Há três meses atrás minha vida era complicada, na verdade, nunca foi fácil, a realidade de muitas pessoas. Vivi em muitos lares adotivos desde que perdi minha tia Alicia com 10 anos. Ela foi tudo para mim, passamos por momento difíceis, ainda mais por morarmos em um dos bairros mais perigosos de New York dominado por gangues. Ela sempre me levava à escola antes de ir para o trabalho e sempre me dava um beijo cheio de afeto como forma de despedida, um pequeno gesto que enchia meu coração de afeto.
Vivíamos com o pouco que ela ganhava, era apenas nós duas, uma cuidava da outra, sua alegria me contagiava, e seu afeto por mim era o suficiente para que eu me sentisse amada.
Eu era agradecida pelo pouco que eu tinha e por tudo que minha tia fazia por mim.
Até aí minha vida era super normal, eu tinha uma casa, ia para escola e tinha minha tia Alicia, pois é, era o que eu pensava, depois de duas semanas que fiz 10 anos perdi minha Tia em um acidente. Um motorista desatento a atropelou quando ela atravessava a rua para me buscar na escola, recebi a noticia pelo diretor que não conseguia esconder seu olhar cheio pena.
Eu era apenas uma criança e já sentia a vida desmoronar diante mim, e foi quando percebi que eu estava sozinha no mundo. Foi a primeira vez que senti ódio pelos meus pais, porque as pessoas que me colocaram no mundo me abandonaram com a simples desculpa que eram jovens demais para ter uma responsabilidade tão grande, que era cuidar de sua filha recém-nascida. Que vale lembrar, não tinha culpa por ter pais egoístas, e assim a irmã mais nova da tia Alicia me deixou com ela e sumiu, nunca mais apareceu ou deu notícia.
A partir daí passei a morar em diversos lares até meus 18 anos, pois o estado achava que eu já tinha idade suficiente para viver por mim mesma, e se nenhuma família me adotou quando eu era mais nova, com essa idade jamais conseguiria ter um lar de verdade.
Vi-me ali parada no meio da rua, olhando para os lados sem saber o que fazer, para onde ir, com apenas uma mochila contendo minhas poucas roupas e sem nenhum objetivo na vida. Algumas semanas depois de ter deixado o lar adotivo me sentia mais perdida do que o dia em que perdi minha tia, sem conseguir um emprego que eu conseguisse permanecer mais que dois dias por minha falta de experiência.
Vi-me aceitando qualquer coisa que aparecesse ou então eu morreria de fome em um banco de praça, já dá para saber onde eu dormia. Sem muita alternativa resolvi ir para o único lugar que eu imaginei que eu conhecia, por ser um bairro pequeno, diferente do centro movimentado de New York, parti para onde eu vivi minha infância, o que eu não sabia era que nesses oito anos tudo mudou, as pessoas que eu conhecia não estavam mais lá e nem a pequena casinha verde limão que eu passei a melhor fase da minha infância, tudo o que restou foram minhas lembranças, pois, no lugar da minha antiga casa, havia apenas resquícios de uma vida.
Para resumir minha vida miserável, conheci Jacob Levis dono, de uma boate de strip, prometendo uma vida melhor. Desde que ele colocou os olhos em mim, sentada na pracinha do bairro admirando as mães com seus filhos, imaginando que talvez minha vida tivesse sido diferente se meus pais não tivessem me abandonado. Com a garantia de um trabalho e um lugar para morar, segui Jacob, atravessando todo o bairro até chegarmos em sua boate.
Em pouco mais de uma hora conheci todos os funcionários, incluindo as outras garotas que trabalhavam lá. Nas semanas seguintes eu estava contente pelo meu progresso, tinha conseguido um trabalho e de brinde um quarto para dormir. Eu servia bebidas e entretia os clientes, que iam desde caras jovens solteiros à casados, e velhos ricos que gastavam dinheiro com as garotas.
Com o tempo Jacob percebeu que os clientes mais assíduos, incluindo os velhos tarados, tinham certo interesse na minha pessoa. Então passei a aprender a arte do strip tease, com o tempo tornei uma das melhores dançarinas, ganhei dinheiro suficiente para ter meu próprio lugar. Como terminei o colegial antes de sair do último lar em que estive desde meus 15 anos, consegui ir para uma faculdade comunitária, estudar pela manhã e trabalhar a noite era cansativo, só que eu estava satisfeita pelo meu progresso.
Infelizmente só consegui minha vida de fazer a faculdade no curso de literatura inglesa durante um ano, depois que Jacob descobriu meus planos de abandonar strip para seguir na profissão que eu escolhi, ele me obrigou a trabalhar ganhando só o suficiente para sobreviver, estava eu de novo na miséria, sem o direito de sonhar com uma vida digna que eu merecia.
Estive trabalhando como strip durante os últimos seis anos, é, eu sei, muito tempo para quem dizia que era um trabalho temporário enquanto não conseguia algo melhor. E como forma de talvez um dia deixar essa vida, nos últimos dois anos me submeti a dormir com caras que frequentavam a boate, eles pagavam bem, com o dinheiro que eu ganhava eu conseguia esconder uma parte antes que Jacob pegasse tudo para ele, me deixando com nada. Nesse tempo, juntei uma boa quantia para conseguir minha enfim liberdade, triste engano.
Advinha só, algo deu errado de novo, mais uma vez a vida puxou meu tapete e eu caí de cara no chão. A minha situação agora é bem pior que antes, estou nessa sala enquanto o cara por quem eu me apaixonei decide se mereço ou não seu perdão, por ter traído sua confiança e usado seu amor por mim, e como bônus, ter destruído sua vida com minhas mentiras.
Enquanto reflito sobre meus erros, percebo que meu maior foi nunca ter dito a ele que eu o amava. Não ter dito a verdade enquanto eu tive a chance, talvez quem sabe agora ele não me odiasse tanto. Em seus olhos há uma frieza capaz de congelar qualquer alma que lhe fosse direcionado, e saber que eu sou o motivo dessa frieza e dor me parte o coração.
Querido ChrisComo contar para alguém que você ama o quanto ele esteve errado sobre a pessoa a qual morou com ele durante três longos meses compartilhando momentos, olhares, sorrisos? Talvez para alguns seja pouco tempo, para mim, alguém que jamais se imaginou fazendo parte de algo especial, considero que seja um longo tempo, quase uma história de vida. E como dizer a essa pessoa o quanto você se sente arrependida pelas decisões que tomou, por me sentir pres
Com um último adeus, corri, saindo do salão, indo pelo corredor que dava para os camarins. Meu coração explodindo em meu peito pelo o que eu estava prestes a fazer, pois, fugir não era o problema, ser pega e trazida de volta faria eu desejar ter sido vendida. Porque as poucas que sobreviveram jamais tentaram cometer o mesmo erro, e nunca comentaram o que Jacob fez com elas.E olha só, lá estava eu, prestes a cometer a mesma burrice, e mais uma vez eu não tinha escolha, se aqui as coisas já eram difíceis, eu não queria imaginar sendo feita de objeto sensual todas as noites, enquanto houvesse vida em mim. Na boate você poderia escolher se iria dormir com algum cara, não era obrigatório, desde que você fizesse um bom show de striptease, entretece o público. Se os clientes gostassem e voltassem para te ver, estava tudo bem, pois, de certa forma a casa r
Enquanto dirigia pela cidade, em um silêncio mútuo a procura do hospital mais próximo, tudo o que eu mais queria saber era no que você pensava. Talvez tivesse se arrependido por ter me ajudado, uma estranha que praticamente se jogou na frente do seu carro, o que foi exatamente o que tinha feito, em momento algum você disse uma palavra, apenas dirigia. Não vou mentir que eu não estava surpresa por estar em um carro com você ao lado, tive dificuldade em não olhar para você durante todo o trajeto, mas me contive, eu precisava que você me mantivesse segura e que não pensasse que eu era uma completa maluca perseguidora. Em meio a todos meus pensamentos me dou conta que estávamos atravessando a ponte que liga o Brooklyn aos distritos de Manhattan, era a primeira vez que eu ia para outro lado da cidade. Só então percebi que eu estava de certa forma deixando meu passado para trás
Ao acordar, a primeira coisa que sinto são as dores no meu tornozelo, a cada fisgada, faço uma careta de dor. Com muito cuidado sento-me na cama, verificando se enquanto eu dormia um pedaço do teto tinha caído no pé, só assim explica a dor que eu sentia. Mas, para minha sorte ou não, o teto estava no lugar, o problema era que o tornozelo parecia estar o dobro do tamanho, em vários tons de roxo.Passei alguns minutos pensando no que eu ia fazer, não tinha como levantar sozinha com meu pé naquela condição, só de mexer meus dedinhos a dor aumentava. Mantive-me imóvel, a espera que alguma idéia brilhante surgisse me dando uma luz do que fazer naquele momento, com o quarto todo escuro, e sem ter a menor idéia de que horas seria, esperei por você.Após não sei quanto tempo um barulho vindo do corredor me assustou, olhei
No dia seguinte acordei com a luz do sol iluminando todo o quarto. Como isso aconteceu? Eu não tenho idéia. Tenho certeza que as persianas estavam fechadas quando eu adormeci, ou achei que estavam fechadas. Com cuidado, sentei encostando-me à cabeceira da cama, a procura de algum sinal de quem tenha aberto as janelas, mas não havia ninguém. Observei meu lindo pezinho, que continuava do mesmo jeito, redondo feito uma batata gigante, bufei frustrada pela minha situação de merda. Tudo bem, eu precisava acreditar que as coisas melhorariam, era só uma fase ruim... Todo mundo tem suas fases ruins, comigo não poderia ser diferente, está certo que a minha já durava uma eternidade, um detalhe irrelevante.No mesmo instante, Angel entrou no quarto sorridente com uma bandeja de café da manhã, a depositando sobre meu colo. Desde ontem vinha sendo mimada por ela, a última vez que
Querido Chris. Vamos lá continuar a contar minha história a você, estou imaginando se até agora seu ódio aumentou ou continua o mesmo? Não importa, não na situação que me encontro, nada que eu diga ou faça mudará tudo que fiz e como te decepcionei, eu sei, fui uma grande covarde. Fique atento as próximas linhas, há muito que contar, senta e embarque na minha tortura, pois você não sabe como é difícil relembrar todos os momentos que tivemos juntos e saber que não poderei compartilhar minha vida com você. Como em todos os dias, Angel e eu assistíamos a um filme na TV, ela dizia que gostava de me fazer companhia, após terminar seu trabalho na casa, ela permanecia com
Era querer demais, sabendo do meu passado, e da minha situação. Logo eu estaria longe, e seria como se nunca tivéssemos nos conhecido, ainda assim, para mim levaria comigo as lembranças dos dias que passei em sua casa. Da breve amizade com a perspicaz Angel, e seu coração bondoso. Já quanto a você, meu coração parecia querer guardá-lo para ele, tudo bem por mim, parecia um lugar apropriado para alguém com tamanha generosidade.- Tenho que entrar, nem todo mundo pode ficar na beira da piscina sem fazer nada. Alguns de nós temos que trabalhar. – Angel se levanta com seu jeitinho meigo, suas palavras não me ofendiam porque não havia maldade nelas.Fiz cara de triste por ela me deixar sozinha.- Não faça essa carinha de triste para mim, você sabe que não funciona, além do mais, você terá outra companhia qu
Mantive-me de olhos fechados, não querendo encarar a realidade, em meus sonhos minha vida era perfeita, sempre que eu imaginava você fazendo parte dela. Deixei de lado qualquer preocupação relacionada à minha vida e todas as escolhas das quais teria que fazer. Desde que deixei a boate naquela noite, minha vida tomou um rumo incerto, tudo que eu fazia era seguir a correnteza sem ter idéia de onde as águas turbulentas me levariam.Mas uma coisa eu não podia negar, de alguma forma, desde que te conheci, um sentimento surgiu em meu peito, por mais que eu tentasse ignorar esse sentimento, com o passar dos dias ele se tornava mais forte. Mesmo sabendo que eu não deveria criar qualquer ilusão quanto a nós dois, depois da forma que você me olhou naquela tarde, com o olhar cheio de desejo, meu corpo junto com meu coração se negava a te esquecer. Só que o fa