Heitor acelerava seu carro por ruas desertas da Zona Sul de Porto Alegre. O ambiente calmo por ser mais rural, era bastante aberto apesar do avanço de empreendimentos verticais construídos pouco a pouco.
O rapaz ao volante possuía curtos cabelos negros ondulados, as laterais de sua cabeça eram raspadas valorizando o corte costumeiro do camisa 7 de sua equipe. Como sempre, usava brincos negros e uma fina corrente de prata em seu pescoço. O blusão preto colado ao corto, era devidamente sutil, não chamava muita atenção.
Enquanto passava diante um sítio, teve a atenção roubada por uma velha vagando sobre o pasto. Passos tortos com pernas arqueadas, o corpo curvado fazia seus braços pendularem para baixo. O barulho do carro a atraiu, andejou na direção do Sedan de janelas abertas. O jogador de futebol encarou-a com estranheza, estava seguro, pois muitos metros e uma cerc
Martin próximo a janela da lanchonete observava o caos tomando uma das principais avenidas de Porto Alegre. Pessoas corriam para todos os lados, focos de incêndio eram vistos entre os prédios do outro lado do Arroio Dilúvio. O jovem negro franzino de cabelos curtos e crespos mantinha-se em silêncio, diferente das outras pessoas dentro do estabelecimento.Famílias inteiras com crianças pequenas e bebês de colo, jovens de ensino médio, adultos e até mesmo idosos transeuntes que se refugiaram dentro das paredes do fast-food. O estabelecimento que comportaria quatro dezenas de pessoas, tinha pouco mais de oitenta. Fora outras tantas mais que tentaram entrar, mas foram barradas pela pequena força policial que por força do destino, se encontrava passando por ali no momento.Bebês choravam, velhos teorizavam sobre o uso de drogas terem deixado as pessoas assim, dois homens adultos trocavam
A perna de Carol tremia impaciente. Já fazia duas horas que ligou para Fred. O iate da família estava parado no Guaíba por praticamente todo esse tempo. Várias embarcações foram despachadas para as águas calmas. Meia centena delas esperavam ordens da capitania regional, a crise havia se expandido por toda a cidade. Notícias explodiam por canais de comunicação, postagens dos eventos daquele fatídico dia pipocavam nas redes sociais. Carol passava stories de conhecidos gravando perseguições de humanos enlouquecidos, outros pediam socorro marcando polícia, exército e organizações públicas de segurança. Alguns aquartelados dentro de suas casas demonstravam o medo transbordando. Os mais insanos, como um dos amigos de infância da própria Carol se aventurava pelo caos transmitindo os acontecimentos ao vivo. — Vejam só, eles tão comendo gente, cara. — Afirmava o rapaz de voz abafada por uma possível máscara de gás. Transmitia tudo através de uma câmera presa ao capacete. Via tudo do alto, desc
A Cidade Baixa, um dos bairros boêmios mais famosos de Porto Alegre vivia dias de desalento fora do comum durante as semanas que se passavam. Acostumados a receber milhares de pessoas todos os dias, uma crise econômica abalou as estruturas não somente da cidade, mas sim do estado inteiro. Estranhamente, um fenômeno devastou algumas plantações na região norte do Rio Grande do Sul, encarecendo o preço e deliberando um esforço completo para recuperar a região. A alta do desemprego que saiu dos 8,5% para 12% afetou a área do lazer e entretenimento, o que consequentemente levou ao aumento de protestos contra o governo, cobrando atitudes que sanassem a sangria do estado e a resolução do problema na região norte.Mesmo assim, o bairro conseguiu se manter com costumeiros visitantes. Os fiéis não abandonaram sua peregrinação semanal até os mais tradicionais
Fogo consumia o carro em meio a rodovia, duas silhuetas dançavam desesperadas envoltas das labaredas de chamas. Urros rodeavam o carro e os barrancos que beiravam a rodovia. Naquela cena, um garoto loiro de seus onze anos, de olhos claros e cabelos pelos ombros, segurava um bebê no colo. Ele sangrava bastante pelo ombro, onde um pedaço de lataria do veículo havia atravessado. Parado em meio a estrada diante a escuridão, ouvia os urros se aproximarem. Corpos carbonizados se arrastavam pelo asfalto, não dois ou três. Mas dezenas, uma infinidade deles brotava do abismo que contornava o lugar onde ele permanecia.Tais urros eram substituídos por sussurros confusos, que a maneira que os segundos se passavam formava um coro: Você foi o culpado, ela vai te odiar, culpa sua, egoísta.Os corpos iam se devorando, como canibais, comiam seus semelhantes para ficarem mais próximos de Fred. Corvos sob
— Okay, evite que eles se aproximem de você – Fred entregou para Yasmin uma faca média, muita usada para corte de peças de carne bovina – acertar no corpo apenas atrasa, precisa ser na cabeça.— Certo, preciso acertar na cabeça – respondeu tirando a faca da bainha de couro e observando o aço carbono tão belo e reluzente.A dupla voltou às escadas que davam ao subsolo. Fred por curiosidade, olhou pela vidraça da grossa porta de corta-fogo. Para sua surpresa, a entrada do prédio foi tomada por mortos e corpos em pedaços. Naquele mesmo instante, a luz do prédio começou a piscar.— Melhor nos apressarmos – disse ele trancando por dentro a porta. Yasmin notando a ação de seu parceiro, questionou.— Por que vai trancar? E se alguém precisar fugir dessas coisas?— Infelizmente, essa pessoa vai