LEONARDO RIZZI NARRANDO.ITÁLIA.Voltei para casa com um peso insuportável nos ombros. O trajeto até a minha residência foi longo, mesmo que a distância fosse curta. Cada semáforo, cada parada, aumentava o turbilhão de pensamentos na minha cabeça. Ângelo estava morto. Morto por confiar em mim, morto por estar no lugar errado, na hora errada. Rocco havia conseguido um golpe certeiro, mas eu não permitiria que ele vencesse.Quando entrei pela porta da frente, Rafaella estava na cozinha, preparando algo para comer. Mas, o cheiro da comida me embrulhava o estômago.Ela levantou os olhos e sorriu, mas a preocupação rapidamente substituiu a alegria ao ver minha expressão.— Leonardo, o que aconteceu? — Perguntou, largando a colher na bancada e se aproximando.Eu não sabia por onde começar.— Rocco... ele... — Comecei, mas as palavras me faltavam.Rafaella me puxou para um abraço, sentindo a tensão no meu corpo.— Vem, senta aqui. — Ela disse, me guiando até a mesa da cozinha.— O que aconte
LEONARDO RIZZI NARRANDO. ITÁLIA. Depois da missa, voltei para o carro com Rafaella ao meu lado. O silêncio entre nós era pesado, preenchido pelo luto e pela tensão. Sabia que o que vinha a seguir não seria fácil, mas era necessário. Rafaella me olhou, os seus olhos buscando os meus, cheios de preocupação.— Você vai para lá agora? — ela perguntou suavemente.Respirei fundo, sentindo o peso da decisão que estava prestes a tomar.— Vou, Marcos está lá. Precisamos de respostas.Ela assentiu lentamente, compreendendo a gravidade da situação.— Vou para casa, então. Mas, por favor, Leo, tome cuidado.— Eu prometo. Vou resolver isso. Precisamos descobrir tudo o que ele sabe.Dirigi em silêncio até a nossa casa. Ao chegarmos, parei o carro e me voltei para Rafaella.— Vai ficar tudo bem — Eu disseEla assentiu, os olhos brilhando com lágrimas não derramadas.— Vou estar esperando por você.Depois de um último olhar, ela saiu do carro e entrou em casa. Esperei até que a porta se fechasse an
ROCCO NARRANDO.ITÁLIAEu estava sentado no meu escritório, observando a fumaça do charuto dançar pelo ar. A notícia da explosão do carro de Leonardo havia chegado mais cedo, e eu estava esperando a confirmação da sua morte. Sentia um misto de excitação e alívio. Finalmente, aquele maldito estaria fora do meu caminho, e eu poderia consolidar o meu poder sem resistência. Bebi um gole do meu whisky, sentindo o calor do álcool me invadir.Então, o telefone tocou. Atendi sem muita pressa, esperando a confirmação do sucesso do meu plano. Do outro lado da linha, Evandro, o meu informante falava nervosamente.~ início de ligação. ~— Senhor Rocco, temos um problema.A minha sobrancelha arqueou.— O que é? Fale logo.— Não era Leonardo no carro que explodiu. Ele está vivo.O copo de whisky caiu da minha mão, se quebrando em mil pedaços no chão. O meu coração disparou, e a raiva subiu.— Como assim, ele está vivo? Explique-se!— Angelo estava no carro.— Merda! — Eu gritei.~ fim de ligação. ~
CELINA NARRANDO. ITÁLIAEntrei no escritório de Rocco e encontrei ele caído no chão, com uma garrafa de whisky ao seu lado. Eu sabia que este era o momento. O momento pelo qual eu havia esperado, pelo qual eu havia rezado em silêncio. O meu coração batendo como tambores de guerra. A casa estava mergulhada em um silêncio e escuridão assustadores, refletindo o espírito sombrio de seu dono. Vi Rocco no chão, caído, afogado em seu próprio desespero e álcool. Os seus olhos estavam semicerrados, e ele murmurava incoerências. A imagem dele, um poderoso chefe mafioso, agora reduzido a um amontoado patético no chão, me trouxe uma sensação de triunfo. Era a minha chance. Caminhei silenciosamente pelo escritório, as minhas mãos suando de ansiedade. O meu olhar foi atraído por um pesado vaso de cerâmica em uma das prateleiras. A oportunidade de acabar com ele, de vingar todas as atrocidades que ele havia cometido, estava ali, ao alcance das minhas mãos.Peguei o vaso com cuidado, sentindo o
ROCCO NARRANDO.ITÁLIA.A escuridão me envolvia como um manto, pesado e denso. Eu estava consciente do peso esmagador em minha mente, como se estivesse afundando em um abismo sem fim. Os sons ao meu redor estavam distantes, abafados, mas aos poucos, algo começou a romper essa escuridão. Um raio de luz invadiu a minha visão, seguido por uma dor latejante em minha cabeça. Forcei os meus olhos a se abrirem, ainda envolvidos pela confusão e pelo álcool.Foi então que eu a vi. Celina, parada ali, com um vaso erguido acima da cabeça, pronta para me esmagar. A minha mente ainda estava lenta, mas a realidade começou a se fixar. Aquela mulher, que eu tinha permitido entrar na minha vida, estava prestes a me trair da forma mais vil possível. A minha raiva subiu como um fogo incontrolável, alimentado pelo choque e pela traição.— O que você pensa que está fazendo, Celina? — A minha voz saiu mais forte do que eu esperava, ecoando pelo escritório.Vi a hesitação em seus olhos, uma fração de segund
RAFAELLA MARTINI NARRANDO. ITÁLIA. Eu estava no galpão, tentando afastar os pensamentos que insistiam em invadir minha mente. Aquela imagem da minha infância, da minha mãe sendo carregada sem vida pelos corredores de casa, nunca saía da minha cabeça. Eu sabia que o meu pai não era um homem perfeito, longe disso, mas o que ele fez com ela... isso não podia ser perdoado. E por trás de tudo, ele estava com Celina, aquela vadia que tinha manipulado o meu pai para matar a minha mãe.Então, quando vi o carro dela chegando ao galpão, meu sangue ferveu instantaneamente. Ela estava vindo, como se fosse a dona da situação, com aquela cara de quem sempre tinha uma carta na manga. As minhas mãos começaram a tremer de raiva, e eu senti o ódio subir pela minha garganta como bile.Ela mal havia descido do carro quando eu a encarei, com a respiração ofegante. O ódio nublava a minha visão, e tudo o que eu queria era vê-la sofrer como a minha mãe sofreu. Quando ela finalmente me viu, os seus olhos ar
LEONARDO RIZZI NARRANDO. ITÁLIA. Quando entrei no carro, o silêncio de Rafaella era ensurdecedor. Ela estava sentada ao meu lado, com os olhos fixos à frente, mas a tensão em seu corpo era palpável. Enquanto eu dirigia pelas ruas escuras, a minha mente girava em torno do que havia acontecido no galpão. Eu já tinha visto Rafaella furiosa antes, mas aquela raiva, aquele ódio que transbordava de cada movimento o seu, era algo diferente. Nunca a vi tão nervosa, tão tomada por um sentimento que parecia engolir toda a sua razão.Eu tentei buscar uma maneira de falar com ela, de acalmar a tempestade que estava claramente se formando dentro dela, mas as palavras não saíam. O silêncio entre nós só era quebrado pelo som do motor e pela respiração pesada dela. Eu sabia que algo profundo havia sido quebrado naquele momento, algo que talvez não pudesse ser reparado.Quando finalmente chegamos em casa, Rafaella não esperou que eu desligasse o carro. Ela saiu apressada, e antes que eu pudesse alca
CELINA MARTINI NARRANDO.ITÁLIA.Estava tudo errado. Como diabos eu, Celina, a mulher que sobreviveu a tudo, acabei no chão sujo e frio, humilhada, sob os olhos frios dos homens de Leonardo? A minha mente fervia com a revolta, uma chama ardendo em meu peito. A dor física era apenas uma parte do tormento; o verdadeiro sofrimento vinha da traição, da humilhação. Eu fui longe demais para ser tratada como lixo.Rafaella, aquela ingrata, não sabe o que fez. A sua fúria descontrolada, os seus golpes carregados de ódio... Tudo isso só confirmou que eu preciso acabar com essa situação antes que ela me destrua. E pensar que Leonardo permitiu que isso acontecesse! Ele ficou ali, observando, hesitando em intervir enquanto Rafaella me atacava com uma raiva que nunca vi em ninguém. Que tipo de homem deixa isso acontecer? E Adam... Ah, Adam, o covarde! Quando precisei dele, ele virou as costas, me chamando de traidora, como se ele tivesse alguma moral para falar de lealdade!Agora, eu estava ali, j