cozinha. Ele me pareceu meio sem jeito. Eu o olhei vestido apenas com a sua calça jeans, os sapatos na mão e os cabelos amarrados em um coque bagunçado, atrás da sua cabeça.— Ah! — sibilei desconcertada e eu podia até dizer que um tanto frustrada também. Qual seria a emergência? Me perguntei, mas não ousei verbalizar. — Eu vou tirar... — Apontei para sua camisa em meu corpo, mas ele fez não com a cabeça.— Não tira, ela ficou linda em você! Pode ficar com ela
Adrien Um castelo de gelo. Essa era a impressão que eu tinha, ao olhar para enorme mansão Lamartine. A casa ocupava praticamente quatro quarteirões, com seus muros de pedras que pareciam não ter fim e seus jardins exorbitantes. A casa de três andares, tem tantos quartos que eu me perguntei por várias vezes, para que tantos? E pensar que vivi atrás desses muros altos por anos a fio. Procuro não vir muito aqui, só em casos extremos ou quando é necessário, como o caso do telefonema de hoje. Caramba, deixei a minha linda pêche sozinha naquele apartamento, usando apenas a minha camisa e cheia de desejos, para atender a porra do telefonema de minha mãe. Estacionei a moto em frente aos enormes portões de ferro e eles se abriram imediatamente para mim. Olhar os jardins de dentro do perímetro da mansão me fez lembrar o quão eu fui feliz nesse lugar. Não, a senhora Carmélia Lamartine não fora uma mãe ruim, pelo contrário, ela sempre foi atenciosa e carinhosa com os seus filhos, mas na hora de